sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Os 300 de Severino (republicação)

Como meu estômago anda sensível e não aguenta chegar perto de nada que lembra a política, vai aí um artigo que escrevi algum tempo atrás e do qual me lembro vagamente; acho que ainda reflete o cenário por aqui.

Enquanto não se botarem os pingos nos is e se explicitar os papéis de cada um na vida pública brasileira não se acabará com esta palhaçada que cá está.
É por isso que cada vez gosto mais de Severino Cavalcanti. Ele parece ser o único no momento que faz valer os atributos de uma figura pública que: sabe qual é o seu papel; o cumpre e; melhor, o faz abertamente.
Vamos parar de hipocrisia. Esta história de que os políticos que estão exercendo mandato são representantes do povo, uma generalização que significa todos e ninguém, é uma balela.
Os políticos eleitos para cargos executivos não são, ou não deveriam ser, representantes de ninguém e sim gestores do patrimônio e programas públicos. Portanto, não são mais nem menos do que qualquer administrador, como aquele de empresas perante da fábrica ou loja que dirige. Seu compromisso deve, ou deveria, ser apenas com a realização de metas, aquelas que ele apresentou ao se candidatar, e apenas por elas deveria ser cobrado e julgado como bom ou mal.
No dos eleitos para cargos do legislativo, cada um representa um grupo, ou grupos, que o elegeu; seja este grupo formado por empresários, fiéis de uma igreja ou representantes de um sindicato qualquer. Desde que cumpra seu mandato dentro das regras e leis que o rege, somente a eles deve alguma satisfação. Figuras retóricas, como a pátria e o povo brasileiro, ou convenções sociais, vulgos moral e bons costumes, podem até ser usadas para tentar pressioná-los mas isto é apenas jogar para a torcida, o que vale mesmo é o pensamento dos grupos aos quais cada um representa não importando se isso é bom ou ruim para o país como um todo.
A idéia é que a soma dos interesses dos grupos que estão representados nos legislativos fará com que os interesses da maioria seja a contemplada. O problema aí reside no fato que isto nem sempre é verdade e, às vezes, dependendo do grau de distorção da democracia em que estamos inseridos, nem é o mais comum.
Os deputados, em particular, tem estas atribuições mais claras. Pois são representantes, até em nível estatutário (no caso a constituição), das populações de seus estados no contexto geral do país, ao contrário dos senadores que devem representar os interesses dos Estados como ente federativo.
Enquanto não entendermos isto e fizermos por onde, colocando pessoas nos legislativos que representem nossos interesses e bons gestores nos executivos, ficaremos chorando na cama, que é lugar quente, ou clamando pelo espírito público dos políticos, não necessariamente nesta ordem, mas com o mesmo resultado.
E o Severino continuará sendo uma figura pública exemplar, defendendo os interesses daqueles que o apóiam: ele mesmo; sua (dele) família; os 300 deputados que o colocaram na Presidência da Câmara e; quem sabe, até a população de João Alfredo.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Tá faltando serviço?

Ontem a Polícia Federal mobilizou cerca de 100 agentes para desbaratar uma quadrilha de “exploradores sexuais” que tinha clientes, na maioria estrangeira, que chegavam a pagar 15 mil reais por encontro. Grande parte destes se realizaram no exterior, para onde as profissionais eram remetidas em aviões comerciais de carreira.
As prostitutas eram recrutadas com base na aparência física e notoriedade, muitas sendo famosas modelos.
Dito tudo isso, a pergunta: a Polícia Federal não tem mais o que fazer?
Vai lá, a “exploração” de prostitutas é um crime e em muitos casos envolve violência e, neste caso em particular, certamente lavagem de dinheiro e todas questões morais, mas 100 agentes?
Isso indica das duas, uma: ou o crime está quase acabado no Brasil e por isso está sobrando agente ou a instituição anda procurando holofotes e para isso organiza grandes operações sem necessidade.
Sou mais propenso a acreditar na segunda hipótese. E vocês?
Agora só um comentário sobre a natureza da quadrilha desbaratada.
Ao que parece não havia nenhuma coerção por parte dos agenciadores para que as prostitutas realizassem o serviço.
Até onde eu sei, prostituição não é crime pelas leis nacionais. Se não há crime no ato, não deveria haver também na intermediação não-coercitiva deste. Como diz um famoso deputado federal reconduzido ao cargo pelo povo de São Paulo: “...estando bom para ambas as partes...”.

Feito para dar errado

Na revista Época desta semana há uma reportagem discutindo se a legislação ambiental e seus órgãos são mesmo um entrave ao crescimento e no meio dela a uma citação que resume o que há de mais errado no país.
Diz Vitor Hugo Kamphorst, chefe da consultoria sócio-ambiental no Brasil do banco holandês ABN-Amro: “Nossa legislação é uma das melhores do planeta. Copiamos o que há de bom dos Estados Unidos, da Alemanha e do Canadá”. E a reportagem completa, o problema é que não é cumprida.
É lógico que uma legislação desta não pode ser cumprida. Nossos legisladores, em sua preguiça infinita, criam um monstro de frankstein destes, mesmo que das melhores partes de legislação alheias, e querem que a coisa funcione.
A legislação de uma localidade deve refletir a ética e a moral de onde esta inserida, caso contrário não haveria necessidade de parlamentos, assembléias e câmaras municipais. Bastaria a Onu se reunir, decidir tudo e estaria acabado; resolvidos todos os problemas do mundo.
Mas existe um outro detalhe, além da parte subjetiva. Toda a lei deve considerar a aplicabilidade e fazer um enxerto de lei de país rico em outro (usando as palavras do grupo Casseta e Planeta) “com sérias restrições orçamentárias” e clamar pela inoperância.
Típico do Brasil; onde os inocentes clamam pelo ideal do primeiro mundo e os espertos os apóiam, sabendo-os inaplicáveis e, portanto, burláveis.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Só mais uma coisinha

Se quando eu falo ninguém acredita, leiam este camarada aqui:Fernando Canzian
Talvez assim vocês entendam que o Brasil está pegando a estrada errada empobrecendo a classe média. Ou será que o termo ideal seria enriquecendo a base de apoio ao governo “pobrista” que aí está.

É ridículo II

Não é que a aeronáutica anunciou que contratará 80 técnicos estrangeiros para fazer a manutenção dos equipamentos para o controle de vôo?
Começo a pensar que os que não contrataram estes técnicos antes deveriam ser indiciados por omissão, no mínimo.
Ou será que há outra palavra para o fato de que uma semana atrás não havia nenhum funcionário gabaritado para a manutenção dos equipamentos?
E não precisava nem ser contratação emergencial. Os seis anos desde a implantação desta nova tecnologia seriam suficientes para capacitar os técnicos antigos e formar uma legião de novos.
E tem mais; o comando da aeronáutica também informou que trocará os equipamentos a cada três anos. Se este é o tempo para que seja feita a substituição, e nada foi trocado até agora, outro motivo para indiciamento. Mesmo porque pelo que é arrecadado com taxas dos viajantes e das empresas aéreas eles deveriam ser trocados a cada trimestre.
O fato das taxas não se transformarem em conforto e segurança para os passageiros já é um caso de polícia; estelionato, ou quase.

Faço por menos

Três ou quatro semanas atrás a revista Época publicou uma entrevista do economista norte-americano Jeffrey Sachs. Na apresentação que fez do economista, a revista cometeu uma injustiça imperdoável; afirmou que ele é a única voz importante a discordar da receita neo-liberal de diminuição dos gastos públicos.
Como assim? Os responsáveis pela Época não estão lendo este blog? Eles precisam melhorar o nível de leitura.
Se lessem este importante órgão de comunicação, veriam que muito mais efetiva do que a diminuição dos gastos públicos é a qualificação dos mesmos.
Mas você não é defensor da ideologia liberal?, alguns podem perguntar. Sim, sou; só que não dá par mudar toda uma estrutura de uma hora par outra.
Defendo principalmente se fazer o melhor com o que se tem a disposição. Se o que se tem é essa sufocante política arrecadatória, o melhor possível é fazer com que o dinheiro retorne ao contribuinte na forma de serviços de qualidade. O ideal seria a diminuição da carga tributária, mas infelizmente isso é utopia.
Bem, independentemente do que eu penso ou deixo de pensar, Sachs ministrou uma palestra aos líderes das multinacionais estadunidenses no Brasil ontem em São Paulo. A se acreditar nas notícias veiculadas pela mídia, não disse nada de novo. Aquela mesma ladainha (correta) de se priorizar a educação e defender o meio-ambiente, além de que a pobreza é perfeitamente combatível caso se tenha “vontade política”. Deve ter ganho uma nota por isso.
Só um recado aos líderes da indústria: eu falo o mesmo por um terço do preço.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

É inacreditável

Mas parece que a mídia está acordando para a verdade dos fatos.
No artigo de domingo do Estadão; Celso Ming finalmente explicitou o que é óbvio, porém negado; o caso não é de fortaleza do real e sim de fraqueza do dólar.
Portanto não adianta o choro dos exportadores pela equiparação da taxa de câmbio a valores de 3 ou 4 anos atrás. Caso isso fosse tentado, o governo apenas jogaria muito, muito mesmo, dinheiro fora para valorizar o dólar e veria as exportações explodirem e a inflação também, resultando em recessão interna.
Isso é totalmente ilógico e, digo mais, é mesmo impossível em uma democracia de fato em que não se está vivendo uma crise.
Já disse isso em artigos anteriores, mas na custa repetir: a única maneira de se conseguir uma reversão cambial em favor dos exportadores seria pela mudança dos padrões de consumo da população que a levasse a comprar produtos cada vez mais sofisticados que a indústria interna não tivesse capacidade de suprir. E isso só teria uma chance mínima de ocorrer caso, à população, a renda aumentasse absurdamente. Em outras palavras, pode esquecer.
A tendência é justamente contrária. Com o país sendo um exportador de combustíveis cada vez mais atuante e com o alinhamento dos preços de imóveis aos padrões internacionais, mais e mais dólares entrarão para impulsionar a nossa balança de pagamentos para as alturas e o valor da moeda norte-americana em trocas dos nossos caraminguás para o rodapé.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

E novamente a esquerda tenta reescrever a história

Pinochet morreu e suscitou a maior sorte de sentimentos no Chile, que se arvora ser o país mais civilizado do sub-continente; digamos assim, uma Argentina pré-cataclismo econômico.
E não que no fim a releitura da história aparece com força total.
Decidiram que o ex-ditador não tem o direito de ser velado como Chefe de Estado, por ter sido um sanguinário talvez, mas terá o direito de ser como Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Porém não foi com este posto que ele cometeu os atos sanguinários que fazem com que alguns o impeçam de receber honras de estadista? Foi, mas fazer o quê, a história tem que ser reescrita aos poucos.
Pode se fazer o juízo de valor que se quiser de Pinochet, mas ele foi efetivamente o presidente do Chile por 17 anos e não nada que se possa fazer a respeito disso. Se ele foi um mau ou bom presidente pode sempre haver controvérsias e que durante o seu regime autoritário a oposição foi perseguida e muitos opositores assassinados não há nenhuma, mas se o critério para se receber ou não as honras de Chefe de Estado for a qualidade do governo não haverá uma só cerimônia destas na América Latina; e talvez em todas as Américas.
E o mais engraçado é que a esmagadora maioria dos que acham justíssimo que Pinochet seja visto apenas como um general na hora de sua morte fazem loas ao também ditador e também sanguinário Fidel Castro. Dois pesos e duas medidas, já que se for ver mesmo a verdade o regime Pinochet foi muito mais democrático do que o de Castro, já que sobre o primeiro Chile conseguiu reunir as condições para se tornar uma democracia representativa e cuba não pode dizer o mesmo.
Eu quero ver como estes democratas de ocasião irão se portar perante a morte de Castro, que ao que parece está bastante próxima. Com ela o capítulo das ditaduras militares estará encerrado nas Américas – espero – e precisaremos lutar apenas por melhorias materiais e não por liberdade política; não é anda, não é nada, é um avanço.
Quanto ao velório de Pinochet, deveria ser ou tudo ou nada, ou Chefe de Estado ou de assassino; quiçá o de assassino Chefe de Estado, mas negar-lhe algumas honras e permitir-lhe outras é hipocrisia.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Ridículo

Até para o Brasil.
O equipamento que sofreu pane e provocou uma piora do apagão aéreo foi instalado em 2001.
Ontem, 2006, o comandante da aeronáutica informou que não há no Brasil ninguém que saiba fazer a manutenção do dito cujo.
Isso em um país que exporta aviões.
É preciso dizer mais.

