quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Enquanto estava disposto...

Problemas técnicos impediram que eu escrevesse, agora estou com preguiça e só recomendo este artigo É a administração, estúpido , de Guilherme Fiúza.
Muito ilustrativo.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Opção autoritária

É só observar as muitas discussões neste espaço democrático e vemos que o povo brasileiro não gosta realmente do debate e da troca de idéias. O que vemos aqui é uma infinidade de imposições e muitas trocas de ofensas pessoais quando se abre um tema mais polêmico, como este aqui da liberação das drogas.
O fato de que alguém seja favorável ao aumento das liberdades individuais não significa que seja apologista do uso destas liberdades. Em um debate anterior – sobre a regulamentação da prostituição – houve quem sugerisse aos debatedores que fossem às esquinas rodar bolsinhas ou levassem seus familiares para isso. Portanto, querer dar dignidade à profissão exercida por milhares de mulheres e homens do Brasil era o mesmo que dizer que achava que aquela era a melhor maneira de ganhar dinheiro para uns debatedores ensandecidos.
O mesmo está acontecendo neste debate. Não sou usuário e muito menos traficante de nenhuma das variedades de drogas ilegais (mas não dispenso uma caipirinha em determinadas ocasiões) e nem apoio o uso destas por ninguém, mas sou obrigado a aceitar que estas existem, quer eu queira ou não; sendo assim, prefiro que façam parte do mercado legal e livre do que sejam utilizadas como uma máquina de fazer dinheiro para malfeitores e corruptos.
Dito isso, sou obrigado a refutar alguns argumentos que foram utilizados aqui para dar como certo a impossibilidade da aceitação da legalização das drogas no País.

Um argumento muito usado pelos debatedores é o de que a droga ilegal destrói a família e, conseqüente, a sociedade.
Com isso, depreende-se que as drogas penetram em famílias sadias e nas quais não há nenhum conflito e são a única força que leva a falta de coesão. Isso é um conto da carochinha, na maioria das vezes a droga - legal ou ilegal - é uma válvula de escape encontrada no seio de uma família já desestruturada; caso seja privada desta, outra será encontrada e poderá ser até mais deletéria que a primeira.
Drogas muito pesadas e perigosas são utilizadas legalmente sem desestruturar famílias, como o álcool. Em alguns casos há a desestruturação, mas culpar a droga é trafegar pelo caminho mais fácil de se tentar retirar a culpa dos homens onde só ela está.

Outro argumento que está sendo muito utilizado é que o Estado não teria capacidade de controlar o comércio de drogas caso ele fosse legalizado.
Mas oras, ele o controla enquanto ilegal? É claro que não.
É mais provável que o mercado negro de drogas pudesse até continuar ocorrendo, como há o de cachaças de alambique sem nenhum controle estatal, porém se tornaria legal a abertura de empresas legalizadas e passíveis de controle e fiscalização.
Pior do que está não ficaria.

Também estão escrevendo que haveria uma explosão do consumo pela facilidade de obtenção.
Outro medo que só se justificaria caso fosse difícil obter drogas hoje, o que está longe de ser verdade.
Qualquer moleque de 12 anos que esteja querendo experimentar compra o entorpecente sem muito esforço e estará sujeito ao contato com meliantes perigosos que a comercialização legal evitaria.

Quanto ao aumento do uso do serviço público de saúde para o tratamento de drogados, drogaditos, viciados ou como queiram chamar.
Pressupõe-se então que estes não são atendidos pelo sistema publico hoje?
Já o são e tem-se uma carga adicional da violência das gangues traficantes, que responde por uma boa parcela do atendimento nos serviços de urgência e tratamento intensivo (os mais caros de qualquer hospital).
Dizer que o tratamento de recuperação para os usuários esgotaria os recursos públicos é uma simplificação e, mesmo que acontecesse isso, seria preciso colocar na balança do custo benefício as vidas poupadas nas guerras de gangues.

