terça-feira, 31 de julho de 2007

Deixa ver se entendi

Quer dizer que a pista de Cumbica está fora do prazo de validade há dois anos e a Infraero fazendo investimento em shopping centers?
Só pode ser culpa da herança maldita mesmo.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Quando?

Durante o episódio do mensalão, perguntei se os partidos de oposição não entrariam seriamente em um movimento de impeachment contra este (des)governo corrupto. Me indagava: Se não agora, quando?
Repito a pergunta. Se não deram motivos suficientes, o que precisam fazer para que alguém aja?

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sem palavras

Se ainda resta alguém lendo este blog, deve estar se perguntando o porquê do silêncio sepulcral.
Não se trata de um luto oficial ou minuto de silêncio em respeito as vítimas, que bem mereceriam, mas simples falta de palavras para descrever o que me vem a mente.
Esperarei até amanhã, para ver se esta raiva passa.
Faço votos que estes quase duzentos martirizados pela incompetência ao menos abram os olhos da nossa população para o que está ocorrendo por aqui.

sábado, 14 de julho de 2007

Tá com tudo

O presidente está com tudo junto aos admiradores do esporte. E aparentemente havia mais de uma orquestra na abertura, dizem os profissionais.
Sei lá, as 90 mil pessoas que estavam lá devem ter sido obrigadas a tudo, não é?

Outros exemplos de planejamento estatal e, porque não dizer, prosperidade

Dê uma olhadinha nestas reportagens que estão na página de abertura da Uol de hoje. Aqui, aqui (para assinantes UOL ou Folha de S. Paulo) e aqui. Isso em apenas um dia, imagine se estivéssemos procurando pelo em ovo? Teriamos que chamar um barbeiro para trabalhar em tempo integral.
Somos ou não um exemplo de planejamento e prosperidade, rumo ao primeiro mundo?
Algum de vocês lembra-se do que os organizadores deste Pan falavam dos de Santo Domingo quatro anos atrás?

Seguindo o mestre

Dizem por aí que manteiga em italiano é burro. Meus parcos conhecimentos de línguas não permitem confirmar isso, mas vou aceitar por enquanto.
Nosso ministro da economia (propositalmente com letra minúscula) é um italiano chamado Mantega. Tenho a impressão que foi um erro de tradução e de grafia.
O homem só abre a boca para falar besteira. Há pouco tempo disse que o caos aéreo é resultado da prosperidade. No jornal Estado de S. Paulo de ontem há uma reportagem na qual está escrito que o baixo crescimento da economia brasileira no primeiro mandato Lula foi planejado. Para impedir que um apagão aos moldes do que está ocorrendo na Argentina, abalasse nossos “sólidos” fundamentos.
E, creiam vocês, não foi na página de piadas (que o jornalzão, muito mal-humorado, nem tem), e sim na de economia.
O laticínico ministro deve ser um homônimo daquele que foi encarregado da Pasta de Planejamento e do comando do BNDES no primeiro governo lulático. Não é possível que seja aquele que reclamou durante anos das políticas empregadas pela dupla Palocci- Meireles.
Se for, teremos um notável exemplo de siga o mestre. Um senhor bravateiro que só não chegará à Presidência porque a Constituição veda isso aos não-natos. Mas que ele merece, merece.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Agora vai

Vocês devem ter percebido que descobriram a roda em matéria de evitar atrasos nos aeroportos e a anunciaram ontem: diminui-se o número de vôos.
Como não pensaram nisso antes? Vôo que não existe, não atrasa. Genial.
Tá atrasado, cancela. O passageiro só serve para pagar a conta mesmo.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Não sei se é pedir demais

Mas será que algum dos nobres senadores não poderia emprestar-me um dos amigos que tanto os ajudam?
Nunca nenhum dos meus cogitou emprestar 300 mil reais para que eu comprasse uma bezerra de grife, e nem sequer me deu um cheque de 2 e poucos milhões na confiança de que eu voltasse com o troco.
Sem falar em fazer pagamentos mal-explicados para ex-qualquer coisas.
Os senhores senadores devem ser muito bacanas mesmo, vou te dizer?

Voltando para fazer propaganda conspiratória

Não sou muito chegado a divulgar teorias conspiratórias, embora tenho cá as minhas, mas como sou leitor do blog do Reinaldo Azevedo , e este pediu a divulgação do texto a todos, estou fazendo minha parte.
O máximo que pode acontecer é que o governo Lula caia. Seria maravilhoso, é verdade, mas não acreditamos seriamente nisso, não é mesmo?
O mínimo é que eu finalmente coloquei algumas linhas novas neste blog, e já não era sem tempo.
Até breve, que espero que desta vez seja breve mesmo.

"O bolivarianismo de Lula: como o PT pretende fazer da Rede Globo a sua RCTV

Considero o texto que vai a seguir um dos mais importantes já publicados neste blog. Nunca fiz isto, mas faço agora: reproduzam-no por aí, passem adiante, façam com que se multiplique. Ele identifica um método de ação do governo Lula, do chavismo à moda da casa. Denuncio aqui os instrumentos a que pretende recorrer o governo para implementar entre nós o bolivarianismo light. Porque o PT sabe que não pode fazer da Rede Globo a sua RCTV, resolveu estrangular a emissora financeiramente. No mundo ideal do petismo, devemos ficar todos subordinados à TV de Franklin Martins, que não precisa do mercado para existir, ou à TV Record — que, se ficar sem anunciantes, jamais ficará sem a Igreja Universal do Reino de Deus, dona do partido do vice-presidente e de Mangabeira Unger, aquele secretário que fala uma língua mais incompreensível do que a do Espírito Santo quando baixa em Edir Macedo — deve baixar, eu suponho. Também vou me penitenciar. Dizem que sou arrogante, que nunca assumo um erro. A segunda parte, ao menos, é mentirosa. Errei, sim. Errei na única vez em que apoiei, ainda que parcialmente, uma proposta do governo Lula. Fui enganado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Uma recomendação: eis um nome do governo Lula que deve ser visto com muito mais cuidado.

Ufa! A introdução já ficou longa demais. Como sabem, o governo quer limitar o horário da propaganda de cerveja na televisão. E também enrosca com o seu conteúdo — Temporão, por exemplo, invoca com a tal “Zeca-Feira”. Mais: diz que a publicidade glamouriza o consumo do produto... No programa Roda Viva eu lhe disse que era favorável à limitação de horário para a propaganda, mas contrário a que o governo se metesse no conteúdo publicitário. Ora, isso seria nada menos do que censura. E o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária é um órgão que funciona, sim, senhores! Só falta agora a gente ter um Romão Chicabom também na Saúde...

É claro que a limitação da publicidade acarretaria uma diminuição de receita para as emissoras de TV. "Fazer o quê?", pensei. "Aconteceu isso quando se proibiu a propaganda de cigarros; que procurem novos nichos, novos produtos, novas fontes de receita". Eu, o liberal tolo diante de um petista... Nova pretensão anunciada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deixa evidente que a limitação da propaganda de cerveja tem mais a ver com a saúde do governo Lula do que com a saúde dos brasileiros. Eu passei a considerá-la parte de uma estratégia para asfixiar as emissoras que dependem do mercado para viver: que não têm estatais ou igrejas de onde tirar a bufunfa. Fui um idiota. Não apóio mais. Penitencio-me.

A Anvisa, órgão subordinado ao Ministério da Saúde, agora quer limitar ao horário das 21h às 6h a propaganda de alimentos considerados poucos saudáveis, "com taxas elevadas de açúcar, gorduras trans e saturada e sódio" e de "bebidas com baixo teor nutricional" (refrigerantes, refrescos, chás). Mesmo no horário permitido, a propaganda não poderia conter personagens infantis e desenhos. Segundo a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação), isso representaria um corte de 40% na publicidade do setor, estimada em R$ 2 bilhões em 2005. Dos R$ 802 milhões que deixariam de ser investidos, aos menos R$ 240 milhões iriam para a TV — a maior fatia, suponho, para a Rede Globo.

Virei caixa dos Irmãos Marinho agora? Não! Virei guardião da minha liberdade. É evidente que se tenta usar a via da saúde para atingir o nirvana da doença totalitária. É evidente que estão sendo criadas dificuldades para as emissoras — e, a rigor, nos termos dados, para todas as empresas que vivem de anúncios — para vender facilidades. O ministro Temporão, que ainda não conseguiu fazer funcionar os hospitais (sei que a tarefa é difícil; daí que ele deva se ocupar do principal), candidata-se a ser o grande chefe da censura no Brasil. Na aparência, ele quer nos impor a ditadura da saúde; na essência, torna-se esbirro de um projeto para enfraquecer as empresas privadas de comunicação que se financiam no mercado — no caso, não o mercado do divino ou o mercado sem-mercado das estatais.

Imagine você, leitor, que aquele biscoito recheado (em SP, a gente chama “bolacha”) que sempre nos leva a dúvidas as mais intrigantes (Como as duas de uma vez? Separo para comer primeiro o recheio? Como o recheio junto com um dos lados?) seria elevado à categoria de um perigoso veneno para as nossas crianças — mais um querendo defender as crianças! —, que serão, então, protegidas por Temporão desse perigoso elemento patogênico. Mais: mesmo no horário permitido, a propaganda teria de ser uma coisa séria, né? De bom gosto. Sem apelo infantil. O Ministério da Saúde é uma piada: quando faz propaganda de camisinha, sempre recorre a situações que simulam sexo irresponsável. Mas não quer saber de desenho animado em propaganda de guaraná. A criatividade dos publicitários, coitados, teria de se voltar para comida de cachorro. Imagine o seu filho, ensandecido, querendo comer a sua porção diária de Frolic, estimulado pela imaginação de publicitários desalmados.

Assim como o governo pretendia impor a censura prévia na presunção de que os pais são irresponsáveis, agora quer limitar a propaganda de biscoito e refrigerante porque as nossas crianças estariam se tornando obesas e consumistas.

