terça-feira, 31 de março de 2009

Considerações sobre o Chevrolet Volt


Se fosse para ser revolucionário de verdade, o Volt deveria trazer inovações, o que não faz, como vimos no texto de ontem, mas o conceito do veículo tem grande chance vencer a batalha pelos bolsos dos consumidores da próxima década.
Toda a decisão de compra é baseada em motivos racionais e em sensações atribuídas ao produto, a de um carro não é diferente. Vamos aqui nos ater aos motivos racionais.
Três pontos costumam ser levados em conta:
1-Custo de aquisição
Os carros verdadeiramente elétricos têm seu preço elevado pelo conjunto de baterias que precisa possuir para ter autonomia aceitável.Os carros verdadeiramente elétricos têm seu preço elevado pelo conjunto de baterias que precisa possuir para ter autonomia aceitável. Baterias de grande capacidade têm dois dois problemas , ou são muito pesadas, se construídas pela tecnologia mais antiga (chumbo-ácido), ou são muito caras, quando utilizam tecnologia mais moderna, com metais nobres em sua composição.
Nas duas versões , o custo de produção do veículo é muito aumentada. Para transportar as pesadas baterias de chumbo-ácido seria necessário um carro com mais potência, que requereria mais carga e assim sucessivamente, levando a caminhões transportando baterias em sua traseira. Há pesquisas (leia aqui, em inglês) tentando superar os problemas desta tecnologia, mas ainda não comprovadas em escala comercial.
Já as novas baterias elevam demais o preço final. O Tesla Roadster sai, nos Estados Unidos, por cerca de 110 mil dólares, impossibilitando que seja adquirido pelo cidadão comum. A empresa promete o lançamento de um novo modelo para 2011, pela quantia, ainda longe de ser módica, de 49990 dólares.
Carros híbridos, como o Volt, contornam as limitações alimentando as baterias com um motor a combustão, que neste caso pode ser menor e mais simples por não precisar trabalhar nos regimes de cargas extremas, com acelerações e frenagens bruscas, aos quais os motores de carros convencionais são submetidos. O barateamento das baterias para híbridos, pela maior escala de produção, e motores mais baratos podem fazer o conjunto compatível com os orçamentos da famílias médias, responsáveis pela maioria das aquisições.

2-Custo de manutenção
Depende de muitos fatores, incluindo a complexidade de construção e a disponibilidade de peças, mas, nos veículos comuns, o combustível costuma ser o item que pesa mais.
Eletricidade costuma ter um preço irrisório quando comparado os combustíveis amplamente utilizados, sejam eles fósseis, como a gasolina, ou provenientes da agricultura, como o, hoje, etanol. Conta, também, com uma rede largamente difundida, que não carece de somas vultosas para construção de novas redes de distribuição, o que tem servido como uma barreira de entrada para novas tecnologias em muitas partes do mundo.
Os carros convencionais são, geralmente, de manutenção mais cara também no quesito peças de reposição. Pelo maior número de itens móveis, há mais substituições de partes durante a vida útil do veículo e maior complexidade dos reparos executados.
Os híbridos localizam-se intermédio no custo de manutenção, nem tão barato quanto os elétricos, nem tão caro quanto os convencionais.

3-Confiabilidade
A tecnologia convencional tem um século de história para mostrar. A híbrida, uma década. A elétrica, apesar de ter sido utilizada nos primórdios da indústria e ter contado com visitações aqui e ali, ainda não foi provada com fabricação massiva.

A combinação dos três quesitos, nos quais não é nunca campeã, mas ocupa um honroso segundo lugar, torna a tecnologia híbrida competitiva e provável vencedora da disputa.
Essa é uma marca das tecnologias normalmente adotadas em larga escala. Na maioria das vezes o bom é melhor do que o ótimo, e o menos inovador impõe-se sobre o que parecia muito promissor. Tudo é uma questão de momento da adoção. E parece que o momento da próxima década será favorável aos híbridos.
O Volt tem o mérito de ser a tecnologia certa no lugar exato. Contará, porém, com concorrentes mais experientes, já existem versões "plg-in" de híbridos japoneses, e desconfianças quanto à viabilidade da produtora e a capacidade dela garanti-lo.
Vê-lo com salvador da pátria é, ao meu ver, um despropósito por parte da General Motors. Alguma outra novidade precisa ser agregada. Que tal motores stirling para alimentar as baterias?

segunda-feira, 30 de março de 2009

Obama: pede pra sair


Ontem, surgiu a notícia de que Rick Wagoner estaria de saída da General Motors, confirmada hoje. Nada mais natural, não fosse um pedido pessoal de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, pais que costumava ser o bastião do livre-mercado.
Wagoner, na minha opinião, mereceu ser defenestrado. Espera-se de um presidente de companhia como esta, que foi, durante meio século, a maior do mundo, a clarividência, que veja além do balanço trimestral.
Os anos Wagoner foram, com exceção do último, excepcionais para a indústria automobilística americana. O mesmo crédito farto, e, consequentemente, barato, que impulsionou os recordes imobiliários azeitou as engrenagens de Detroit. O crescimento mundial inflou o lucro das subsidiárias.
Houve uma consolidação da indústria, e o ambiente propício às vendas carreou bilhões às três gigantes (Chrysler, Ford e Genral Motors). Elas, entretanto, não conseguram aproveitar o momento. Mantiveram, e até aprofundaram, estruturas inchadas e deficitárias, que estão cobrando agora a fatura.
A "terceira" crise do petróleo, seguida da do "subprime", acabou com a festa. Como resposta a ela, a General Motors acelerou o desenvolvimento do Chevrolet Volt, nada mais do que um híbrido com uma bateria maior, capaz de rodar, aproximadamente, 64 quilômetros, após uma carga completa, sem usar o motor de combustão interna.
Poderia ser um grande avanço, se a tecnologia híbrida não fosse da década passada e não houvesse carros esportivos, totalmente, elétricos com autonomia maior rodando atualmente.
Resumindo, Wagoner não cumpriu sua missão de liderar a companhia para um fortalecimento constante; a General Motors saiu enfraquecida, na verdade, durante sua presidência.
Sua saída, no entanto, não será um alívio para a crise americana, embora possa ser para a empresa. Converter-se-á em um marco do dirigismo estatal da economia. Uma prova de que Obama também começa a apontar seus loiros de olhos azuis.
Bulir com a discricionaridade da livre-iniciativa pode ser uma alternativa tentadora em situações de crise, mas sempre acaba sendo a pior. Os Estados Unidos combateram, por décadas, regimes que utilizavam essas práticas. A tragicomédia, e não a ironia, daria o tom caso passassem a emulá-los justo agora, que havia vencido a guerra.

domingo, 29 de março de 2009

Muita terra para pouco índio

Quando terminei o ensino médio, estimava-se a população indígena brasileira em 300 mil habitantes, das mais variadas etnias.
Hoje, dizem, já passam de um milhão. O que, arredondando para cima, e dada a imprecisão dos números, corresponde a 1% da população brasileira.
Eles têm direito de uso exclusivo sobre 20% da área nacional, e tem gente que acha que é pouco. E comparando com locais onde a população indígena é bem maior.
Tenham santa paciência.

Elite?, os políticos dizem não, não, não

Pesquisa demonstra que de elite, ao menos intelectual, os políticos estão longe.
A maioria apóia medidas populistas que se mostraram fracassadas onde quer que tenham sido implantadas. Colocar exército nas ruas? Será que nada mais criativo pode ser pensado por eles?
Se em São Paulo, teoricamente com cidades bem administradas, imagine como será nos grotões por aí.

sábado, 28 de março de 2009

Lula lá, depois de Bagdá

A julgar pela explicação posta no Noblat, Lula perdeu mais um bom momento para ficar calado.
Como disse antes, é guano fresco, melhor não mexer.
Embriagado pelos 84%, e caindo, achou por bem ligar o modo retórica racista. Não fez sucesso, enfia a viola no saco, amigo. Consertar o que nasceu torto, sabemos que não dá.

