sexta-feira, 29 de julho de 2005

Vocês repararam...

Que faz um bom tempo que nenhuma lei é votada no Congresso Nacional e que temos mais de dois meses de greve dos servidores da Previdência.
Estes episódios, junto àquele da greve do judiciário paulista no ano passado, mostram a total inoperância do nosso aparato público.
Certos órgãos podem ficar dois, três meses parados que nada acontece. Os contribuintes que iriam ser mal-atendidos continuam sendo mal-atendidos, ou não-atendidos, a bolsa segue em frente, o dólar não muda de patamar e o ártico não desgela, em suma, estes órgãos são irrelevantes.
Não que o sejam por falta de utilidade, seria muito importante que estes atuassem, só que como não fazem o que deveriam, melhor que fiquem parados oficialmente.
Pelo menos não somos obrigados a pagar as verbas de viagem ou de cafezinho para eles. E se houvesse um mínimo de decência e comprometimento dos dirigentes, não teríamos que pagar os salários destes meses parados também.
Continuo firme na minha opinião de textos anteriores. Se os funcionários públicos querem salários maiores, que façam por merecê-lo, prestando serviços melhores.
Já estamos cansados de pagar por nada e ainda sermos ameaçados por uma plaquinha onde está escrito que é delito desrespeitar funcionários públicos enquanto estes exercem suas funções.
Caso realmente exercessem suas funções, estas placas, e lei, não precisariam nem existir.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Dúvidas impertinentes

A semana (parlamentar) acabou e o mundo não foi junto, para o desespero de uns e o alívio de um outro tanto (principalmente no Parlamento), então vamos tentar entender umas coisinhas.
Para que serve este tal de Coaf?
Pelo que está parecendo, para nada. Se ele foi pensando como uma maneira de coibir a lavagem de dinheiro, é um fracasso. Se para tornar mais rápida a fiscalização outro. Se para verificar especificamente o nome de assessores parlamentares quando fazem grandes saques, bingo, serve para algo, mas não parece algo muito restrito para a ferramenta? Ou será que alguém no Ministério da Fazendo estava fazendo vista grossa? Creio que o responsável pela fiscalização desta área deveria fazer uma visitinha à sala da CP(M)I para explicar umas coisinhas. Nem tanto por uma possível má-fé (que sabemos que não há neste governo, pois estamos “convencidos” de que ele “não rouba nem deixa roubar”), mas por parecer mais uma das fontes de desperdício de dinheiro público, cadastros acumulando poeira em alguma salinha qualquer.
Como até agora ninguém quis ouvir nem aos diretores da Usiminas, nem dos bancos Rural ou BMG e muito menos da GDK?
Todo os dias somos bombardeados com foi uma doação de fulano, um empréstimo de cicrano ou de beltrano e nada, nem unzinho dos responsáveis por cicrano, beltrano e fulano foi ao menos convidado para explicar nada; será que aos ricos e não famosos, com as honrosas exceções de Marcos Valério e Renilda, é vedado sentar na salinha em frente aos holofotes?
Cadê a defesa do Zé “Sai rápido daí” Dirceu?
E as teles?
Deram um empurrãozinho na empresa do Lulinha e, ao que parece, um empurrãozão nas empresas do Marcos Valério, vai ficar tudo por isso mesmo?
Bem, por enquanto as dúvidas são essas, mas eu me reescrevo, Presidente.

Perdeu

Pelo que deu para inferir na discurseira desta semana, se você estudou por mais tempo do o necessário para formar como torneiro mecânico pelo Senai, perdeu tempo e dinheiro.
Tudo que você precisaria saber, em todas as áreas imaginárias, está concentrada naquele currículo escolar tão esclarecedor.
Querer mais do que isso não passa de preconceito e elitismo.
E como ser elitista é o maior pecado possível, configurando crime maior do que imaginar ter mais ética do que o mandatário-mor da República, convêm também ter pai e mãe analfabetos (isto mesmo, apenas um deles letrado já constitui um sinal inequívoco de elitização).
Então, pais e mães do Brasil, tirem seus filhos da escola enquanto é tempo, se eles não estiverem contaminados ainda pela fome de saber, podem acabar sendo presidentes de alguma república no futuro.
Falando nisso, o que é ética mesmo?

