Pinochet morreu e suscitou a maior sorte de sentimentos no Chile, que se arvora ser o país mais civilizado do sub-continente; digamos assim, uma Argentina pré-cataclismo econômico.
E não que no fim a releitura da história aparece com força total.
Decidiram que o ex-ditador não tem o direito de ser velado como Chefe de Estado, por ter sido um sanguinário talvez, mas terá o direito de ser como Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Porém não foi com este posto que ele cometeu os atos sanguinários que fazem com que alguns o impeçam de receber honras de estadista? Foi, mas fazer o quê, a história tem que ser reescrita aos poucos.
Pode se fazer o juízo de valor que se quiser de Pinochet, mas ele foi efetivamente o presidente do Chile por 17 anos e não nada que se possa fazer a respeito disso. Se ele foi um mau ou bom presidente pode sempre haver controvérsias e que durante o seu regime autoritário a oposição foi perseguida e muitos opositores assassinados não há nenhuma, mas se o critério para se receber ou não as honras de Chefe de Estado for a qualidade do governo não haverá uma só cerimônia destas na América Latina; e talvez em todas as Américas.
E o mais engraçado é que a esmagadora maioria dos que acham justíssimo que Pinochet seja visto apenas como um general na hora de sua morte fazem loas ao também ditador e também sanguinário Fidel Castro. Dois pesos e duas medidas, já que se for ver mesmo a verdade o regime Pinochet foi muito mais democrático do que o de Castro, já que sobre o primeiro Chile conseguiu reunir as condições para se tornar uma democracia representativa e cuba não pode dizer o mesmo.
Eu quero ver como estes democratas de ocasião irão se portar perante a morte de Castro, que ao que parece está bastante próxima. Com ela o capítulo das ditaduras militares estará encerrado nas Américas – espero – e precisaremos lutar apenas por melhorias materiais e não por liberdade política; não é anda, não é nada, é um avanço.
Quanto ao velório de Pinochet, deveria ser ou tudo ou nada, ou Chefe de Estado ou de assassino; quiçá o de assassino Chefe de Estado, mas negar-lhe algumas honras e permitir-lhe outras é hipocrisia.
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