O fato é que para todo e qualquer argumento contrário a legalização há um oposto que a favoreceria, e que na minha opinião é mais forte. Só que nenhum é suficientemente poderoso para vencer a predisposição das pessoas a favor ou contra as drogas, pois aqui se encontra algo de foro íntimo.

Mas querer impor uma questão moral ao conjunto da sociedade é a mais clara expressão do autoritarismo. Se alguém quer se envenenar usando drogas, creio que é dever da sociedade permitir.
Deve apenas o indivíduo ser alertado de que aquilo é um veneno e que traz conseqüências que terão que ser enfrentadas pelo indivíduo.
Não pela sociedade, como é hoje.

Obs: Ao contrário do que acontece normalmente, este texto foi publicado primeiro no Jornal de Debates; caso não o conheçam, de uma passada por lá.
O link para os meus textos naquele site está na coluna ao lado.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Se imagem é tudo...

Se vocês não estavam no mundo da Lua, devem estar sabendo que ontem ouve a entrega do Oscar.
Ele é a mais completa tradução do que são os Estados Unidos hoje, a exploração da imagem acima de tudo.
O problema é que a imagem sofreu alguns danos nos anos recentes.
O Oscar já não é a potência de marketing que foi. Muitos filmes ganhadores em categorias menos glamurosas são praticamente ignoradas pelo público, quando não pela crítica, e muitos – como eu mesmo – não se dão mais ao trabalho de assistir ao show.
Já o país está com a imagem completamente comprometida. Se tinha a fama de imperialista quando não estava fazendo nada de errado, agora que invadiu o Iraque, sem nenhuma justificativa plausível, e o Afeganistão, com uma conversa fiada de que precisava desalojar Ossama bin Laden, e anda ameaçando o Irã.
Ta pegando mau para os países qualquer concordância com os ianques.
E pensar que há pouco tempo tinha gringo dizendo que a história tinha acabado com a supremacia americana indiscutível. Teve gringo que perdeu a chance de ficar calado.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Vejam só como são as coisas.

Nosso governo está veiculando uma propaganda na tv na qual incentiva a todos que sejam responsáveis e usem camisinha. Até aí tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: ao mesmo tempo que diz incentivar, freia o uso com impostos onerando este item que diz ser tão importante.
Ganha em uma ponta e gasta em outra com o tratamento de infectados por vírus e bactérias diversos.
É realmente Brasil.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Fartura demais atrapalha

Diz Michael Porter, o guru de economia que ficou famoso pela sua idéia de arranjo produtivo local (cluster) que foi muito – e mal – aplicado por aqui no começo do milênio, que entre os elementos que favorecem o desenvolvimento de um ramo industrial forte em determinada localidade ou país está a escassez de um fator de produção, em geral uma matéria-prima.
Provavelmente este foi o fator que fez com que o Brasil não desse certo até hoje: a fartura.
Nunca houve em momento algum de nossa história um fator limitante que forçasse nossa indústria a ser mais eficiente ou buscasse a inovação. Em um item particular havia este "perigo", a mão-de-obra, mas uma bem sucedida política de obtenção da mesma – apresamento de índios, seguida do trabalho escravo e, por último, a importação de europeus e asiáticos – fez com que sempre tenha existido trabalhadores suficientes para que as atividades produtivas fossem executadas à maneira tradicional e o custo do trabalho se mantivesse baixo; poderíamos dizer aviltado.
Isso criou também a segunda perna do nosso atraso industrial. O trabalho aviltado impede a formação de um mercado consumidor local forte e, como conseqüência, limita a existência de uma indústria local também forte.
Felizmente a dinâmica demográfica mudará isso brevemente. Mesmo com a massa desempregada e despreparada que temos, a tendência é de queda acentuada da taxa de desemprego à medida que menos brasileiros estão nascendo e o aumento da idade média de nossa população, assim como a renda, força uma demanda por bens e serviços cada vez mais diferenciados.
Basta que não atrapalhemos a natureza da economia brasileira.