Estupidez
A proposta não resiste a 30 segundos de lógica. É evidente que biscoito não faz mal. Biscoito não é ecstasy. Em quantidades moderadas, de fato, não havendo incompatibilidade do organismo com os ingredientes, até onde sei, faz bem. Se o moleque ou a menina comerem um pacote por dia, acho que tenderão a engordar. Acredito que há um limite saudável até para o consumo de chuchu... Ora, carro também mata. Aliás, acidentes de automóveis são uma das principais causas de morte no Brasil. A culpa, quase sempre, é da imprudência do motorista ou das péssimas condições das estradas. Nos dois casos, é preciso usar/consumir adequadamente a mercadoria. A Petrobras é uma grande anunciante — e certamente estará no apoio à TV de Franklin Martins. Os produtos que ela vende poluem o ar e aquecem o planeta (sou de outra religião, mas dizem que sim...). A publicidade, então, deverá estar sujeita a severas limitações?

Uma pergunta: água entra ou não na categoria das “bebidas com baixo teor nutricional”? O ridículo desses caras é tamanho a ponto de propor limites à propaganda de água? Ela alimenta mais ou menos do que um copo de coca-cola ou de mate? E de lingüiça, pode? A gordura animal em excesso também faz mal à saúde. Quem garante que o sujeito não vai consumir o produto todos os dias, até que as suas artérias se entupam? Não ande de moto. Há o risco de cair. Numa bicicleta, você pode ser atropelado. E desodorizador de ambiente do moleque que quer fazer “cocô na ca-sa do Pe-dri-nho”? Pode ou não? Não fere a camada de ozônio?

Nazistas
Observem: se isso tudo fosse a sério, fosse mesmo com o propósito de cuidar da saúde dos brasileiros, já seria um troço detestável. Sabiam que os nazistas foram os primeiros, como direi?, ecologistas do mundo? É verdade: não a ecologia como uma preocupação vaga com a natureza, mas como uma política pública mesmo. Hitler gostava mais de paisagem do que de gente, como sabemos. Eles também tinham uma preocupação obsessiva com a saúde, com os corpos olímpicos. O tirano odiava que se fumasse perto dele, privilégio concedido a poucos. Mas o mal em curso não é esse, não.

A preocupação excessiva do governo nessa área, entendo, é também patológica, mas a patologia é outra. Por meio da censura prévia — de que foi obrigado a recuar — e da limitação à publicidade de vários produtos, pretende é atingir gravemente o caixa das empresas de comunicação, que fazem do que conseguem no mercado a fonte de sua independência editorial. Ora, é claro que, sem a publicidade da cerveja, dos alimentos e do que mais vier por aí, elas ficam, especialmente as TVs, mais dependentes da verba estatal e do governo.

O raciocínio é simples: vocês acham que a porcentagem da grana de estatais no faturamento global é maior numa Band ou numa Globo? Numa Carta Capital ou numa VEJA? No Hora do Povo ou no Estadão (a propósito, veja post abaixo)? Os petistas não se conformam que o capitalismo possa financiar a liberdade e a independência editoriais. Quer tornar essas grandes empresas estado-dependentes. Quanto mais se reduz o mercado anunciante — diminuindo, pois, a diversidade de fontes de financiamento —, mais se estreita a liberdade.

Golpe
Trata-se, evidentemente, de um golpe, mais um, contra a imprensa livre. E por que digo que o alvo é a Globo? Porque, afinal, ela concentra boa parte do mercado publicitário de TV — é assim porque é melhor e mais competente, não porque roube as suas “co-irmãs” — e porque, no fim das contas, o que importa mesmo a Lula é aparecer bem no Jornal Nacional. E ele deve considerar que isso é tão mais fácil de acontecer quanto mais ele disponha de instrumentos para tornar difícil a vida da principal emissora do país. Acho que vai quebrar a cara.

E Temporão, tenha sido ou não chamado à questão com esse propósito, tornou-se o braço operativo dessa pressão. Curioso esse ministro tão cheio de querer impor restrições do estado à vida e às opções das pessoas. É aquele mesmo que já deixou claro ser favorável à descriminação do aborto até a 14ª semana porque, parece, até esse limite, o feto não sente dor, já que as terminações nervosas ainda nem começaram a se formar. É um ministro, digamos, laxista em matéria de vida humana, mas muito severo com biscoitos. O que faço? Recomendo a ele que tenha com as crianças que estão no ventre o mesmo cuidado que pretende ter com as que querem comer Doritos?

Eis aí o caminho do nosso bolivarianismo. A terra está amassada pelo discurso hipócrita da saúde. Farei agora uma antítese um tanto dramática, cafona até, mas verdadeira: essa gente finge cuidar do nosso corpo porque quer a nossa alma.
*
PS: Reitero: divulguem este texto, espalhem-no na Internet, montem grupos de discussão no Orkut, passem a mensagem adiante, mobilizem-se."

sexta-feira, 16 de março de 2007

Mais uma chance

Como já disse há pouco, não considero os biocombustíveis uma solução para a dependência de petróleo caso se mantenha o uso indiscriminado dos motores de combustão interna, mas eles podem ser uma excelente solução para outros problemas que assolam o mundo.
A começar pelos males provocados pelos subsídios que alguns países (ricos) dão aos seus produtores rurais. Ao valorizar os produtos da terra, os biocombustíveis aumentam o lucro dos produtores rurais e permitem que fazendeiros do terceiro mundo deslocados pelos do primeiro possam comercializar suas culturas sem a concorrência estrangeira.
Também podem interromper algumas correntes migratórias provocadas pela fome. Sabemos que há alimento suficiente para todos os habitantes do planeta, mas existe uma grande deficiência na distribuição de renda que possibilitaria que todos se alimentassem. Pois as localidades onde a fome mais ataca são as marcadamente agrícolas que não podem competir com preços de alimentos subsidiados pelos países ricos e não têm condições de gerar renda com outras atividades.
Pode diminuir também a necessidade por divisas que leva alguns países a dar prioridade por produtos de exportação em sua agricultura em detrimentos àqueles de uso tradicional local.
Em suma, pode criar um mundo menos injusto.
O porém é que isto é um mar de potencialidades, e de boas intenções o inferno e o purgatório estão cheios. Tudo dependerá de como a coisa será implantada, e temos todos os motivos para acreditar que a coisa não será bem feita, já que nada neste campo de relações internacionais e geopolítica está sendo bem feito neste século.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Novo Ministério

Nosso presidente dizendo aos quatro cantos que não incluiria os ministérios da saúde e da educação na reforma ministerial, já que eles são um caso sério e não permitem brincadeira.
Disse algo assim: se você brincar com a saúde é morte, se brincar com a educação é analfabeto.
Tá aí uma coisa em que eu concordo com ele, não dá para brincar com coisa séria, mas e quanto aos demais trinta e tantos ministérios (são tantos que nem sei o número exato, e desconfio que ele também não)? Permitem brincadeiras? Não são sérios?
Talvez fosse o caso de reformular o ministério e encaixar os seguintes nomes :
Minas e Energia - Chaves;
Cultura - Tiririca (florentina, florentina ...);
Trabalho - Seu Madruga.
Se é para fazer graça, que coloquem os profissionais no comando, eles já foram provados e aprovados. E se quiser preencher todos os cargos com profissionais, garanto que o governo não terá dificuldade para encontrar palhaços aptos.
Afinal, depois de quatro anos e pouco de governo, não é mesmo tempo de ficar fazendo experiências.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Produtividade em alta

Realmente não dá para entender porque toda a mídia apóia aqueles que são favoráveis à desvalorização cambial.
Dizer que isso favoreceria o emprego no setor industrial não é uma boa justificativa, uma vez que isso coloca sobre o setor secundário um peso que ele não tem.
Ele representa, se muito, 25% do PIB e muito menos do que esta porcentagem no número de empregos. Por qual razão deve a sociedade subsidiar esta parcela da economia?
Ser uma economia de transformação não é mais nobre do que ser uma de extrativismo ou de serviços pois a nobreza de uma economia consiste em gerar condições de que a grande maioria da população do país tenha boas condições de vida.
Pela minha visão, o Brasil só alcançará esta nobreza através de uma matriz econômica fortemente baseada no setor de serviços, que é aquele capaz de incorporar grandes massas de trabalhadores não-especializados.
Só que para que o setor de serviços se desenvolva é necessário que ocorra um aumento da renda per capita da população, o que equivale a liberar renda antes gasto em itens essenciais. A valorização do real faz justamente isso e, portanto, é extremamente benéfica para o país.
O problema é que a Fiesp e sobre-representada na mídia nacional e não importa para ela o que é bom ou ruim para o país e sim o que é bom para os industriais, e a parcela exportadora quer dólar nas alturas.
Nesta toada, o real segue tomando lambadas, mas vai resistindo. Ainda bem.
Com isso nossa produtividade segue em alta e nosso país tem chances reais de desenvolvimento.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Desculpem o transtorno

Mudança na grade dos meus horários, até a normalização não haverá periodicidade nos textos.

sábado, 10 de março de 2007

Baixo teor de enxofre no ar

A se acreditas em Hugo Chávez, deve estar o maior cheiro de enxofre no percurso feito por George W. Bush. Só que a idéia, entre outras, é justamente o contrário: baixar o teor de enxofre liberado no ar pelos combustíveis.
Como? Trocando os fósseis por biocombustíveis, que são geralmente livres deste elemento.
Só que não venhamos a cair na conversa lulática de que o álcool e o biodiesel são as únicas soluções. Provavelmente não são nem as melhores, mas apenas as mais baratas no momento.
Não podem ser as melhores soluções porque ainda são pensadas como uma continuação de uma tecnologia muito pouco eficiente, diria quase pré-histórica, que é a do carro com motor de combustão interna.
Os carros a gasolina conseguem aproveitar cerca de 20% (lembrando que os motores a diesel têm um aproveitamento energético melhor, mas ainda baixo) da energia contida no combustível que o faz andar, desperdício puro. Só prosperaram porque substituíram tecnologias muito pouco práticas e usam um subproduto do petróleo que não tinha nenhum valor comercial.
A verdade é que qualquer solução que mantiver o uso destes motores indefinidamente não pode ser chamada por este nome, será apenas uma protelação. Então o que precisamos realmente é de uma mudança tecnológica profunda que acabe com o uso destes motores pouco eficientes e adote outros que utilizem melhor a energia disponível, que não é o que a mudança para os motores a álcool faz.
Ademais, o que está sendo comemorado como a grande chance para a nossa agricultura, a decisão política dos Estados Unidos de diminuir o consumo gasolina em 20% até 2017 tendo como base o gasto corrente hoje, não é automática como alguns tentam demonstrar. Eles podem conseguir isto com sobras apenas melhorando a eficiência dos veículos e aumentando o transporte coletivo.
Um exemplo de como aditivar a eficiência é a tecnologia do carro híbrido, que a dobra. O porém é que ela ainda é muito cara se comparada com o carro comum e poucos consumidores estão dispostos a pagar a diferença. Se fosse aplicada em todos os veículos disponíveis, o consumo de gasolina seria cortado pela metade hoje.
Então não nos jactemos como salvadores das pátrias. Os biocombustíveis são uma alternativa, mas não a única.
É uma alternativa que pode ajudar até a diminuir atritos entre países e criar uma onda de prosperidade aos produtores agrícolas mundo afora, só que não são panacéia para nada e o Brasil não é o rei da cocada preta por dominar a tecnologia mais avançada no momento a respeito deles.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Apenas para reflexão

