quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Pelo critério de maturidade penal

Dizer que é incompreensível que uma pessoa tenha responsabilidade para escolher o presidente de um país e não para discernir se roubar e matar é errado é chover no molhado.
Deste modo a discussão sobre qual devem ser os parâmetros para a responsabilização penal pode e deve ocorrer; porém a forma como ela tem sido feita é completamente equivocada. Como, aliás, é normal sempre que algo é controlado pela rígida cronologia.
Saber se a maioridade penal será alcançada aos 18,19 ou 10 anos pode tranqüilizar a classe média por um breve período, mas não resolverá o problema da violência juvenil, que o motivo do início da discussão e razão de ela ser tão acalorada.
Se algo pode ser retirado de bom deste debate é a possibilidade de que se passe a utilizar outro critério para a punição dos infratores, se abandone a maioridade penal e passe a utilizar a maturidade; que é um critério subjetivo e mais difícil de avaliar, porém mais justo (e afinal de contas par que serve a justiça?).
E isso também deveria valer para a licença de direção, a abertura de empresas e tudo mais.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Menos reforma e mais arrumação

Muito se diz que este país não cresce porque não são feitas por falta de reformas.
Entra governo, sai governo; o país fica preso à eterna discussão sobre reformas. Política, tributária, previdenciária, judiciária, etc, etc, etc.
Além de não resolver nada, já que conversa, quando muito evita briga de rua, evita que os ajustes ao que temos já funcionando sejam executados. Leis aprovadas a décadas ainda esperam regulamentação por parte do legislativo e do executivo.
Na prática, toda a medida desburocratizante é um degrau a menos na estafante jornada que as empresas situadas no Brasil precisam percorrer. E quanto mais fácil fizermos esta ficar, mais o Brasil crescerá.
Não nos paralisemos nas grandes discussões para “refundar” o país ou mudar “tudo isso que está aí”. Fazer o trabalho de formiguinha, mesmo que de vez em quando, será um avanço e tanto na administração pública nacional.
Pode não ser glamoroso, mas fará pelo crescimento bem mais do que ficar discutindo eternamente.

Pelas massas

Na revista Época da semana passada foi publicada uma entrevista com o indiano Sanjit Bunker Roy, responsável pelo Barefoot College (entidade que fornece treinamento tecnológico a analfabetos pobres), na qual este citou Gandhi com a seguinte frase: “não precisamos de produção em massa e sim de produção para as massas”.
Pode parecer um simples trocadilho contrário ao que se faz no mundo e vindo de um líder que recebeu e entregou seu país com um dos mais pobres do mundo, só que é a fórmula exata para todos os países que alcançaram o que nós chamamos aqui de primeiro mundo.
É claro que entre estes países há ainda aqueles que têm grande produção industrial feita por uma pequena quantidade de operários, mas – sem exceção – eles não baseiam sua economia como plataforma industrial.
Em todos os países com alta renda per capita existe a massa de trabalhadores de serviços relativamente individualizados que atende-se mutuamente enquanto as necessidades industriais são cobertas em sua maioria pelas importações.
Enquanto isso, aqui nestas paragens, ainda temos defensores do fechamento dos portos e de investimentos bilionários estatais na criação de plantas industriais, e na manutenção artificial destas, para abastecer massivamente os estrangeiros.
E os consumidores daqui a míngua com impostos extorsivos.
Daí se vê porque eles são ricos e nós isso.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

E por falar em HH

O clima está tão envenenado que até quando a Heloisinha Paz e Amor fala algo certo leva bordoada, ou supostamente fala.
No Estadão de ontem há uma entrevista de Arnaldo Jabour em que lá pelas tantas, criticando as idéias dos esquerdistas que estão presos no passado, cita-se uma frase que ele atribui a HH: “Não é verdade que a previdência tenha déficit, ela está com superávit”.
Jabour diz que isso é uma insanidade, só que não é, é verdade.
A previdência social para os trabalhadores ainda é, e não por muito tempo, superavitária. O problema é que dos cofres do INSS saem uma série de pagamentos para assistência social pura e simples, como as “aposentadorias” rurais para quem nunca contribuiu com o Instituto.
O diagnóstico da moça está corretíssimo.