Nota- conforme uma leitura rápida (como a que fiz) da teoria de Porter, não há o menor fundamento para a prevista derrocada das economias da “Velha Europa” e do Japão motivada pelo envelhecimento acentuado de sua população e diminuição da chamada “população economicamente ativa”, que viria a ser a que tem idade para efetivamente trabalhar.
Uma queda econômica destes países só ocorreria caso houvesse um declínio da capacidade de consumo da população em geral; trabalho é um bem importável, e a custo baixo, e será requisitado – como já é feito hoje – à medida que surjam as necessidades.
Garantida a capacidade do consumo pela poupança feita durante período “ativo” da vida econômica, é garantida também a prosperidade da economia dos países onde a quantidade de idosos é muito alta. Esta só é ameaçada pelas posições políticas que tentam restringir a imigração e as importações a níveis insuficientes.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Ela adorou

Só tirei uma conclusão do texto publicado na Folha de ontem pela nobre deputada Manuela.
Ela adorou o título de musa da Câmara, tanto que resmunga para ver se pega de vez.

Não é o fundo do poço

A comoção que está causando o assassinato do menino João Hélio fez muitos colunistas se perguntarem se este seria o ápice da barbárie. Respondo-lhes: é óbvio que não, mesmo porque já houve assassinatos mais bárbaros tanto no Rio quanto em outras partes do Brasil.
Aparentemente o ato desumano no assassinato de José Hélio foi o modo como foi tratado o cadáver e não a morte em si, que a que tudo leva crer foi acidental. Já em outros - como nas queimas do ônibus com passageiros dentro, no Rio, ou do carro com as testemunhas de um assalto, em Bragança Paulista - houve clara intenção de matar, com requintes de crueldade.
Não estou querendo defender nenhum dos acusados, pois a conseqüência dos atos foi tão hedionda quanto em todos os outros casos, porém não se pode querer aqui fazer de conta que o grupo responsável pela morte da criança é um tipo de monstro raro em nosso país, o que está longe da verdade.
Estamos fabricando este tipo de psicopata – ou, como alguns dizem que eles não podem ser produzidos em série, ao menos deixando mais fácil que atuem do que seria o razoável – em nossa sociedade e já estamos muito atrasados em tentar descobrir os por quês e como reverter este quadro.
Criamos no nosso país uma legítima sociedade do mal-estar social, em que mesmo os mais afortunados são obrigados a conviver com a miséria e suas conseqüências, e nada eficaz foi feito contra isso até o momento. Se, com fatores completamente mensuráveis e contra os quais há um receituário completo e comprovado, somos completamente ineficazes em lidar, imaginem com questões psiquiátricas como esta.
Já havia perdido a fé na viabilidade política de nossa nação. Agora sou obrigado a dizer que não tenho muita esperança quanto a nossa coesão social.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Correndo atrás de sarna

Ontem, na Carta Aberta aos órfãos da razão e do juízo do caderno Aliás do Estadão, Antônio Cunha, presidente do movimento de moradores do Campo Belo, lançou uma série de impropérios sobre o Aeroporto de Congonhas, que ao que parece ele gostaria que não existisse.
Diz ele que o mesmo é: “pequeno, sitiado, desconjuntado, construído em lugar errado e com falhas de projeto”.
Mais que raios, digo eu. Bastando olhar no histórico do aeroporto , veremos que o que este vizinho insatisfeito diz não tem o menor cabimento. Se Congonhas tem hoje problemas com seu entorno, a culpa não é em nada culpa do Aeroporto e sim do entorno.
Em 1936 não havia nada lá para ser incomodado pela existência dele. Se hoje os vizinhos reclamam do barulho, do trânsito dos gases liberados pelos aviões e exigem uma licença ambiental para que o aeroporto funcione e não os incomode, a culpa é dos que foram para as imediações do aeroporto.
Muitas vezes a população está certa ao reclamar do poder público omisso, mas muitas vezes elas criam um problema e querem que o poder público resolva o problema que criaram.
Quem foi atrás da sarna não pode reclamar quando ela coça. Pode?