Da mesma maneira que o mundo subdimensionou o potencial do alcóol combustível como parte da matriz energética, não está superdimensionando agora?
Pensem, voltamos ao assunto mais tarde, quando São Paulo estiver menos engarrafada.

quinta-feira, 8 de março de 2007

De igual para igual

Sem querer nos diminuir, sempre achei que um país que deve para o Brasil não pode ser levado a sério. Desta maneira nada de novo acontecerá hoje.
Será apenas mais uma visita de um Chefe de Estado de uma república bananeira, daquelas que não são sérias. Digamos, uma visita de irmão.
É ou não é coisa de país bananeiro altos funcionários do governo revelar a identidade de um agente secreto para se vingar do cônjuge contrário às maluquices do presidente?
E por falar nisso, é compatível com um país sério o presidente ser propenso a maluquices? Ainda mais no campo da guerra?
Como vocês podem ver, trata-se de uma visita na qual não há superioridade “moral” de nenhum país envolvido.
Espero que os mandatários se contentem apenas com os apertos de mão e os sorrisinhos regulamentares.
Nem quero imaginar o que pode acontecer se Lula e Bush resolverem trocar algumas idéias.

A propósito das palavras

O que aconteceu com o velho álcool combustível? Deve estar de férias, só se fala de um tal de etanol.
Está certo que se trata do mesmo sujeito, mas para que a mudança de nome de repente? Ele está foragido?
Pode ser preguiça nas traduções do que se fala lá fora do nosso combustível “verde”. Ou pode ser pedantismo mesmo, para parecer mais culto.
De qualquer forma não há uma boa explicação.

terça-feira, 6 de março de 2007

Lembram dos textos que recomendei ontem?

Vou comentar rapidamente um hoje.
Claudio de Moura Castro comenta que as corporações estão querendo fazer uso de reserva de mercado ao tentar impedir a abertura de cursos superiores (no caso direito e medicina).
Concordo plenamente, mas vou um pouco além. Acho que há uma redundância extrema aí.
Ou não deveria haver os cursos profissionalizantes controlados pelo MEC ou não deveriam existir as corporações respaldadas pela lei. Se um órgão público declara que uma pessoa é conhecedora das técnicas necessárias à profissão, por que uma corporação tem o direito de dizer o contrário?
No caso há duas reservas de mercado e a sociedade paga uma conta dupla, diminuição de profissionais no mercado de trabalho e custos de manutenção das máquinas existentes para manter as corporações e os órgãos fiscalizadores.
Coisas do Brasil.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Confissão

Depois do Carnaval, no qual vi muitos de meus amigos comentando sobre o Big Brother, resolvi dar uma olhada na coisa com mais atenção.
Na minha estréia em ver um capítulo inteiro, desta edição, gostei do que vi. Um puta quebra-pau, nada de cínicos sorrisinhos para a tela.
O fato é que vez ou outra estou assistindo flashes do que está ocorrendo por lá e ontem eu vi a votação para saber os oponentes na próxima eliminação.
O programa é sem-importância, puro passa-tempo para as massas, só que vez ou outra mostra o estágio em que estamos neste país.
O que me marcou do programa de ontem foi o seguinte: a justificativa de um dos participantes – o queridinho da audiência, diga-se de passagem – para ter votado em outro deles foi que o seu escolhido “pensava muito antes de falar”.
Então veja a que ponto chegamos, pensar antes de falar virou defeito passível de eliminação na nossa sociedade. E o pior é que as nossas escolhas políticas demonstram que isso é a concepção que prevalece no Brasil.
Portanto premiaremos com um milhão o camarada que não pensa antes de falar, que não gosta que não gostem dele por ele ser de difícil convivência e autoritário (é o que pensa a maioria dos que estão confinados) e que acha que as regras não escritas só valem para os demais (reclama de que há combinação de voto no lado adversário, apesar de ter combinado nas duas semanas em que eu maiôs ou menos assisti ao programa).
Então eu confesso duas coisas: assisto ao BBB e temo que este Alemão vire um político de muito, muito sucesso.

Muito útil

A leitura dos textos relativos à educação na revista Veja desta semana.
Alguns mitos alimentados pela politicagem e o corporativismo que viceja por aqui são demonstrados.
Recomendo.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Juros

Quando comentam a ligação dos juros altos com a falta de investimentos não-financeiros, os analistas geralmente ligam esta a falta de linhas de crédito barato.
Não acho que resida aí o problema, mesmo porque elas existem.
O fator principal para a falta de investimento não-financeiro ao meu ver é que os investimentos financeiros, puxados pelo piso da taxa Selic, rendem mais e de maneira mais segura do que os demais.
Tomemos como exemplo um sujeito com 100 mil para aplicar e que pode optar entre emprestar para o governo a juros e comprar um apartamento. Supondo que o indivíduo esteja precisando de uma residência.
Supondo que escolha a compra, deverá separar no mínimo 10% para os custos de corretagem e transferência da escritura; ou seja, só poderá comprar um apartamento com valor máximo de 90 mil.
Depois de ficar dono, ganharia uma desvalorização de, digamos, 5% ao ano pela depreciação do capital. E se fosse previdente, faria um seguro contra sinistros pagando algo como 0,5% do valor do seu lar.
Ao final de um ano teria um apartamento no valor de 85,500 reais e teria gastado 450 em seguro.
Se optasse pelo empréstimo ao governo teria ao final de um ano 113250 reais, que descontada a depreciação da inflação, valeriam algo como 109 mil.
Contando-se que o sujeito tivesse alugado um imóvel semelhante ao que compraria, pagando a média de 0,5% de aluguel (450 reais), arcaria com um total de 9,9 mil, ficando no final com pouca coisa menos do que o poder de compra inicial.
Eu sei que um economista ou contador pode afirmar que estas contas que fiz são toscas, imprecisas e cobrem uma situação muito específica. É verdade, mas o quadro geral não é muito diferente.
Qualquer um que invista em algo não-financeiro no Brasil ou é dotado de uma fé imensa no negócio que está fazendo, ou está tentando se manter no negócio para evitar perdas maiores ou é insano.
Como insanos são poucos e está difícil ter fé em algo no Brasil, o investimento produtivo é praticamente todo em reposição.
Não é assim que caminha a humanidade, mas aqui – onde se plantando tudo dá – é assim que fazemos.
E viva o povo brasileiro.

Não canso de repetir.

Já que ninguém ouve mesmo, palavras soltas ao vento.
A parte nobre da economia não está em produzir e sim consumir.
Neste ponto a alta que observou no PIB, puxada pelo consumo das famílias e pelo aumento bruto de capital das empresas é um grande alento.
Aproveito os espirros da Bolsa de Xangai para lembrá-los que não há crescimento continuado em longo prazo (para não usar sustentável, que adquire cada vez mais um sentido ecológico) quando este se baseia apenas no mercado externo, como querer os que pretendem bombardear o dólar.
O Brasil já viu este filme e a China e a Índia verão cedo ou tarde.
Com base nesta idéia, continuarei louvando o aumento de valor do Real como um sinal de vitalidade da nossa economia e não como um sinal de fraqueza.
E não adianta vir com aquele papo de “doença holandesa”. Se a “doença” fizer por nós o mesmo que fez pelos holandeses, que venha rápido.
Mas o fato é que, mesmo com todas as dificuldades cambiais, a produção industrial ainda está crescendo e muitos dos setores que se dizem entre os mais prejudicados estão vendo recorde após recorde de vendas.
E se para os setores intensivos em mão-de-obra há dificuldades, fiquem certos de que a culpa não é do câmbio. Ela é de uma política tributária que taxa enormemente o trabalho, encarecendo-o em relação aos países competidores, para não falar nos investimentos produtivos e no giro de caixa.
Fora o câmbio culpado, os países europeus não exportariam absolutamente nada, muito menos os produtos de alta tecnologia e de design que de lá mandam para o mundo inteiro. E a Inglaterra, coitada, importaria tudo o que consome, até pudim de rim.
Querer persistir em ser uma economia exportadora só pelo status não é uma atitude inteligente. Gozemos o fato de que estamos entrando nos eixos e passemos a consumir o que os outros têm de bom para vender, como eles fazem com os nossos produtos; mas sejamos conscientes, que a ecologia também não pode sofrer.