Seria ridículo se...

...não fosse Brasil.
A Câmara tem uma comissão dita de Constituição e Justiça que serve apenas, imagino eu, para analisar se as leis propostas na casa não são inconstitucionais. O Senado tem outra para os mesmos fins. Em ambas a lei proposta só passa para o crivo do plenário após passar por elas e receber o a contento.
Pois bem, ontem o Supremo Tribunal Federal decidiu que uma lei promulgada em 1995 – a da cláusula de barreira - não é constitucional, por unanimidade. Será que a constituição mudou nos últimos 11 anos?
Até deve ter mudado, já que a constituição brasileira é vista por muitos como a semente de todos os males e recebe um remendo por dia, porém o principal suspeito para ser o culpado da pataquada é mesmo o trabalho destas comissões parlamentares.
Em um país em que os políticos não respeitam a lei (não preciso lembrar a vocês “o que sempre foi feito neste país”) probleminhas como a inconstitucionalidade de um projeto de lei são meros detalhes. Pode até ser de conhecimento parlamentar que uma lei é inconstitucional, mas a comissão a aprova mesmo assim e se não aprovar, o plenário o faz, desde que seja de interesse dos parlamentares.
Depois que a justiça resolva; o velho truque de criar dificuldades para vender facilidades elevado a extremo.
Como vêem, esta foi mais uma lei que não pegou no Brasil. E aparentemente por um bom motivo.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Nem por decreto

Vejam só; a situação que estava controlada (aquela dos controladores) só piora e para pisar na cabeça do morto agora um filme que desanca o Brasil foi um dos mais assistidos no final de semana passado lá nos Estados Unidos.
Somos realmente o país do futuro em se tratando de turismo, pois no presente somos uma verdadeira vergonha na autopromoção ou apenas na autodefesa.
O fato é que a despeito de todas as qualidades inerentes ao país, todo o turista que aqui chega vindo de um país em que as pessoas são respeitadas deveriam receber medalhas assim que colocassem os pés no Brasil; são verdadeiros heróis.
Os serviços aqui têm que melhorar muito para serem considerados sofríveis. E não há amabilidade de um povo nenhuma que compensa esperar horas por uma refeição estando sentados na mesa de um restaurante vazio, como já aconteceu com minha irmã em algum lugar do litoral da Bahia. Nem esperar horas uma mesa em uma pizzaria cheia de Florianópolis, fazer o pedido, esperar mais um muito e ao perguntar ao garçom se este vai demorar descobrir que este se esqueceu do pedido que você havia feito, como aconteceu comigo.
É o tipo de coisa que só acontece uma vez com você, já que nunca mais irá naquele lugar, nem que te paguem para isso.
Enquanto o bom serviço não estiver incorporado ao nosso modo de ver a indústria de turismo, este não irá se desenvolver.
Nem a base de anabolizantes ou bundas anabolizadas.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Eu já sabia

Houve a revelação do mensalação e aparentemente o presidente não sabia.
Houve o aprofundamento do caso e ele parece que soube e até disse que o que era feito é o que sempre se fez neste país, mas agora parece que ele não sabia de novo.
Houve muito barulho com as CPIs e sabe como é: eu não sabia, mas fui traído.
Houve o caso da quebra de sigilo e ouvimos novamente o eu não sabia.
Houve a tentativa de compra do dossiê e ninguém envolvido sabia de nada e apareceu dinheiro não se sabe de onde, por que raios logo o presidente iria saber de algo?
Houve a crise agricola e o governo foi pego de calças curtas, que é apenas mais um modo de dizer eu não sabia.
Há o apagão aéreo e nós não sabiamos.
Apareceram doações suspeitas e a resposta foi...
Adivinhem.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

E quanto ao ex-espião russo?

Pelo que eu pude depreender da leitura da Folha de ontem o Polônio (que foi usado como veneno para matar o ex-espião de nome impronunciável) só pode ser fabricado em duas usinas no mundo e são necessárias toneladas de urânio para se extrair umas poucas gramas dele.
Imagino que este veneninho deva valer uma fortuna e não é qualquer marido traído que pode comprá-lo, o que faz com que os suspeitos pela morte sejam milionários, empresas ou nações com acesso à tecnologia nuclear refinada e rara.
Aparentemente apenas uma entidade preenche os requisitos acima e ainda teria uma motivação; foi duramente criticada pelo hoje falecido. Esta entidade é o governo russo.
Uma das usinas que processam o Polônio está na Rússia.
Será coincidência?

Novamente pela descriminalização

Não é novidade para vocês que sou favorável a descriminalização total e irrestrita de todas as drogas.
Primeiro porque penso que o fato de algumas drogas serem legais e outras não é uma tremenda hipocrisia. Como não há motivação que não moral para isso – as médicas seriam contrárias a todas – fica explicito que estamos jogando o jogo de outros e pagando caro por isso.
As drogas são proibidas ao redor do mundo principalmente por imposição dos Estados Unidos da América e causa problemas sociais em todos os lugares, já que a humanidade e as drogas são indissociáveis desde que estes se encontraram.
Portanto se percebe que é uma guerra perdida como qualquer outra que trate de mudar comportamentos inerentes à condição humana. Como a homossexualidade que já foi combatida, aplaudida e novamente combatida, o uso de drogas sempre existirá e negar isso é uma perda de tempo.
Fora apenas uma perda de tempo e seria muito bom, mas ao lermos o artigo do economista José Scheinkman na Folha de ontem percebemos o quanto ela é custosa também em outros parâmetros. Ele cita um estudo do professor Gary Becker que contabiliza um gasto de 100 bilhões de dólares ao ano com a guerra às drogas que os norte-americanos empreendem desde a década de 60.
É claro que aqui também temos nossos gastos, nem de longe tão astronômicos, mas o que me preocupa mais não é o valor monetário da guerra e sim o custo em vidas. Acredito que temos mais mortes por combate às drogas do que por abuso delas, a despeito do que os pais de classe média que vêem seus filhos em situação de baixa dignidade por excesso de drogas possam pensar.
Além de atirar milhões de consumidores nos braços do ilícito para a obtenção da droga, o combate policialesco cria o submundo onde prospera a lei do mais forte e é fomentada a corrupção do sistema jurídico-repressor.
E tudo isso sem ao menos reprimir o uso, como qualquer adolescente que já tentou entrar em contato com uma droga ilícita sabe.
É muito dinheiro, barulho e – principalmente – mortes por nada. E tudo isso entrando de gaiatos na história.
Vale a pena tudo isso para ser simpático ao ideal norte-americano de afastar a tentação dos olhos e narizes deles?

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Faltando

Por falta de tempo e de vontade não houve atualização ontem, por falta de assunto e de vontade não haverá hoje.
Grato pela atenção.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

As conseqüências

Quando o Brasil decidiu-se pelo automóvel no desenvolvimento do país, apenas para alegrar as empresas automobilísticas e criar alguns empregos industriais, não se sabia o que isso acarretaria de males aos brasileiros de hoje.
Achava-se que o casamento seria só flores, mas hoje se observa que nada mais falso.
Antes do desenvolvimento das empresas automobilísticas já havia uma rede ferroviária relativamente desenvolvida, que no caso de São Paulo é responsável pela criação da maioria das cidades e da pujança do interior, e enormes potencialidades hidro e aeroviárias. Tudo foi relegado a segundo plano para o desenvolvimento rodoviário. Nem o exemplo das cidades onde havia mais carros foi seguido. As potências da época (Londres, Nova Iorque, Paris, etc...) contavam já com uma vasta rede de linhas de metrô, com extensão que ainda hoje São Paulo e Rio de Janeiro não conseguem nem sonhar alcançar.
As conseqüências no bolso são claras, um carro popular novo têm custo - entre o aparente e o oculto – de cerca de dois mil reais, retirando renda da já castigada classe média e impedindo que se crie um mercado consumidor de serviços mais forte e, conseqüentemente, impedindo o crescimento do número de empregos. Tudo isso porque é temerário confiar no sistema público de transportes, precaríssimo.
Além do mal no bolso, há a perda da qualidade de vida e até de vidas mesmo. Uma pesquisa divulgada parcialmente na Revista Pesquisa Fapesp deste mês afirma que as cidades de Santiago, São Paulo e México terão custos ligados a poluição de cerca de 165 bilhões de dólares nos próximos vinte anos. Observe que este valor é maior que os programas de transferência de renda que os paises onde estas cidades estão situadas tanto alardeiam aos quatro ventos.
E o grosso desta poluição é mesmo fornecida pelos motores de combustão interna dos veículos, que no caso dos combustíveis fósseis é agravado pelas impurezas que eles carregam, principalmente enxofre.
Portanto está mais do que na hora de tentar reverter este grave caso de miopia em que estamos metidos a cerca de meio século. Temos que deixar de ser “automotivos” e começar a investir seriamente em outras formas de locomoção nas cidades brasileiras.
Caminhar ou andar de bicicleta, ônibus ou metrô pode aparentar uma perda de qualidade de vida imediata, mas é o futuro da boa qualidade de vida nas cidades brasileiras. Os trajetos curtos em especial devem ser cobertos a pé. Você ganhará alguns gramas de músculo a mais e as cidades algumas toneladas de poluentes a menos.
O mais importante talvez seja pensar melhor na hora de votar nos nossos prefeitos e governadores e favorecer aqueles que têm bons programas para o transporte público.
Todos saem ganhando; até o seu bolso, se o benefício na saúde não for o suficiente para você.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Sucinto

O governo anunciou que vai liberar alguns bilhõezinhos do FGTS para financiar a casa própria da população de baixa renda a fundo perdido.
As perguntas são: o FGTS é do governo ou dos trabalhadores que o depositam? É legal, no sentido jurídico, jogar o dinheiro dos outros no lixo?
E ainda diziam que o Milton Friedman não sabia do que estava falando.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Big Brother Detran

A notícia de que os carros brasileiros serão monitorados por telemetria compulsória mostra que a privacidade não é um valor caro aos nossos legisladores, principalmente a alheia.
As razões para a aplicação da nova norma são as “boas” intenções de sempre: coibir furtos e roubos, assim como infrações de trânsito. Os efeitos colaterais serão os de sempre: aumento de arrecadação com multas e com a cobrança de IPVA e irritação dos condutores com a coerção.
Particularmente acredito que nada mudará em relação aos furtos e roubos. Já há hoje tecnologias para acompanhamento em tempo real da localização de veículos com precisão e estas não impedem a ação de meliantes. Esta só será coibida quando o mercado paralelo que absorve os frutos de crime for extinto, ou ao menos bastante diminuído.
Mas o ponto central aqui é a invasão de privacidade dos motoristas.
Ao contrário da fiscalização fotográfica que flagra infrações de trânsito, a telemetria registrará além disso a passagem de todos os carros por determinada antena, podendo acompanhar os hábitos de deslocamento de determinados motorista pela cidade e os seus horários. Imaginem o poder que os Detrans passarão a te com estas informações em mãos.
Muitas empresas fariam questão de monitorar os veículos que lhe prestam serviços, assim também poderiam proceder cônjuges desconfiados e pais preocupados.
Ótimo, diriam os vigilantes; péssimo, os vigiados.
Não vejo que vantagem pode ter a população com este poder em mãos de governos competentes. Só vejo desvantagens com este nas mãos do governo brasileiro.
É mais um tiro nas liberdades individuais do brasileiro, com se não tivéssemos problemas suficientes sem isso.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Quem não sabe, não sabe.