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Acabemos com o medo de fantasmas

Não tem o menor cabimento este medo generalizado dos produtos importados, já que o Brasil tem condições absolutamente tranqüilas para enfrentá-los.
Em primeiro lugar há dificuldades logísticas para a importação. Os grandes exportadores de produtos manufaturados só têm acesso aos nossos mercados através de portos e aeroportos, dois gargalos mais do que consagrados.
Depois porque nossas indústrias são bem equipadas, dispõe de fartura das principais matérias-primas e estão pouco endividadas pelos padrões internacionais; ou seja, estão aptas a competir com as indústrias do leste europeu e do sudoeste asiático, sendo inclusive uma nação com características intermediárias às que compõem as duas grandes regiões que ameaçariam nosso país no que compete às manufaturas.
No quesito energia, apesar da crise que se está desenhando no país pela absoluta falta de investimentos (causada pela visão intervencionista do governo), o Brasil ainda se encontra em melhor posição do que qualquer um de seus oponentes. As condições geográficas permitem geração por diversas fontes e uma matriz limpa, o que poderá ser brevemente um fator de aumento de competitividade industrial.
Por último, e não menos importante, temos uma população jovem e com escolarização crescente e na qual estão ausentes grandes conflitos étnicos, como os que travam ou dividem países das regiões supracitadas.
O calcanhar de Aquiles de nosso país é o ambiente legal e governamental desfavorável aos negócios. Isso resulta em uma política de juros (que eu espero esteja com os dias contados) que torna o investimento produtivo médio menos lucrativo do que as aplicações financeiras e, o que é o absurdo maior, mais inseguro.
Como se vê, no que tange às condições estruturais, estamos bem preparados para concorrer com qualquer um que seja. Basta que nossos dirigentes acordem para ajustes que precisam ser feitos e passaremos de caça à caçador nos mercados globais.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Como previsto

O câmbio virou para a imprensa o Judas da vez, eliminando o Cristo que é a indústria nacional e condenando-nos ao inferno do desemprego e da baixa renda.
Não acredito em nada disso.
Façamos um exercício de imaginação: digamos que acordemos amanhã com o real valendo uma libra esterlina e que a massa salarial - contada em real - esteja imutável.
Isso equivaleria a um incremento de renda de mais de 4 vezes e faria com que alguns setores intensivos em mão-de-obra sofressem muito devido à concorrência dos produtos importados, mas será que haveria uma influência negativa no emprego? Obviamente não.
A tendência é que o setor de serviços abriria vagas suficientes para fazer com que a balança fosse altamente favorável.
Peguemos o setor automobilístico, que é apontado como daqueles onde o câmbio valorizado trás o apocalipse. Se assumirmos que para cada emprego associado à produção (montagem, produção de peças, limpeza e administração das fábricas, etc) houver um associado aos serviços (venda de automóveis, corretagem de seguros, mecânica, funilaria, etc), o que não é verdade já que o setor de serviços envolve mais pessoal, e verificarmos o resultado no emprego geral de câmbio e renda iguais ao da hipótese, veremos que o resultado é amplamente positivo.
A renda aumentada por quatro abriria a um enorme contingente a possibilidade de ter veículo próprio (automóveis são totalmente intercambiáveis e, portanto, o preço do mesmo não subiria conforme a renda e sim conforme os preços internacionais mais impostos) assim como diminuiria o ônus de mantê-lo (o custo das peças de reposição e dos combustíveis seguem a mesma lógica e o dos seguros é feito em relação ao preço de venda do veículo). Com tudo isso, o aumento de vendas destes não se daria pela simples multiplicação por quatro e sim por uma função maior, tendo em vista as necessidades represadas de nossa população.
Mesmo que toda a indústria automobilística brasileira fosse varrida do mapa – e razões logística impediriam isso -, o número de empregos gerados pelo setor de serviços ao automóvel seria muito grande e haveria um aumento da massa salarial, com reflexos positivos para a nação.
O mesmo aconteceria com uma enorme gama de setores onde possíveis perdas no número de empregos industriais seriam sobrepujadas pelo incremento no número de empregos advindos dos novos serviços consumidos pelo aumento de renda relativo do brasileiro em comparação às nações circundantes.
Seriam particularmente visíveis o aumento do consumo nas rubricas turismo e lazer, dois setores quase indigentes no Brasil do momento, mas que estão experimentando forte aumento com a recuperação do valor da nossa moeda.
É claro que o real em paridade com a libra esterlina seria um caso extremo e teríamos que ter muitas mudanças estruturais e econômicas para mantê-lo assim, mas este exemplo é só para mostrar que uma moeda forte não é um empecilho para o desenvolvimento econômico de uma economia moderna de serviços e geradora de empregos, é antes de tudo um pré-requisito. A Inglaterra é uma prova viva disso.
Querer o Brasil um eterno exportador que é um atraso desmedido. A única função econômica de se exportar é poder importar o que outros têm de bom, assim como a única função econômica de trabalhar é consumir o que se quer.
O resto é fetiche moralista.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Minha versão dos fatos