Lapa

Quando era um estudante, os professores sempre diziam para externar nossas dúvida, já que ela poderia ser a de outros colegas. Com o tempo, descobri que este pedido era da boca para fora. Poucos professores querem que realmente as externemos, acham que atrapalha a fluência das aulas.
Como não sou professor, e não há fluência nesta página, resolvi fazer a sessão de externalização, passarei a colocar aqui o significado de palavras que costumava ouvir e não tinha a mínima idéia do que representavam. Pode ser que a série palavra do dia, que aviso já que não será diária, não interesse a ninguém, mas minha ignorância, ao menos, ficará menor. Vamos à primeira palavra, então:
Perdi a oportunidade de conhecer a Lapa carioca melhor neste carnaval (poupe-me dos trocadilhos infames), mas surgiu-me a curiosidade de saber o que significa a palavra, nome de bairro em quase todas as cidades antigas do país.
O primeira suposição era relacionada com a geologia, afinal esses bairros são marcados pelo relevo acidentado, e o velho Houaiss, em sua roupagem high-tech confirma a impressão. Lapa é:
1 grande pedra ou laje que, ressaltando de um rochedo, forma abrigo
2 cavidade em rochedo; gruta
Parece que os antigos tinham uma predileção por fazer do sopé dos morros sua morada. Podia fazer sentido no passado. A ação antrópica transformou estes locais em verdadeira ratoeira. Impermeabilização do solo e ocupação das encostas fazem a água subir rapidamente e a terra descer mais rápido ainda. Provavelmente no futuro teremos menos Lapas municípios afora. Elas fazem mal à saúde.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Retorno às fibras naturais

Houve um tempo em que o beneficiamento das fibras naturais representavam a quase totalidade das manufaturas do mundo. A sofisticação da indústria mudou esse quadro, na atualidade há um sem número de artigos sendo fabricados no mundo, com a manipulação de matérias primas de várias fontes, como a mineração e a química fina. O quadro, entretanto, foi um tanto distorcido pela pela fé da Humanidade, ou boa parte dela, na superioridade dos materiais produzidos pelo Homem sobre os fornecidos pela natureza.
Como costuma acontecer com as tendências, estamos vendo agora a reversão. O natural está sendo cada vez mais valorizado e as qualidades provenientes das plantas estão sendo redescobertas. Certas empresas, como a Pematec, já estão surfando está nova onda, e mais virão. Como país, o Brasil só tem a ganhar com isso.
Com seu imenso potencial agrícola, cada inovação no campo do uso de material proveniente das plantas gera um potencial aumento significativo da renda nacional. Já tratei deste tema, citando soluções que estavam sendo adotadas à época. Muitos mais exemplos podem ser mostrados.
Popularizada no setor automotivo, como substituto à fibra de vidro, o curauá, hoje, é uma alternativa consolidada como insumo industrial, tornando a fibra excassa.
Mesmo trajeto tomou a utilização da fibra de coco. Há pesquisas (para conhecer algumas, clique aqui e aqui) para várias aplicações do material, hoje um transtorno para os sistemas de saneamento das grandes cidades, embora seu primeiro sucesso de uso industrial em larga escala tenha sido como integrante de bancos automotivos.
Outros países também estão investindo neste filão, contando até com expertise nacional. O pesquisador brasileiro Leonardo Simon é um dos que vem atuando no exterior. Ele, segundo André Borges, no Valor Econômico de 24/03/2009, coordena, desde o ano passado, uma equipe de 19 pesquisadores dentro do projeto BioCar, do centro de pesquisas canadense CTT.
A linha de pesquisa promissora utiliza a palha do trigo para substituir partes de plástico usadas nos carros, de maneira semelhante ao feito no Brasil com o curauá e o coco. Borges escreve que a " proposta é usar uma parte da planta que, durante a colheita do trigo, é desprezada pelos agricultores. "Essa palha normalmente fica na própria lavoura, é um resíduo da agricultura", diz Simon. "Na China, o hábito das pessoas é queimar a palha do trigo."
A ideia é que, após ser moída e transformada em uma espécie de farinha, a palha do trigo seja misturada ao polipropileno. Com a fibra da planta, é possível reduzir o uso de outras substâncias usadas na composição do plástico, como o talco e o carbonato de cálcio, que são mais pesados. Além de resultar em peças mais leves, diz Simon, a palha de trigo pode reduzir o preço dos componentes e oferecer peças mais resistentes que as tradicionais.
"
A palha poderia significar até 40% do peso das peças plásticas do veículo, que é de 200 quilos, normalmente. Muitas empresas, entre elas a Ford, financiam o projeto, junto com a província de Ontário. Acredita-se que em 3 anos a inovação chegará ao mercado.
Como vemos, é possível extrair mais valor da atividade agrícola através de sua sinergia com os demais setores econômicos. O que não podemos é ficarmos deitados em berço esplêndido, esperando que as commodities valorizem em Chicago. Valorizemo-as nós, em Paranavaí, em Apucarana, em Belém e em Bonito, para usufruirmos de um bom padrão de vida.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Se ele é por nós, quem será contra

Jesus potrege(retirada do Monkey News)

Contra nós, só a educação do povo brasileiro

Lagos assassinos ou mortais

Vista aérea do Nyos, palco do maior desastre provocado por liberação de gases de um lago do qual se tem notícia

Informação é tudo, como diriam os assessores. Nunca me importei muito com a quantidade de leitores deste blog, já que sempre o encarei como um exercício de opinião e não como um site de referência. Instalei, porém, o Google Analytics há dois dias e descobri que 60% do meu tráfego provém de apenas uma postagem, esta. O problema é que este público anormal está sendo vítima de um engano, causado pela posição inesperadamente alta da página na pesquisa do Google. Ele está procurando informação científica onde há apenas análise política amadora. Para sanar este desserviço aos que não são meus leitores, abrirei uma exceção e tentarei fazer nesta postagem uma página de referência, com toda a informação que eu puder encontrar a respeito destes lagos africanos.

Vamos lá, então: os lagos Nyos, Monoun e Kivu são caracterizados por uma alta concentração de gases dissolvidos.
Os três lagos são vulcânicos, ou seja, são espelhos d'água sobre chaminés de algum vulcão ativo. Para que haja a formação do lago, é necessário um balanço correto entre fluxo de calor proveniente do vulcão e o resfriamento pela atmosfera, mantendo o gradiente de evaporação equilibrado com o suprimento de água proveniente das chuvas ou rios, e , portanto, o lago.
Emanações vulcânicas concentram-se nos segmentos profundos destes lagos, com variadas composições, dependendo dos componentes das rochas e magma abaixo deles. A solubilidade do dióxido de carbono, principal gás causador dos desastres, permite que um lago possa dissolver um volume deste mais de 5 vezes superior ao seu volume de água (para quem entender química, aqui há os cálculos, para mim é grego).
Os gases são mantidos submersos devido à pressão exercida pela coluna d'água das camadas superiores sobre as inferiores, onde os gases acumulam-se, em um processo similar ao que mantém a concentração de carbonato nos refrigerantes. A solubilidade do gás carbônico e dependente da temperatura, levando a diferenças desta entre as profundidades do lago. Quanto mais saturada estiver a água, mas densa ela fica, levando à extratificação da coluna d'água. O fato das camadas inferiores e superiores dos lagos não se misturarem permite que ocorra um tamponamento.
O processo, entretanto, é dinâmico. Se há um distúrbio nas camadas de água do lago, pode ocorrer uma reação em cadeia na qual o dióxido de carbono dissocia-se da solução e forma bolhas de gás. Estas se aglutinam e sobem à superfície, levando junto a si mais gás enquanto emergem. Este processo é chamado de erupção limnética, ou límnica (o nome vem limnologia, estudo científico das extensões de água doce), devida às similaridades entre as erupções causadas pelos gases ascendentes e as vulcânicas.
As causa da erupção, que é chamada, também, pelo termo inglês "lake overturn", podem ser mudança do gradiente de temperatura das camadas (aquecimento da camada profunda ou resfriamento das camadas superiores) do lago, injeção de fluídos mais aquecidos (como lava ou torrentes quentes), chuva (tornando as camadas superiores mais densas), ventos violentos, deslizamentos de terra e terremotos. Elas, como vemos, são bastante comuns em regiões vulcânicas, daí a preocupação quando a possibilidade de ocorrerem desastres repetidos. Iniciativas de desgaseificação estão ocorrendo, como a do Nyos, mostrado no esquema da figura ao lado.
Apesar de não ter apresentado uma liberação gasosa comprovada cientificamente e ser, aparentemente, bastante estável, o Lago Kivu tem o maior potencial catastrófico, pois, ao contrário dos outros dois, suas margens são densamente povoada (mais de 2 milhões de habitantes vivem nelas) e seu volume é muito grande, podendo diluir, calcula-se, até 200 quilômetros cúbicos de gás carbônico. Como há metano associado, experimentos estão sendo feitos para utilizar o lago como provedor da energia necessária para o desenvolvimento das áreas circulantes, formadas por dois países com sérios problemas econômicos e conflitos sociais, Congo e Ruanda. Juntaria-se, assim, a prevenção de acidentes à geração de renda.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Quanto ao comentário da postagem de ontem