Fábio Feldmann

“Subestimei a indignação do cidadão com o Estado que, ao mesmo tempo que restringe sua ação, se mostra incapaz de oferecer alternativas, como um transporte público barato e eficiente. Aprendi com o rodízio que falar em ética e em direito das futuras gerações não é uma forma de assegurar sustentabilidade política em curto prazo”.
Este trecho foi retirado da entrevista de Fábio Feldmann à revisa veja desta semana. Ela mostra a perfeição algo que falei ontem, sobre o desenraizamento das leis.
O rodízio foi imposta à população paulistana como uma solução para o problema da poluição do ar, com base principalmente da experiência da Cidade do México. O problema é que mesmo lá já se mostrava equivocada, pois muitos proprietários de carros modernos e pouco poluentes passaram a utilizar um segundo carro muito menos eficiente para os dias de rodízio.
Apesar disso, implantou-se o rodízio como ato de vontade e poder e a base de pesadas multas.
Nada da política inicial se mantém, mas o rodízio segue firme e forte, baseado nas multas até hoje. Ele existe para tentar diluir um pouco da ineficácia do Estado em suprir o transporte público barato e eficiente a que se refere Feldmann, e sua justificativa hoje é de que ele diminui os engarrafamentos.
Só que em democracias é assim que funciona; projetos desenraizados (e, portanto, injustos aos olhos dos eleitores) têm custo alto para os políticos que os implantam.
O rodízio segue, Feldmann nunca mais se elegeu.

quinta-feira, 1 de março de 2007

A raiz dos problemas

Considero como os três grandes problemas brasileiros da atualidade, na ordem direta de urgência e inversa de importância, os juros altos pagos aos poupadores, a ineficácia dos governos e o desenraizamento das leis.
Então falemos do mias importante.
Sabemos que no Brasil existem as leis que pegam e as que não. Por que isso ocorre?
Pelo motivo mais óbvio, elas não pegam quando tentam se impor ao arrepio do que pensa a sociedade e pegam quando são a expressão de seus desejos.
Uma pessoa só obedece a uma lei por duas razões: ou acha que ela é justa ou é obrigada a isso por coerção.
A grande maioria das leis brasileiras são inspiradas em outras sociedade, ou simplesmente transplantadas delas, buscando-se algo que deu certo nos Estados Unidos ou na Alemanha, por exemplo. Isto já faz com que ao ser aplicada à nossa sociedade perca o sentimento de justiça e a primeira razão para ser obedecida.
A segunda razão é sempre menos eficiente, pois necessita um grande aparato de comando e controle por parte dos governos. Aí então o segundo problema mais importante também age; um governo ineficaz não consegue aplicar a coerção necessária para que o controle exista.
Isto cria o ciclo vicioso de descrédito no qual mesmos as leis mais justas e aceitas pela sociedade passam a ser contestadas.
Cria-se um quadro de anarquia ou, pior, anomia.
Muito mais grave quando s grupos dirigentes se comportam como “gangs” e Ministros de Estado “esquecem-se“ de denunciar crimes que presenciaram ou dos quais foram vítimas.
Tanto pior para o país.

A polícia que nós temos

É no mínimo ridícula a cena que está sendo mostrada na Bandnews.
A policial civil Marta Vargas dando voz de prisão ao representante de uma companhia de telefonia celular.
Motivo? O representante não queria a entrada da imprensa nas dependências da empresa, ou seja, estava calcado plenamente em seus direitos. Como tentou barrar os repórteres, recebeu voz de prisão por obstrução das investigações. Resta saber como a entrada de repórteres auxiliaria o trabalho investigativo da Delegada Vargas.
Só neste país mesmo a investigação é auxiliada quando o trabalho de aquisição de provas é fotografado, filmado e narrado maciçamente pela imprensa.
E só aqui abuso de autoridade é mostrado na tv e não gera protestos de ninguém.
Podemos dizer que, com certeza, virou Brasil.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Enquanto estava disposto...

Problemas técnicos impediram que eu escrevesse, agora estou com preguiça e só recomendo este artigo É a administração, estúpido , de Guilherme Fiúza.
Muito ilustrativo.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Opção autoritária

É só observar as muitas discussões neste espaço democrático e vemos que o povo brasileiro não gosta realmente do debate e da troca de idéias. O que vemos aqui é uma infinidade de imposições e muitas trocas de ofensas pessoais quando se abre um tema mais polêmico, como este aqui da liberação das drogas.
O fato de que alguém seja favorável ao aumento das liberdades individuais não significa que seja apologista do uso destas liberdades. Em um debate anterior – sobre a regulamentação da prostituição – houve quem sugerisse aos debatedores que fossem às esquinas rodar bolsinhas ou levassem seus familiares para isso. Portanto, querer dar dignidade à profissão exercida por milhares de mulheres e homens do Brasil era o mesmo que dizer que achava que aquela era a melhor maneira de ganhar dinheiro para uns debatedores ensandecidos.
O mesmo está acontecendo neste debate. Não sou usuário e muito menos traficante de nenhuma das variedades de drogas ilegais (mas não dispenso uma caipirinha em determinadas ocasiões) e nem apoio o uso destas por ninguém, mas sou obrigado a aceitar que estas existem, quer eu queira ou não; sendo assim, prefiro que façam parte do mercado legal e livre do que sejam utilizadas como uma máquina de fazer dinheiro para malfeitores e corruptos.
Dito isso, sou obrigado a refutar alguns argumentos que foram utilizados aqui para dar como certo a impossibilidade da aceitação da legalização das drogas no País.

Um argumento muito usado pelos debatedores é o de que a droga ilegal destrói a família e, conseqüente, a sociedade.
Com isso, depreende-se que as drogas penetram em famílias sadias e nas quais não há nenhum conflito e são a única força que leva a falta de coesão. Isso é um conto da carochinha, na maioria das vezes a droga - legal ou ilegal - é uma válvula de escape encontrada no seio de uma família já desestruturada; caso seja privada desta, outra será encontrada e poderá ser até mais deletéria que a primeira.
Drogas muito pesadas e perigosas são utilizadas legalmente sem desestruturar famílias, como o álcool. Em alguns casos há a desestruturação, mas culpar a droga é trafegar pelo caminho mais fácil de se tentar retirar a culpa dos homens onde só ela está.

Outro argumento que está sendo muito utilizado é que o Estado não teria capacidade de controlar o comércio de drogas caso ele fosse legalizado.
Mas oras, ele o controla enquanto ilegal? É claro que não.
É mais provável que o mercado negro de drogas pudesse até continuar ocorrendo, como há o de cachaças de alambique sem nenhum controle estatal, porém se tornaria legal a abertura de empresas legalizadas e passíveis de controle e fiscalização.
Pior do que está não ficaria.

Também estão escrevendo que haveria uma explosão do consumo pela facilidade de obtenção.
Outro medo que só se justificaria caso fosse difícil obter drogas hoje, o que está longe de ser verdade.
Qualquer moleque de 12 anos que esteja querendo experimentar compra o entorpecente sem muito esforço e estará sujeito ao contato com meliantes perigosos que a comercialização legal evitaria.

Quanto ao aumento do uso do serviço público de saúde para o tratamento de drogados, drogaditos, viciados ou como queiram chamar.
Pressupõe-se então que estes não são atendidos pelo sistema publico hoje?
Já o são e tem-se uma carga adicional da violência das gangues traficantes, que responde por uma boa parcela do atendimento nos serviços de urgência e tratamento intensivo (os mais caros de qualquer hospital).
Dizer que o tratamento de recuperação para os usuários esgotaria os recursos públicos é uma simplificação e, mesmo que acontecesse isso, seria preciso colocar na balança do custo benefício as vidas poupadas nas guerras de gangues.

O fato é que para todo e qualquer argumento contrário a legalização há um oposto que a favoreceria, e que na minha opinião é mais forte. Só que nenhum é suficientemente poderoso para vencer a predisposição das pessoas a favor ou contra as drogas, pois aqui se encontra algo de foro íntimo.

Mas querer impor uma questão moral ao conjunto da sociedade é a mais clara expressão do autoritarismo. Se alguém quer se envenenar usando drogas, creio que é dever da sociedade permitir.
Deve apenas o indivíduo ser alertado de que aquilo é um veneno e que traz conseqüências que terão que ser enfrentadas pelo indivíduo.
Não pela sociedade, como é hoje.

Obs: Ao contrário do que acontece normalmente, este texto foi publicado primeiro no Jornal de Debates; caso não o conheçam, de uma passada por lá.
O link para os meus textos naquele site está na coluna ao lado.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Se imagem é tudo...

Se vocês não estavam no mundo da Lua, devem estar sabendo que ontem ouve a entrega do Oscar.
Ele é a mais completa tradução do que são os Estados Unidos hoje, a exploração da imagem acima de tudo.
O problema é que a imagem sofreu alguns danos nos anos recentes.
O Oscar já não é a potência de marketing que foi. Muitos filmes ganhadores em categorias menos glamurosas são praticamente ignoradas pelo público, quando não pela crítica, e muitos – como eu mesmo – não se dão mais ao trabalho de assistir ao show.
Já o país está com a imagem completamente comprometida. Se tinha a fama de imperialista quando não estava fazendo nada de errado, agora que invadiu o Iraque, sem nenhuma justificativa plausível, e o Afeganistão, com uma conversa fiada de que precisava desalojar Ossama bin Laden, e anda ameaçando o Irã.
Ta pegando mau para os países qualquer concordância com os ianques.
E pensar que há pouco tempo tinha gringo dizendo que a história tinha acabado com a supremacia americana indiscutível. Teve gringo que perdeu a chance de ficar calado.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Vejam só como são as coisas.

Nosso governo está veiculando uma propaganda na tv na qual incentiva a todos que sejam responsáveis e usem camisinha. Até aí tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: ao mesmo tempo que diz incentivar, freia o uso com impostos onerando este item que diz ser tão importante.
Ganha em uma ponta e gasta em outra com o tratamento de infectados por vírus e bactérias diversos.
É realmente Brasil.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Fartura demais atrapalha

Diz Michael Porter, o guru de economia que ficou famoso pela sua idéia de arranjo produtivo local (cluster) que foi muito – e mal – aplicado por aqui no começo do milênio, que entre os elementos que favorecem o desenvolvimento de um ramo industrial forte em determinada localidade ou país está a escassez de um fator de produção, em geral uma matéria-prima.
Provavelmente este foi o fator que fez com que o Brasil não desse certo até hoje: a fartura.
Nunca houve em momento algum de nossa história um fator limitante que forçasse nossa indústria a ser mais eficiente ou buscasse a inovação. Em um item particular havia este "perigo", a mão-de-obra, mas uma bem sucedida política de obtenção da mesma – apresamento de índios, seguida do trabalho escravo e, por último, a importação de europeus e asiáticos – fez com que sempre tenha existido trabalhadores suficientes para que as atividades produtivas fossem executadas à maneira tradicional e o custo do trabalho se mantivesse baixo; poderíamos dizer aviltado.
Isso criou também a segunda perna do nosso atraso industrial. O trabalho aviltado impede a formação de um mercado consumidor local forte e, como conseqüência, limita a existência de uma indústria local também forte.
Felizmente a dinâmica demográfica mudará isso brevemente. Mesmo com a massa desempregada e despreparada que temos, a tendência é de queda acentuada da taxa de desemprego à medida que menos brasileiros estão nascendo e o aumento da idade média de nossa população, assim como a renda, força uma demanda por bens e serviços cada vez mais diferenciados.
Basta que não atrapalhemos a natureza da economia brasileira.