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Mais “ingênuos”

Está mais do que provada q entrega do aparato público a um bando de “ingênuos”. A última prova desta verdade insofismável é mostrada na Folha de hoje.
Os deputados Eunício Oliveira, que devida a “ingenuidade” chegou a ministro no atual governo, e Luiz Piauhylino, que pelo mesmo motivo virou corregedor da Câmara - isto mesmo, corregedor, aquele responsável por punir desvios dos congêneres -, viram seus nomes envolvidos nas suspeitas pois assessores diretos estiveram rondando a infame agência do banco Rural naquele shopping (comentário anglofóbico e gratuito: se é para usar uma expressão em inglês, por que não a original mall, como eles dizem lá) de Brasília.
Pois é, os assessores fizeram seguidas visitas, dezenas cada, mas os nobres deputados disseram que nada têm a ver com isso.
Disseram mais, alegaram nem conhecer os assessores direito. Piauhylino disse que o seu foi contratado por pedidos de aliados em Pernambuco. Oliveira contratou a sua a pedidos do sogro, o ex-congressista Paes de Andrade (pergunta: não foi este aí que levou o sucatão para ir passear em Mombaça, alguns anos atrás?).
Ter assessores parlamentares que nem se conhece só pode significar uma das duas coisas; ou assessores em excesso ou “ingenuidade” em excesso.
Qual é a sua aposta?
Da minha parte fico com a segunda.

Vermelhos de vergonha

O empresário Benjamin Steinbruch deve estar sem tempo para fazer contas ou o seu professor de matemática estão todos vermelhos de vergonha.
Em seu texto de ontem na “Folha de S. Paulo”, “Vermelho de vergonha”, deixa claro o quanto está em desacordo com a política econômica, digamos, palocciana.
Todos têm direito à opinião, mas será que é necessário fantasiar números.
Ele faz parecer que os argentinos estão trafegando por uma super-rodovia do desenvolvimento, só que esquece de dizer que o crescimento acumulado nestes últimos três anos é, segundo os números apresentados por ele mesmo, suficiente para fazer o PIB argentino chegar a três (isto mesmo, um quarto de dúzia, e estou arredondando para cima) por cento maior do que o que era antes da crise nos pampas, que teve direito a panelaço e curralito.
Perto disto, os 9,3% que ele afirma ser o mais provável para a nossa economia no triênio é quase merecedora de título de tigre.
Quem deveria ficar vermelho de vergonha: o Brasil; a Argentina ou o Benjamin. Ou será que todos?

terça-feira, 26 de julho de 2005

Mas uma batalha perdida

O assassinato do azarado brasileiro em Londres (azarado por não ter “cara” de inglês) mostra que as forças ocidentais na tal guerra das civilizações acabam de perder uma batalha a mais.
Aos ingleses não é permitido fazer o que os norte-americanos pretendem, se isolar do mundo para manter a pureza do “American Way of Life”. Os terroristas que provocaram a carnificina em Londres não eram apenas visitantes indesejados; eram legalmente ingleses, apesar de não terem a pele e os olhos claros, com todas as vantagens e desvantagens do fato.
Já que não podem manter os terroristas fora, vão matá-los, e não apenas aos de fato. Qualquer que pareça um será um alvo humano.
A civilizada terra da rainha acaba de imputar novamente a pena de morte, com o agravante de que o julgamento será feito por pessoas sob o calor das emoções, e já por isso, com os dedos nervosos.
Existe alguma explicação lógica para que alguém seja alvejado sete vezes na cabeça? Creio que não, ainda mais quando se pensa que deveriam ter sido oito os projéteis (o policial errou um deles atingindo o ombro de Jean de Menezes). Quando algo semelhante acontece aqui, o veredicto está dado: foi acerto de contas, provavelmente por divida de drogas ou casos extraconjugais. Só ocorrem quando o agressor tem extrema raiva do agredido, é movido pela paixão avassaladora ou pretende dar um recado direto para possíveis transgressores. Ou uma combinação de todas as alternativas.
O mais assustador de tudo isso, é que os policiais que empreenderam a ação foram até elogiados pela eficiência, antes de ser mostrada ao mundo a lambança. E mesmo depois dela os seus patrões, políticos de todas as esferas públicas dizem que a política de atirar na cabeça para matar ser mantida sem alterações.
Estão formalmente igualados os dois lados, inocentes mortos são apenas contingências da vida e não escandalizam os dirigentes de ambos os lados da cruzada. Só faltou que Blair e companhia dissessem que não há inocentes entre os não anglo-saxões.
Então, o que você acha?
Jean Charles de Menezes recebeu oito disparos a queima-roupa para:
a) servir de exemplo a outros possíveis terroristas;
b) expiar a vergonha de toda a corporação policial londrina por não ter conseguido deter as mais que anunciadas séries de atentados;
c) descontar a raiva da mesma corporação perante a impotência acima citada;
d) mostrar que ela está trabalhando (mesmo que mal) ou,
e) todas as anteriores.