"Você discorda da exigência do diploma ou da exigência de uma carteira de um conselho regulador?

Nos casos onde o profissional trabalha como autônomo como médicos em consultórios e dentistas, como seria feito esse controle cruzado?

Concordo que o fato do cidadão não portar a CNH não o desabona como motorista, mas como identificar aqueles que verdadeiramente não estão aptos a dirigir?

abraço,
Xinxa
"

Sou, na verdade, contrário a ambos, carteira e diploma, caro Xinxa, porém sou favorável ao cumprimento da lei. Se hoje há a exigência deles, que seja cumprida a vontade escrita da sociedade. Minhas discordâncias são em tese, apenas.
Sou favorável a um sistema judiciário que cumpra seu papel, punindo rapidamente que comete más-práticas, retirando, o que coibiria o charlatanismo.
A reportagem antiga do Jornal Nacional, aí embaixo, mostra que a regulamentação em nada interfere quando não se quer respeitá-la.
Sei que é um pensamento utópico, mas o descaso com a vida humana só diminuirá quando vier acompanhado de ação enérgica e, principalmente, rápida das autoridades. Enquanto não ocorrer esta ação, mais mortes ocorrerão; trata-se, simplesmente, da Teoria da Janela Quebrada sendo demonstrada.



Quanto à aptidão para dirigir, as inúmeras fraudes na obtenção da licença demonstram que ela não pode ser vista, seriamente, como um garantidor de proficiência ao volante. Além disso, o trânsito é uma interação social, não um reino de motoristas. Para evitar completamente os acidentes, seria necessário exigir também licença dos pedestres, ciclistas e animais que circulam pela via. Como não me parece factível que se proíba os pedestres de circular, e não serão criadas licenças para eles, há um tratamento injusto de saída para com os condutores.
Em um mundo ideal, a solução seria o ensino de leis e manobras de trânsito durante os anos do período escolar obrigatório. Se a todos os integrantes da sociedade fossem ensinados a boa convivência no trânsito, as licenças de direção para veículos auto-motores seriam desnecessárias, como foram as para charretes e assemelhados no passado, com os mal-feitos sendo punidos pela mesma justiça dos períodos iniciais do meu comentário. Mas é, também, uma defesa em tese; estamos longe do mundo ideal.

Estratégia vitoriosa; para os delinquentes

O gráfico ao lado, retirado da The Economist de 7-13 de março (original aqui), mostra o quanto a criminalidade alimenta-se de Estados desgovernados.
Nota-se a queda brusca da capacidade de produção de cocaína no Peru, com a derrocada do Sendero Luminoso, seguida pelo aumento da colombiana, no momento em que o governo deste país decidiu negociar com as Farcs, dando-lhes, inclusive, zonas desmilitarizadas para atuar.
O problema é que não há uma relação de simples causa-efeito, mais governo legítimo, menos crime, mas um ciclo de reforço. Quanto menos governo legítimo, mais crime, que produz um governo paralelo que passa a combater o legítimo. Pode-se combater o ciclo fortalecendo o governo legítimo, ou enfraquecendo o crime. A segunda opção parece-me, liberal que sou, a melhor.
Já defendi nesta página a liberação das drogas, basta clicar no marcador drogas, ao pé desta postagem, para ver meus argumentos, de modo que é desnecessário fazê-lo novamente. Devo, porém, deixar claro minha preocupação com o rechaço sumário das idéias da comissão, da qual faz parte Fernando Henrique Cardoso, que pediu a discriminalização da maconha, como um primeiro passo de um esforço maior.
Continuar o War on drugs, um mais do mesmo, só tende a repetir os resultados alcançados até aqui. Se não deu certo em 100 anos, não é agora que dará. Ou será que uma nova Humanidade surgiu repentinamente?
Desde que o mundo é mundo, como dizem meus antepassados, violência gera violência; luta armada beneficia os psicopatas e afasta a livre empresa. Convém a nós refletir se queremos manter esta estratégia vitoriosa, para os Beiras-mar e Marcolas.

Os três vídeos a seguir são uma seqüência do Bom Dia Brasil de hoje, servem perfeitamente para ilustrar a opinião acima.





terça-feira, 24 de março de 2009

Corporações X Companheiros

Lendo o editorial do Estadão de domingo, veio-me a cabeça um texto de 30/08/2005, disponível aí ao lado, no qual falava da minha inconformidade com as regras utilizadas para o exercício de certas atividades, profissionais ou corriqueiras, em nossa sociedade.
Disse, na época, e repito, hoje, que não faz sentido obrigar a procedimentos padronizados de educação ou testes para garantir uma carteirinha dizendo ser o portador merecedor disso ou aquilo. Em todas as profissões o acesso deveria ser livre, mesmo a, na visão de muitos, sagrada medicina.
Sei que serei crucificado por dizer isso, mas o que impede o erro médico não é a posse de CRM, simples pedaço de papel, e sim os controles cruzados dos diversos profissionais que formam qualquer grupo sanitário. Muitos profissionais gabaritados impedem que um faça algo errado, na maioria das vezes.
Com a velha figura do médico de família extinta, todo o atendimento médico atualmente é feito por unidades multidisciplinares, públicas ou privadas. Deveria caber a estas o controle da qualidade de serviços prestados pelo seu corpo técnico, e arcar com as falhas provocadas por ele. Uma justiça rápida faria com elas só contratassem aqueles que lhes garantissem a qualidade.
Terceirizar a responsabilidade para os Conselhos Regionais de Medicina é uma forma esperta, por parte das instituições, e preguiçosa, por parte do governo, de obter um atenuante para suas falhas em formar bons quadros.
Julgar se Cuba tem um sistema de ensino de ciência médica compatível com o brasileiro e melhor do que o, por exemplo, boliviano, é apenas um casuísmo, bem ao gosto da atual administração. Todo o sistema deveria ser avaliado primeiro, mas menos de 250 indivíduos têm os movimentos sociais castrófilos a dar-lhes suporte.
Então, é bem capaz de sermos usados como cobaias da luta ideológicas das corporações e dos companheiros nos dias a seguir.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Eu sou a lenda



Finalmente consegui assistir à entrevista de Protógenes, a lenda.
Ele não salvará a humanidade, incluindo a bela Alice Braga, como Will Smith do vírus modificado do sarampo que provoca raiva.