Como vimos os juros caíram mais um pouquinho; mas nem sei a razão.
Se nesta mesma semana o presidente do banco central afirmou na Austrália que a política de juros do país estava correta e que o aumento do consumo mostrava isso.
Então há algo de esquizofrênico na nossa direção econômica; está correta, porém mudamos.
A verdade é que não está correta, e por isso mudamos, mas em uma velocidade tão baixa, que nem percebemos.
Os juros não estão altos porque impedem o consumo, o consumo aqui é tão baixo e tão represado que a população aproveita todas as formas de satisfazer suas necessidades, seja através dos trocados recebidos pela assistência oficial seja pagando juros abusivos dos crediários pessoais que tantos estão prosperando nestes dias.
Eles estão altos porque impedem o investimento produtivo.
Qualquer pessoa que entenda um pouco de matemática não pedirá dinheiro aos juros brasileiros para investir em qualquer coisa produtiva que não renda mais do que os 10% livre de risco que o governo paga anualmente. Como são poucas as atividades que oferecem esta remuneração, o investimento produtivo fica travado.
E o pior de tudo é que isso provocará inflação futura certamente, se não pela escassez de produtos nacionais, pelo excesso de produtos importados, que influenciarão negativamente no câmbio.
Enquanto isso o governo faz pose de competente, enquanto o mundo desaba em volta dele.
Depois vai dizer que não sabia.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Apagão nascente

Se vocês tiverem a chance de ler a Exame que está nas bancas esta quinzena, verão que o apagão - nos moldes do que se convencionou chamar a escassez de energia elétrica - já está acontecendo.
Os grandes consumidores industriais já não estão conseguindo fechar contratos de longa duração e tudo leva a crer que as tarifas terão aumentos explosivos nos próximos anos.
E o governo se finge de morto, e quando toca no assunto é para dizer que todos os problemas legados pela gestão FHC (que eles chamam de herança maldita) foram equacionados e não há risco de apagão.
Só falta combinar com o inimigo, que no caso é o setor industrial. Se ele resolvesse crescer o tanto que Lula quer que o Brasil cresça, os problemas de escassez já estariam presentes, e estaríamos vivenciando dois apagões simultâneos. É claro que o governo não teria nada a ver com isso, seria tudo culpa da herança maldita de 500 anos de administração das “odiosas elites que sentem asco do povo e que por isso não desejam que o país se desenvolva”.
E vai contrariar.

E administração minguante

Se há algo realmente odioso no Estado brasileiro é a mania de cobrar e não entregar o serviço.
Os problemas que os supostos passageiros – já que muitos nem embarcam para fazer jus ao nome – é um exemplo claro disso.
Sendo o burro de carga que carrega uma das mais altas taxas aeroportuárias do planeta, o passageiro brasileiro deveria ser tratado como um rei e ter instalações e serviços de primeiríssimo mundo nos aeroportos do país. Mas é claro que ele não encontra isso, seria pedir muito.
Ele encontra apenas aeroportos mal-aparelhados, controladores de vôo trabalhando além do que deveriam e agência reguladora despreparada e politizada. Tudo isso apesar de que o serviço é usado majoritariamente pelas “elites”, de modo que a esquerda que está no poder no momento nem pode dizer que isso é mais uma mostra do descaso das classes dominantes com o povo brasileiro.
O mais engraçado da situação é que a culpa está sendo jogada na classe trabalhadora pelos chefes da “sindicracia” que nos tomou de assalto.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Alternativas

No domingo os cadernos de economia dos grandes jornais paulistanos foram marcados por análises a respeito do biodiesel devido à inauguração por parte do presidente da República de uma nova planta industrial de produção do combustível.
Quem acompanha meus textos a mais tempo sabe que sou um entusiasta da biomassa e dos demais meios “alternativos”, e que toda a publicidade para estes meios me satisfaz, mas há um pequeno detalhe.
O problema é que se está formando um falso dilema entre a utilização ou não de soja como fonte de óleo.
Já se falou de tudo a respeito disso: que o rendimento energético da soja é muito baixo, que ela amplia a concentração agrária, que o programa de biodiesel perde sua função social.
Tudo isso é besteira na medida que não leva em conta que estamos em um país com livre mercado e que não é função de um programa de segurança energética fazer inclusão. Caso o faça, será um ganho colateral e bem vindo.
O grande ponto central do sistema energético nacional deve ser a interligação física das redes de distribuição de energia e a diversificação de fontes energéticas; de modo que as regiões consumidoras e produtoras, assim como as maneiras de se obter a energia a ser distribuída sejam complementares e dessazonalizadas.
Por exemplo, poderemos ter um sistema que se construa para que nos meses de estiagem se tenha mais participação da coleta de energia solar enquanto nos meses de cheia dos rios se utilize mais a hidroeletricidade.
Quanto a utilização de soja ou de outra matriz para a obtenção de óleo, o que precisa ser analisado primeiramente é a disponibilidade imediata do produto. Mesmo que tenha um rendimento energético maior, não faz sentido que se transporte óleo de uma região para a outra, se o intuito for basicamente o de transformá-lo depois em biodiesel. No caso específico da soja, produto basicamente para a exportação, é importante salientar que o óleo é um subproduto e que muitas vezes o peso deste é um empecilho para o transporte.
Neste contexto utilizar o óleo de soja como combustível é muito mais econômica do que qualquer alternativa que se possa apresentar, pois evita o transporte do diesel fóssil até as regiões produtoras, diminui a massa e o volume do produto efetivamente exportável e movimenta a economia local na prensagem e manipulação química do biodiesel.
Caso este princípio seja utilizado em todas as regiões, se economizará um grande volume de combustível que é gasto apenas para deslocar combustível das zonas produtoras para as zonas consumidoras, algo que ecologicamente é totalmente ilógica e insustentável.
O país não deve ter uma matriz rígida e nacional para a energia, deve aproveitar as potencialidades regionais e ser uma colcha de retalhos de matrizes e matizes energéticas diferentes.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Povo x Estado

Clóvis Rossi, na Folha de ontem, fez um pequeno artigo sobre o modo como o brasileiro encara a faixa de pedestres e como o europeu faz a mesma coisa.
Ele diz que o brasileiro age como se o carro tivesse a primazia para o uso da rua e a faixa fosse um simples enfeite - ao contrário do que diz a lei, que afirma que na faixa de pedestre o mesmo tem total preferência sobre os automóveis, que devem ceder a passagem SEMPRE – enquanto na Europa o povo age em conformidade com a lei brasileira.
Não sei se é verdade que o europeu age assim, mas fica a pergunta: se as leis são a parte escrita dos códigos morais que rezam uma sociedade, elas não deveriam estar condizentes com o que pensa esta sociedade?
Creio que deveriam, e o fato de haver tantas leis como esta no Brasil (da categoria das que não pegam) faz com que nosso país seja esta bagunça que aqui está.
È muito provável que a lei de como se proceder na faixa de pedestres tenha sido totalmente importada de algum país europeu com um povo que pensa o contrário do brasileiro.
Se uma lei é o exato oposto da a ação natural de uma sociedade na qual ela se encontra, tratá-se de um convite a transgressão. E toda a pequena transgressão é a porta de entrada de uma outra maior.
O acúmulo destas pequenas transgressões faz com que todo o brasileiro seja um verdadeiro fora-da-lei na prática e cria uma guerra entre o cidadão e o Estado, cada um querendo impor a sua visão de mundo ao outro.
Nenhum Estado em guerra com o seu povo pode se declarar democrático ou prosperar. Como é isso que estamos vendo no Brasil, a prosperidade nunca nos alcançará, a menos que esta guerra cesse.
Como nem ao menos um armistício parece se avizinhar, continuaremos patinando como estamos agora. E sobre a ditadura de muitos Estados estrangeiros.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Pseudo-enriquecimento

Em seu caderno de economia de ontem, se você quiser ainda pode encontrá-lo nas bancas enquanto eu escrevo estas linhas, há uma reportagem que afirma que a “classe E” está em processo de extinção no país.
É claro que isso não é verdade, uma vez que em um processo de estratificação por renda sempre haverá esta classe (e a própria matéria diz isso, apontando que há um erro de metodologia), mas há um dado assustador. O brasileiro está empobrecendo a olhos vistos, a se acreditar na pesquisa feita pelo PNAD.
Ela mostra que a soma das faixas E, D e C passou de 67,64% para 70,8%, o que por si só já mostra um empobrecimento da população como um todo. O fato de que agora 39,4% das famílias se concentram na faixa C até seria um fator positivo (está faixa quase dobrou, era de 20,54% em 2002), só que isso é totalmente enganoso; enquanto a classe C com 20,54% das famílias consumiam 25,77% do total em 2002, hoje consome apenas 27,3%. Ou seja, as famílias estão mais pobres, comparativamente.
A mágica disto é que a estratificação é feita por posse de bens ditos “de conforto”, e não por renda propriamente dita.
Então se a família tem 3 televisores velhos, receberá mais pontos do que se tiver um ultra-moderno televisor de plasma de 100 polegadas e o mesmo valendo para carros, banheiros e etc. Valem pontos também nível de escolaridade e outras coisas, que com a massificação do ensino básico empurram as famílias para os estratos superiores na classificação sem mudar a qualidade de vida das mesmas.
O porém é que a queda proporcional do consumo da “classe C” demonstra de modo cabal que o que está acontecendo é uma melhoria enganosa devido ao fortalecimento do real, que barateia os itens de consumo intercambiáveis entre países para a população brasileira, mas -tirante este consumismo fugaz- não melhora as condições de vida do povo em longo prazo.
Lula foi reeleito em grande parte devido ao consumismo provocado pelo câmbio favorável, porém com o empobrecimento constante da população não há como fazer um país melhor.
Que Lula tem simpatia por Fidel Casto, todos nós sabíamos. Que ele quer transformar o Brasil em uma imensa Cuba, eu acho que a maioria desconhece. Se ele não quer, está fazendo um péssimo trabalho, pois está indo naquela direção, e muito rápido.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Sobre a pena de morte

Sempre que ocorre um crime hediondo (e a definição do que é um muda muito, e em questão de dias) aventa-se a pena de morte como solução para o caso. Mas pergunto, sinceramente, ao leitor destas linhas: ela é a solução?
Atrás de cada crime há um criminoso, e atrás deste há uma motivação muito específica, porém acredito que podemos dividi-los em dois grandes grupos: os que cometem o crime por razões racionais e os que o fazem por impulso.
O primeiro grupo tende a pesar os prós e contras de cada ação e sempre levará em conta a possibilidade de ser apanhado e cumprir a uma pena. E será coagido a seguir a lei se a possibilidade de que seja apanhado for muito maior do que a de que desfrutará dos frutos do crime.
Contra estes criminosos o que vale portanto é a ação investigatória da polícia e não a pena máxima a que está sujeito.
O segundo grupo cometerá o crime de qualquer forma e a coação policial afetará, no máximo, a freqüência com que age e o “modus operandi”. A possibilidade de ser pego não o demove de sua compulsão. Os integrantes desse devem receber tratamento médico e, em alguns casos, ser retirados do convívio social, por serem perigosos demais aos demais.
Como vemos, nos dois casos a utilização da pena capital não interfere na ação criminosa, sendo que serve apenas como uma forma de “compensação” da vítima ou de seus familiares por parte da sociedade. “Compensação” esta até mesmo perigosa, no meu ponto de vista, por transformar aos bebeficiários em cúmplices de um assassinato socialmente aceito, que pode gerar mais traumas psicológicos do que curar.
Do ponto da execução em si da pena de morte surge a questão do erro de julgamento no Estado de direito. Neste o conceito de justiça prevê que se tente compensar os erros praticados pelo sistema judiciário.
A pena de morte inviabiliza qualquer compensação após o erro ser cometido, o que faz com que todo o julgamento que possa levar a ela tenha custos astronômicos e leve no mínimo décadas para ter um final. Os custos legais medidos em julgamentos deste tipo nos Estados Unidos, que salvo engano meu, são o único estado de direito onde ocorre a pena capital nunca são inferiores a casa dos milhões de dólares.
Tudo isso deve ser pesado na hora de se tentar que a possibilidade da aplicação da pena de morte seja agregada ao nosso código penal.
Eu sou contrário a possibilidade por considerar que os riscos e problemas que ela gera para a sociedade não compensam os possíveis benefícios que somente alguns poucos indivíduos teriam ao se sentir vingados, já que não previne e não simplifica nada.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Ecoegoístas