Por uma reestruturação da dívida

Muito já foi escrito neste blog sobre Selic e outras facetas dos juros, mas hoje será diferente. Irei radicalizar.
O radicalismo dos ignorantes, já que não sou economista, e dos irresponsáveis, não tenho um nome a zelar ou emprego a manter.
Portanto a partir deste momento: a baixo com a dívida.
Não que eu defenda que o Brasil deixe de pagar; só defendo um “q” de voluntarismo na condução da política de juros, ao molde do defendido por Heloisa Helena (meu deus, veja onde estou me metendo).
Não há lógica alguma na atual política, e procuro me pautar sempre pela lógica, então ela deve mudar já, para o bem da nação.
Veja o porque da ilógica. Tomemos o PIB como base 100.
A dívida pública é de cerca de 50% do PIB e o pagamento total de juros é de 6,8% e o superávit primário esperado é de 4,25%, o que faz com eu o déficit fiscal projetado é de 1,55% do PIB.
Do modo que está a dívida não será paga nunca e, mais cedo ou mais tarde, a reestruturação virá. Que seja mais cedo, agora, enquanto não é necessário um calote.
Com base nos números apresentados, percebe-se que pagamos uma taxa de juros sobre o total da dívida de 13,60% que, desconta a inflação, implica em juros reais de mais de 9%. Com um mundo aplicando taxas que são menores que 3%, vê-se que há muito de onde se retirar.
Como o déficit equivale a 2,9% da dívida total, observa-se que se poderia eliminar o déficit sem que ocorresse nem ao menos a equiparação da taxa de juros ao da média mundial.
Mas a diminuição da taxa de juros em toda a dívida em uma canetada seria uma quebra de contratos, não seria?
Sim, seria, a menos que ela ocorresse de forma desigual. Se deixaria os contratos pré-fixados inalterados e se concentraria a redução da taxa de juros nos contratos pós-fixados atrelados à Selic.
Como estes representam cerca de 45% do total da dívida, bastaria que se reduzisse a taxa em cerca de 6 pontos percentuais para que o déficit evaporasse e a dívida estabilizasse. E a taxa de juros reais ainda estaria acima da média mundial.
Todos os contratos seriam cumpridos e não penhoraríamos o nosso futuro.
Pensando bem isso não parece assim tão radical, então por que será que ninguém faz?

Também estou na campanha da Nariz Gelado


E todo mundo comigo: onde está o dinheiro... que ninguém viu...foi pro estrangeiro...onde está o dinheiro

domingo, 24 de setembro de 2006

Dizem que dá certo

Para impulsionar minhas "page-views" estou usando a tática dos blogs de sucesso, não custa nada tentar.
Então aguentem aí uma letra de música. Uma que era cantada normalmente pela Gal Costa.

Onde está o dinheiro?
Onde está o dinheiro?
O gato comeu, o gato comeu
E ninguém viu,
O gato fugiu, o gato fugiu
O seu paradeiro,
Está no estrangeiro,
Onde está o dinheiro?

Eu vou procurar
E hei de encontrar
E com dinheiro na mão
Eu contro um vagão
Eu compro a nação
Eu compro até seu coração

No norte não está
No sul estará
Tem gene que sabe e não diz
Está tudo por um triz
E ai está o xiz

Será que ele esqueceu

Estava dando uma olhada no meu Orkut e tem uma comunidade chamada "Se eu não lembro, eu não fiz".
Comecei a pensar e aí caiu a ficha.
Dois anos atrás houve uma reportagem sobre um presidente do Brasil que quase resultou em expulsão do jornalista, retratava um possível alcoólismo.
Se eu não lembro, eu não fiz; se ele não lembra, ele não fez, acho justo afirmar.
E certamente não sabe.

Pra não deixar dúvidas

O comitê de campanha de reeleição do Lula não tem nada a ver com o caso do dossiê, que passaremos aqui a chamar de "Águagate", porque não teria nada a ganhar com isso.
A culpa é toda do comitê de campanha do Mercadante, a despeito de um dos detidos ser funcionário do comitê do Lula e de meia dúzia dos demais implicados no caso trabalharem no mesmo e não no de São Paulo.
Inclusive não há como o dinheiro ser da campanha do Lula, já que nenhum dos envolvidos de lá mexia diretamente com recursos contabilizados. E é claro, na campanha do Lula não há "recursos não-contabilizados", pois caixa dois é coisa de bandido, apesar de isto ser uma prática disseminada nas outras agremiações e coalizões.
Se apareceu dinheiro com o Gedimar, ele que explique de onde saiu, o comitê não tem nada a ver com isso.
Explicado, não?