domingo, 24 de julho de 2005

Assustador

É o nível de “ingenuidade” que nossos empresários e homens públicos demonstram nesta crise política que estamos vivendo.
Após os empréstimos no fio do bigode, o dinheiro caindo do céu como o maná divino - e ninguém estranhando -, agora são os pacotes insuspeitos.
Vocês devem se lembrar do nome Pizzolato. Se não vou relembrá-los, ele é o recém aposentado ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e membro do conselho gestor da Previ que é suspeito de ter recebido um pouco mais de 300 mil reais dos milhões sacados em dinheiro das contas das empresas sobre controle de Marcos Valério, vulgo Carequinha.
Não é que ele não é culpado de nada. Em entrevista divulgada hoje em um grande jornal paulistano ele se explica “plenamente”.
Tudo não passou de um grande mal-entendido. Ele não tomou posse do dinheiro sacado pelo moto-boy terceirizado que lhe entregou um pacote de verdinhas (das verde-água, aquelas quase azuis e que têm grandes peixes em um dos seus lados, bem entendido) e amarelinhas. Alias, ele nem sabia que havia dinheiro no pacote.
Só pediu que o moto-boy fosse pegar o pacote e o entregasse pois receberá um telefonema dizendo que o tal pacote de documentos deveria ser retirado impreterivelmente naquele dia e entregue a uma outra pessoa. Ele não poderia deixar que as coisas fossem resolvidas pelo destinatário final do pacote, vocês sabem como são as coisas por aqui, sempre urgentes. Nosso país não tolera atrasos e perdas de prazos.
Agora sim, tudo explicado, até a casa comprada um mês depois. Eram dólares que tinha guardado.
Mas péra aí, dólares guardados? Uso de mensageiros pagos com dinheiro público (ou de autarquias sobre controle público) para serviços particulares? Essas não são ações, digamos, à margem da lei?
Não importa, o mais importante é que estas pessoas precisam reavaliar seus atos. Já pensou se o pacote fosse uma bomba? Poderia ter estragado a vida de muita gente.
Ficar transportando pacotinhos sobre os quais não se sabe o conteúdo é uma temeridade, nestes tempos de terrorismo.

sábado, 23 de julho de 2005

Bem, amigos, ...

Me desculpem, mas vocês não estão com nada.
Do peito mesmo são o Marcos Valério e o tal sócio da empreiteira GDK.
Quem não quereria amigos como aqueles?

Legitimidade 2

Caso seja provada a existência deste mensalão, e indícios há, não seria o caso de apagar todas as decisões desta legislatura que hora está manchada?
Ou vamos fingir que nada aconteceu e seguir o jogo “democrático”?

Legitimidade

Em poucas palavras, como acreditar em uma CPI(ou MI, como queiram) que é presidida por um membro do partido do governo (corruptor?) e relatada por um da base aliada (corrompido?)? Este é o caso da CPMI dos Correios.
Ou em uma na qual os dois cargos são exercidos por membros da base aliada (o caso da que trata da compra de votos, vulgarmente conhecida como a do Mensalão)?
Até o momento não dá pra dizer que há favorecimento ou apaziguamento, mas responda honestamente: você acredita nesta historinha de “doa a quem doer” ou “cortar na própria carne”?Parece-me que estamos vendo um caso clássico de entrega do galinheiro à raposa. Resta torcer para que esta seja das raras vegetarianas.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

Pensando bem

Havia decidido parar de escrever um pouco, esperando a crise esfriar um pouco. Desisti de esperar.
Como parece que o poço não tem fundo, vou ser obrigado a voltar.Que me desculpem os que por azar caiam nesta página.
A vida é curta não dá pra esperar a vida inteira, como se por aquele cara da peça, como é mesmo o nome; Godot?

quinta-feira, 7 de julho de 2005

As vidas têm valor?

