domingo, 18 de julho de 2010

Happy-hour prolongado

O texto que segue abaixo é uma experiência de poesia para demonstrar que a forma é muito mais fácil de executar do que o conteúdo. Acho que isso está muito bem demonstrado pelo que vocês poderão observar. Nessa minha primeira e, espero, última tentativa de fazer um texto com métrica, apesar de nem saber se está prevista nas boas casas do gênero a estrofe com 11 sílabas (ouvi dizer que última não é contada, não me perguntem o porquê), há uma certa padronização das estrofes, apesar de quebrada aqui e ali, mas nenhuma poética.

A temática é a dos assuntos tratados no happy-hour de sexta-feira. Então, se não fizer sentido, é normal, conversa de bêbado é assim mesmo.


Happy-hour prolongado

O arqueiro, pro escrete cogitado,
Teve sua carreira abreviada
Pela morte da modelo apontada
Como mãe de um filho enjeitado.

Machismo, machismo, insistem em dizer,
É a causa da fatídica história,
Mas e as outras, que trago na memória,
Resultam, então, do não ter o que fazer.

Madrasta foi a sorte com a senhora.
Com bandidos acabou por acidente.
Gente a quem não importa, em frequente,
Vilipêndio do que vivo foi outrora.

A locais para o mal utilizados,
Por carro foi o grupo transladado.
Depois de um sequestro prolongado,
Aos cães teve os restos atirados.

Pergunto aos machistas aqui presentes,
Que, por certo, alguns hão de existir:
Rebentando indesejado, no porvir,
Um herdeiro, contratarão delinquentes?

Há machismo no Brasil, seguro é. Há
Em toda sociedade patriarcal,
Porém isso não implica que é normal
O assassínio da jovem acolá.

Um traficante, seria da Camorra?,
Não, é nacional, agora espalho,
Disse: Dadinho, Dadinho o caralho.
O meu nome é Zé Pequeno, porra.

De maneira similar, é o meu plano
Peço que entendam de, por todas, uma vez,
Se sou machista, neutro digo talvez,
Mas, com certeza, eu sou goiano.

domingo, 11 de julho de 2010

Sinal de machismo?

A morte confirmada da advogada Mércia e a provável da modelo Eliza reacenderam a o chororó feminista de que o Brasil é extremamente machista. Apontados como provas são os milhares de mortes de mulheres que ocorrem anualmente no país.
Mas se essa é a prova, o que dizer dos muito mais milhares de homens assassinados todos os anos?
O número de homicídios é um claro indicativo de que a sociedade brasileira é muito violenta. Qualquer outra conclusão é uma tentativa de utilizar um dado aterrador para sua própria agenda.
Se, por um milagre, amanhã o número de homicídios resolvidos abandonar o vergonhoso dígito que ostenta hoje, chegando próximo aos 100%, deixará de ser tão vantajoso resolver os problemas na bala (foice, martelo ou gravata), fazendo o número de assassinatos despencar vertiginosamente. O Brasil, entretanto, não deixará de ser, por isso, machista.
Estamos diante de casos de polícia, não de sujeitos de estudo sociológico. Tentar tratá-los desta maneira é conferir aos casos, e seus protagonistas, uma nobreza que não merecem.

sábado, 10 de julho de 2010

Muito poético, mas ...



Se vamos nos liberar da capacidade de sermos divinos, também temos que nos liberar da de sermos satânicos.
Se dizemos "Olé" para as coisas boas, também temos que fazê-lo para as ruins.
Ou acreditamos que transcendemos sozinhos e pecamos sós também ou que fazemos tudo acompanhados.



Pode não ser o mais poético, mas prefiro acreditar que os gênios estão mesmo dentro de nós, não nas paredes e nos prados.
Para salvarmos as nossas mentes criativas, não é preciso tirar-lhes a responsabilidade pelas suas obras, que são apenas delas, mas deixar de endeusá-las, criando o constrangimento sobre o qual Gilbert começa o discurso.
É a cultura de celebridade que mata, não o peso da criatividade.

domingo, 4 de julho de 2010

Balanço da Copa

Não vou dizer que já sabia, porque não é verdade. Coloquei Brasil e Argentina na final do meu bolão.
O final melancólico das duas seleções, porém, poderia ter sido previsto por qualquer um que olhasse seus treinadores com atenção. Para quem diz que técnico não ganha jogo, pode não ser uma prova, mas Dunga e Maradona conseguiram assegurar a todo o mundo que uma seleção não pode prescindir de um comandante capaz. Usando as palavras de um camarada que sabe bem tratar a bola, Zinedine Zidade, são, no máximo, selecionadores, não treinadores. Como eram os três patetas da Alemanha (e eu, na minha ingenuidade, pensando que aquela era havia acabado).
É verdade que o ambiente das seleções não permite que grandes grupos sejam formados. Um amontoado de craques nunca será tão coordenado como a Internazionale de Mourinho, por mais que sejam superiores na dotação de talento, simplesmente pela falta de tempo para obter entrosamento. É verdade também, entretanto, que um bando de Dungas nunca fará jogadas de Pelé, de Rivellino ou mesmo de Djalminha. Quando a convocação é feita, um teto para a atuação das equipes é construído. Dali, só para baixo, com jogadores machucados, expulsões e as más atuações de praxe.
Voltando ao começo, porém, não foi de todo surpreendente que o Brasil tenha perdido para a pragmática Holanda e a Argentina tenha sido goleada pela bem treinada Alemanha. Durante toda a temporada Dunga, nossa seleção complicou-se ao enfrentar boas defesas. Em todas as conquistas, e não foram poucas, ficávamos com a sensação de dever cumprido após suar para derrotar "gigantes" do porte de EUA e Bolívia. Enquanto isso, a Argentina batia nos fracos e era batida por qualquer time que soubesse atacar um pouquinho que fosse, normalmente o Brasil. Na África não foi diferente para nenhum dos dois times, o script repetiu-se. Os brasileiros, para piorar, tiveram seu teto rebaixado por contusões e expulsões, ao contrário do que vinha ocorrendo.
A aposta parecia ser de que ganhariam apenas com os nomes, que os adversários tremeriam apenas por suas presenças, mas não. Mais do que um padrão, repetiram as psiques de seus selecionadores. Uns foram carrancudos sem ataque, outros fanfarrões sem defesa. Nada diferente poderia ser alcançado, portanto, e esperá-lo é um sinal de insanidade.
Fui acometido por ela e esperava o Brasil campeão. Tudo bem, talvez seja melhor ser insano neste mundo. Nele há quem pense que sociólogos serão excelentes em funções reservadas a contadores, que não falam o que querem e acreditam-se entendidos, que creem que o Brasil estará pronto para a Copa de 2014 ou que o Rio de Janeiro estará perfeito em 2016. Todos esses sinais de insanidade os fazem felizes. Ótimo, a todos eles dedico a música a seguir:



Para o Dunga não, ele definitivamente não é feliz. Não merece Mutantes.