Agora está explicado

Como eu não pensei nisso antes?
Como está explicitado no Blog do Josia de Souza o PSDB estava mesmo enrolado com o tal dossiê.
A prova?
Ele teria oferecido 10 milhões de reais pelo mesmo, pelo menos na versão do petista do BB, Expedito Veloso.
Isso significa que o PT ofereceu mais pelo documento?
Não, explica o petista, o Vedoin teria fornecido o dossiê ao partido gratuitamente, abrindo mão dos 10 MILHÕES DE REAIS para construir pontes com a futura administração petista, caso o povo lhes renovasse o foto de confiança.
E quanto ao dinheiro aprendido com os caras de nome esquisito?
Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe, provavelmente falou o Expedito.
E relembrando o saudoso Raul Seixas, deve ter terminado o interrogatório cantando:
"... e pra quem provar que estou mentindo,
Eu tiro meu chapéu... porque
Eu nasci, a dez mil anos atrás..."

sábado, 23 de setembro de 2006

Simancol

"Cicarelli passou dos limites."
Adivinhem quem é a pessoa cheia de moral para dizer uma coisa dessa.
Não tem muito a ver com o tema geral do blog, mas escândalo vende jornal. Vai ver da uma turbinada no meu blog também.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Teoria da conspiração

A primeira vista a teoria do Reinaldo Azevedo parece ser um enredo de filme holliwoodiano, só que o enredo conspiratório está cada dia se mostrando mais próximo da verdade.
Pelo menos é o que a polícia disse.
Veremos.

Prestem atenção

Ouça isso.
Preste atenção na parte em que se afirma que gente honesta não negocia com bandido.
Bem falado; eu apenas me pergunto como se classifica que extorque bicheiro, quem compra deputado, quem fabrica dossiê, quem anda com dinheiro “não-contabilizado”, etc, etc e etc. E também se o entrevistado está confessando falta de honestidade com a frase ou é apenas um ato falho.
Mas o fato é que um funcionário da campanha de Lula confirma que negociou o tal dossiê, portanto não deve ser honesto, assim como os demais afastados, que ou estavam envolvidos diretamente na negociação ou esqueceram convenientemente que sabiam que havia negociações.
Enquanto isto o republicanismo anda em alta, não?
O ministro Bastos disse que “Não se pode condicionar uma investigação policial à lógica e ao tempo de uma campanha eleitoral. Não se pode prejudicar uma investigação para obter efeito eleitoral”.
Então como ele explicaria a nota abaixo postada no site Cláudio Humberto :
Apuração sob controle
A apenas seis dias úteis e três programas gratuitos na tevê da eleição do dia 1º, o Palácio do Planalto estabeleceu ontem uma estratégia para impedir o crescimento da crise da gangue do dossiê: ainda que seja descoberta a origem do dinheiro apreendido com os petistas em um hotel de São Paulo, a informação somente seria divulgada após a eleição. Lula quer o Coaf e a Polícia Federal “sob controle” para não vazar a descoberta. Vai ser difícil.”
Vai mesmo, já que a polícia já anunciou de onde saiu o dinheiro (três bancos e tal) e será muito difícil dizer que não é possível saber por meio destes três bancos quem sacou.
E também seria bom explicar por quê o delegado responsável pela prisão dos petistas foi afastado do caso, se é que é possível.
Certo está o blogueiro Ricardo Noblat na sua análise sobre a tentativa do governo de alegar ser tudo um golpe das “elites”.
Ridículo alegar isso, a verdade é que os nossos líderes não têm moral para mais nada.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Atendendo a pedidos

Lá vou eu dar uma de Vigêi:
Este vai da oposição e é dedicado à Polícia Federal e ao ministro Bastos.
Show me the money.

E o cordão dos com-vergonha...