Dependendo de quem falamos, é lógico que há um valor, mas é de fato um axioma que a vida é o bem mais valioso à humanidade?
Para mim, minha vida é o bem mais valioso, e é assim para a grande maioria das pessoas, mas será que quando falamos da vida alheia isto é verdade?
Até hoje de manhã, este texto iria ser escrito com bases em valores realmente mensuráveis, dinheiro mesmo, mas as trágicas cenas que nos chegam de Londres, mostram que o mais aterrador de tudo é que não existe nenhum valor para a vida do outro no mundo.
Que aos fanáticos fundamentalistas que praticam atentados como os de hoje não há valor para a vida alheia, além da comoção política que elas podem causar, está mais do que provado, não importando, cor, raça ou credo dos que podem perdê-las. Não importa se estas vidas estão em Tókio, Oklahoma, Bagdá ou Madri.
Mas aos ditos donos do mundo, as vidas alheias também pouco ou nada importam. Basta ver quantas vidas foram perdidas no século passado e no começo deste em conflitos que poderiam muito bem ter sido evitados pelo bom-senso e pelo diálogo. Em todos eles, as vidas dos líderes eram preservadas, enquanto os recrutas são, ou foram, usados como bucha-de-canhão.
E o que falar então das guerras cirúrgicas tão na moda. Preserva os filhos de alguns eleitores, enquanto bombardeia a cabeça de um desavisado que não tem a sorte de eleger ninguém.
Só que o descaso pela vida não acaba por aí. A civilizada União Européia, rica como ela só, deu seu parecer sobre quanto uma vida não pode custar, para ser mantida no caso. Em nota do “O Estado de S. Paulo” descobrimos que um plano de ajuste da economia para padrões ecologicamente mais aceitáveis foi engavetado porque custava demais. Quinze bilhões de euros anuais, que poderiam salvar 350 mil vidas anualmente. Então o teto da união deles é de quarenta e dois mil, oitocentos e cinqüenta e sete euros e catorze centavos (de euro). Nem quero imaginar quanto seria o teto aqui.
E de volta a nossa terrinha, quanto vale para a pessoas que desviam bilhões de reais da administração pública, mesmo recebendo gordos salários para bem administrar a coisa pública, a vida das pessoas que ainda hoje morrem de fome?
Com vista nisto, da pra realmente dizer que a pela vida é a opção fundamental das democracias ocidentais ou do resto da humanidade?

terça-feira, 5 de julho de 2005

Mais uma chance

Por mais que digam que não, PT e PSDB têm visões de mundo muito, muito mesmo, parecidas.
Não estou falando de radicais de um e de outro, mais de um ao bem da verdade, mas da ideologia dominante em seus quadros dirigentes. Muitos até prevêem que mais cedo ou mais tarde os dois partidos se unirão; fechando um ciclo que poderia ter se encerrado muitos anos atrás, pela entrada dos dissidentes do PMDB no PT ao invés da criação de uma partido inteiramente novo.
Segundo estes que advogam esta fusão, isto não ocorreu ainda simplesmente pelo fato de ambos serem muito fortes no estado que é o sonho de qualquer administrador, São Paulo. A luta pela hegemonia aí é, provinciana em todos os sentidos possíveis, a força que impede entendimento por propostas comuns e semeiam bravatas de parte a parte.
Se este era o problema, não existe mais nenhum empecilho. Espero que nenhum petista que leia isto venha ofender minha mãe, mas o PT paulista morreu.
Não estou dizendo isto na esteira de Vinicius Torres Freire, que em sua coluna de ontem da “Folha de S. Paulo” fez uma nota de falecimento do petismo-lulismo, mas do que se apreende da crise e das últimas eleições que aconteceram no estado.
Mas do que o PT como um todo, é o PT de São Paulo que saí enfraquecido. Especula-se se Dirceu será cassado, Genoíno acaba de entregar seu cargo e a próxima a assumir a presidência do partido, Marta(xa, como querem alguns), está sobre a sombra de processos de inegibilidade. Em resumo, os caciques do “Campo Majoritário”, não só perderam eleição após eleição, como perderam o comando do partido e, pior de tudo para eles, a confiança das parcelas mais esclarecidas da população, os chamados formadores de opinião.
Parece-me que o PT, como o conhecemos hoje, não sobreviverá às próximas eleições do partido. Ou a ala mais a esquerda expulsará o chamado os hoje majoritários ou será expulsa por eles, engrossando o P-Sol de Heloisa Helena.
Caso ocorra a primeira, é muito provável que esta se aninhe entre os tucanos. Caso o segundo caso seja o que aconteça, ainda assim os majoritários estarão muito enfraquecidos e dependentes das façanhas do governo Lula. No momento eu não apostaria um níquel, como diziam nos antigos faroestes, pelas façanhas.
Sendo assim, corremos o risco, e ainda bem que temos este risco, de ver PSDB e grande parte do PT juntos em um futuro próximo. Juntos possuem qualidades para trazer muitos avanços para o Brasil. Separados estes avanços estão ocorrendo, é verdade, só que estamos patinando bastante.
Ainda é cedo para lançarmos foguetes pela fusão, mas ela está mais próxima agora do que nunca.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Elementar meus caros, Watsons