Ao que parece as avaliações estão mostrando um quadro de deterioração do ensino público no país, tomando por base os últimos dez anos e que há uma luz no fim do túnel já que os alunos da quarta série que foram avaliados no ano passado obtiveram uma nota ligeiramente superior do que os de avaliações anteriores.
Com isso os próceres luláticos já se colocaram a dizer: está vendo, aqueles que tiveram a sorte de começar a estudar na nossa administração são os únicos que melhoraram.
E dizem isso mesmo em um governo no qual o primeiro ministro da área foi demitido por telefone, o seu sucessor abandonou o emprego para tentar salvar um partido da ruína (e aí já vemos com quem a fidelidade está, educar a nação é muito menos importante do que salvar um partido) e um outro disse que a maior contribuição do governo na área teria sido a criação do Fundeb, que ao momento da declaração não havia ainda sido aprovado.
Portanto um governo que não vez absolutamente nada pela área ainda tenta dizer que tudo que deu errado é culpa do anterior e tudo que deu certo é culpa dele.
A verdade é que tudo, tanto o que deu certo quanto o que deu errado, é fruto da reestruturação do ensino promovida pelo governo FHC e seu ministro Paulo Renato.
Os alunos que estão puxando os índices das provas para baixo hoje são aqueles que foram incorporados ao sistema pela massificação do ensino fundamental dos anos 90 e conseqüente baixa de qualidade média que isso provocou; sendo que isso ocorreu tanto pela falta de infra-estrutura familiar dos alunos que estavam entrando quantos da falta de capacitação e infra-estrutura das escolas que os estavam recebendo.
Dentro deste quadro, é natural que os pertencentes à primeira leva de alunos sejam os que tenham recebido a pior educação e que as gerações de alunos que venham a ser avaliadas a partir deste momento já tenham recebido uma educação ligeiramente melhorada do que aqueles, tanto pela adaptação do sistema para um contingente que já não é mais explosivo, e que tende agora a ser decrescente uma vez que os índices de natalidade estão cada vez menores no conjunto da população e a massificação da educação leva geralmente a diminuir este índice ainda mais.
As notas deverão sofrer uma inflexão na curva logo e se tornará cada vez mais sensível a mudança, espero que nenhuma ação lulática estrague isso.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Polêmica

Se podemos medir a importância de algo pela polêmica que gera, o assunto desta semana é a entrevista do ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos às páginas amarelas da Veja.
Será que dizer que há uma patrulha ideológica em um governo de um partido que se dizia ser o "único" ideológico" existente no país faz pouco mais de 2 anos é realmente de se espantar?
Deixo a pergunta com vocês.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Algo precisa ser feito

Passou do ridículo as ações dos juízes no Brasil frente às instâncias teoricamente competentes.
Qual é a autoridade de um juiz de primeira instância para se sobrepor à ANAC quanto à uma pista de aeroporto estar tecnicamente boa ou ruim?
E para dizer à Infraero de deve ou não por a disposição de outros interessados seus espaços ociosos ocupados por uma empresa concordatária?
Talvez fosse caso de se fazer com que os juízes que fazem coisas como essa se tornassem responsáveis solidários pelos prejuízos advindos de suas ações.
Garanto que eles passariam e refletir muito melhor sobre o papel de um juiz na sociedade.