Há muito defendo que a concepção de ecologista é mais do que querer salvar a espécie A ou B. No meu ponto de vista a ecologia é o próximo passo da economia, já que a primeira visa entender equilíbrio dos recursos em um ambiente e a segunda o uso mais eficiente de recursos escassos (é uma das definições de um velho dicionário de economia que tenho aqui em casa). Entender e poupar são complementares e ser sustentável no mundo é o desejo de qualquer ser vivente.
E finalmente o povão está começando a entender isso; e quando o povão entende, os que deveriam liderá-los vão atrás com uma celeridade impressionante.
Ao que parece sofreremos efeitos cada vez mais violentos das barbaridades que já cometemos e que ainda estamos cometendo contra a biosfera, mas a boa notícia é que com a tomada de consciência poderemos deixar de agravar a situação muito em breve, em questão de poucos anos (no cenário mais otimista). E em poucas décadas poderemos estar em uma nova era na qual o ser humano tenha alcançado o equilíbrio ecológico.
Na verdade isso é muito menos difícil do que parece do ponto de vista tecnológico, porém acarretará em mudanças muito profundas nos modos de vida da maioria da população mundial e troca da relação de poder entre as nações e as corporações. E é nisso que ocorrerá o grande desafio, vencer as posições contrárias às mudanças tecnológicas poupadoras de energia.
Existem exemplos simples de tecnologias que já estão completamente maduras e que poupam energia e que estão sendo combatidas pelas indústrias estabelecidas.
A transferência de arquivos por Internet é uma delas. Cada arquivo transferido é um pouco de petróleo poupado, tanto na mídia em que ele seria impresso de alguma maneira (um cd, por exemplo) e no deslocamento físico, que hoje é feito prioritariamente por veículos automotores.
O teletrabalho age da mesma forma, impedindo os deslocamentos e utilização de carros.
Da mesma forma agirá a utilização de formas de energia que hoje são chamadas de alternativas, poupando petróleo e distribuindo poder para todas as nações onde haja a possibilidade de utilizá-las (praticamente todas, na verdade) e retirando-o das nações exportadoras de petróleos e das empresas gigantes que controlam o comércio mundial.
Portando esta crise anunciada é uma oportunidade e tanto para que o mundo seja mais justo e rico, cortando os desperdícios que tem aos montes, só que para que isso ocorra é necessário que sejamos mais do que ecochatos, precisamos ser ecoegoístas.
Temos que pensar em nós mesmos e deixar de apoiar as iniciativas que são contrárias à implementação de medidas energeticamente corretas.
O resto é perfumaria.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Se querem que eu tire da Globo, que apresentem as alternativas

É isso aí, voltei. Só que vou ir devagar, para não ter uma overdose.
Há de haver uma periodização, diz a máxima do treinamento.
Portanto hoje só um breve comentário sobre a nossa imprensa; é uma vergonha.
Bando de marias-vai-com-as-outras, que não pode ver um relatoriozinho entregue por alguém ou uma coletivazinha e já se dá por satisfeita em repercutir isso pelo resto da semana.
E depois um e outro ficam reclamando da concentração de poder nas mãos da rede Globo, como se houvesse alguma diferença entre o noticiário desta e o os demais fornecidos por outras empresas jornalísticas.
Se é tudo a mesma coisa mesmo, fiquemos com a que apresenta melhores novelas, que ao menos são nacionais e com a temática mais próxima à nossa.
Ou não concordam comigo?

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

O resultado da eleição

Olhando o resultado das eleições chega-se a conclusão que faltou ao presidenciável Alckmin algo que sobrou em FHC e esteve presente com menos força na candidatura Serra, um PFL forte para auxiliá-lo.
O PFL foi simplesmente varrido nesta eleição, enquanto os outros três grandes partidos aumentaram sua participação no cenário nacional.
Apesar do abandono que alguns líderes tucanos ao candidato de seu partido, foi a derrota do PFL no seu antigos redutos eleitorais que sacramentou o domínio petista do cenário nacional mais um quadriênio.
Como todo o bom paulista, olho com um pouco de desdém para o partido que nunca conseguiu se firmar como uma alternativa séria aqui na paulicéia, e para os seus líderes que sempre chegaram até nós através da lente crítica da mídia, que nós sabemos ser esquerdista. Como brasileiro fico muito chateado que este ocaso tenha significado a reeleição lulista.
Os eleitores históricos do PFL devem estar sabendo o fazem, só espero que eles não se arrependam da troca que fizeram e eu a emenda se torne muito pior que o soneto.

Educação e formação profissional

Já foi dito neste blog que a educação no Brasil é extremamente burocrática, no sentido de visar apenas a obtenção de diplomas.
Ter um diploma neste país é um desejo almejado pelas razões completamente erradas, já que ele não significa excelência em nada e sim que o portador é habilitado a exercer uma função profissional, é a burocracia presente novamente.
Então temos o seguinte quadro, uma educação burocrática para se obter um certificado que será utilizado pelas burocracias trabalhistas e empresariais. Tudo errado, o cartorialismo ibérico levado ao extremo.
E não vai mudar, pois o presidente reeleito pensa que o que de melhor há para se mostrar em uma administração é o aumento de pessoas com o diploma no ensino médio e de agraciados com bolsas do Pro-uni.
Está certo que está provado que quem tem diploma de ensino superior ganha mais do quem não tem e que cada ano a mais no ensino formal incrementa alguns reais na renda do indivíduo; na média é assim, mas desconfio que além do “burocratismo” de nossa economia há um fator que não tem nada a ver com os diplomas fornecidos pelas escolas formais.
E este fator é a capacidade de abstração.
Se durante os séculos XIX e XX a quase totalidade de empregos exigia a simples aplicação de regras ou tarefas repetitivas, ou ambas, hoje a quase totalidade de oportunidade de renda exigem raciocínio abstrato e manipulação de informação, transformando-a em conhecimento.
Deve haver inúmeras formas de se desenvolver esta capacidade, mas a que se tem mostrado mais efetiva é a leitura e o estudo, atributos que são mais exigidos quanto mais se avança na educação formal.
É essa coincidência que, na maioria das vezes, resulta nos melhores salários e não os diplomas burocráticos.
Para melhorar a empregabilidade das futuras gerações, os governos deveriam se preocupar com um ensino de qualidade no que hoje chamamos de ensino fundamental e não em garantir diplomas subsidiados aos que não tiveram tal ensino.
Tendo um bom raciocínio abstrato e um pouco de raciocínio lógico, tudo se resolve. As pessoas têm até uma capacidade maior de suprir as deficiências das instituições de ensino.
O problema é que isso demora a aparecer, e a nossa tacanha lógica política trabalha com um horizonte de quatro anos, e nada como um aumento no número de graduados para lustrar um currículo de governante.
Então ficamos nisso de formar profissionais em vez de educar pessoas.

domingo, 29 de outubro de 2006

Bola prá frente

Bem, não deu, fazer o quê?
O jeito agora é ir chorar no banheiro um pouco e preparar a versão 2007 do Gian, agora sem nenhuma fé no povo brasileiro.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Faltam 3 dias

E cadê a resposta?

Cadê o segredo de justiça?

""...Claro que não foi. É evidente que não foi o PT. Foram pessoas que montaram um grupo de inteligência entre aspas e que fizeram isso (a negociação). É isto que está nos autos (inquérito)", disse o ministro a jornalistas."
O ministro em questão é o Marcio Thomaz Bastos. Me pergunto então:
se o rocesso está correndo sobre sigilo de justiça, como o mininstro sabe o que que está nos autos?
Ele é advogado de alguma das partes envolvidas?
Ou seria apenas mais uma das vezes em que este governo mistura público e privado.
Aliás, de fato não foi o PT quem fez nada. Partido nenhum age, e sim pessoas em nome dele.
No caso pessoas membras dos diretórios e pagas por ele.
Dizem por aí que dá cassação de registro e, dependendo do caso, perda da candidatura. Será que é verdade?

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Lagos mortais

Observação: esta é uma postagem sobre política, para saber sobre o fenômeno geológico que forma os lagos assassinos da África, clique no marcador ao pé deste texto.

De todos os documentários que já vi na tv, o que me impressionou mais foi um sobre os lagos assassinos que existem na África.
Estes têm características muito peculiares, são profundos e situados sobre falhas geológicas que bombeiam carbono gaseificado no seu interior, e de tempos em tempos matam por asfixia todos os organismos aeróbios de suas margens e arredores.
Felizmente não temos nenhum destes por aqui, pelo menos nenhum conhecido, e podemos nos preocupar com coisas menos interessantes, tais como política e economia.
E nestes quesitos os riscos de asfixia estão muito presentes no ar no momento. A democracia, qualquer que seja o resultado das urnas de domingo sofrerá provações tremendas.
Lula só governa se houver flagrante desrespeito as leis vigentes no país, já que tudo leva a crer que sua campanha usou recursos ilegais para se eleger em 2002 e novamente agora em 2006.
Alckmin se eleito não terá nenhum problema institucional, porém terá que conviver com a insurreição dos chamados “movimentos sociais organizados” que apóiam o PT.
Como para sobreviver a democracia precisa de instituições fortes e ordem social, podemos prever um 2007 muito ruim para ela e, conseqüentemente, para nós.
Já na economia deveremos sofrer a freiada do crescimento mundial e como a nossa economia interna não está tão arrumada como nossos líderes parecem acreditar vamos sofrer muito com isso. O que em última análise deve alimentar a instabilidade política do ano que vem.
A confusão está armada, só espero que o poder mortal desta não se compare ao dos lagos assassinos africanos.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

O fim está próximo

Pelo menos é o que se vê na revista Veja desta semana.
As famosas páginas amarelas são preenchidas com um pessimismo sem tamanho.
O entrevistado James Lovelock (autor da Hipótese Gaia) afirma que nossos dias na Terra como espécie estão contados e que até 2040 a vida se tornará insuportável nas regiões próximas da linha do Equador; ou seja, o inferno será aqui.
Bem, não sei se chegaremos a tanto, com o Brasil deixando de ser habitável, mas certamente não seremos exterminados como espécie tão cedo. Não sei se felizmente ou infelizmente, a espécie humana se tornou quase indiferente as grandes variações climáticas no quesito sobrevivência.
O que podemos encarar no futuro próximo é uma incrível perda de qualidade de vida da humanidade e conseqüente encolhimento populacional. Se sobrevivemos a mudanças quando não tínhamos posse das tecnologias que dispomos hoje, por que seria esta que nos extinguiria?
O certo é que está formado o consenso de que nós conseguimos destruir o equilíbrio ambiental do planeta e sofreremos com isso, mas acho que o cientista é demasiadamente apocalíptico. E mal informado em alguns detalhes.
Na entrevista ele deixa bem claro que considera uma má idéia a adoção dos biocombustíveis, pois estes pressupõem a substituição de florestas ou campos de produção de alimentos. E nós brasileiros sabemos que isto não é necessariamente verdade.
No nosso caso em particular, estão a disposição milhares de hectares de pastagens degradadas que poderiam ser prontamente utilizadas para a produção de combustíveis, gerando empregos, renda e economia em derivados de petróleo e outros fósseis, sem a derrubada de uma árvore ou troca de um pé de alface por cana ou soja ou o que quer que se use para a obtenção de biocombustível.
Situação que se ocorre em maior ou menor grau mundo afora, já que há no momento uma superprodução de alimentos e não escassez. E se há fome no mundo não é certamente por falta de alimentos a serem fornecidos; só a falta de competência da humanidade em geral de distribuir seus recursos corretamente explica este flagelo.
Lovelock aponta a energia nuclear como a única capaz de reduzir a velocidade com que estamos indo para o desaparecimento. Eu discordo; acho que todas as formas de energia não-fósseis têm um papel nisso, e a nuclear não é nem a melhor nem a mais fácil de ser utilizada, é só a polêmica. A energia solar, a eólica, os biocombustíveis, a energia das ondas e outras mais que estão aí apenas esperando para serem utilizadas ainda darão muito que falar.
Com a fé abalada no Brasil (já que Lula teve tantos votos – não me conformo), tenho que manter a fé na humanidade. Fizemos uma grande caca no mundo, temos que consertar agora; afinal a outra opção é perecer como espécie.
Se vamos morrer, que seja tentando então.