A se esse Jefferson tivesse tomado aulas com o Sherlock, que detetive teríamos. Ou seria sua vocação maior para Mãe Dinah (desculpem-me se o bidu da vez for outro, posso estar desatualizado)?
Não sei lê indícios ou tem visões, mas o fato é que o que ele fala tem peso. Provas de irregularidades em contratos ou supostos crimes eleitorais não conseguiram derrubar outros ministros (ou pessoas com status de), porém um apelo de “Bob” sim.
E cada apontada de dedo tem o poder de fazer aparecer irregularidades das mais estapafúrdias. Já fomos apresentados ao mensalão, à fazenda de dois andares, à bondade de publicitários – diga-se de passagem, injustificada, já que os ingratos do PT nem lembravam que ele havia pagado uma parcela da dívida do partido da qual era avalista -, à cofres, malas, pacotes e todas e quaisquer unidades de medidas oficiosas de medida de dinheiro.
A sorte parece ser que Jefferson não vê ligações de Lula com nenhuma das operações ilegais que surgiram ou que ainda vão surgir.
Porém não há motivo para comemorar, não sei qual é pior. Roubar os cofres públicos ou permitir que estes sejam dilapidados continuamente sem perceber nada. Para um governo que se orgulhava de “ que não rouba e nem deixa roubar”, é uma falha de qualquer jeito. Principalmente porque os que mais diziam isso são os que hoje estão mais cercados de suspeitas.
Sempre achei que este governo atual agia como um amador. Assim como o profissional, o amador está sujeito aos acertos (e estes ocorreram aos montes neste que aqui está), sendo alguns destes acertos até espetaculares, só que está muito mais perto do erro do que aquele.
Esta crise está provando isso, é erro atrás de erro. E o encaminhamento dela não parece melhorar as coisas.
Se as comissões que estão formadas seguirem a risca o que o governo quer, as investigações irão seguir durante um longo período ainda, com uma começando após o encerramento da outra.
Será um longo processo de fervura, bem ao gosto de Lula. Afinal, se processo de troca de ministros pode se arrastar por mais de um ano, porque fazer a crise ser aguda e resolvida brevemente?
Nesta novela já apareceram os a estrelas principais e a cada dia um novo coadjuvante surge, só que ela é muito ruim e nem há uma Ana Paula Arósio para nos refrescar as vistas. Já está consagrada como um fenômeno de púbico, só que a crítica certamente não será favorável.

sábado, 2 de julho de 2005

Deflação: e eu com isso?