Mas se sentiria incomodado de governar uma cidade como São Paulo, onde crianças utilizam crack à luz do dia.
Bem, incomodada ficava a sua vô, não é mesmo? Felizmente Protógenes, a lenda, não precisará passar por isso, nem o povo paulistano.

domingo, 22 de março de 2009

Quem à defender?

Já devo ter falado disto aqui, mas a tão aclamada democracia ateniense não era bem vista por Aristóteles. Em seu "A Política", ele põe como um mal menor, a ser utilizado apenas caso não seja encontrado um monarca virtuoso, preocupado com o bem comum.
Também Platão não apontava a democracia como um sistema ideal de governo. Uma república utópica seria comandada por uma ditadura dos intelectuais, coisa muito parecida ao que queriam os uspianos que ajudaram a fundar o PT.
Rousseau e a sua "vontade geral" era um lobo em pele de cordeiro. Louco de pedra, não apenas por isso, previa um sistema de governo ideal muito parecido com o que viria a ser o comunismo, ganhando assim seu lugar no céu marxista dos professores de ciências sociais de hoje.
Podemos dizer, então, que o advento da democracia como sistema a ser defendido é uma novidade tão recente quanto a consolidação dos Estados Unidos da América como potência mundial.
Tendo nascido do ventre de um Estado tão vilipendiado nestes tempos pós-Bush, fica a questão: devemos lutar pela vida de um rebento de progenitor tão feio? Nossos vizinhos parecem ter decidido que não; estão concentrando os poderes nas mãos de pais do povo, que dizem conhecer a nação melhor do que ninguém.
Tampouco nosso políticos parecem se preocupar muito com a democracia. Após conseguirem as vagas de representantes no voto, esquecem-se de que devem prestar contas de suas atividades. Alguns falam disparates como "Assim é melhor fechar o Senado" (leiam aqui, é uma sucessão de escândalos de dar medo), proferido por Heráclito Fortes, sem ruborizar.
Eu acho que vale a pena lutar por essa novidade política, em escala histórica, afinal, nas palavras de Churchill, "a democracia é o pior sistema político com exceção de todos os outros". Só gostaria de uma mão amiga daqueles que mais estão se beneficiando delas.
O povo pode ser tapado, mas um dia cansa. Não convém esticar a corda por demais.

sábado, 21 de março de 2009

Em complemento ao texto de 14/03

Trituradora de sonhos.
Leiam o texto que vem do link acima.
Reporta desde a segunda maior prisão do mundo. Yoani Sánchez deve ter admiradores entre o PCC.

Mas falem

Marketing fenomenal é assim, leva a imprensa para poder falar mal.
Mas pelo menos falam deles. Só não sei se o "maior patrocínio do Brasil" merecia ser tratado desta forma.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sarney e as diretorias, e outros causos

Realmente a cada enxadada uma minhoca.
O moralizador José Sarney foi o responsável, segundo reportagem do Estadão, pela criação de 70% das diretorias do Senado. Agora diz que irá acabar 50% delas. Sou uma negação em aritmética, mas me parece que ainda ficará devendo ao país, se as diretorias são tão improdutivas como a lógica diz. Em países civilizados e éticos, erros administrativos como estes inviabilizariam a recondução de quem os cometeu ao cargo de presidente da Casa, algum dia ainda chegamos lá.
O moralizador derrotado, Tião Viana, passou um telefone privativo do Senado para sua filhinha não lhe causar preocupação em uma viagem ao México. Não conheço a filhinha, mas a reputação daquele país sim, então é claro que o artifício não deve ter funcionado, ficaram a preocupação e o uso incorreto de bens públicos. Não adianta depois devolver e dizer que errou. Em países civilizados e éticos, falhinhas como esta levam à perda do cargo, algum dia ainda chegamos lá.
Adriano Ceolin, o repórter que ajudou a desencavar estes "causos" do Senado, estudou comigo. Confesso que sinto uma antipatia gratuita contra ele, mas em países civilizados e éticos, parabenizamos mesmo aqueles contra os quais temos antipatia. Neste caso já chegamos lá, parabéns Ceolin e trupe, continuem metendo a enxada na terra vermelha de Brasília, é um jeito de, como diria o, então, candidato a presidência da República Guilherme Afif Domingos, juntos chegarmos lá.

Quanto aos comentários da postagem passada

Bem, Silencioso Bob, confesso que não entendo muito de mídia social, então deixei este negócio de moderação dos comentário por dois motivos. Primeiro, quase não recebo comentários, o que torna a tarefa de moderá-los muito fácil e, depois, os que recebia anteriormente eram, de modo geral, propaganda feita por robôs. Como não sou pago por eles para isso - só aceito as propagandas que vêm debaixo das postagens, pois nelas há a expectativa de remuneração, que nunca se concretizou, aliás - não lhes facilitarei a vida.
Já com relação à barbeiragem, não estamos falando de algo que era inesperado. Ocorreu o overshooting cambial. A reação é que não ocorreu, ficando o Tesouro sentado nos dólares que poderiam ter sido usados para diminuir a volatilidade da moeda. Como um leitor de longa data, sabe que não defendo uma meta para o valor do dólar, tanto para cima quanto para baixo, mas as reservas foram construídas sob a alegação de que serviriam para a proteção quando os dólares fossem necessários em uma futura crise. A crise veio e nada foi feito em tempo adequado.
O futuro a Deus, ou ao acaso, pertence, mas com o presente nós mesmos temos que lidar.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A César o que é de César

É um tanto disparatada a intenção de retirar-se do governo a responsabilidade pelo declínio da atividade econômica percebida nitidamente no terceiro trimestre do ano passado, e que permanece neste.
O que ocorreu foi decorrência de uma crise de confiança, congeladora do sistema de créditos e, conseqüentemente, do comércio movido por ele, e deveria ter sido tratado como tal. Mas observamos como resposta total inatividade estatal, mais preocupado estava o governo em proteger-se por meio da retórica. Tentou esconder a realidade com lentes róseas, na estratégia “marolinha” e, depois, no “toma que o filho é seu, Bush”, e passou a apontar o culpado de sempre, o autônomo-de-fato Banco Central.
Já cansei de defender aqui uma política de juros distinta da adotada pelo Banco Central. Na minha visão, a taxa Selic faz muito pouco pela manutenção das intenções de compras do consumidor. Primeiro, devido ao fato deste não fazer seus cálculos com base nas taxas anuais de remuneração do dinheiro que toma emprestado, mas da mensalidade que terá que arcar, e, depois, porque este não tem acesso a ela como poupador pela simples verdade de o brasileiro médio não poupar, pois sua renda não é compatível com este luxo.
A Selic, neste cenário, torna-se apenas um ônus fiscal do governo, masoquisticamente auto-imposto. Premissa falsa, o controle da inflação de demanda, gerando aumento de preços estrutural pelo mecanismo de retirada de produção potencial, a que poderia ser efetivada pelos investimentos caso o governo não sugasse os recursos via títulos,e de aumento dos impostos, usados no pagamento dos juros improdutivos. Cria-se, assim, um círculo vicioso retro-alimentado. Dito isso, cabe afirmar, O BC nada tem a ver com a retração econômica atual, apenas impediu um aceleração maior no passado.
Se o crédito externo foi a mola pela qual a crise chegou ao país, deveria ter passado por ela, também, qualquer tentativa de evitar o contágio. Se os exportadores estavam expostos a ameaça de secagem de suas linhas, caberia ao provedor de dólares nacional, aquele que sentava em reservas de 200 bilhões, fornecer o material escasso, as verdinhas. A simples atitude de permitir a queda das reservas faria que as apostas contra o Real ficassem mais arriscadas, impedindo que as empresas envolvidas no, assim chamado pelos economistas, overshooting cambial vissem seus lucros de anos evaporarem.
De símbolo de solidez da nação, as reservas internacionais do Tesouro transfiguraram-se de um oásis para uma miragem, algo que o governo mostrava às empresas, mas estas não podiam utilizar. Servindo, portanto, para nada, pois não impediram a queda do dólar quando a onda chegou, nem seu aumento, quando ela refluiu.
Houve, portanto, culpa objetiva do Estado na situação em que estamos. Caberá ao futuro saber o quão caro sairá a barbeiragem, mas não há dúvida que esta ocorreu.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Tá ruim, mas pode piorar muito

