quinta-feira, 7 de julho de 2005

As vidas têm valor?

Dependendo de quem falamos, é lógico que há um valor, mas é de fato um axioma que a vida é o bem mais valioso à humanidade?
Para mim, minha vida é o bem mais valioso, e é assim para a grande maioria das pessoas, mas será que quando falamos da vida alheia isto é verdade?
Até hoje de manhã, este texto iria ser escrito com bases em valores realmente mensuráveis, dinheiro mesmo, mas as trágicas cenas que nos chegam de Londres, mostram que o mais aterrador de tudo é que não existe nenhum valor para a vida do outro no mundo.
Que aos fanáticos fundamentalistas que praticam atentados como os de hoje não há valor para a vida alheia, além da comoção política que elas podem causar, está mais do que provado, não importando, cor, raça ou credo dos que podem perdê-las. Não importa se estas vidas estão em Tókio, Oklahoma, Bagdá ou Madri.
Mas aos ditos donos do mundo, as vidas alheias também pouco ou nada importam. Basta ver quantas vidas foram perdidas no século passado e no começo deste em conflitos que poderiam muito bem ter sido evitados pelo bom-senso e pelo diálogo. Em todos eles, as vidas dos líderes eram preservadas, enquanto os recrutas são, ou foram, usados como bucha-de-canhão.
E o que falar então das guerras cirúrgicas tão na moda. Preserva os filhos de alguns eleitores, enquanto bombardeia a cabeça de um desavisado que não tem a sorte de eleger ninguém.
Só que o descaso pela vida não acaba por aí. A civilizada União Européia, rica como ela só, deu seu parecer sobre quanto uma vida não pode custar, para ser mantida no caso. Em nota do “O Estado de S. Paulo” descobrimos que um plano de ajuste da economia para padrões ecologicamente mais aceitáveis foi engavetado porque custava demais. Quinze bilhões de euros anuais, que poderiam salvar 350 mil vidas anualmente. Então o teto da união deles é de quarenta e dois mil, oitocentos e cinqüenta e sete euros e catorze centavos (de euro). Nem quero imaginar quanto seria o teto aqui.
E de volta a nossa terrinha, quanto vale para a pessoas que desviam bilhões de reais da administração pública, mesmo recebendo gordos salários para bem administrar a coisa pública, a vida das pessoas que ainda hoje morrem de fome?
Com vista nisto, da pra realmente dizer que a pela vida é a opção fundamental das democracias ocidentais ou do resto da humanidade?

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