Mais perguntas

E por falar na questão levantada na sexta-feira, a Veja trás uma reportagem intitulada “Perdulário, gigantesco e ineficiente”, falando dos gastos públicos e de como eles são tratados.
Continuo então a perguntar, cadê o software de gestão que não temos ainda?
Ia esquecendo, cadê a origem do dinheiro do falso dossiê também?

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Mais uma pergunta

Alguém sabe me responder por quê os três níveis de governo não instalam softwares de gestão?
Será falta de dinheiro ou o medo de não poder mais fazer falcatruas?

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Algo precisa ser feito

Nesta semana assisti a um documentário chamado “As marcas da água” que tratava de um clube para atletas judeus na Áustria pré-nazista.
Os dramas que aparecem no filme não são o assunto do texto, mas sim a manutenção da infra-estrutura mostrada nele na década de 30 do século passada e ainda operando, com aparência de que acabou de ser construída.
Este é um ponto que marca profundamente as diferenças entre um país economicamente desenvolvido e o nosso. Lá as coisas são feitas para durar, enquanto aqui são feitas para aparentar.
Estamos nos especializando em construir equipamentos urbanos com vida útil de poucos anos, e que ao terminar de serem construídos já necessitam de reformas.
Este é uma demonstração acabada com o desleixo com o patrimônio público e da incapacidade de se pensar em termos de Patrimônio Líquido Nacional nos moldes do apresentado por Kanitz em uma de suas colunas (já comentei este artigo uma vez, se quiser relembrar o link é esse http://eudiscordomesmo.blogspot.com/2006/02/sobre-o-patrimnio-lquido-nacional.html ).
Repito que venho dizendo faz anos, não há falta de dinheiro no Brasil para alcançarmos nossos objetivos, existe sim falta de competência para gerir estes recursos, na melhor das hipóteses, ou falta de escrúpulos, ou até mesmo uma soma dos dois fatores.
Fora uma empresa, todos os funcionários estariam no olho da rua devido aos índices de re-trabalho e desvalorização dos ativos, sendo um país e se tratando de patrimônio público, ainda têm uns que se reelegem.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Eu também vou bravatear

Como não gosto de decepcionar meus leitores, que dizem que sou preguiçoso, só volto a escrever hoje, depois de um longo feriado.
Confesso que ando um muito chato estes dias; só penso, escrevo e falo de eleições e dinheiro “aparecido e sem-dono”, mas é que esse é um tema central para o país no momento.
Nem posso alegar que anda faltando assunto mundo afora, surgiu mais uma “potência nuclear” num repente, o doido do Bush está próximo de – finalmente - perder o poder e agora parece que dormir bem emagrece (por quê não funciona comigo?).
No feriado em particular mostra o quão estranhos somos nós brasileiros. O mesmo dia que estávamos comemorando o dia de Maria Aparecida o resto da América e algumas partes da Europa estavam celebrando o Dia de Colombo, o dia do descobrimento da América.
Inclusive estava em Madrid na mesma época no ano passado e perguntei a alguém o motiva da celebração. Passei por ignorante, ainda mais eu sendo originário da América. Fui obrigado a me defender dizendo que não comemorávamos esta data, mas sim a chegada dos portugueses ao Brasil e recebi como resposta um: “mas como vocês comemoram o depois como vindo antes”?
Bem, não há como responder isso. O Brasil sendo parte da América deveria comemorar a data, e se eu fosse religioso poderia ter dito que comemorávamos uma data muito mais importante na mesma data ou até que o dia das crianças é o mais importante. Na hora nada disso me passou pela cabeça.
Fiquei com pecha de ignorante (ou melhor, ficamos), mas em uma possível segunda vez isso não acontecerá de novo. Ainda vou falar mal do Colombo dizendo que ele só trouxe sofrimento para estas paragens e que estaríamos melhor sem ele.
Pode até ser uma falácia, uma bravata, só que estamos em período eleitoral, e agora isso é válido, não?

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Pergunta

A Receita Federal é muito, mais muito mesmo, eficiente em retirar dinheirodo cidadão comum. E o que aconteceu com os recursos "não-contabilizados"?
Foram pagos os impostos e multas referentes a eles?
E então Receita Federal?

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Polícia Federal “Republicana”

Se existiu um ponto em que o executivo atual foi muito melhor do que o governo FHC, este foi na prática de relações públicas. Ele conseguiu fazer com que erros bisonhos passassem para a população como o ápice da administração.
A carne brasileira é embargada mundo afora por questões sanitárias; vergonha? Nada, há uma derrama de carnes no mercado interno e o preço cai.
Então temos que ouvir o velho “nunca na história deste país o pobre comeu tanta carne”.
É provado que muitos dos alunos que são beneficiados pelo bolsa-família abandonaram a escola e os benefícios continuam sendo pagos. Falta de fiscalização? Claro que não, sensibilidade social.
A Bolívia “nacionaliza” o patrimônio da Petrobrás, a Venezuela ameaça fazer o mesmo, a Argentina impõe cotas aos nossos produtos, o Paraguai e o Uruguai dizem que irão sair do Mercosul; ou seja, todos quebraram ou querem quebrar contratos? Resposta do Itamaraty, é preciso ser solidário com os povos menos afortunados; afinal, vocês querem o que? Que invadamos os pobrezinhos?
Dentro deste quadro lamentável vinha escapando o trabalho da Polícia Federal, não que ela esteja escapando da politização (já escrevi sobre isso e se quiserem refrescar a memória é só clicar aqui ), mas estava ao menos escapando da incompetência e da humilhação pública.
Estava; no episódio do dossiê fajuto esta enterrando a credibilidade da instituição.
Na segunda-feira ela teve que ver seu nome estampado nas manchetes televisivas quando um grupo de parlamentares ocupantes da CPI dos Sanguessugas foi a Matogrosso do Sul “ensinar” o delegado a fazer investigações.
Ontem os policiais federais denunciaram que a instituição está sendo usado com motivação política pelo governo e que quem não se enquadrar nisso é “enquadrado” a despeito dos ritos normais.
Os delegados são acusados por aloprados (definição presidencial) de torturadores psíquicos; digamos assim, quase-alckmins em porta de cadeia.
Tudo naturalmente ao estilo poder central, maltrata-se as instituições e salvam-se os anéis do povo no poder e o poder para este povo.
"Republicanismo" na veia.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Demorou, mas a verdade apareceu

Ontem uma porção de comentáristas veio com a estorinha de que havia ocorrido um empate no debate da Band para presidência.
Hoje não houve como. Todos os textos a que tive acesso publicados hoje mostraram sem sombra de dúvidas que Alckmin faturou.
Ainda há aqueles que não querendo admitir a derrota Lulista, dizem que não é bem assim, que quem decide quem ganhou ou quem perdeu é o eleitor e tal, mas eu pergunto: era um debate ou uma eleição?
Alckmin pode até vir a perder a eleição (espero que não), só que o debate já aconteceu, e este ele levou. Não adianta tentar enrolar o leitor.
A vitória foi tão acachapante que surgiram aqui e ali comparações com a derrota no debate da Globo para Collor em 1989 - tinha 15 anos naquela ocasião e, confesso, não dei a mínima para o debate; porém sempre me foi falado que havia ocorrido fraude na edição e que uma vitória teria sido transformada em derrota, a crônica de hoje parece apontar que ouve uma derrota mesmo. E estão tentando demonizar o Alckmin por ter massacrado o humilde e depreparado Presidente (leia por exemplo Jânio de Freitas (para assinantes UOL ou Folha basta clicar aqui)).
Podem até tergiversar, só que se fosse uma luta de boxe, a imagem que foi mais usada na cônica política, Lula teria saido carregado do ringue.
Aliás, ele ficou tão confuso que criou uma nova expressão, "delegado de porta de cadeia"; só falta agora explicar o que é isso.
Eu gostaria de saber.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Então começou mal

Lula havia dito que a campanha começava para ele no debate da Band que aconteceu ontem.
Começou muito mal, teve que ouvir muitas e muitas vezes o tão temido de quem é o dinheiro, ficou nervozinho e tive até a impressão que babou ao tomar água.
E para quem dizia que não havia ninguém neste país que pudesse discutir ética com ele, deve estar se perguntando de onde, raios, saiu este tal de Alckmin.
E o manancial de pontos éticos a ser utilizado nem secou ainda.
Continue assim, Lula.

Tentando ser imparcial

O que é impossível, digo qual foi a minha percepção do debate de ontem.
Um massacre.
Lula deve estar se perguntando até agora o que foi que o atingiu.

Aerolula, o símbolo

As citações a respeito do Aerolula me lembraram que algo que deixou muito indignado à época do ocorrido.
Foi o uso do Sucatão para o resgate dos refugiados brasileiros no Líbano.
Pensei cá comigo: como que uma aeronave que não serve para a comitiva presidencial pode ser usada para trazer de volta centenas de brasileiros?
É claro que os refugiados não devem ter pensado nisso e provavelmente estavam felizes por deixar as bombas para trás; mas esta é uma questão que deveria ser central para qualquer governante digno deste nome.
Ao dizer que irá vender o Aerolula, Alckmin quer deixar transparecer que tem uma visão diferente da que demonstra a administração atual na gestão do gasto público; só que neste ponto especial (o avião) a sangria já está feita e temo que não haverá como desfazê-lo.
Em um país endividado e com carências múltiplas como o Brasil, todo o gasto deve ser pensado no atendimento de três premissas: melhorar a infra-estrutura para dinamizar a economia, diminuir as carências da população e preservar o patrimônio público.
O avião presidencial não cumpre nenhuma delas e foi, portanto, um gasto injustificável.
Porém agra ele já está feito e vender a aeronave não irá sanar o buraco que sanou no orçamento (levando em conta os juros médios que o governo federal paga, ao menos 20 milhões de reais são destinados à amortização deste equipamento).
Achar que este gasto é normal e que é uma sandice discuti-lo mostra-me que Lula não se preocupa o mínimo com as premissas que defendo para o orçamento; o que faz com que meu voto se cristalize ainda mais por Geraldo Alckmin.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

E o dinheiro anda nascendo em árvores?

A expulsão tira qualquer dúvida de que o PT está metido até não poder mais na "Operação Tabajara".
Porém algumas dúvidas persistem e gostaria que fossem levantadas no debate:
E aqueles camaradinhas tinham R$ 1,7 milhões para comprar algo que a eles, pessoalmente, não interessava nada?
Uma vez que eram todos alopradinhos que não teriam ganho financeiro com a venda da informação, como esperavam rever a grana?
Ou não era deles?
Se não, de quem?


Xiii, me ouviram

Que porcaria, expulsaram uma leva de "aloprados" do PT. Isto deve servir para esfriar um pouco o problema e "Paz e Amor" vai chegar ao debate dizendo que uma leva de judas foi definitivamente despachada.
Mas felizmente ainda há a origem do dinheiro para atazanar o clã dos quarenta e poucos que se envolvem com organizações criminosas e o peixão graúdo ainda está lá para responder criminalmente.

Então danou-se

Em seu artigo de hoje na Folha de S. Paulo, Clóvis Rossi cita João Paulo de Almeida Magalhães, presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, que teria decretado que "a economia brasileira só irá bem quando voltar a crescer 7% ao ano".
Eu diria que para o grau de desenvolvimento atual da economia brasileira este número é praticamente impossível, daí apreende-se: ferrou.