Não muitos anos atrás, comparei a crise que se avizinhava nos EUA à da Argentina do início da década. Tinham as mesmas características, povos vivendo acima de suas posses com base em uma moeda erroneamente avaliada. Os argentinos ainda não se recuperaram totalmente de sua crise, os norte-americanos também demorarão para sair da sua, não adianta ficar com falsas esperanças. Urge, porém, que tentemos salvar o mundo de uma crise muita mais séria, como alertou José Goldemberg no Estadão de segunda-feira.
Como os portenhos,e um pouco antes os japoneses, provaram, crises econômicas passam, ainda que dolorosamente. As ecológicas, entretanto, matam, como Colapso, livro de Jared Diamond, aqui há uma boa resenha, prova.
Então não devemos nos esquecer do essencial. Menosprezar os efeitos da interação humana com a natureza para permitir maior crescimento econômico, como era a política ambientalista de Geroge W. Bush, que o diabo o carregue, é o caminho mais seguro para não termos nem um e nem outro. A situação atual o prova.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ele leu o manual

"O caudilho é o pai da nação, que quer ensinar o seu filho a ler e escrever, cuidar de sua saúde, protegê-lo contra as inclemências da vida diária e a incerteza da velhice, colocá-lo sobre rodas para poder deslocar-se. O caudilho é um benfeitor que gasta o dinheiro de todos, inclusive aquele que não existe - que um belo dia descobre sob a forma demoníaca de inflação - para proteger a sociedade inválida. Protege-a também, é claro, contra charlatões que querem conduzi-la pelo caminho equivocado, assegurando-se de todos os possíveis detratores dividir uma acolhedora prisão com os roedores mais hospitaleiros, ou então fazer um longo passeio no exílio."
O trecho acima é parte do livro "Manual do perfeito idiota latino americano ", de 1996. O trecho abaixo é sua aplicação prática de 2009.
"O presidente venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou prender os governadores da oposição que tentarem impedir a troca de comando dos portos e aeroportos do país, após a determinação para que o Exército ocupe os principais portos e aeroportos do país. Os três principais portos venezuelanos ficam em Estados controlados por governadores oposicionistas - Carabobo, Zulia e Nova Esparta e a medida deve aumentar a centralização e enfraquece os governos locais de oposição."(íntegra aqui)
Como vemos o novo "El Comandante" aplica o que lê nos manuais, com muito afinco.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A titularidade do patrimônio

Dizer que os países comunistas têm um funcionamento da economia estruturalmente diferente dos capitalistas não corresponde à verdade. Ambas funcionam da mesma forma, só quem manda é diferente. E o fato de ser desconcentrado é que garante um sistema de tomada de decisões melhor ao segundo.
A diferença é que a titularidade do Estado entre os comunistas torna mais fácil aos pequenos grupos apropriarem-se das benesses. Os ditos socialistas concentram muito mais a renda do que os países de capitalismo avançado.
O que o Reinaldo Azevedo chama de burguesia do capital alheio é apenas uma das formas de concentração de renda no comunismo. Há também a expropriação tão em voga nos países andinos bolivarianos. Há a nacionalização, que ocorreu nos sistemas bancários chocalhados pela crise/marola.
Aumentar o patrimônio de um país leva, em geral, a melhores padrões de vida. O problema é que só fazer o bolo crescer não. Temos que ir dividindo aos poucos. Os comunistas já provaram que são muito ruins de dividir, quando se trata de dinheiro. Em outros campos, como na política, suas operações matemáticas ocorrem com bem mais naturalidade.

domingo, 15 de março de 2009

Os armênios de Raphael Lemkin

Este é para quem entende inglês e tem tempo e saco para ver vídeos na internet, mas a vida nem sempre é fácil. E, aleém disso, se você acompanha este blog, já deve ter visto vários vídeos, pois há muitos aqui. Aproveitando que hoje é domingo, só abusarei um pouco mais de sua paciência, com um vídeo de quase uma hora.
No documentário produzido pela CNN, "Scream Bloody Murder" - do qual há vários trechos no site da empresa jornalística, que eu não consegui importar, não sei por quais motivos-, Christiane Amanpour trata dos genocídios ocorridos desde a II Guerra Mundial até o que está acontecendo em Darfur.
Um personagem central é Raphael Lemkin, advogado polonês que cunhou o termo genocídio e teve sua família destruída nos campos de concentração nazistas. Era judeu, mas, segundo consta, o interesse pelo tema surgiu das histórias de como os armênios haviam sido perseguidos pelo Império Otomano durante o início do século XX. É um tema delicado, pois ainda hoje provoca tragédias, como o assassinato de Hrant Dink, em 2007.
Os turcos otomanos foram uns dos maiores sacos de pancada da historiografia ocidental. Dominavam um território imenso às portas das potências européias, desafiando-as, e praticavam o islamismo. Dois crimes gravíssimos na visão de quem acabou dominando a ciência, tanto as humanas quanto as naturais, e ditaram o pensamento como é hoje. Os antigos monarcas passaram aos nossos tempos como bárbaros devassos, destruidores de povos.
Não estou aqui para defender ninguém, nem tenho mandato para tanto. As mortes de armênios ocorreram, não existem dúvidas. Há, entretanto, uma peça que não se encaixa no problema. Impérios não perseguem etnias simplesmente, ou não seriam impérios. Eles são, por definição, supranacionais. Os turcos dominaram a região onde viviam os armênios durante mais de meio milênio, não seria gratuitamente que ocorreriam massacres. E não foi, estava ocorrendo uma guerra civil de natureza nacionalista entre os turcos e os armênios.
Para piorar ainda mais a situação otomana na historiografia ocidental, o êxodo que se seguiu ao enfraquecimento de seu império espalhou armênios, gregos, libaneses e uma centenas de outras etnias pelo mundo, amplificando todo o mal e abafando todo o bem poderia ter ocorrido nele. Basta ver como é tratado o conflito na Wikipédia em português. O próprio Lúcifer não seria mais impiedoso, na visão de quem escreveu este tópico na enciclopédia.
O documentário abaixo, mostra uma história um pouco diferente. Nacionalistas embebidos de comunismo provocando massacres mútuos, o que é bem crível se levarmos em conta a atuação de grupos semelhantes antes e depois daquele tempo. É claro que há visão do vídeo é pró-turca, pois ouve majoritariamente a estudiosos dessa etnia; a verdade, porém, deve estar em algo intermédio entre o documentário e o relato da Wikpédia. Afinal, há poucos monstros e muitos humanos em todos os cantos. e sabemos que o segundo tipo pode ser o pior deles.
Raphael Lemkin cometeu um grande bem à Humanidade ao lutar pelo fim dos genocídios, só não sei se ele foi justo ao apontar para uma via de mão única. A autopista macabra pode ter sido muito maior do que parecia.