Nota- conforme uma leitura rápida (como a que fiz) da teoria de Porter, não há o menor fundamento para a prevista derrocada das economias da “Velha Europa” e do Japão motivada pelo envelhecimento acentuado de sua população e diminuição da chamada “população economicamente ativa”, que viria a ser a que tem idade para efetivamente trabalhar.
Uma queda econômica destes países só ocorreria caso houvesse um declínio da capacidade de consumo da população em geral; trabalho é um bem importável, e a custo baixo, e será requisitado – como já é feito hoje – à medida que surjam as necessidades.
Garantida a capacidade do consumo pela poupança feita durante período “ativo” da vida econômica, é garantida também a prosperidade da economia dos países onde a quantidade de idosos é muito alta. Esta só é ameaçada pelas posições políticas que tentam restringir a imigração e as importações a níveis insuficientes.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Ela adorou

Só tirei uma conclusão do texto publicado na Folha de ontem pela nobre deputada Manuela.
Ela adorou o título de musa da Câmara, tanto que resmunga para ver se pega de vez.

Não é o fundo do poço

A comoção que está causando o assassinato do menino João Hélio fez muitos colunistas se perguntarem se este seria o ápice da barbárie. Respondo-lhes: é óbvio que não, mesmo porque já houve assassinatos mais bárbaros tanto no Rio quanto em outras partes do Brasil.
Aparentemente o ato desumano no assassinato de José Hélio foi o modo como foi tratado o cadáver e não a morte em si, que a que tudo leva crer foi acidental. Já em outros - como nas queimas do ônibus com passageiros dentro, no Rio, ou do carro com as testemunhas de um assalto, em Bragança Paulista - houve clara intenção de matar, com requintes de crueldade.
Não estou querendo defender nenhum dos acusados, pois a conseqüência dos atos foi tão hedionda quanto em todos os outros casos, porém não se pode querer aqui fazer de conta que o grupo responsável pela morte da criança é um tipo de monstro raro em nosso país, o que está longe da verdade.
Estamos fabricando este tipo de psicopata – ou, como alguns dizem que eles não podem ser produzidos em série, ao menos deixando mais fácil que atuem do que seria o razoável – em nossa sociedade e já estamos muito atrasados em tentar descobrir os por quês e como reverter este quadro.
Criamos no nosso país uma legítima sociedade do mal-estar social, em que mesmo os mais afortunados são obrigados a conviver com a miséria e suas conseqüências, e nada eficaz foi feito contra isso até o momento. Se, com fatores completamente mensuráveis e contra os quais há um receituário completo e comprovado, somos completamente ineficazes em lidar, imaginem com questões psiquiátricas como esta.
Já havia perdido a fé na viabilidade política de nossa nação. Agora sou obrigado a dizer que não tenho muita esperança quanto a nossa coesão social.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Correndo atrás de sarna

Ontem, na Carta Aberta aos órfãos da razão e do juízo do caderno Aliás do Estadão, Antônio Cunha, presidente do movimento de moradores do Campo Belo, lançou uma série de impropérios sobre o Aeroporto de Congonhas, que ao que parece ele gostaria que não existisse.
Diz ele que o mesmo é: “pequeno, sitiado, desconjuntado, construído em lugar errado e com falhas de projeto”.
Mais que raios, digo eu. Bastando olhar no histórico do aeroporto , veremos que o que este vizinho insatisfeito diz não tem o menor cabimento. Se Congonhas tem hoje problemas com seu entorno, a culpa não é em nada culpa do Aeroporto e sim do entorno.
Em 1936 não havia nada lá para ser incomodado pela existência dele. Se hoje os vizinhos reclamam do barulho, do trânsito dos gases liberados pelos aviões e exigem uma licença ambiental para que o aeroporto funcione e não os incomode, a culpa é dos que foram para as imediações do aeroporto.
Muitas vezes a população está certa ao reclamar do poder público omisso, mas muitas vezes elas criam um problema e querem que o poder público resolva o problema que criaram.
Quem foi atrás da sarna não pode reclamar quando ela coça. Pode?

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Acabemos com o medo de fantasmas

Não tem o menor cabimento este medo generalizado dos produtos importados, já que o Brasil tem condições absolutamente tranqüilas para enfrentá-los.
Em primeiro lugar há dificuldades logísticas para a importação. Os grandes exportadores de produtos manufaturados só têm acesso aos nossos mercados através de portos e aeroportos, dois gargalos mais do que consagrados.
Depois porque nossas indústrias são bem equipadas, dispõe de fartura das principais matérias-primas e estão pouco endividadas pelos padrões internacionais; ou seja, estão aptas a competir com as indústrias do leste europeu e do sudoeste asiático, sendo inclusive uma nação com características intermediárias às que compõem as duas grandes regiões que ameaçariam nosso país no que compete às manufaturas.
No quesito energia, apesar da crise que se está desenhando no país pela absoluta falta de investimentos (causada pela visão intervencionista do governo), o Brasil ainda se encontra em melhor posição do que qualquer um de seus oponentes. As condições geográficas permitem geração por diversas fontes e uma matriz limpa, o que poderá ser brevemente um fator de aumento de competitividade industrial.
Por último, e não menos importante, temos uma população jovem e com escolarização crescente e na qual estão ausentes grandes conflitos étnicos, como os que travam ou dividem países das regiões supracitadas.
O calcanhar de Aquiles de nosso país é o ambiente legal e governamental desfavorável aos negócios. Isso resulta em uma política de juros (que eu espero esteja com os dias contados) que torna o investimento produtivo médio menos lucrativo do que as aplicações financeiras e, o que é o absurdo maior, mais inseguro.
Como se vê, no que tange às condições estruturais, estamos bem preparados para concorrer com qualquer um que seja. Basta que nossos dirigentes acordem para ajustes que precisam ser feitos e passaremos de caça à caçador nos mercados globais.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Como previsto

O câmbio virou para a imprensa o Judas da vez, eliminando o Cristo que é a indústria nacional e condenando-nos ao inferno do desemprego e da baixa renda.
Não acredito em nada disso.
Façamos um exercício de imaginação: digamos que acordemos amanhã com o real valendo uma libra esterlina e que a massa salarial - contada em real - esteja imutável.
Isso equivaleria a um incremento de renda de mais de 4 vezes e faria com que alguns setores intensivos em mão-de-obra sofressem muito devido à concorrência dos produtos importados, mas será que haveria uma influência negativa no emprego? Obviamente não.
A tendência é que o setor de serviços abriria vagas suficientes para fazer com que a balança fosse altamente favorável.
Peguemos o setor automobilístico, que é apontado como daqueles onde o câmbio valorizado trás o apocalipse. Se assumirmos que para cada emprego associado à produção (montagem, produção de peças, limpeza e administração das fábricas, etc) houver um associado aos serviços (venda de automóveis, corretagem de seguros, mecânica, funilaria, etc), o que não é verdade já que o setor de serviços envolve mais pessoal, e verificarmos o resultado no emprego geral de câmbio e renda iguais ao da hipótese, veremos que o resultado é amplamente positivo.
A renda aumentada por quatro abriria a um enorme contingente a possibilidade de ter veículo próprio (automóveis são totalmente intercambiáveis e, portanto, o preço do mesmo não subiria conforme a renda e sim conforme os preços internacionais mais impostos) assim como diminuiria o ônus de mantê-lo (o custo das peças de reposição e dos combustíveis seguem a mesma lógica e o dos seguros é feito em relação ao preço de venda do veículo). Com tudo isso, o aumento de vendas destes não se daria pela simples multiplicação por quatro e sim por uma função maior, tendo em vista as necessidades represadas de nossa população.
Mesmo que toda a indústria automobilística brasileira fosse varrida do mapa – e razões logística impediriam isso -, o número de empregos gerados pelo setor de serviços ao automóvel seria muito grande e haveria um aumento da massa salarial, com reflexos positivos para a nação.
O mesmo aconteceria com uma enorme gama de setores onde possíveis perdas no número de empregos industriais seriam sobrepujadas pelo incremento no número de empregos advindos dos novos serviços consumidos pelo aumento de renda relativo do brasileiro em comparação às nações circundantes.
Seriam particularmente visíveis o aumento do consumo nas rubricas turismo e lazer, dois setores quase indigentes no Brasil do momento, mas que estão experimentando forte aumento com a recuperação do valor da nossa moeda.
É claro que o real em paridade com a libra esterlina seria um caso extremo e teríamos que ter muitas mudanças estruturais e econômicas para mantê-lo assim, mas este exemplo é só para mostrar que uma moeda forte não é um empecilho para o desenvolvimento econômico de uma economia moderna de serviços e geradora de empregos, é antes de tudo um pré-requisito. A Inglaterra é uma prova viva disso.
Querer o Brasil um eterno exportador que é um atraso desmedido. A única função econômica de se exportar é poder importar o que outros têm de bom, assim como a única função econômica de trabalhar é consumir o que se quer.
O resto é fetiche moralista.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Minha versão dos fatos