...cada dia aumenta mais.
Ontem surgiu uma leva e hoje um que trabalhava bem pertinho do Mercadante, que - vocês não vão acreditar de novo - não sabia de nada.
Do jeito que as coisa andam, Mercadante não será governador, só que sua campanha para presidente do PT começou com o pé direito.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Vocês não vão acreditar

Depois do Genoíno assinar sem ler e do Lula ser traído, mais um presidente do PT mostra sua ignorância.
Não é atoa que o candidato que defende tanto a educação - o Buarque - abandonou o partido. Devia ser duro para ele aguentar o entorno.

Voltando à psicanálise

Se tiverem oportunidade, leiam o que diz Mercadante à Folha de hoje.
O senador-candidato pede que retire-se o dossiê anti-tucanos da pauta das eleições. Tudo muito bonito, muito limpo, muito ético, não fosse um detalhe. Na política só um meio de se deixar algo fora da pauta, não colocando-o lá.
Depois que entrou, não sai mais, a não ser que outra coisa se imponha pelo grau de escândalo que possa provocar. E nesses dias não há como duvidar que este algo possa aparecer.
E Mercadante disse mais. Disse que, foi mais ou menos assim, se tiver alguém do PT envolvido neste caso tão sórdido que tenha vergonha na cara e assuma o que fez. Dois já tiveram, aqueles que estão presos. Um é membro de um diretório estadual e outro é funcionário do partido. E há o inexplicável Freud, citado.
É pura psicanálise que tantos filhos diletos do novo Pai da Pátria – que também é irmão mais velho de outros patriotas América Latina afora – façam de tudo para aparecer no noticiário policial. É tudo muito novelesco, algo assim laços de família, filho querer aparecer para o pai. Só falta fundo musical: “Olha aí, é o meu guri...".

Envenenados

Tá certo que houve um certo exagero por parte da turba, mas é isto que está faltando por parte da massa neste país; sair às ruas e dizer o que pensa, se é que pensa alguma coisa.
Se a admissão de uma mentira eleitoral em uma gravação causa este rebuliço na Hungria, por quê a admissão das bravatas, e depois do “o PT só fez o que é feito sistematicamente neste país” e depois do “eu não sabia e fui traído” e ...
Citei aqui a algum tempo a música do Skank (lembrem, “ a nossa indignação é uma mosca sem asas, não ultrapassa as janelas de nossas casas”), pois agora vejo que ela não condiz com a realidade, alguém deve ter borrifado veneno pela casa e a mosquinha morreu, uma pena.
Vai ver a diferença é que os húngaros têm sangue huno, daqueles bárbaros e ferozes que conta a história, e os brasileiros têm se mostrado com sangue de barata.
Mas recordemos, o mesmo veneno que mata mosquinhas freqüentemente intoxica baratas também.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

O que dizer?

Diante de tal descalabro na política brasileira, o que podemos nós falar?
Dois membros do PT são presos em situação muito estranha, aparentemente ligada a compra de dossiê contra candidatos tucanos, e o presidente do partido diz que é necessário investigar se há irregularidades nele. Isso depois de tudo que vimos no escândalo que a política se transformou nesta administração.
Um funcionário ligado diretamente ao gabinete da presidência é implicado por um dos presos e, vejam só, se chama Freud. Só que ao contrário do famoso, não explica nada.
Então fico eu aqui sem saber o que dizer. Se nem Freud explica, quem dirá eu.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Grandão bobo

Depois de um breve período em que pensava que estava abafando em matéria de política externa, o Brasil caiu na realidade: não passa do grandão bobo da América do Sul.
É cada dia mais irrelevante nas discussões comerciais mundo afora e agora tem que aceitar que o no nosso quintal tem gente roubando goiaba, ou refinarias, dá na mesma.
Dizer que o governo tem que ser menos ideológico e mais prático nas negociações internacionais é algo hipócrita, aceito; só que defender os interesses nacionais é uma imposição legal para a chancelaria e os poderes constituídos.
E defender os interesses nacionais significa fazer com que nosso comércio internacional se solidifique, que tenhamos acesso a recursos energético e assegurar o cumprimento de acordos nacionais que tenhamos ratificados, tudo que não estamos fazendo nestes cinco anos.
E na prática o que está acontecendo? Estamos sendo vítimas de bulling, sendo o playboizinho que leva um lanche muito saboroso à escola, lanche que é tomado por outro aluno. O pior é que este nem está sendo tomado por um estudante mais forte; quem está levando o botim é um piralhinho, o fracote da turma.
Brasil, cria vergonha na cara. Se você quer alimentar os mais fracos, o faça. Mas não a força, caramba.