<a href="http://www.joost.com/257000h/t/The-Armenian-Revolt">The Armenian Revolt</a>

sábado, 14 de março de 2009

Cuba: ame-a ou ame-a

Poucos dias atrás, estava teclando com uma colega virtual. Assunto, o caso "Ditabranda".
Papo vem, papo vai, ela me veio com essa: não concordo com o que acontece no Equador e na Venezuela, mas o Fidel é diferente, não é um tirano.
Quase tive um ataque cardíaco, não sei como estou escrevendo hoje. Se o Fidel não é um tirano, quem é?
Não cabe tentar demonstrar o quanto um, suposto, líder é ruim se ele ficou 48 anos e pouco no poder e entregou seu país mais pobre do que encontrou. Nem esgrimir a conta de desaparecidos do regime. Apenas farei uma comparação.
Gabeira pegou em armas contra o regime militar, foragido, passou muito tempo pilotando, doidão, trens de metrô suecos. Hoje é deputado e quase foi prefeito da cidade mais conhecida, internacionalmente, do Brasil. Pérez Roque era considerado uma das estrelas do partido comunista cubano, cometeu um erro indeterminado e está lá, em La Habana, um pária.
Nossos ditadores falaram, Brasil, ame-o ou deixe-o. Para Castro não havia opção, Cuba, ame-a, pois deixá-la você não vai.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Distorções

Pior do que não medir, é medir algo pensando ser outra coisa.
Toda vez que um órgão público divulga os agregados econômicos, tem-se a impressão de que ficamos mais ricos. Ela é, porém, enganosa.
Riqueza é alcançada pelo aumento do patrimônio. Do capital, como dizem os economistas.
Não pela depleção dos recursos físicos, vendendo minério de ferro, para ficar em um caso.
Vamos exemplificar:
Um epidemia de dengue, coisa incomum no nosso rico país, gera aumento do PIB. São gastos recursos para combater os mosquitos e remediar a situação dos doentes. Nos casos extremos, os mortos farão girar a indústria das casas mortuárias. Ela, entretanto, diminui o patrimônio da nação. O capital humano diminui, pelas mortes, e também os recursos utilizados de maneira emergencial.
A forma de aumentar a riqueza, neste caso, é protegendo a saúde da população, preventivamente. Menos recursos seriam gastos e mais vidas salvas. Resultando em mais patrimônio total.
Esqueçam o PIB, ele não nos diz nada.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sonho de consumo



Se eu tenho um sonho de consumo no momento, este é o Kindle. Uma biblioteca às mãos em todo o lugar e livre do peso, sem precisar enfrentar o trânsito paulistano - ou qualquer outra cidade grande do Brasil, as únicas que nos brindam com acesso às livrarias-, ou a espera da entrega. O que mais poderia querer?
Bem, posso querer que exista a disponibilidade do produto por aqui, ou à biblioteca ampla de possibilidades.
Talvez, lá para o ano 2015, tenhamos algo assim por aqui. Temos que ter esperança, afinal dizem que o "gap" digital está diminuindo. Quem sabe?
Aos usuários do Iphone há uma luz no fim do túnel, como diz a reportagem da Reuters veiculada pelo Valor Econômico : "A Amazon.com está distribuindo um software que permite aos usuários do iPhone e do iPod Touch, produzidos pela Apple, acessarem em seus aparelhos livros eletrônicos disponíveis para o Kindle, o leitor de livros lançado pela companhia de varejo on-line. O software gratuito, disponível na loja on-line da Apple, permite que os usuários sincronizem o leitor de livros da Amazon com iPhones e iPods Touch, dando a eles acesso a mais de 240 mil obras disponíveis para o Kindle. Com o programa "Kindle for iPhone and iPod Touch", um usuário pode ler algumas páginas de um livro no Kindle ou Kindle 2 e continuar lendo de onde parou no iPhone ou no iPod Touch". Aos simples mortais, contentem-se em esperar.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Águas de março

Sempre me perguntei o porquê do governo federal não criticar o governo do município de São Paulo pela incapacidade de conter os alagamentos. Acho que esbarrei com a resposta na constituição.
Diz o artigo 21, inciso XVIII: Compete à União planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e inundações (grifo meu).
Como inundação e alagamento só diferem em grau, e subjetivamente, fica impossível aos marketeiros do Palácio imputar à incompetência da administração rival a solução de problemas que são de sua alçada.
Isso, inclusive, já ocorreu quando, em uma das muitas crises de segurança pública do estado do Rio de Janeiro, os governos federal e estadual bateram boca publicamente sobre de quem era a culpa de os bandidos portarem armamento pesado.
Os representantes da União diziam que a culpa era da falta de policiamento; os do estado retrucaram dizendo que o Rio de Janeiro não produziam armas e, se estas lá chegavam, era a Polícia federal que falhava no controle das fronteiras. No fim, tudo ficou como dantes no quartel de abrantes, como dizia minha mãe. E todos saíram com a imagem chamuscada.
Na administração pública brasileira, nada é lá muito eficiente, mas tudo que depende de mais de uma pessoa é certeza de fracasso.
Usando outro velho dito popular: cachorro com muitos donos morre de fome.

terça-feira, 10 de março de 2009

Capoeira Legends

O Brasil é um produtor de conteúdo respeitado internacionalmente. A música, especialmente, é considerada de excepcional qualidade, mas somos exportadores de software, em muitos nichos de mercado, e, vez ou outra, emplacamos um "blockbuster" cinematográfico.
A indústria de jogos eletrônicos, ou, como preferem os aficionados, "games",como o cinema, é uma síntese das demais formas de apresentação de conteúdo. Se a produção de filmes é considerada a sétima arte, talvez os jogos eletrônicos seja a oitava.
Nada mais adequado que nosso país produza os seus entretenimento digital também. É incipiente a produção, mas crescente. Em 2004, foi criada uma associação para congregar as empresas do mercado promissor,a Abragames, mas durante muito tempo buscou-se mais emular os estrangeiros do que fazer algo caracteristicamente nacional.
Creio que, quanto mais abrasileirada for a produção daqui, melhores serão as chances de destacar-se no mercado. Sendo um igual, só se destaca quem pode investir muito em propaganda e marketing. Sendo exótico, e com qualidade, a mídia espontânea encarrega-se de grande parte do serviço.
Neste sentido, acredito que o "Capoeira Legends" seja realmente um avanço na indústria. Os desenvolvedores correm o risco de ganhar dinheiro, como sói acontecer com quem investe na cultura brasileira, ou o que os estrangeiros pensam ser ela. Quem aqui se esqueceu da famigerada lambada, aquele ritmo franco-brasileiro. Não se perde o mercado nacional e disputa-se o externo.
Veremos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Shaquille Nazário de Lima

Quando o Shaquille estreou 16 anos atrás, as tabelas da NBA tiveram que ser redimensionadas.
Ele fazia isso:



E isso:



Agora o Brasil terá que passar pelo mesmo processo. Reformar todos os alambrados. Eles não suportam nosso astro de peso.



Cada país tem o O'Neil que merece.

Música para os olhos, seguida de uma para os ouvidos

Hoje em dia há música para todos os gostos.
Seguem aí dois clipes de cantoras inspiradas pelo R&B norte-americano.
O primeiro, para os olhos.

<a href="http://www.joost.com/135ce1v/t/Beyonc-feat-Bun-B-and-Slim-Thug-Check-On-It">Beyoncé feat. Bun B and Slim Thug - Check On It</a>

O segundo, para os ouvidos (convém nem olhar).