Infelizmente não é verdade

Há mais uma lenda na Internet na qual o futuro governo tucano irá privatizar tudo que tiver direito e ver pela frente, infelizmente não é verdade.
Hoje o candidato já negou tudo isso e falou que apenas implantará PPP (parcerias público-privadas) e concessões.
Seria muito bom para ser verdade se todos estes cabides de emprego fossem passados à iniciativa privada. O governo poderia se concentrar no que realmente é a sua função (e extrair óleo não é uma delas) e muitos cargos comissionados seriam extintos, com os políticos do legislativo podendo se preocupar em agradar suas bases ao invés de ficar mendigando cargos aos do executivo.
Em seu blog, o tal de Emir Sader até diz mais; que, além das empresas públicas, o que está em jogo na eleição é se o Brasil vai subordinar seu (nosso) futuro “com políticas de livre comércio ou se o fará em processos de integração regional”, como se os dois processos fossem excludentes.
Talvez o seja para Chavez, o grande líder do “mundo livre” de hoje - que prega a integração regional enquanto comercializa loucamente com o “Grande Satã” -, mas não o é para o espelho de 22 em cada 20 blogueiros de esquerda que falam que a economia planificada é superior e apontam para a China do onipresente PCC (este original) e a Rússia de Putin para provar.
O chato para esta gente é que a Albânia da economia planificada se afundou em um esquema de pirâmide (o capitalismo é mesmo cruel para os ingênuos que ousam acreditar no comunismo) e a Cuba do Generalíssimo está cheia, repleta, abarrotada de capitalistas repugnantes gozando as férias e ainda assim precisa da ajuda camarada de Coronelíssimos do além mar.
O mundo é realmente injusto com os justos socialistas.
E infelizmente os socialistas democráticos quando chegarem ao poder só farão melhor o receituário de que isso tudo que está aí é tirado.
Infelizmente.

Insensíveis demais

O pessoal do PT precisa pensar melhor em como apagar incêndios.
Passadas duas semanas do escândalo da compra do dossiê, agora é que começa a se dar alguma satisfação à população. E como é feito isso?
Dois camaradas pedem demissão e nada mais é explicado.
Espero que eles continuem assim, quanto mais empurrarem com a barriga, melhor para quem quer ver Alckmin lá.

Sensíveis demais

Em dia eles reclamam do papa – o Benedito -, no outro de Jack Straw (ministro do reino Unido) e amanhã pode ser de você. Cada pequena citação de algo remotamente relativo ao islamismo ou aos seus seguidores é seguida de irados protestos e pedidos por pedidos de desculpa, alguns deles ameaçando a integridade física do “infiel” da vez.
Toda religião traz em seu cerne o ideal de que está correta e as demais não; porém os atuais líderes islâmicos estão se sensibilizando muito facilmente e exigindo tolerância sem demonstrá-la.
Caso utilizassem os mesmo parâmetros para sentir-se ofendidos, os praticantes das demais religiões também estariam chamando por “guerras santas” e a humanidade não teria um segundo sequer de sossego.
Pedir bom senso a fanáticos é improdutivo, só que os islâmicos moderados têm que tentar incutir entre os seus pares de fé a noção de que há culturas diferentes e que estas possuem o mesmo valor que a sua, assim como cada pessoa vale o mesmo.
Agir como donzela ofendida a cada palavra “ocidental” é o caminho oposto ao que é necessário ser seguido.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

E precisa de campanha

"Jaques Wagner, encontrou-se ontem com o presidente e expressou, em seguida, o que é o sentimento no Palácio do Planalto. Acha que houve uma "armação" envolvendo setores do PSDB para que os petistas caíssem no conto do vigário no caso do dossiê, mas ressalva: "O que não tira a culpa de quem caiu na armação, porque se dispuseram a ir se relacionar com um marginal para comprar dossiê".".
O trecho acima foi extraido da Folha de S. Paulo de hoje.
Com base nisto só posso reforçar meu voto em Geraldo Alckmin.
Ou os integrantes do PSDB são gênios ou os do PT são muito burros, de qualquer forma acredito que na opção sou contrário aos menos dotados de inteligência.
Que sejamos governados pelos mais capazes.

O dinheiro apareceu, mas ...

... os donos não.
Sabe que é, não qeria falar nada, mas a grana é minha.
Queiram por favor depositar na minha conta.

A culpa é dela?

Em todo o lugar que se olha apontam para a pobre como a culpada. O país não cresce? A previdência está falida? O povo não têm comida? O sistema é corrupto? O Estado é inchado?
Tudo culpa da constituição de 1988.
Mas, por quê?
Os pontos mais discutidos são os relacionados ao fato de que ela diz que o Estado é responsável pelo bem-estar do cidadão.
E devido a isso, tudo o que acontece ao cidadão é constitucional. Está doente, a constituição diz que é culpa do Estado. Não sabe escrever, Estado. A estrada está esburacada, Estado nela.
Porém como todo o livro, a Constituição não é culpada de nada e, como toda a instituição, o Estado idem.
Culpados são aqueles que interpretam o livro e conduzem a instituição.
E no nosso caso particular, não há nada que obrigue o Estado a ser este gigante que é aqui, e muito menos a assumir todas as funções que exerce.
Ao invés de cuidar de administrar estradas e hospitais e universidades e hotéis (se bem que deste último item o Estado não tem mais nenhuma unidade, acho) e um sem número de outras coisas, ele deveria estar se ocupando de assegurar a regulação destes serviços para que alguém competente o fizesse.
Quando lê no livro que o Estado é responsável, a imagem que vêm a cabeça de muitos é: se quer uma coisa bem feita, faça você mesmo (e o você é o Estado).
Só que a situação real que aparece é que o Estado não consegue cumprir a função de faz-tudo, e não há quem possa fazer tudo sendo responsável por 180 e poucos milhões de pessoas – como até mesmo os mais renhidos países comunistas experimentaram -, e a resposta que tem surgido na mídia é, muda-se a constituição.
Antes de mudar algo, não seria mais prudente tentar ver outras formas de aplicá-lo, olhar por outro ângulo?
Depois de o fizermos, se a constituição realmente se mostrar inaplicável, tudo bem. Por enquanto há outros elementos para serem testados.
Testemos então.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Um, dos três, testando

Já que não consigo publicar nada muito grande devido a minha preguiça e, principalmente, do meu provedor de Internet, leiam esse artigo do José Paulo Kupfer .
Ele está acertando no ponto; não dá para comparar coisas completamente diferentes.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Pelo critério de maturidade penal

Dizer que é incompreensível que uma pessoa tenha responsabilidade para escolher o presidente de um país e não para discernir se roubar e matar é errado é chover no molhado.
Deste modo a discussão sobre qual devem ser os parâmetros para a responsabilização penal pode e deve ocorrer; porém a forma como ela tem sido feita é completamente equivocada. Como, aliás, é normal sempre que algo é controlado pela rígida cronologia.
Saber se a maioridade penal será alcançada aos 18,19 ou 10 anos pode tranqüilizar a classe média por um breve período, mas não resolverá o problema da violência juvenil, que o motivo do início da discussão e razão de ela ser tão acalorada.
Se algo pode ser retirado de bom deste debate é a possibilidade de que se passe a utilizar outro critério para a punição dos infratores, se abandone a maioridade penal e passe a utilizar a maturidade; que é um critério subjetivo e mais difícil de avaliar, porém mais justo (e afinal de contas par que serve a justiça?).
E isso também deveria valer para a licença de direção, a abertura de empresas e tudo mais.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Menos reforma e mais arrumação

Muito se diz que este país não cresce porque não são feitas por falta de reformas.
Entra governo, sai governo; o país fica preso à eterna discussão sobre reformas. Política, tributária, previdenciária, judiciária, etc, etc, etc.
Além de não resolver nada, já que conversa, quando muito evita briga de rua, evita que os ajustes ao que temos já funcionando sejam executados. Leis aprovadas a décadas ainda esperam regulamentação por parte do legislativo e do executivo.
Na prática, toda a medida desburocratizante é um degrau a menos na estafante jornada que as empresas situadas no Brasil precisam percorrer. E quanto mais fácil fizermos esta ficar, mais o Brasil crescerá.
Não nos paralisemos nas grandes discussões para “refundar” o país ou mudar “tudo isso que está aí”. Fazer o trabalho de formiguinha, mesmo que de vez em quando, será um avanço e tanto na administração pública nacional.
Pode não ser glamoroso, mas fará pelo crescimento bem mais do que ficar discutindo eternamente.

Pelas massas

Na revista Época da semana passada foi publicada uma entrevista com o indiano Sanjit Bunker Roy, responsável pelo Barefoot College (entidade que fornece treinamento tecnológico a analfabetos pobres), na qual este citou Gandhi com a seguinte frase: “não precisamos de produção em massa e sim de produção para as massas”.
Pode parecer um simples trocadilho contrário ao que se faz no mundo e vindo de um líder que recebeu e entregou seu país com um dos mais pobres do mundo, só que é a fórmula exata para todos os países que alcançaram o que nós chamamos aqui de primeiro mundo.
É claro que entre estes países há ainda aqueles que têm grande produção industrial feita por uma pequena quantidade de operários, mas – sem exceção – eles não baseiam sua economia como plataforma industrial.
Em todos os países com alta renda per capita existe a massa de trabalhadores de serviços relativamente individualizados que atende-se mutuamente enquanto as necessidades industriais são cobertas em sua maioria pelas importações.
Enquanto isso, aqui nestas paragens, ainda temos defensores do fechamento dos portos e de investimentos bilionários estatais na criação de plantas industriais, e na manutenção artificial destas, para abastecer massivamente os estrangeiros.
E os consumidores daqui a míngua com impostos extorsivos.
Daí se vê porque eles são ricos e nós isso.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

E por falar em HH

O clima está tão envenenado que até quando a Heloisinha Paz e Amor fala algo certo leva bordoada, ou supostamente fala.
No Estadão de ontem há uma entrevista de Arnaldo Jabour em que lá pelas tantas, criticando as idéias dos esquerdistas que estão presos no passado, cita-se uma frase que ele atribui a HH: “Não é verdade que a previdência tenha déficit, ela está com superávit”.
Jabour diz que isso é uma insanidade, só que não é, é verdade.
A previdência social para os trabalhadores ainda é, e não por muito tempo, superavitária. O problema é que dos cofres do INSS saem uma série de pagamentos para assistência social pura e simples, como as “aposentadorias” rurais para quem nunca contribuiu com o Instituto.
O diagnóstico da moça está corretíssimo.

Por uma reestruturação da dívida

Muito já foi escrito neste blog sobre Selic e outras facetas dos juros, mas hoje será diferente. Irei radicalizar.
O radicalismo dos ignorantes, já que não sou economista, e dos irresponsáveis, não tenho um nome a zelar ou emprego a manter.
Portanto a partir deste momento: a baixo com a dívida.
Não que eu defenda que o Brasil deixe de pagar; só defendo um “q” de voluntarismo na condução da política de juros, ao molde do defendido por Heloisa Helena (meu deus, veja onde estou me metendo).
Não há lógica alguma na atual política, e procuro me pautar sempre pela lógica, então ela deve mudar já, para o bem da nação.
Veja o porque da ilógica. Tomemos o PIB como base 100.
A dívida pública é de cerca de 50% do PIB e o pagamento total de juros é de 6,8% e o superávit primário esperado é de 4,25%, o que faz com eu o déficit fiscal projetado é de 1,55% do PIB.
Do modo que está a dívida não será paga nunca e, mais cedo ou mais tarde, a reestruturação virá. Que seja mais cedo, agora, enquanto não é necessário um calote.
Com base nos números apresentados, percebe-se que pagamos uma taxa de juros sobre o total da dívida de 13,60% que, desconta a inflação, implica em juros reais de mais de 9%. Com um mundo aplicando taxas que são menores que 3%, vê-se que há muito de onde se retirar.
Como o déficit equivale a 2,9% da dívida total, observa-se que se poderia eliminar o déficit sem que ocorresse nem ao menos a equiparação da taxa de juros ao da média mundial.
Mas a diminuição da taxa de juros em toda a dívida em uma canetada seria uma quebra de contratos, não seria?
Sim, seria, a menos que ela ocorresse de forma desigual. Se deixaria os contratos pré-fixados inalterados e se concentraria a redução da taxa de juros nos contratos pós-fixados atrelados à Selic.
Como estes representam cerca de 45% do total da dívida, bastaria que se reduzisse a taxa em cerca de 6 pontos percentuais para que o déficit evaporasse e a dívida estabilizasse. E a taxa de juros reais ainda estaria acima da média mundial.
Todos os contratos seriam cumpridos e não penhoraríamos o nosso futuro.
Pensando bem isso não parece assim tão radical, então por que será que ninguém faz?

