sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Economics

Não deixa de ser ridículo o debate sobre os Estados Unidos estarem em recessão ou não. Meu velho dicionário de economia diz que recessão é: "declínio da atividade econômica, caracterizada por queda da produção, aumento do desemprego, diminuição da taxa de lucros e crescimento do índice de falências e concordatas". Pois bem, o que falta então?
O índice da construção civil de lá despencou 14% em dezembro, a venda do comércio varejista, 6, na comparação com o ano passado (e, se levarmos em conta a inflação do período, a queda é de quase 10%), a geração de empregos está praticamente nula - o que nos mostra que os milhares que querem entrar no mercado de trabalho ficarão chupando dedo - e a confiança na moeda fez a celebre Gisele exigir pagamento em euros. E vêm uns fanfarrões (incrível como esta palavra foi reincorporada ao vernáculo) e dizem que tudo vai bem na economia "real", que apenas o sistema financeiro está sofrendo.
Os 100 bilhões de dólares que Ben Bernanke presume serem os prejuízos do sistema bancário certamente não custarão apenas as cabeças dos muito bem pagos "chairmen" das instituições de crédito. Resultarão em enxugamento da liquidez, encolhimento do consumo e falta de incentivos ao investimento produtivo. Em resumo, o pesadelo de governantes em ano eleitoral. E nós já vimos o que o governante GWB é capaz de fazer quando tem um desafio pela frente: besteira, muita besteira.
Porém há algo de novo no ar, o Brasil está realmente pouco exposto à crise que pode vir por contaminação. Atuar pouco no comércio mundial por vezes nos traz vantagens.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Pelo menos a fartura não temos mais

Alguns meses atrás escrevi um artigo no qual culpava a fartura brasileira pelo nosso atraso, basta procurarem nos números atrasados aí ao lado se quiserem relembrar. Também escrevi algo duvidando que a escassez de energia pudesse retornar ao Brasil, devido à infinidade de fontes baratas de energia das quais dispomos.
Parece que os fatos desmentem-me, dia após outro. Um novo apagão desenha-se no horizonte e, graças a competência - ou falta de - dos que gerem o sistema, podemos em breve tomar banho frio e jantar à luz de velas todas as noites. Será ou não romântico?
Mas para tudo há compensações, passar um apertinho pode fazer os dirigentes entenderem que pesquisa em tecnologias poupadoras de recursos finitos compensa.
Vai que daí sai algo que pode nos trazer prosperidade, tipo um acidente como o que levou-nos ao álcool combustível, digo, etanol.

E as coisas explicam-se automaticamente

Vocês viram o show do Chaves de ontem? Ou seria o do Chávez? Aquele que usa camiseta vermelha com inscrições e se crê muito astuto - se bem que esta não é uma boa descrição porque pode ser que pensem que estou falando do Chapolim -, melhor, o presidente de um país amigo e cheio de petróleo e de si. De qualquer forma, protagonizou um espetáculo e tanto.
Helicópteros chegando e uma voz de fundo contando-nos o que se passava. Empolgadíssima, a narração dizia que as reféns haviam sido recuperadas após a libertação das forças combatentes colombianas. Mais algumas horas e o dono da voz estava perante as câmaras de tv e o arremedo de Câmara de representantes de seu país para pedir que algumas nações mais sérias do que a sua retirassem da lista organizações terroristas os "revolucionários" que algumas horas antes deixaram que duas mulheres seguissem os rumos de suas vidas depois de anos presas sem nenhum julgamento. Por quê? Porque as organizações para-militares colombianas têm um projeto bolivariano que na Venezuela é permitido.
Será que é por essa permissão que os índices de criminalidade nos dois países seguem em trajetória oposta: os da Colômbia caem e os do país do fanfarrão sobem? Espero que os líderes dos outros países saibam reconhecer a fanfarronice quando a vêem, pois estão faltando espelhos em Caracas para mostrar o ridículo que os venezuelanos estão passando.