<a href="http://www.joost.com/136000w/t/Amy-Winehouse-Tears-Dry-On-Their-Own-Live-in-London">Amy Winehouse - Tears Dry On Their Own (Live in London)</a>

Se você olhou, vai aí um comentário: e eu que pensava que dançava mal.

domingo, 8 de março de 2009

Tecnologia pré-colombiana

Edward McBride, correspondente para Energia e Ambiente da revista The Economist, fez uma extensa reportagem sobre a destinação e manejo do lixo. Ela foi lançada na penúltima edição, e pode ser lida na íntegra aqui. Se preferir, ouça um resumo.
Nela, descobriu que muitos estão conseguindo transformar lixo em um recurso. Em uma tradução livre, diz algo mais ou menos assim, que colocarei pretensiosamente entre aspas. "Muito dele [lixo] já é queimado para gerar energia. Tecnologias mais inteligentes que transformam-no em fertilizantes ou químicos ou combustível estão sendo desenvolvidos o tempo todo. Visionários vêem um futuro no qual coisas como rejeitos domésticos e fezes de porcos irão prover o combustível para carros e casas, afastando a necessidade dos sujos combustíveis fósseis. Outros imaginam um mundo sem lixo, com rejeitos sendo rotineiramente reciclados".
A resposta, talvez, não esteja no futuro, mas no passado amazônico. Atende pelo nome de Terra Preta de Índio, uma tecnologia pré-colombiana que ninguém sabe exatamente como reproduzir, mas cujos efeitos estão à vista dos caboclos amazônicos há séculos.
Fiona Harvey, do Financial Times, reproduzido pelo Valor Econômico de quinta-feira, (assinante, leia aqui), relatou mais sobre esta esperança dos ecologistas. Ela seria:" Densa, rica e argilosa, representa um contraste gritante com os solos pobres da região[amazônica]. Parece paradoxal, mas os solos da floresta tropical têm baixa fertilidade."
Ela continua, dizendo que a terra preta "agora é objeto de intensas investigações de cientistas que estudam as mudanças climáticas. A tenacidade do carvão da terra preta, retendo suas propriedades fertilizantes ao longo dos séculos" fez os cientistas buscar reproduzi-la utilizando os modernos avanços científicos.,
O biocarvão, componente já identificado do composto tem características que encaixam-se perfeitamente com as necessidades apontadas por McBride na The Economist para o uso correto dos rejeitos. Fiona aponta que, o mateiral:"Quando é produzido, cerca de 30% de sua biomassa é transformada em carvão, outro terço em gás de síntese que pode ser queimado para gerar eletricidade; e o restante em um substituto do petróleo bruto, que pode ser muito útil na produção de plásticos, embora de difícil uso como combustível para transporte. Tim Flannery, um eminente naturalista e explorador australiano, argumenta que essas propriedades do biocarvão permitem "resolver três ou quatro crises cruciais de uma só vez: a crise da mudança climática, a crise energética e as crises dos alimentos e da água", porque colocar o biocarvão no solo não apenas o fertiliza, mas também ajuda a reter água"
"A quantidade de biocarvão a ser produzida depende da aceleração ou desaceleração no processo de pirólise: métodos rápidos produzem 20% de biocarvão, 20% de gás de síntese e 60% de bio-óleo, ao passo que métodos lentos produzem cerca de 50% de biogás e quantidades bem menores de óleo. "É também muito mais fácil tornar mais lenta a pirólise", diz Adrian Higson, do Conselho Nacional Britânico de Colheitas Não-alimentícias. "E mais barato". Como as modernas usinas, a pirólise pode ser alimentada exclusivamente com gás de síntese, a produção fica entre três e nove vezes o insumo energético necessário, segundo o Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável"
Temos, então, um produto que os índios já sabiam ser o ideal para nós. Basta utilizá-lo. Honraremos os ancestrais, beneficiaremos o meio-ambiente e, vejam só, ganharemos dinheiro,

sábado, 7 de março de 2009

Na aba

Lucia Hippolito botou o dedo na ferida ontem, Lula está tentando fazer caridade com a carteira alheia, novamente.



O homem nunca se preocupou em dar factibilidade ao que diz, pois nunca administrou nada. Isso mesmo, nada. O Brasil teve a sorte, até o momento, de não precisar de governo. E a, assim chamada, Administração Federal está operando no automático.
Pois não é que Lula resolveu inovar neste final de temporada no Planalto. Disse que iria trabalhar, anunciou metas e colocou a mão no cofre, alheio.
Os donos dos Orçamentos aliviados reclamaram, é claro. Essas residências anunciadas não sairão. A propaganda, porém, já foi feita.
Em meados de 2010, no palanque, haverá um barbudo vociferando o quanto as elites locais atrapalharam os seus nobres planos. Espero que as elites retruquem, mas está difícil de acreditar, imaginando daqui.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sustentabilidade é isso aí

Vejam este vídeo:


E depois esse:


Meu velho Anuário Agrícola indica que, em 1988, os técnicos da Epagri, em Maria da Fé, já pesquisavam, há anos, seu cultivo. Temos, então, mais de duas décadas de pesquisa apenas dedicada à oliveira mineira.
De que adianta, porém, conseguir melhorar as tecnologias de produção se os terrenos que poderia ser utilizados para plantar estão agora fora da lei?
Vai restar a este povo todo a opção do vídeo abaixo, ficar remoendo os velhos tempos da roça. Em um grande centro urbano.
Isso tudo para preservar algo que não existe mais a séculos.
O resultado será o que todos conhecemos, em toda a terra devoluta ou pública brasileira, deixada à margem da integração econômica, há ou conflitos fundiários ou desmatamento criminoso.
Impedimos os atuais agricultores de trabalhar para dar serviço aos policiais e cangaceiros do futuro. Bela troca , verdadeira prova de desenvolvimento sustentável.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Across the Universe

Não sou um cara muito ligado nos cadernos de cultura do jornais, para ser honesto eu nem os abro, então é fácil, para mim, encontrar um filme do qual nunca tenho ouvido falar e gostar dele.
Muitas vezes isso aconteceu com os chamados "blockbuster", como "Do que as mulheres gostam" e "Gladiador", os quais assisti no cinema sem ter a mínima idéia do que se tratavam, além do passado pelos títulos, é claro, e foram gratas surpresas. Também fui vítima de umas bombas que, como uma certa personagem de tv, prefiro não comentar.
Uma produção que agradou recentemente e passará daqui a pouco, onze horas da manhã, na HBO, foi "Across the Universe".
Retratando os anos de agitação social nos Estados Unidos envolvido na Guerra do Vietnã, o folme baseia-se em canções dos Beatles, garantindo um envolvimento emocional com a trilha sonora, em todas as suas faixas, de qualquer um com mais de 20 anos, já que a última onda de saudosismo sobre a banda ocorreu em meados da década passada.
Como todo o musical, que tem cara de ter sido primeiro da Brodway, mas não sei ao certo, não se aprofunda muito no enredo, uma vez que tem de mostrar músicas e mais músicas, mas deixa a mente viajar bastante.
Tendo uma história de amor como pano de fundo, o mais importante da produção é, na minha opinião, provocar reflexão sobre as consequências que guerras trazem, mesmo para quem nem ao menos estava vivo enquanto elas aconteciam.
Se está lendo este texto por volta do horário do filme, é sinal de que não está trabalhando no momento, talvez devido às marolices. Então gaste o seu tempo assistindo ao filme. No mínimo verá a gatinha cantora aí embaixo em uma definição melhor. Vale a pena.


Só para constar

Dois trechos do jornal Valor Econômico de anteontem, só para ilustrar dois postos do mês passado (para ter acesso a eles, basta clicar em regulação do trabalho, nos marcadores abaixo.

"Segundo dados levantados pela Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), nada menos do que 78% dos juízes trabalhistas são contra a possibilidade de demissão imotivada"

"Segundo Montesso, há uma tendência de as empresas acharem que a demissão é uma decisão meramente econômica, mas, principalmente no caso das demissões em massa, trata-se de um problema social. A Constituição Federal garante que a atividade empresarial também tem uma função social, diz o juiz, o que garante que não há necessidade de uma lei específica para dizer que as demissões precisam ser justificadas e negociadas"

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mantendo nosso ministro, acabaremos assim

O ministro Tarso Genro acha que o MST está apenas mais arrojado do que o comum. Isso após 4 execuções sumárias. Também acha que um homem condenado por 4 assassinatos, e que teve sua pena confirmada por tribunal supranacional europeu, está sendo perseguido pelo governo italiano a três décadas. E, claro, deu-lhe o refúgio, que é, segundo o site do Ministério da Justiça, aos grupos perseguidos.
Na parte política, estamos emulando as práticas da década de 70, do século passado. Já na jurisprudência, estamos sendo um pouco mais de arrojados, queremos avançar mais rápido, e aposto que chegaremos lá.
Com os tribunais do magistrado Jaime, teremos logo, logo, chegado à moderna lei de talião, cujo exemplo pode ser encontrado no vídeo. Alcançaremos, porém, o Código de Hamurabi, 3700 anos, para trás.