Sede de verdade

Está se falando tanto do aquecimento global que também vou explorar este filão à exaustão.
Então deixem-me aqui esclarecer algo sobre o que penso que seria a falta d’água que alguns povos podem vir a sentir. Isto é simplesmente ridículo, não há a menor possibilidade de alguém ficar sem água devido ao aquecimento global; porém, há total possibilidade de grupos inteiros morrerem secos por falta de dinheiro e o seu equivalente físico energia.
A verdade inconteste é que não existe recurso mais abundante na Terra do que a água. Como já disse em algum texto (ou alguns) neste mesmo blog, o nosso problema é com energia, seja para levar a água potável para regiões ermas, seja para tornar potável água próxima. Ou dinheiro para armazenar água de chuva.
Fora distância o problema para algo, os tenistas do Australian Open não beberiam Evian, ninguém no ocidente utilizaria o petróleo árabe ou as quinquilharias chinesas. Fora tecnologia, não existiriam usinas de dessalinização ou estações de tratamento.
O problema é que energia e dinheiro são problemas que o mundo acha intransponível, por serem escassos e os mais fortes quererem se apropriar deles. Sua posse significa poder.
O fato é que, se realmente acontecerem as grandes secas no mundo pobre, os habitantes de países ricos chorarão de compaixão frente às imagens de criancinhas sedentas e famintas, mandarão mantimentos e nada de verdadeiramente estrutural farão.
Nós conhecemos bem esta história, convivemos com ela faz séculos e nada foi feito para resolver o problema.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Falemos um pouco da Guerra do Iraque

Está mais do que certo que os Estados Unidos perderam esta guerra, tanto é assim que não há meios de haver uma saída honrosa do país, que está hoje muito mais hostil aos ideais que supostamente levaram as tropas à invasão do que eles jamais imaginaram que seria.
E no front da propaganda interna, as coisas estão indo de mal a pior. Ressuscitaram até a Jane Fonda - que se não me engano havia pedido desculpas ao povo americano por não apoiar a guerra do Vietnã em respeito aos soldados que estavam lá perdendo vidas – como ativista política antiguerra, e eu desconfio que isso tudo sem que os estadunidenses tenham idéia do lodaçal em que meteram.
Ficou claro que as tropas do tio Sam – como de resto acho que as de todos os países - não têm capacidade de ocupar uma nação hostil aos seus ideais; ou como se costuma falar, ganhar corações e mentes. Com elas é oito ou oitenta, ou a submissão ou abandona-se o intento por que os outros não têm “corações ou mentes”. Ou a terceira via, eliminação total, mas em um mundo tão interdependente quem irá apoiar algo assim?
O fato é que hoje Bush pediu mais alguns bilhõezinhos para continuar com a pantomima de que a situação do Iraque tem jeito, pelo menos um jeito que agrade aos habitantes acima do Rio Grande a abaixo do Niagara (Van Damme diria: retroceder nunca, render-se jamais). Sabe que não tem e vai tentar levar as coisas com a barriga pelos próximos dois anos e quem sabe fazer um sucessor.
Em um mundo que reelegeu Chávez, Lula e o próprio Bush, não seria de se espantar.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Um novo Judas