Anos e anos com meda da inflação e quando ela está aparentemente controlada surge um perigo, dizem, ainda maior.
E por que ele seria ainda maior? Simplesmente porque os primeiros afetados pela deflação são os detentores dos meios de produção. E é claro que estes ameaçam mandar a conta para o resto da população.
Vamos à lógica por trás disto. A tendência natural dos preços de qualquer produto, respeitadas condições constantes na produção do mesmo, é a Ueda de seu valor. Isto não e considerado deflação, mais depreciação dos meios de produção. É a amortização do capital empregado para o início da produção de qualquer empreitada e a razão pelo caráter expansionista do capitalismo que a tantas guerras nos levou.
Já a deflação seria uma anomalia, na ótica do capitalismo, pois é uma redução dos preços, devido a falta de demanda, além desta depreciação natural que achata a margem de lucros.
Com uma margem de lucros menor, o capitalista não investe e não gera mais empregos, o que impede a recuperação da demanda e dos preços. Em casos extremos, o capitalista se veria obrigado a cessar sua produção por falta de demanda, desempregando pessoas, deixando de utilizar matérias-primas e alimentando o novo monstro.
Então devemos nos preocupar com mis este fantasma? É mais uma ameaça? Claro que não.
Nós não vivemos no Japão ou na Europa Ocidental, onde a demanda tem que ser mantida artificialmente através de ações agressivas de marketing, uma vez que as necessidades básicas estão supridas e o contingente populacional em baixa.
No Brasil existe justamente o contrário. Há um subconsumo evidente e a redução de preços pode até beneficiar os produtores, apesar do achatamento dos lucros, pela inclusão de novos consumidores no mercado.
Não será apenas a redução de alguns itens da cesta de consumo, como as tarifas de energia elétrica e os combustíveis, que provocará esta inclusão imediatamente, mas já é um início, principalmente porque estes são insumos que afetam todos os elos de qualquer cadeia de produção.
Mais de dez anos após o início das privatizações, ainda estamos a meio caminho de uma real economia de mercado e de uma livre concorrência em elos vitais das cadeias. Porém começamos a nos deparar com desafios de economias maduras.
Essa nossa “adolescência” econômica é um passo adiante. Como em toda a fase de mudança acelerada; algumas ameaças podem aparecer, assim como algumas dores. Não podemos ignorá-las, mas, sobretudo, não podemos valorizá-las excessivamente.
A vida continua; a economia também.

Os custos médicos

Entra dia, sai dia, governo e empresas de planos de saúde e seguro-saúde dizem que os custos médicos estão aumentando devido ao custo de novas tecnologias empregadas.
Isto me revolta. Porquê raios, se a tecnologia os diminui em todos os outros campos, ela aumentaria os custos justamente na medicina?
A única explicação que me veio a cabeça foi, além de simples má fé, o aumento de volume de atendimentos.
Explico; as prestadoras de serviços médicos reportam que os avanços tecnológicos encarecem o atendimento pois as máquinas e insumos modernos são mais custosos do que as alternativas mais antigas.
Só que há um detalhe muito importante, isto só é verdade se encararmos a nova tecnologia como obrigatória. E isso ela não é, definitivamente.
Uma nova tecnologia só é válida se tornar a ação na qual é empregada mais eficiente ou eficaz. E sempre que isto acontece há uma redução implícita de custos.
Se esta se tornar tão custosa a ponto de ser impraticável o seu uso, isto a torna totalmente ineficaz. Esta casta de inovações tecnológicas é simplesmente varrida de qualquer uso e é raríssima.
Tomemos como exemplo as formas de diagnóstico por imagens. Entre a antiga abreugrafia e as modernas tomografias coloridas há uma ampla variedade de usos e de preços para cada imagem que se pode obter, porém cada boa imagem conseguida pode fazer com que o tratamento seja mais eficiente e mais eficaz, reduzindo o tempo de tratamento e os custos do mesmo. Um único dia a menos de internação pode compensar a mais cara destas formas de diagnóstico.
Agora, dito isto, por que as empresas que exploram o ramo da saúde reclamam do emprego de tecnologia? Porque o oposto dele é o não-atendimento, a maneira mais barata de prestar qualquer serviço.
Melhores exames tornam mais fácil o diagnóstico e fazem compulsório o tratamento. Deste modo, não há maneira de empresas de saúde gostarem do emprego de tecnologia. Ela faz com que as picaretas sejam processadas mais facilmente e obriga as não-picaretas a um aprimoramento constante.
Já o governo... bem, o governo. Dizer que a tecnologia aumenta os custos deste soa como uma piada. Não há o emprego de tecnologia no serviço público de saúde, pelo menos não a de última geração. Se existem hospitais que estão ligados a rede pública e utilizam tecnologia de ponta, na maioria hospitais-escola, estes têm um peso relativo muito pequeno no total de atendimento.
Dada a precariedade geral do atendimento público no sistema de saúde, até o uso de algodão encarece o sistema, já que a regra é o não-atendimento das demandas e a postergação de todos os serviços, cronificando os casos, quando não levando o candidato a paciente à morte.
A tecnologia pode ser culpada de muitas coisas, mais querer usá-la como mais uma maneira de tungar os brasileiros que precisam de atendimento médico é verdadeiramente imoral.