Também estou na campanha da Nariz Gelado


E todo mundo comigo: onde está o dinheiro... que ninguém viu...foi pro estrangeiro...onde está o dinheiro

domingo, 24 de setembro de 2006

Dizem que dá certo

Para impulsionar minhas "page-views" estou usando a tática dos blogs de sucesso, não custa nada tentar.
Então aguentem aí uma letra de música. Uma que era cantada normalmente pela Gal Costa.

Onde está o dinheiro?
Onde está o dinheiro?
O gato comeu, o gato comeu
E ninguém viu,
O gato fugiu, o gato fugiu
O seu paradeiro,
Está no estrangeiro,
Onde está o dinheiro?

Eu vou procurar
E hei de encontrar
E com dinheiro na mão
Eu contro um vagão
Eu compro a nação
Eu compro até seu coração

No norte não está
No sul estará
Tem gene que sabe e não diz
Está tudo por um triz
E ai está o xiz

Será que ele esqueceu

Estava dando uma olhada no meu Orkut e tem uma comunidade chamada "Se eu não lembro, eu não fiz".
Comecei a pensar e aí caiu a ficha.
Dois anos atrás houve uma reportagem sobre um presidente do Brasil que quase resultou em expulsão do jornalista, retratava um possível alcoólismo.
Se eu não lembro, eu não fiz; se ele não lembra, ele não fez, acho justo afirmar.
E certamente não sabe.

Pra não deixar dúvidas

O comitê de campanha de reeleição do Lula não tem nada a ver com o caso do dossiê, que passaremos aqui a chamar de "Águagate", porque não teria nada a ganhar com isso.
A culpa é toda do comitê de campanha do Mercadante, a despeito de um dos detidos ser funcionário do comitê do Lula e de meia dúzia dos demais implicados no caso trabalharem no mesmo e não no de São Paulo.
Inclusive não há como o dinheiro ser da campanha do Lula, já que nenhum dos envolvidos de lá mexia diretamente com recursos contabilizados. E é claro, na campanha do Lula não há "recursos não-contabilizados", pois caixa dois é coisa de bandido, apesar de isto ser uma prática disseminada nas outras agremiações e coalizões.
Se apareceu dinheiro com o Gedimar, ele que explique de onde saiu, o comitê não tem nada a ver com isso.
Explicado, não?

Agora está explicado

Como eu não pensei nisso antes?
Como está explicitado no Blog do Josia de Souza o PSDB estava mesmo enrolado com o tal dossiê.
A prova?
Ele teria oferecido 10 milhões de reais pelo mesmo, pelo menos na versão do petista do BB, Expedito Veloso.
Isso significa que o PT ofereceu mais pelo documento?
Não, explica o petista, o Vedoin teria fornecido o dossiê ao partido gratuitamente, abrindo mão dos 10 MILHÕES DE REAIS para construir pontes com a futura administração petista, caso o povo lhes renovasse o foto de confiança.
E quanto ao dinheiro aprendido com os caras de nome esquisito?
Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe, provavelmente falou o Expedito.
E relembrando o saudoso Raul Seixas, deve ter terminado o interrogatório cantando:
"... e pra quem provar que estou mentindo,
Eu tiro meu chapéu... porque
Eu nasci, a dez mil anos atrás..."

sábado, 23 de setembro de 2006

Simancol

"Cicarelli passou dos limites."
Adivinhem quem é a pessoa cheia de moral para dizer uma coisa dessa.
Não tem muito a ver com o tema geral do blog, mas escândalo vende jornal. Vai ver da uma turbinada no meu blog também.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Teoria da conspiração

A primeira vista a teoria do Reinaldo Azevedo parece ser um enredo de filme holliwoodiano, só que o enredo conspiratório está cada dia se mostrando mais próximo da verdade.
Pelo menos é o que a polícia disse.
Veremos.

Prestem atenção

Ouça isso.
Preste atenção na parte em que se afirma que gente honesta não negocia com bandido.
Bem falado; eu apenas me pergunto como se classifica que extorque bicheiro, quem compra deputado, quem fabrica dossiê, quem anda com dinheiro “não-contabilizado”, etc, etc e etc. E também se o entrevistado está confessando falta de honestidade com a frase ou é apenas um ato falho.
Mas o fato é que um funcionário da campanha de Lula confirma que negociou o tal dossiê, portanto não deve ser honesto, assim como os demais afastados, que ou estavam envolvidos diretamente na negociação ou esqueceram convenientemente que sabiam que havia negociações.
Enquanto isto o republicanismo anda em alta, não?
O ministro Bastos disse que “Não se pode condicionar uma investigação policial à lógica e ao tempo de uma campanha eleitoral. Não se pode prejudicar uma investigação para obter efeito eleitoral”.
Então como ele explicaria a nota abaixo postada no site Cláudio Humberto :
Apuração sob controle
A apenas seis dias úteis e três programas gratuitos na tevê da eleição do dia 1º, o Palácio do Planalto estabeleceu ontem uma estratégia para impedir o crescimento da crise da gangue do dossiê: ainda que seja descoberta a origem do dinheiro apreendido com os petistas em um hotel de São Paulo, a informação somente seria divulgada após a eleição. Lula quer o Coaf e a Polícia Federal “sob controle” para não vazar a descoberta. Vai ser difícil.”
Vai mesmo, já que a polícia já anunciou de onde saiu o dinheiro (três bancos e tal) e será muito difícil dizer que não é possível saber por meio destes três bancos quem sacou.
E também seria bom explicar por quê o delegado responsável pela prisão dos petistas foi afastado do caso, se é que é possível.
Certo está o blogueiro Ricardo Noblat na sua análise sobre a tentativa do governo de alegar ser tudo um golpe das “elites”.
Ridículo alegar isso, a verdade é que os nossos líderes não têm moral para mais nada.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Atendendo a pedidos

Lá vou eu dar uma de Vigêi:
Este vai da oposição e é dedicado à Polícia Federal e ao ministro Bastos.
Show me the money.

E o cordão dos com-vergonha...

...cada dia aumenta mais.
Ontem surgiu uma leva e hoje um que trabalhava bem pertinho do Mercadante, que - vocês não vão acreditar de novo - não sabia de nada.
Do jeito que as coisa andam, Mercadante não será governador, só que sua campanha para presidente do PT começou com o pé direito.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Vocês não vão acreditar

Depois do Genoíno assinar sem ler e do Lula ser traído, mais um presidente do PT mostra sua ignorância.
Não é atoa que o candidato que defende tanto a educação - o Buarque - abandonou o partido. Devia ser duro para ele aguentar o entorno.

Voltando à psicanálise

Se tiverem oportunidade, leiam o que diz Mercadante à Folha de hoje.
O senador-candidato pede que retire-se o dossiê anti-tucanos da pauta das eleições. Tudo muito bonito, muito limpo, muito ético, não fosse um detalhe. Na política só um meio de se deixar algo fora da pauta, não colocando-o lá.
Depois que entrou, não sai mais, a não ser que outra coisa se imponha pelo grau de escândalo que possa provocar. E nesses dias não há como duvidar que este algo possa aparecer.
E Mercadante disse mais. Disse que, foi mais ou menos assim, se tiver alguém do PT envolvido neste caso tão sórdido que tenha vergonha na cara e assuma o que fez. Dois já tiveram, aqueles que estão presos. Um é membro de um diretório estadual e outro é funcionário do partido. E há o inexplicável Freud, citado.
É pura psicanálise que tantos filhos diletos do novo Pai da Pátria – que também é irmão mais velho de outros patriotas América Latina afora – façam de tudo para aparecer no noticiário policial. É tudo muito novelesco, algo assim laços de família, filho querer aparecer para o pai. Só falta fundo musical: “Olha aí, é o meu guri...".

Envenenados

Tá certo que houve um certo exagero por parte da turba, mas é isto que está faltando por parte da massa neste país; sair às ruas e dizer o que pensa, se é que pensa alguma coisa.
Se a admissão de uma mentira eleitoral em uma gravação causa este rebuliço na Hungria, por quê a admissão das bravatas, e depois do “o PT só fez o que é feito sistematicamente neste país” e depois do “eu não sabia e fui traído” e ...
Citei aqui a algum tempo a música do Skank (lembrem, “ a nossa indignação é uma mosca sem asas, não ultrapassa as janelas de nossas casas”), pois agora vejo que ela não condiz com a realidade, alguém deve ter borrifado veneno pela casa e a mosquinha morreu, uma pena.
Vai ver a diferença é que os húngaros têm sangue huno, daqueles bárbaros e ferozes que conta a história, e os brasileiros têm se mostrado com sangue de barata.
Mas recordemos, o mesmo veneno que mata mosquinhas freqüentemente intoxica baratas também.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

O que dizer?

Diante de tal descalabro na política brasileira, o que podemos nós falar?
Dois membros do PT são presos em situação muito estranha, aparentemente ligada a compra de dossiê contra candidatos tucanos, e o presidente do partido diz que é necessário investigar se há irregularidades nele. Isso depois de tudo que vimos no escândalo que a política se transformou nesta administração.
Um funcionário ligado diretamente ao gabinete da presidência é implicado por um dos presos e, vejam só, se chama Freud. Só que ao contrário do famoso, não explica nada.
Então fico eu aqui sem saber o que dizer. Se nem Freud explica, quem dirá eu.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Grandão bobo

Depois de um breve período em que pensava que estava abafando em matéria de política externa, o Brasil caiu na realidade: não passa do grandão bobo da América do Sul.
É cada dia mais irrelevante nas discussões comerciais mundo afora e agora tem que aceitar que o no nosso quintal tem gente roubando goiaba, ou refinarias, dá na mesma.
Dizer que o governo tem que ser menos ideológico e mais prático nas negociações internacionais é algo hipócrita, aceito; só que defender os interesses nacionais é uma imposição legal para a chancelaria e os poderes constituídos.
E defender os interesses nacionais significa fazer com que nosso comércio internacional se solidifique, que tenhamos acesso a recursos energético e assegurar o cumprimento de acordos nacionais que tenhamos ratificados, tudo que não estamos fazendo nestes cinco anos.
E na prática o que está acontecendo? Estamos sendo vítimas de bulling, sendo o playboizinho que leva um lanche muito saboroso à escola, lanche que é tomado por outro aluno. O pior é que este nem está sendo tomado por um estudante mais forte; quem está levando o botim é um piralhinho, o fracote da turma.
Brasil, cria vergonha na cara. Se você quer alimentar os mais fracos, o faça. Mas não a força, caramba.

Só pode ser piada

Agora o Lula está dizendo por aí que FHC anda falando demais.
Só pode ser piada.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Pela reeleição

Com a candidatura Alckmin desacreditada, esfriou o debate sobre a conveniência ou não da reeleição para os cargos executivos no Brasil; mas como não dei minha opinião, o farei agora.
Sou totalmente favorável à possibilidade de reeleição pelo simples fato de que ela poupa o eleitor de muito papo furado e de alguma irresponsabilidade pública.
Os que são contrários a ela afirmam que é uma experiência fracassada e só, sem dizer onde ela fracassou e o por quê. Pois acredito que foi uma experiência vitoriosa.
A utilização da máquina pública para fortalecer o candidato da situação sempre ocorreu, porém antes ela tinha que ser mais poderosa. A maioria dos candidatos situacionistas era escolhida entre figuras obscuras do círculo íntimo dos governantes, politicamente fracas o suficiente para não escaparem do controle e fortes o bastante para serem eleitas.
Desta forma, rios de recursos públicos fluíam para popularizar estes candidatos que, se eleitos, funcionavam como testas-de-ferro dos ex-governantes e também como anteparo e escada para futuras eleições, já que os eleitos precisavam retribuir de alguma forma, muitas vezes ilícita.
Com a reeleição diminui-se muito a utilização de testas-de-ferro e a máquina pública não precisa ser posta em uso para popularizar ninguém, só para reforçar o que já é popular. Além disso, aliada à lei de responsabilidade fiscal, inibe a prática de arruinar o caixa da administração para o próximo governante recompô-lo, uma vez que o próximo poderá ser o próprio gerente do caixa.
Portanto a desculpa esfarrapada de que a reeleição faz com que se aumente a tentação para uma administração irresponsável não se justifica; tampouco há elementos para dizer que ela impede a alternância de poder.
Há fartos exemplos de permanência de grupos, até mesmo de quadrilhas, no poder Brasil afora antes da lei que possibilitou a reeleição, assim como há de alternância após a lei.
Quere generalizar casos particulares é um defeito que persegue nossas legislaturas e querer fazer leis que focam na exceção foi o que nos trouxe até este ponto.
Na maioria das vezes o melhor a fazer em caso de dúvidas é nada. Nossos legisladores não pensam assim e vivem fazendo leis para consertar as que fizeram anteriormente, é o que podemos chamar de um erro após o outro.
Deixem a reeleição quieta; se daqui a quatro ou cinco governos os fatos mostrarem que ela não nos favorece, reforme-se a lei; independentemente de Serras, Aécios e Lulas. Simples assim.