Só pode ser piada

Agora o Lula está dizendo por aí que FHC anda falando demais.
Só pode ser piada.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Pela reeleição

Com a candidatura Alckmin desacreditada, esfriou o debate sobre a conveniência ou não da reeleição para os cargos executivos no Brasil; mas como não dei minha opinião, o farei agora.
Sou totalmente favorável à possibilidade de reeleição pelo simples fato de que ela poupa o eleitor de muito papo furado e de alguma irresponsabilidade pública.
Os que são contrários a ela afirmam que é uma experiência fracassada e só, sem dizer onde ela fracassou e o por quê. Pois acredito que foi uma experiência vitoriosa.
A utilização da máquina pública para fortalecer o candidato da situação sempre ocorreu, porém antes ela tinha que ser mais poderosa. A maioria dos candidatos situacionistas era escolhida entre figuras obscuras do círculo íntimo dos governantes, politicamente fracas o suficiente para não escaparem do controle e fortes o bastante para serem eleitas.
Desta forma, rios de recursos públicos fluíam para popularizar estes candidatos que, se eleitos, funcionavam como testas-de-ferro dos ex-governantes e também como anteparo e escada para futuras eleições, já que os eleitos precisavam retribuir de alguma forma, muitas vezes ilícita.
Com a reeleição diminui-se muito a utilização de testas-de-ferro e a máquina pública não precisa ser posta em uso para popularizar ninguém, só para reforçar o que já é popular. Além disso, aliada à lei de responsabilidade fiscal, inibe a prática de arruinar o caixa da administração para o próximo governante recompô-lo, uma vez que o próximo poderá ser o próprio gerente do caixa.
Portanto a desculpa esfarrapada de que a reeleição faz com que se aumente a tentação para uma administração irresponsável não se justifica; tampouco há elementos para dizer que ela impede a alternância de poder.
Há fartos exemplos de permanência de grupos, até mesmo de quadrilhas, no poder Brasil afora antes da lei que possibilitou a reeleição, assim como há de alternância após a lei.
Quere generalizar casos particulares é um defeito que persegue nossas legislaturas e querer fazer leis que focam na exceção foi o que nos trouxe até este ponto.
Na maioria das vezes o melhor a fazer em caso de dúvidas é nada. Nossos legisladores não pensam assim e vivem fazendo leis para consertar as que fizeram anteriormente, é o que podemos chamar de um erro após o outro.
Deixem a reeleição quieta; se daqui a quatro ou cinco governos os fatos mostrarem que ela não nos favorece, reforme-se a lei; independentemente de Serras, Aécios e Lulas. Simples assim.

Obs: lembrando que a no caso da presidência a reeleição pode esperar um pouco mais.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Insistindo no passado

É público e notório que o ápice da carreira escolar de nosso mandatário-mor foi um diploma de torneiro mecânico pelo Senai de São Paulo. Isso explica muito da política educacional e da visão de educação desta administração, que – adivinhem – acho estar equivocada.
Ela se baseia na formação profissionalizante, de preferência precoce, em detrimento da generalista. Não é por outros motivos que se fala na “revitalização” do ensino técnico e na criação de faculdades em todo e qualquer cantinho do país. Ou seja, a glorificação do passado quando o mundo parecia imutável ao se olhar adiante, e o máximo era a especialização do ser humano através da obtenção de um diploma.
Observe que não quero com isso dizer que o ensino universitário ou técnico é uma perda de tempo. Quero sim afirmar que o sistema de ensino está sendo conduzido para o lado errado. E o pior é que tanto a administração Lula quanto uma volta ao poder do PSDB (que apoio no atual pleito, vocês bem sabem) pelo candidato atual parecem querer aumentar a velocidade na direção errada.
Destes que postam a nossa frente, apenas Cristovam Buarque parece enxergar que não adianta querer corrigir o sistema educacional pelo topo.
A educação formal há muito deixou de se encerrar com a obtenção de um diploma de terceiro grau, ou de um mestrado ou até de um doutorado. Ela é um processo contínuo e o que deve ser ensinado aos alunos é a aprender, coisa que ele vai fazer durante toda a sua vida, profissionalmente ou não.
Enquanto não entrar na cabeça do povo brasileiro – e conseqüentemente, dos dirigentes e líderes deste povo - que este “bacharelismo” é um sinal de atraso, nós não vamos para frente; ficaremos apenas andando de lado, expressão da moda no momento que demonstra o que estamos fazendo por séculos.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Falta de vergonha