Ao que parece as avaliações estão mostrando um quadro de deterioração do ensino público no país, tomando por base os últimos dez anos e que há uma luz no fim do túnel já que os alunos da quarta série que foram avaliados no ano passado obtiveram uma nota ligeiramente superior do que os de avaliações anteriores.
Com isso os próceres luláticos já se colocaram a dizer: está vendo, aqueles que tiveram a sorte de começar a estudar na nossa administração são os únicos que melhoraram.
E dizem isso mesmo em um governo no qual o primeiro ministro da área foi demitido por telefone, o seu sucessor abandonou o emprego para tentar salvar um partido da ruína (e aí já vemos com quem a fidelidade está, educar a nação é muito menos importante do que salvar um partido) e um outro disse que a maior contribuição do governo na área teria sido a criação do Fundeb, que ao momento da declaração não havia ainda sido aprovado.
Portanto um governo que não vez absolutamente nada pela área ainda tenta dizer que tudo que deu errado é culpa do anterior e tudo que deu certo é culpa dele.
A verdade é que tudo, tanto o que deu certo quanto o que deu errado, é fruto da reestruturação do ensino promovida pelo governo FHC e seu ministro Paulo Renato.
Os alunos que estão puxando os índices das provas para baixo hoje são aqueles que foram incorporados ao sistema pela massificação do ensino fundamental dos anos 90 e conseqüente baixa de qualidade média que isso provocou; sendo que isso ocorreu tanto pela falta de infra-estrutura familiar dos alunos que estavam entrando quantos da falta de capacitação e infra-estrutura das escolas que os estavam recebendo.
Dentro deste quadro, é natural que os pertencentes à primeira leva de alunos sejam os que tenham recebido a pior educação e que as gerações de alunos que venham a ser avaliadas a partir deste momento já tenham recebido uma educação ligeiramente melhorada do que aqueles, tanto pela adaptação do sistema para um contingente que já não é mais explosivo, e que tende agora a ser decrescente uma vez que os índices de natalidade estão cada vez menores no conjunto da população e a massificação da educação leva geralmente a diminuir este índice ainda mais.
As notas deverão sofrer uma inflexão na curva logo e se tornará cada vez mais sensível a mudança, espero que nenhuma ação lulática estrague isso.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Polêmica

Se podemos medir a importância de algo pela polêmica que gera, o assunto desta semana é a entrevista do ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos às páginas amarelas da Veja.
Será que dizer que há uma patrulha ideológica em um governo de um partido que se dizia ser o "único" ideológico" existente no país faz pouco mais de 2 anos é realmente de se espantar?
Deixo a pergunta com vocês.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Algo precisa ser feito

Passou do ridículo as ações dos juízes no Brasil frente às instâncias teoricamente competentes.
Qual é a autoridade de um juiz de primeira instância para se sobrepor à ANAC quanto à uma pista de aeroporto estar tecnicamente boa ou ruim?
E para dizer à Infraero de deve ou não por a disposição de outros interessados seus espaços ociosos ocupados por uma empresa concordatária?
Talvez fosse caso de se fazer com que os juízes que fazem coisas como essa se tornassem responsáveis solidários pelos prejuízos advindos de suas ações.
Garanto que eles passariam e refletir muito melhor sobre o papel de um juiz na sociedade.

Sede de verdade

Está se falando tanto do aquecimento global que também vou explorar este filão à exaustão.
Então deixem-me aqui esclarecer algo sobre o que penso que seria a falta d’água que alguns povos podem vir a sentir. Isto é simplesmente ridículo, não há a menor possibilidade de alguém ficar sem água devido ao aquecimento global; porém, há total possibilidade de grupos inteiros morrerem secos por falta de dinheiro e o seu equivalente físico energia.
A verdade inconteste é que não existe recurso mais abundante na Terra do que a água. Como já disse em algum texto (ou alguns) neste mesmo blog, o nosso problema é com energia, seja para levar a água potável para regiões ermas, seja para tornar potável água próxima. Ou dinheiro para armazenar água de chuva.
Fora distância o problema para algo, os tenistas do Australian Open não beberiam Evian, ninguém no ocidente utilizaria o petróleo árabe ou as quinquilharias chinesas. Fora tecnologia, não existiriam usinas de dessalinização ou estações de tratamento.
O problema é que energia e dinheiro são problemas que o mundo acha intransponível, por serem escassos e os mais fortes quererem se apropriar deles. Sua posse significa poder.
O fato é que, se realmente acontecerem as grandes secas no mundo pobre, os habitantes de países ricos chorarão de compaixão frente às imagens de criancinhas sedentas e famintas, mandarão mantimentos e nada de verdadeiramente estrutural farão.
Nós conhecemos bem esta história, convivemos com ela faz séculos e nada foi feito para resolver o problema.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Falemos um pouco da Guerra do Iraque

Está mais do que certo que os Estados Unidos perderam esta guerra, tanto é assim que não há meios de haver uma saída honrosa do país, que está hoje muito mais hostil aos ideais que supostamente levaram as tropas à invasão do que eles jamais imaginaram que seria.
E no front da propaganda interna, as coisas estão indo de mal a pior. Ressuscitaram até a Jane Fonda - que se não me engano havia pedido desculpas ao povo americano por não apoiar a guerra do Vietnã em respeito aos soldados que estavam lá perdendo vidas – como ativista política antiguerra, e eu desconfio que isso tudo sem que os estadunidenses tenham idéia do lodaçal em que meteram.
Ficou claro que as tropas do tio Sam – como de resto acho que as de todos os países - não têm capacidade de ocupar uma nação hostil aos seus ideais; ou como se costuma falar, ganhar corações e mentes. Com elas é oito ou oitenta, ou a submissão ou abandona-se o intento por que os outros não têm “corações ou mentes”. Ou a terceira via, eliminação total, mas em um mundo tão interdependente quem irá apoiar algo assim?
O fato é que hoje Bush pediu mais alguns bilhõezinhos para continuar com a pantomima de que a situação do Iraque tem jeito, pelo menos um jeito que agrade aos habitantes acima do Rio Grande a abaixo do Niagara (Van Damme diria: retroceder nunca, render-se jamais). Sabe que não tem e vai tentar levar as coisas com a barriga pelos próximos dois anos e quem sabe fazer um sucessor.
Em um mundo que reelegeu Chávez, Lula e o próprio Bush, não seria de se espantar.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Um novo Judas

A imprensa brasileira costuma fazer um rodízio de culpados pela raquítica força do crescimento de nosso PIB: primeiro sempre aparecem os juros, depois a gestão pública – personificada ultimamente pelo déficit previdenciário - e por fim o inimigo externo na figura dos produtos importados. E chegou a vez deste último, a se acreditar que a matéria da Folha (assinantes Folha ou UOL cliquem aqui) é uma tendência que será seguida.
Está certo que é normal haver uma onda ufanista sempre que as importações ameaçam crescer muito, e mais ainda quando elas realmente crescem, mas a reportagem da Folha de hoje já é um exagero de retórica gasto na defesa da indústria nacional.
Assinada por Fernando Canzian, ela diz que o crescimento do PIB está sendo contido pelo aumento das importações, o que é um completo absurdo.
Disse mais isso: “Em 2006, bastante estimulado por programas sociais, o consumo das famílias cresceu 3,6%, e o PIB, 2,3% (até setembro). A diferença entre os dois percentuais foi, basicamente, atendida pelos importados”. O que nos leva a crer que o autor considera que o PIB é exatamente igual ao consumo das famílias, o que todos sabemos não ser verdade.
O fato de haver um aumento do consumo das famílias pode, inclusive, ser fruto do aumento dos importados, uma vez que exista uma maior oferta de itens ou uma melhor relação custo-benefício que o estimule.
Em resumo, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se está ocorrendo uma diminuição do investimento industrial no Brasil, pode se culpar a quase tudo, menos ao dólar barato e ao aumento de importação.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Sem título

Para quem leu meu artigo de dois dias atrás seria bom dar uma ouvida neste comentário que reforça tudo que lá foi escrito.
O fato é que já superamos a fase – em tudo mais difícil - de não saber o que fazer, só falta superar a fase de não agir. Quanto a esta não há dificuldade nenhuma, sabemos que agiremos. Só resta saber se será por bem ou por mal.
Outro detalhe será se dará tempo de resguardar nossa qualidade de vida ou não, mas quem liga para qualidade de vida se a própria existência está ameaçada?
A verdade é que a Onu soltou um relatório que afirma que com 90% de probabilidade o tempo louco que estamos observando agora seja resultado da influência humana. Sendo ou não nossa culpa, temos que tentar conter a loucura já ou, melhor, pra ontem. Então mãos à massa.

Obs: Continuo não acreditando que a existência do ser humano esteja ameaçada.
O que estamos ameaçando é a boa vida do ser humano. Porém, como muitos acreditam que estamos trabalhando contra a sobrevivência da espécie, deixo esta possibilidade em aberto, já que não podemos desacreditar a capacidade de fazer estupidez de quem já se envolveu em tantas e tão sangrentas guerras.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Atemporal

Faz setenta anos o ilustre Sergio Buarque de Hollanda escreveu Raízes do Brasil, no qual demonstrou o paternalismo que se encontra por estas paragens.
Em determinado momento, criticando-o como algo velho e fora de lugar chama um dos defensores deste paternalismo político, Silva Lisboa (Visconde do Cairu), de um homem do passado já em 1819 por ter escrito isso:
“O primeiro princípio da economia política é que o soberano de cada nação deve considerar-se como chefe ou cabeça de uma vasta família, e conseqüentemente amparar a todos que nela estão, como seus filhos e cooperadores da geral felicidade...” e também “Quanto mais o governo civil se aproxima a este caráter paternal e forceja por realizar esta ficção essa ficção generosa e filantrópica, tanto ele é mais justo e poderoso, sendo então a obediência a mais voluntária e cordial, e a satisfação dos povos a mais sincera e indefinida”.
Como vemos, o que Hollanda considerava fora de lugar no começo do século XIX, está se exacerbando no começo do século XXI, e não só aqui.
Que venham os Chávez, Morales, Correas e Lulas. Vai ver Hollanda estivesse errado e Cairu fosse um visionário, dois séculos à frente do seu tempo. Ou talvez o autor de Raízes estivesse certo e a América Latina esteja fora de seu tempo, anacronicamente se dirigindo dois séculos para o passado.
Em qual possibilidade vocês apostam?