Obs: lembrando que a no caso da presidência a reeleição pode esperar um pouco mais.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Insistindo no passado

É público e notório que o ápice da carreira escolar de nosso mandatário-mor foi um diploma de torneiro mecânico pelo Senai de São Paulo. Isso explica muito da política educacional e da visão de educação desta administração, que – adivinhem – acho estar equivocada.
Ela se baseia na formação profissionalizante, de preferência precoce, em detrimento da generalista. Não é por outros motivos que se fala na “revitalização” do ensino técnico e na criação de faculdades em todo e qualquer cantinho do país. Ou seja, a glorificação do passado quando o mundo parecia imutável ao se olhar adiante, e o máximo era a especialização do ser humano através da obtenção de um diploma.
Observe que não quero com isso dizer que o ensino universitário ou técnico é uma perda de tempo. Quero sim afirmar que o sistema de ensino está sendo conduzido para o lado errado. E o pior é que tanto a administração Lula quanto uma volta ao poder do PSDB (que apoio no atual pleito, vocês bem sabem) pelo candidato atual parecem querer aumentar a velocidade na direção errada.
Destes que postam a nossa frente, apenas Cristovam Buarque parece enxergar que não adianta querer corrigir o sistema educacional pelo topo.
A educação formal há muito deixou de se encerrar com a obtenção de um diploma de terceiro grau, ou de um mestrado ou até de um doutorado. Ela é um processo contínuo e o que deve ser ensinado aos alunos é a aprender, coisa que ele vai fazer durante toda a sua vida, profissionalmente ou não.
Enquanto não entrar na cabeça do povo brasileiro – e conseqüentemente, dos dirigentes e líderes deste povo - que este “bacharelismo” é um sinal de atraso, nós não vamos para frente; ficaremos apenas andando de lado, expressão da moda no momento que demonstra o que estamos fazendo por séculos.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Falta de vergonha

Bem, se você lê esse blog com freqüência sabe que demonstro uma fé quase cega no Brasil e seu povo; do qual excluo os dirigentes políticos em quem não tenho fé nenhuma.
Pois acho que terei que mudar o tempo verbal desta fé. Ela está ficando cada fez menos cega e já tenho até data para dizer aos quatros cantos: não tenho fé nenhuma.
Isso acontecerá no dia que Lula for declarado vencedor desta eleição presidencial que se aproxima. Claro que apenas se ele for vencedor (ainda tenho um pouco de fé – lembrem – e não acho possível que nós o reelejamos).
Um Lula vencedor significará simplesmente o reconhecimento do povo brasileiro de que a honestidade na administração pública não compensa. Que o clientelismo é a melhor arma e que a competência e a coerência não são fatores levados em conta pelo votante.
O pior é que não é apenas isso; o grupo que está no poder hoje é representante não só lesa os cofres públicos agora como tem um longo histórico de luta contra o bem público através oposicionismo selvagem e irresponsável; não preciso lembrá-lo das famosas bravatas pré-poder.
Em entrevista à Folha de ontem, Francisco Weffort diz que Lula é uma nova versão do bordão “rouba, mas faz” criado para Adhemar de Barros e colado depois a imagem de Maluf. Seria mesmo similar, caso não houvesse o ineditismo de que agora não são apenas acusações; são crimes documentados, indiciados e confessados, o que torna o fato de não ter sido julgado ainda irrelevante do ponto de vista eleitoral.
São criminosos dizendo que só fizeram o que sempre foi feito na história deste país e esquecendo que sempre afirmaram que deveriam ser postos lá para acabar com e mudar “tudo isso que está aí’.
Ou seja, caso reelejamos estes senhores estarem passando um atestado de falta de vergonha na cara. E triste, mas os especialistas dizem que o faremos; e no primeiro turno, que é para não deixar dúvidas.

Só para lembrá-los vai aí uma daquelas do Arnaldo, Let´s dance .

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Dois mais dois

Você tem um troquinho, algo assim como 270 bilhões de dólares, para investir e fica em dúvida com o que fazer.
Aí pega uma parcela de 150 bilhões e aplica nos títulos do governo e recebe no final do ano, praticamente sem riscos e sem nenhum trabalho, a módica quantia de 30 bilhões de dólares para fazer o que bem entender e sem prestar contas a ninguém. E se tiver a fim de sair da mamata, é só falar e pegar seus 150 de volta.
O resto você aplica na atividade produtiva, torce para fabricar algo que as pessoas estejam precisando ou querendo, contrata pessoas e constrói fábricas. Se der sorte, e tiver escolhido muito bem onde aplicou, pega no final do período uns 5 bilhões. E tem um monte de gente pendurada na sua empresa, com os contratos trabalhistas e outros quetais.
E tem mais; se quiser pegar os seus 120 bilhões de volta não pode, já que estes se transformaram no capital social de uma empresa. Só recupera se vendê-la.
E tem gente que pergunta porquê os empresários não investem na produção e o Brasil não cresce. E tem gente que pergunta porquê dois e dois são quatro.
E mais ainda; tem gente que não entende as razões que levam nosso país a patinar no crescimento nominal desde que a inflação foi debelada. Será que é a falta da mágica contábil que ocorria antes? E os juros reais mais altos do mundo? E a maior carga tributária da categoria? E a legislação trabalhista mais anti-empregador do mundo?
Não, não pode ser nada disso. Deve ser falta de vontade política.
Só pode ser isso.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Paradoxo Tostines

No texto anterior fiz referência ao paradoxo Tostines, mas não expliquei do que se tratava.
Na minha infância e adolescência certas inserções comerciais de muito apelo foram utilizadas para explicar certos adventos pela imprensa.
Dois dos mais marcantes foram as inserções da vodka Orloff (eu sou você amanhã), utilizada para apontar um exemplo a ser ou não seguido e do biscoito Tostines (é fresquinho por que vende mais ou vende mais por que é fresquinho?) para as situações sem relação de causa-efeito bem definido.
Aqueles balzaquianos como eu devem se lembrar do que estou falando; caso não, procure livros e reportagens sobre os anos 80. Seguramente estes dois marcos da propaganda estarão citados lá.

A produtividade

Virou moda dizer que para melhorar o país precisamos aumentar a produtividade do brasileiro, equiparando-a a dos trabalhadores dos países ricos. Só que isso é incorreto apesar de não ser falso, há um problema embutido aí.
Muito da produtividade destes trabalhadores ocorre por que eles estão em um país rico ou eles estão em um país rico por serem mais produtivos?
É o velho paradoxo de Tostines* (ou se preferirem figura de linguagem ainda mais velha; quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?).
A complicação decorre de um problema prático, como se definir produtividade do trabalhador se um faz carros e outro computadores, um faz escolas e outro ensina, um mata e outro enterra?
A solução dos economistas foi declarar como produção o preço de certo produto e não o produto em si. Portanto, quando se produz um item de maior valor se é mais produtivo do que ao se fazer um de menor, não importando a eficiência no processo (cabe aqui um adendo; os conceitos de eficiência e eficácia são muito confundidos quando se fala de produtividade. Enquanto os economistas tendem a usar o segundo, os administradores tendem a usar o primeiro).
Deste modo se pede que o trabalhador faça o impossível ao requerer que tenha produtividade norueguesa imerso em ambiente congolês.
Explico melhor com um exemplo prático: um trabalhador de uma montadora de automóveis terá produtividade menor no Brasil do que nos E.U.A. pelo simples fato de que se fabricam modelos diferentes em cada país e que aqui, na média, os veículos produzidos custam a metade do preço ou menos do que os de lá e requerem aproximadamente os mesmos processos e tempo para serem produzidos.
Esta desvantagem estrutural poderia ser revertida pelo aumento da eficiência do trabalhador, se instalado no Brasil; mas isto é muito difícil por requerer grandes acréscimos (o dobro ou mais) e geralmente é compensada pela menor remuneração do trabalhador.
Isto implica que - indiferentemente da qualidade e eficiência da execução – a produtividade depende do mercado consumidor amplo e este só se consolida com renda nas mãos dos trabalhadores. E não é por acaso que a produtividade do trabalhador aumenta consistentemente nos países ricos e patina nos pobres e que dentro dos países pobres cresce nos setores exportadores e estanca, ou retrocede, nos voltados ao público consumidor interno.
É por isso que devemos esquecer esta conversa de produtividade e buscarmos uma maior eficiência de nossa economia como um todo. Ela provocará uma melhoria geral dos processos de produção e distribuição de bens e serviços que beneficiará ao consumidor.
Isto sim fará com que a correia de transmissão econômica aumente a produtividade do trabalhador, já que ela nada mais é do que uma conseqüência e não a causa. Assim como outros ganhos adicionais desta melhoria de eficiência; o crescimento do país e a distribuição de renda são exemplos.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Brasileiros que trabalham e pagam impostos

A semana está acabando mais ainda resta um pouquinho de tempo para comentar uma reportagem assinada por Alexandre Oltramari na Veja desta semana (edição 1969) intitulada Reféns do Assistencialismo e que tem como palco principal a cidade de Serrano do Maranhão, que obviamente fica naquele estado, e possui um dos mais altos índices de habitantes pendurados no Bolsa-família do Brasil; segundo o autor há mais beneficiários hoje do havia habitantes no último censo.
Mais o comentário nada tem a ver com os números e sim com a anteposição que Oltromani faz, de que existem os que recebem a bolsa e os “brasileiros que trabalham e pagam impostos” – expressão que ele utilizou três vezes nas duas páginas de reportagem.
Como não acredito que o autor pense que os que recebem a ajuda assistencial são não-brasileiros; assumo que ele está afirmando que estes não trabalham, não pagam impostos ou os dois.
Isto demonstra que há das duas uma, preconceito ou desconhecimento com relação a realidade brasileira.
O desconhecimento seria o de igualar a incapacidade de gerar renda com a incapacidade de trabalhar.
Não conheço muito a realidade do nordeste em geral e menos ainda daquela cidade em particular, mas tenho total confiança de afirmar que a totalidade dos moradores desta localidade não têm como principal ofício esperar que o dinheiro do Bolsa-família chegue às suas mãos.
Se a cidade existia anteriormente à criação destes programas de auxílio (que não completaram uma década no plano federal) é porque existe uma dinâmica própria da economia do local, com empregadores e empregados como em qualquer outro. O próprio autor cita no texto o caso de uma professora que ganha 350 reais pelo seu ofício e mais 80 de assistencialismo. Será que ela não se enquadra no perfil de brasileira e trabalhadora?
Se estes trabalhadores são pouco produtivos e não conseguem suprir as necessidades básicas ou está havendo mau uso das bolsas é outra conversa que precisaria de um estudo caso-a-caso.
O preconceito seria igualar o recebimento da bolsa à falta de vontade de trabalhar ou a injustiça no recebimento. Seguramente todos os beneficiários prefeririam não depender desta esmola, vamos dar nomes aos bois, e ter capacidade financeira para se sustentar.
Quanto a pagar impostos; todos fazem. Como dizem: tão certo como a morte são os impostos, não importando se o contribuinte é rico ou pobre, feio ou bonito, velho ou novo.
Porém, certo como os pagará, o pobre contribui com uma fatia maior de sua renda do que o rico. E os muito pobres com um percentual maior ainda, sendo os bolsistas os favoritíssimos no esporte de renda tributada.
Me digam então quem são os brasileiros que trabalham e pagam impostos?
Só uma coisa, apontar para os congressistas e para o presidente não vale.