Bem, se você lê esse blog com freqüência sabe que demonstro uma fé quase cega no Brasil e seu povo; do qual excluo os dirigentes políticos em quem não tenho fé nenhuma.
Pois acho que terei que mudar o tempo verbal desta fé. Ela está ficando cada fez menos cega e já tenho até data para dizer aos quatros cantos: não tenho fé nenhuma.
Isso acontecerá no dia que Lula for declarado vencedor desta eleição presidencial que se aproxima. Claro que apenas se ele for vencedor (ainda tenho um pouco de fé – lembrem – e não acho possível que nós o reelejamos).
Um Lula vencedor significará simplesmente o reconhecimento do povo brasileiro de que a honestidade na administração pública não compensa. Que o clientelismo é a melhor arma e que a competência e a coerência não são fatores levados em conta pelo votante.
O pior é que não é apenas isso; o grupo que está no poder hoje é representante não só lesa os cofres públicos agora como tem um longo histórico de luta contra o bem público através oposicionismo selvagem e irresponsável; não preciso lembrá-lo das famosas bravatas pré-poder.
Em entrevista à Folha de ontem, Francisco Weffort diz que Lula é uma nova versão do bordão “rouba, mas faz” criado para Adhemar de Barros e colado depois a imagem de Maluf. Seria mesmo similar, caso não houvesse o ineditismo de que agora não são apenas acusações; são crimes documentados, indiciados e confessados, o que torna o fato de não ter sido julgado ainda irrelevante do ponto de vista eleitoral.
São criminosos dizendo que só fizeram o que sempre foi feito na história deste país e esquecendo que sempre afirmaram que deveriam ser postos lá para acabar com e mudar “tudo isso que está aí’.
Ou seja, caso reelejamos estes senhores estarem passando um atestado de falta de vergonha na cara. E triste, mas os especialistas dizem que o faremos; e no primeiro turno, que é para não deixar dúvidas.

Só para lembrá-los vai aí uma daquelas do Arnaldo, Let´s dance .

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Dois mais dois

Você tem um troquinho, algo assim como 270 bilhões de dólares, para investir e fica em dúvida com o que fazer.
Aí pega uma parcela de 150 bilhões e aplica nos títulos do governo e recebe no final do ano, praticamente sem riscos e sem nenhum trabalho, a módica quantia de 30 bilhões de dólares para fazer o que bem entender e sem prestar contas a ninguém. E se tiver a fim de sair da mamata, é só falar e pegar seus 150 de volta.
O resto você aplica na atividade produtiva, torce para fabricar algo que as pessoas estejam precisando ou querendo, contrata pessoas e constrói fábricas. Se der sorte, e tiver escolhido muito bem onde aplicou, pega no final do período uns 5 bilhões. E tem um monte de gente pendurada na sua empresa, com os contratos trabalhistas e outros quetais.
E tem mais; se quiser pegar os seus 120 bilhões de volta não pode, já que estes se transformaram no capital social de uma empresa. Só recupera se vendê-la.
E tem gente que pergunta porquê os empresários não investem na produção e o Brasil não cresce. E tem gente que pergunta porquê dois e dois são quatro.
E mais ainda; tem gente que não entende as razões que levam nosso país a patinar no crescimento nominal desde que a inflação foi debelada. Será que é a falta da mágica contábil que ocorria antes? E os juros reais mais altos do mundo? E a maior carga tributária da categoria? E a legislação trabalhista mais anti-empregador do mundo?
Não, não pode ser nada disso. Deve ser falta de vontade política.
Só pode ser isso.