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

É só enfrentar as petroleiras

A conversa fiada de que se precisa pesquisar mais para que o petróleo deixe de ter a predominância que hoje ocupa na economia mundial nada passa disso, conversa fiada.
A se fiar em um termo caro às ex-esquerdas bravateiras deste país ao é necessário nada mais do que vontade “política”.
Vamos tomar, por exemplo, o consumo de derivados de petróleo para transporte, que este gráfico diz ser a parte do leão do consumo nos Estados Unidos.
As tecnologias já utilizadas com carros híbridos (combustíveis líquidos e eletricidade) acarretam um ganho de eficiência energética médio superior a 100%. Caso toda a frota estadunidense fosse substituída por um ato de mágica em veículos com esta tecnologia, o consumo de petróleo por esta nação seria 31,5% menor e a sua dependência externa se reduziria a menos da metade da atual.
Haveria um custo da mudança de tecnologia? Claro que sim, mas é certo também que outros custos escondidos no uso de petróleo, e cada vez mais explicitados pela mídia internacional, seriam abandonados.
E como se poderia fazer com que os custos fossem rateados? De maneira politicamente correta e com menor desgaste eleitoral - através de benefícios fiscais para os compradores de carros híbridos - ou de maneira truculenta - com a adoção de impostos aos combustíveis fósseis que façam com que a utilização dos carros de combustão interna comum seja mais cara do que a dos híbridos -, não importaria, desde que o resultado final fosse o abandono da tecnologia mais antiga.
Esse é apenas um exemplo de como podemos diminuir em muito o uso do petróleo sem a necessidade de nenhuma inovação tecnológica ao que já está totalmente em uso comercial. Muitos outros podem ser verificados em todos os usos do petróleo, só carecem de ação. E deixar as grandes petroleiras na saudade
Que falta faz uma boa vontade política, de verdade.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Pleitiando a vaga com uma republicação

Se o senhor W. Bush quiser um assessor especial para assuntos aleatórios, já sabe onde procurar; segue aí um texto de 2005 com a política que este pretende começar a aplicar agora.
Como vocês vêem, não é preciso ser nenhum gênio para colocar em prática boas políticas. É só pegar as coisas que estão à mão.
O texto é o seguinte:

Vamos variar, Mister Bush

Não é só o administrador brasileiro que tem dificuldade de dar uma leitura holística dos problemas que lhe são apresentados.
Se concatenassem as coisas, muitos problemas considerados insolúveis seriam equacionados. Vamos pegar dois problemas norte-americanos, que se subdividem em uma porção, e apontar uma solução conjunta para eles.
São eles a imigração demasiada dos pobres da América Latina e África para lá e a outra é a extrema dependência do petróleo produzida por um punhado de países.
Todos nós sabemos que América Latina e África são regiões potencialmente imbatíveis na produção agrícola, mas dependentes de capital externo e de tecnologia para implementar suas potencialidades. São também grandes produtores de gente, e de imigrantes.
Sabemos também que imigração é normalmente a última opção para as pessoas, feita só quando as esperanças de uma vida digna se esvaem. Mais uma coisa, que a agricultura é uma das atividades humanas mais intensivas em uso de mão-de-obra. Juntando uma coisa a outra, porquê não financiar a agricultura nestes países em vez de gastar uma fortuna tentando evitar a chegada de uma leva de imigrantes; cercando fronteiras, utilizando aviões, etc.
E quanto a dependência do petróleo? Com base na potencialidade da biomassa como integrante da matriz energética do mundo, utilizar os países já citados como base produtora de biodiesel, álcool ou seja lá qual tecnologia de biomassa, poderia suprir as necessidades deste países produtores, diminuindo a demanda pelo petróleo, e até gerar excedentes exportáveis. Seria um ferimento de morte na OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e ajudaria a diminuir os custos de adoção destas novas tecnologias (algumas nem tão novas assim).
Juntando os dois teríamos imigrantes potenciais vivendo em suas próprias terras, diminuiríamos a pressão sobre o petróleo como base da matriz energética e incluiríamos consumidores para os capitalistas se fartarem.
É certo que não seriam programas baratos. Mas os recursos estão disponíveis, é só examinar o orçamento direito. Tem as verbas do subsídio agrícola (dizem que é mais de um bilhão por dia), das guerras por petróleo, da promoção comercial, da ajuda aos países subdesenvolvidos, da promoção de energias alternativas, etc.
E todas teriam externalidade positivas. Desviando os subsídios dos fazendeiros norte-americanos para os de países realmente necessitados implantarem as lavouras energéticas, as distorções nos mercados mais sensíveis (algodão, soja, milho, etc) seriam suprimidas. A renda gerada criaria mercados para os produtos e serviços “yankees”, muitas lutas tribais poderiam deixar de ocorrer junto com o fim da miséria Enfim um negócio lucrativo para todos exceto os barões do petróleo, das armas, da ajuda externa, da política corrupta.
Exatamente o tipo de coisa que não é colocado em prática, sempre que um barão é prejudicado as coisas andam devagar, imagine com tantos.

sábado, 27 de janeiro de 2007

Não se mirem no exemplo europeu

Em um dos raros momentos em que resolvi ler o que diz a chamada esquerda brasileira me deparei com um texto de um dos que se esmeram em ser porta-voz desta visão de mundo que ele pensa ser de vanguarda, Emir Sader.
Procurando ser um intérprete da América Latina para os que não a entendem, conclui sua explanação com o seguinte:

“É um continente que não se deixa aprisionar pelos esquemas liberais e eurocentristas, que se rebela, que constrói e reconstrói suas alterantivas de novas maneiras, aprendendo das experiências passadas e refazendo sua história presente. Promovendo as surpresas que fazem da América Latina a nova toupeira do século XXI.”

A verdade é que agora preciso de um intérprete para interpretar o intérprete da América Latina. Não sei o que significa alterantivas, mas deve ser muito bom esse negócio, já que faz do sub-continente uma toupeira(?) do séc. XXI.
E já que não nos deixamos aprisionar pelos esquemas liberais e eurocentristas devemos louvar a Deus, qualquer um deles, pela nossa prosperidade e paz social. Já pensou o caos que estaria aqui caso nos espelhássemos na Europa e sua miséria generalizada e ditaduras libertárias à moda bolivariana?

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Voltando ao Furtado

Depreende-se da leitura que não houve uma diversificação maior da economia durante a história econômica brasileira porque havia sempre uma atividade tão mais lucrativa que as demais que não existia nenhum sentido em aplicar qualquer fator de produção em algo não diretamente ligado na atividade da vez.
Desta forma só havia comércio pela razão que alguns itens eram essenciais ao funcionamento dos engenhos, no ciclo do açúcar, e não podiam ser produzidos dentro da fazenda e havia os entrepostos comerciais que formaram uma infinidade de vilas e cidades no sul fluminense e sudeste mineiro, no ciclo do ouro, pela razão de que não se podia fazer a viagem que trazia os equipamentos de lavra do litoral e os minérios do interior sem o suporte destes.
O fato é que agora este mecanismo se repete, só que a atividade que suga todos os recursos potencialmente alocáveis estão indo para algo totalmente estéril, o financiamento da dívida pública.
Estéril em dois sentidos, não gera produção e empregos e não gera serviços públicos de qualidade.
A manutenção de juros nesta faixa em que o BC insiste em dizer ser o mínimo que nossa economia suporta sem surtos inflacionários é uma aplicação muito descarada do favorecimento das elites que sempre fez o Brasil concentrar renda.
Mais uma fez o pai do fenômeno pode dizer que nunca na história deste país se fez algo tão inovador para favorecer aos ricos, que como ele mesmo disse, nunca ganharam tanto dinheiro quanto no seu primeiro mandato.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Furtado

Vejam só vocês, depois de ouvir por anos afins que Furtado disse isso, Furtado disse aquilo, resolvi conferir o que o pensador tinha a falar no seu livro mais famoso, “A formação econômica do Brasil”.
Antes mesmo de falecer em 2004, o economista já era considerado um santo pelos esquerdistas e pelos “desenvolvimentistas” de todas as matizes.
E dá para entender perfeitamente, já que seus escritos, provavelmente com uma concepção nova para a época, mostra uma visão completamente condizente com o pensamento que, utilizando uma expressão popularizada pela Veja, é a vanguarda do atraso.
Furtado diz que durante toda a história econômica retratada por ele, e o detalhe é que o livro é de 1959, o setor exportador foi amplamente favorecido por políticas deliberadas em detrimento dos demais setores da economia – o que, diga-se de passagem, não é nenhuma novidade para mim e nem para ninguém – e em alguns períodos houve o congelamento cambial, em condições extremamente desfavoráveis para o consumidor, para que a nascente indústria ganhasse competitividade.
É claro que Furtado defendeu estas políticas deliberadas, uma vez que o pobre capital produtivo tinha que ser fomentado, gestado, cuidado, alimentado, etc... e que se dana-se o resto da população, simples fator de produção a ser manejado pelos produtores.
Não é de causar espanto que uma visão seja endeusada por um amplo espectro da política. Afinal o povo mais a esquerda pensa no ser humano como uma engrenagem do sistema e o mais a direita como um insumo, mas me admira muito a admiração que suas idéias do que é certo e errado para a economia nacional seja apoiada por alguém de perfil, digamos, centrista.
E me admira mais ainda que pessoas ligadas ao governo atual queiram a todo custo aplicar o receituário desenvolvimentista explicada na obra, é simplesmente mais do mesmo que foi aplicada no país durante toda a nossa história, excetuando-se o denegrido período “neoliberal” que estamos vivendo agora. Ou seja, mais do mesmo que nos levou à situação que chegamos hoje.
Não me parece sensato, mais, oras, a sensatez é uma qualidade supervalorizada no mundo, não?
De concreto, pode se ficar com um comentário da contracapa da edição que eu li, retirada de Celso Furtado (Francisco de Oliveira, 1983): “ninguém, nestes anos, pensou o Brasil a não ser em termos furtadianos”. Creio que isso se aproxima muito da verdade, o que só vem a confirmar o rodriguianismo que diz que toda a unanimidade é burra.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Inflação sobre controle, apesar de tudo