Questão de princípio

Não sou advogado, mas, nas poucas aulas de direito que tive na vida, fiquei sabendo de uns tais de princípios da administração pública. Entre eles havia o da impessoalidade.
Se vocês, como eu, estão mais para lá do que para cá (ver postagem de ontem), devem se lembrar que, no passado remoto, os governos faziam propaganda pessoal do governante. Era, por exemplo, obra da administração "Paulo Maluco" ou do governo "Orestes Quersim". Foram todos impedidos, porém, de fazê-lo, pelo poder judiciário, e passaram a utilizar governo de "unidade da federação" em suas obras.
Isso foi necessário para adequar a publicidade ao princípio da impessoalidade e para garantir ao cidadão a percepção de que a obra não era um presente de x ou y, mas o Estado cumprindo sua obrigação. Criava-se, assim, condições para haver alternância de poder e democracia.
Independentemente do resultado da consulta que os partidos de oposição fizeram ao TSE sobre a propaganda eleitoral antecipada da dupla Lula-Dilma, esse mar de inaugurações de intenções é um claro exemplo de uso da máquina com intenção de promover a imagem de indivíduos, contra, portanto, os princípios da administação pública.
A Justiça pode até fechar os olhos, fará, porém, como os amigos e parentes da brasileira do célebre caso ataque falso de neonazistas. Embalados pelo sonho de crianças imaginárias, fecharam os olhos ao ilícito.
Será que faremos o mesmo com pais, mães, tios, sobrinhos e outros parentes do PAC.

terça-feira, 3 de março de 2009

Perdoe-os Pai, ele sabem o que fazem

O novo Pai dos pobres, senhor das bolsas, afirmou que o MST, por já ter completado a maioridade, sabe o que é certo ou errado.
Tomarei o modo como Ele disse de maneira jocosa, uma piada de mal-gosto, mas piada. Dizer que uma entidade tem consciência de "seus atos" não pode ser sério.
Há, porém, questões a serem levantadas sobre o comportamento daquele amontoado de facínoras, ou apoiadores deles, os dirigentes do movimento. Já houve um tempo em que artistas foram presos por apologia às drogas ou a comportamento imoral (aqui, um exemplo). O que deveria ser feito a quem prega, dia sim, outro também, a desobediência civil, muitas vezes armada?
E tem mais, quem se diz dirigente de um movimento com sede e site, mas sem CNPJ, está, no mínimo, cometendo fraude fiscal. São, portanto, perpetradores de ilícitos. Que soluções estão buscando os membros do Judiciário?
Como disse Ele, a entidade, ou movimento, tem mais de duas décadas de existência. Talvez já fosse hora de sabermos as respostas para essas perguntas, ou não?
Sobre um assunto, entretanto, não resta dúvida, se o MST sabe a diferença entre o certo e o errado, escolheu, definitivamente, pela segunda alternativa. Ao menos se levarmos aquele pequeno detalhe, chamado lei, como régua.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O fim

O Google Adsense diz ter um anúncio personalizado conforme a cara do site.
Não sei se por minhas comunidades ou por minha idade mesmo, abri meu Orkut, dia desses, e o anúncio que me ofereceram foi este: Hiléa.
Como diria Chico Buarque, "já de início minha estrada entortou, mas vou até o fim" que, segundo o Google, está bem próximo.

domingo, 1 de março de 2009

Dúvidas crueis?

"Por fim, uma dúvida: matar alguém, como em Pernambuco, é crime, claro. Mas invadir terras é também crime ou é a única maneira que um movimento social voltado para a reforma agrária tem para chamar a atenção para a sua agenda?".
Esta dúvida acima está na contracapa da Folha de Hoje. Tenho as minhas também.
Será que o senhor Clóvis Rossi (íntegra aqui, para assinates) acredita que cometer ilegalidades trará bons resultados no longo prazo?
Poderíamos fazer como o Paquistão em Swat, deixar a lei do mais forte dominar?
Será?

Justiça caolha.

Editorial do Estadão, de hoje, e argumentação de Dirceu (aqui completa) mostram a que ponto chegamos na imbricação política-justiça.
O ex-ministro disse o seguinte:
"Estamos discutindo um direito, fora o detalhe que, não por minha culpa, a ação já prescreveu, mas o que está em jogo é o caráter e o papel das ações populares. Se os que apelam para esse instituto, sem má fé ou dolo, tem que arcar com as custas dos processos, deixa de ser uma ação popular e um instrumento de fiscalização e cobrança de atos dos governantes, isso sem falar que sendo minha casa, construída depois no terreno, é meu único imóvel, é impenhorável."
Então, segundo ele, por ser popular, uma ação não deve trazer conseqüências pecuniárias? Podemos falar qualquer coisa e não provar, fazendo os cofres públicos arcar com a defesa do denunciado, e depois dizer desculpa, foi engano?
Irresponsabilidade na disputa política é uma arma que não deveria ser usada nunca, as ações e omissões devem ser punidas quando causam dano, e parece ter sido esse o caso. Além disso, se um imóvel é dado como garantia e é impenhorável, não é má fé de quem o colocou nessa situação?
Quanto ao atual ministro, que vergonhoso é tê-lo. Durante sua administração as mortes violentas imbicaram para o sentido ascendente e as instituições do refúgio e do asilo foram desmoralizadas. Como diria o capitão Nascimento: Pede pra sair.
Resta agora saber quem é o dono mencionado na coluna de Élio Gaspari, de hoje, na Folha, no seguinte trecho:
"Com a fuga de Cuba do boxeador Guillermo Rigondeaux, escreveu-se o penúltimo capítulo da uma história iniciada em 2007, quando ele e seu colega Erislandy Lara foram deportados pela polícia do comissário Tarso Genro.
O último será escrito quando se souber com quem Fidel Castro falou no dia em que ele soube do desaparecimento da dupla. Que falou com alguém, falou, pois isso foi contado pelo seu chanceler, Felipe Pérez Roque. Nas suas palavras, o Comandante pediu ao seu interlocutor ajuda para "propiciar e organizar" o repatriamento dos fujões. Pode demorar, mas um dia a identidade do amigo de Fidel será conhecida.
"
Não acredito que teremos grande surpresa, quando ele finalmente mostrar a cara.

Injustiçada ficava a sua avó...

Você fica mesmo é boquiaberto.
A penhora da casa de José Dirceu para o pagamento de dívidas demonstra a celeridade limacídea da nossa Justiça.
A ação que motivou a penhora remete ao governo Quércia, aquele dos bois laçados no pasto nos velhos tempos em que Sarney era presidente - do Brasil. Um Fleury, um e meio Covas, um e meio Alckmin e meio Serra depois, o processo conseguiu chegar à (rufam os tambores) segunda instância, bem distante do fim. Chegou também a um resultado potencialmente nulo, pois, segundo o advogado de Dirceu, a dívida não será paga, porque está prescrita.
Conclusões como essa são a razão da falta de credibilidade do sistema jurídico brasileiro. Se o início do litígio ocorreu devido a compra de 30 caminhões, claramente por motivação política, quando ele encerrar-se definitivamente os veículos já terão virado sucata e os políticos estarão em casa, aposentados (como sou ingênuo).
Diga-me, qual cidadão comum e honesto gostaria de embrenhar-se em uma pendenga que surtirá resultados práticos quando estiver morto. Essa lentidão do judiciário é a matriz dos desrespeitos ao brasileiro, dos direitos humanos mais básicos às relações econômicas. Picaretas fazem os maiores absurdos sabendo que esses terão como consequência apenas algumas horas diante do juiz, se tanto.
Enquanto essa falha não for sanada, Estado de Direito será sempre uma palavra bonita, e democracia apenas uma esperança.