A imprensa brasileira costuma fazer um rodízio de culpados pela raquítica força do crescimento de nosso PIB: primeiro sempre aparecem os juros, depois a gestão pública – personificada ultimamente pelo déficit previdenciário - e por fim o inimigo externo na figura dos produtos importados. E chegou a vez deste último, a se acreditar que a matéria da Folha (assinantes Folha ou UOL cliquem aqui) é uma tendência que será seguida.
Está certo que é normal haver uma onda ufanista sempre que as importações ameaçam crescer muito, e mais ainda quando elas realmente crescem, mas a reportagem da Folha de hoje já é um exagero de retórica gasto na defesa da indústria nacional.
Assinada por Fernando Canzian, ela diz que o crescimento do PIB está sendo contido pelo aumento das importações, o que é um completo absurdo.
Disse mais isso: “Em 2006, bastante estimulado por programas sociais, o consumo das famílias cresceu 3,6%, e o PIB, 2,3% (até setembro). A diferença entre os dois percentuais foi, basicamente, atendida pelos importados”. O que nos leva a crer que o autor considera que o PIB é exatamente igual ao consumo das famílias, o que todos sabemos não ser verdade.
O fato de haver um aumento do consumo das famílias pode, inclusive, ser fruto do aumento dos importados, uma vez que exista uma maior oferta de itens ou uma melhor relação custo-benefício que o estimule.
Em resumo, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se está ocorrendo uma diminuição do investimento industrial no Brasil, pode se culpar a quase tudo, menos ao dólar barato e ao aumento de importação.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Sem título

Para quem leu meu artigo de dois dias atrás seria bom dar uma ouvida neste comentário que reforça tudo que lá foi escrito.
O fato é que já superamos a fase – em tudo mais difícil - de não saber o que fazer, só falta superar a fase de não agir. Quanto a esta não há dificuldade nenhuma, sabemos que agiremos. Só resta saber se será por bem ou por mal.
Outro detalhe será se dará tempo de resguardar nossa qualidade de vida ou não, mas quem liga para qualidade de vida se a própria existência está ameaçada?
A verdade é que a Onu soltou um relatório que afirma que com 90% de probabilidade o tempo louco que estamos observando agora seja resultado da influência humana. Sendo ou não nossa culpa, temos que tentar conter a loucura já ou, melhor, pra ontem. Então mãos à massa.

Obs: Continuo não acreditando que a existência do ser humano esteja ameaçada.
O que estamos ameaçando é a boa vida do ser humano. Porém, como muitos acreditam que estamos trabalhando contra a sobrevivência da espécie, deixo esta possibilidade em aberto, já que não podemos desacreditar a capacidade de fazer estupidez de quem já se envolveu em tantas e tão sangrentas guerras.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Atemporal

Faz setenta anos o ilustre Sergio Buarque de Hollanda escreveu Raízes do Brasil, no qual demonstrou o paternalismo que se encontra por estas paragens.
Em determinado momento, criticando-o como algo velho e fora de lugar chama um dos defensores deste paternalismo político, Silva Lisboa (Visconde do Cairu), de um homem do passado já em 1819 por ter escrito isso:
“O primeiro princípio da economia política é que o soberano de cada nação deve considerar-se como chefe ou cabeça de uma vasta família, e conseqüentemente amparar a todos que nela estão, como seus filhos e cooperadores da geral felicidade...” e também “Quanto mais o governo civil se aproxima a este caráter paternal e forceja por realizar esta ficção essa ficção generosa e filantrópica, tanto ele é mais justo e poderoso, sendo então a obediência a mais voluntária e cordial, e a satisfação dos povos a mais sincera e indefinida”.
Como vemos, o que Hollanda considerava fora de lugar no começo do século XIX, está se exacerbando no começo do século XXI, e não só aqui.
Que venham os Chávez, Morales, Correas e Lulas. Vai ver Hollanda estivesse errado e Cairu fosse um visionário, dois séculos à frente do seu tempo. Ou talvez o autor de Raízes estivesse certo e a América Latina esteja fora de seu tempo, anacronicamente se dirigindo dois séculos para o passado.
Em qual possibilidade vocês apostam?