Observando o noticiário econômico dos últimos tempos vê-se que há uma preocupação dos analistas, entrevistados e videntes cada vez maior com a indexação da economia pretendida pelo governo Lula.
Não estou preocupado com isso, não por achar que a indexação é boa ou mesmo que não existirá. Ela nunca desapareceu da face do nosso país, pelo simples fato de que já está presente em grande parte do nosso território atrelada ao salário mínimo – sobre o que, aliás, já escrevi um artigo aqui neste blog -, e a baixa inflação que estamos vivendo (para os nossos padrões, é claro) não é devida à desindexação.
A baixa inflação é obra da abertura econômica e do câmbio livre, que fazem com que os preços internacionais das mercadorias pressionados para baixo pelas manufaturas asiáticas sejam incorporados à nossa cesta de detecção da inflação. E assim continuará enquanto nossa economia tiver estes dois esteios, permanecerá funcionando pelos padrões internacionais.
Uma possível aceleração da inflação será sentida totalmente no setor de serviços, que não sofre concorrência internacional tão grande (e em alguns casos nenhuma concorrência internacional).
Como nosso consumo de serviços é extremamente baixo, Lula poderá dizer por muito tempo que nunca na história deste país houve um período de estabilidade de preços tão grande e que o salário do trabalhador nunca comprou tantos alimentos e que...É uma porção de mentiras, eu sei, mas mesmo esta mentira acontece apesar dele e não devido a ele.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Outros buracos

Hoje teve Pac e, convenhamos, não consegui ver nada demais no tal programa; um monte de promessas e ataques aos últimos quinze anos de administração pública no Brasil (nota: é engraçado que não se fala mais em herança maldita e se esqueceu de dizer os dez anos antes de nós).
Mas há algo muito importante, caminhões de dinheiro serão despejados em uma Kombi de projetos, vamos ver o que vai sair disso.
Eu tenho uma obra prioritária, espero que seja contemplada. Não sei onde fica e só vi de relance em uma reportagem de tv entre o buraco do metrô e o rompimento do dique, sei que é lá pros lados do centro-oeste, um dos Mato Grossos.
Se trata de um trecho de estrada que foi destruído pelo rio que passa abaixo dele 4 vezes nos últimos 6 anos. Isso mesmo, 4 em 6, e parece que eles seguem reconstruindo a estrada no mesmo lugar e com as mesmas técnicas. Acho até que andam tapando os buracos nela, já que o asfalto nas bordas do trecho que ruiu parecia novo em folha, ou será que isso é porque vivem reconstruindo o trecho?
Será que isso é considerado um erro de engenharia também? Desconfio que sim, mas vai saber, não sei mais o que é certo ou errado na América do Sul.
Mas ando mesmo assim minha sugestão aos aceleradores de crescimento, dêem uma olhada nesta estrada, talvez se ela for feita direito passe há ruir apenas de 3 em 3 anos ou de 4 em 4.
Garanto que haverá um pouquinho mais de dinheiro para investir em outras coisas se isso acontecer.

Obs: uma menção honrosa para a cobertura da imprensa à fissura que se formou em um trecho do acostamento da rodovia Dutra. Nunca uma estrada mereceu link ao vivo por algo tão pequeno.
A rodovia – caso tivesse sentimentos – estaria se achando agora.

domingo, 21 de janeiro de 2007

As voltas que o mundo dá

Muitas vezes não nos damos conta da velocidade das mudanças que estão ocorrendo no mundo, mas um pequeno “causo” que relatarei agora colocará um pouco de perspectiva sobre como isso ocorre em ritmo acelerado.
Em meu último ano na faculdade de jornalismo (1998) meu grupo foi responsável por escrever uma edição especial sobre trânsito da publicação interna da faculdade.
Eu propus que uma das reportagens trata-se do não-trânsito, que nada mais era do que uma opção de vida mais centrada no bairro e no teletrabalho para evitar deslocamentos que demandassem transporte público ou individual. Portanto não estava propondo nenhuma matéria sobre mudança radical de tecnologias e sim uma sobre racionalização da vida urbana.
Resulta que fui tratado como loucos pelos demais integrantes do meu grupo por esta sugestão que não me pareceu nada excêntrica (em verdade vos digo que talvez não tenha sido só isso, mas todo o conjunto da obra).
Passados menos de nove anos, esse delírio que eu gostaria de ter investigado melhor à época parece estar se tornando a tendência. Os grandes deslocamentos de funcionários estão sendo evitados pelas empresas, que estão tentando contratar nas imediações de seus postos físicos, e o teletrabalho está cada vez mais em alta ( segundo Joel Hotkin – em um recente artigo para a revista Newsweek special edition – há 4 milhões de teletrabalhadores em período integral e 20 milhões em tempo parcial apenas nos Estados Unidos), sem contar que existe um movimento para a valorização da vida em comunidade e dos bairros nas grandes metrópoles.
Como vocês vêem, aquela sugestão de pauta passou de coisa de maluco a totalmente normal em menos de uma década, e o maluco nem era visionário.

E as voltas que São Paulo não dá

Na mesma publicação saiu uma matéria sobre o então Fura-fila, que devido ao ceticismo que causava em nós quanto à conclusão da obra, só foi publicada devido a inserções comerciais que o governo municipal de São Paulo estava veiculando sobre a inauguração da obra em emissoras de tv abertas.
As inserções comerciais sumiram, alguns prefeitos sentaram na cadeira (que, aliás, até mudou de local, junto com a sede da prefeitura) e nada da inauguração da obra.
Diz o Kassab que agora vai, veremos.

sábado, 20 de janeiro de 2007

A educação dos potentados

Por mais que se queira personalizar, país não é gente e não pode se dar ao luxo de ser mal-educado. Já os líderes dos países vivem fazendo isso, e sujam a imagem de suas nações e do povo que representam.
Um que acha o máximo ser mal-educado é o Chávez. Sempre nos foi ensinado que não devemos criticar os demais com a intenção de constrangê-los; e é só o que este suposto estadista faz. Muitas vezes na casa do alvo, como ele fez em Nova Iorque ao chamar George W. Bush de diabo. Será que este xingamento trouxe algum ganho diplomático ao seu país ou só o fez porque achou que era uma boa hora para uma ofensa gratuita?
Como maus hábitos se disseminam rapidamente, Evo “ pupilo” Morales também está colocando suas asinhas para fora; vocês devem ter visto a forma como a dupla agiu contra o presidente colombiano Álvaro Uribe na reunião de cúpula do Mercosul (pois é, parece que isso ainda existe, ao menos para gastar nosso dinheiro com a segurança dos supostos líderes).
Resta saber como serão as próximas reuniões de cúpula; será que irão cuspir na mão antes de se cumprimentar? Ou dar uma rápida passada de mãos na bunda?
Quem sabe; nas novelas tão populares na América Latina nunca se sabe o próximo passo ou cena. A nossa política é muito mais imprevisível ainda.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Acabou o circo ...

... da busca de vítimas dentro do buraco e espero que a mídia recobre a consciência de que há uma escala de importância nas coisas.
Não é possível que se trate como desastre de mesma gravidade o que ocorreu na obra do Metrô paulistano é o acidente ambiental no rio Muriaé e aqueles que recebem seus tributos.
Enquanto o primeiro deixou centenas de desabrigados instalados em hotéis de, sei lá, quatro estrelas, o segundo deixou milhares de desabrigados (do tipo que tem como auxílio público no máximo um canto em uma escola para tentar se recuperar do trauma). Podem até me chamar de insensível, mas os desabrigados de São Paulo nem podem ser chamados por esse nome.
É óbvio que a morte de seis pessoas (talvez sete) é uma tragédia, deve ser investigada e os responsáveis devem ser punidos de forma dura; só que a cobertura que esta recebeu é totalmente desproporcional ao número de pessoas afetadas.
Pelo jeito não é apenas atrás de responsáveis que a imprensa deve cavar fundo neste episódio. O bom senso também foi perdido em algum lugar daquele buraco e, talvez, o melhor a ser feito é pedir a ajuda dos bombeiros para auxiliar no resgate.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Moral firme, como gelatina

Vejam como os valores morais andam elásticos no Brasil:
José Janene (vocês já devem ter ouvido falar da figura durante a apuração de algum dos escândalos envolvendo a Câmara Federal) teve uma de suas fazendas invadidas por sem-terras.
Esses sem-terras foram expulsos da fazenda e andam reclamando por aí que sofreram intimidação e, vejam só, não haveria documento de reintegração posse com os jagunços que executaram o serviço.
Então o que acontece é que um grupo de pessoas afronta a lei ocupando terras alheias e intimidando os que lá estão e se sentem tolhidos de seus direitos quando os mesmos métodos são utilizados contra eles; é a justiça de uma única via e a lei do eu posso tudo e vocês nada.
Ao que me parece ninguém tem razão aí, mas é Brasil. Aqui todos estão sempre certos, o único errado é o bom senso.
Quem prega a lei do mais forte acaba sendo ferido por ela, pois sempre há alguém mais forte do que você. Isso é uma certeza.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Socialismo bolivariano? Me avisem a hora de começar a rir.

Estava esperando o verão chegar em São Paulo para voltar a escrever, mas como parece que isso não vai acontecer mesmo, aqui está.
Estas últimas semanas parecem ser de reafirmação do socialismo na América Latina pelo que a mídia tem mostrado (como diz o bolivariano: “Pátria, socialismo ou morte”), que piada.
Estes ditos revolucionários de esquerda que andam ganhando o poder por este confim esquecido do mundo não passam de egocêntricos estridentes, como de fato foram todos os outros mentirosos que se disseram socialistas no século passado, de Stálin a Castro.
Se há uma coisa que é a exata antítese de um movimento socialista (que portanto deveria colocar a sociedade como o ente mais importante e a ser favorecido) é uma ditadura, que impõe a visão de uma parcela desta sociedade ao conjunto, e ainda mais se for personalista e impuser um culto a uma personalidade qualquer.
Figuras que aceitam ser chamadas de “grande timoneiro”, “grande líder”, “farol do povo” ou coisas assim deveriam ser internadas e não ficar no comando de máquinas governamentais, seja lá de onde for.
O fato é que isso não deu certo em lugar nenhum do mundo e nunca dará. As milhares de vítimas que pagam com as vidas e bens e sofrimento psicológico da imposição receberão algum dia uma estátua como as “do soldado desconhecido” espalhadas mundo afora, quanto a mim só espero que a conta aqui no nosso continente seja menos salgada do que ela parece que será.
Nossos povos revolucionários (parece ser um problema insolúvel por aqui) já sofreram demais com as aventuras passadas, espero que não o façam com as presentes.