sexta-feira, 16 de março de 2007

Mais uma chance

Como já disse há pouco, não considero os biocombustíveis uma solução para a dependência de petróleo caso se mantenha o uso indiscriminado dos motores de combustão interna, mas eles podem ser uma excelente solução para outros problemas que assolam o mundo.
A começar pelos males provocados pelos subsídios que alguns países (ricos) dão aos seus produtores rurais. Ao valorizar os produtos da terra, os biocombustíveis aumentam o lucro dos produtores rurais e permitem que fazendeiros do terceiro mundo deslocados pelos do primeiro possam comercializar suas culturas sem a concorrência estrangeira.
Também podem interromper algumas correntes migratórias provocadas pela fome. Sabemos que há alimento suficiente para todos os habitantes do planeta, mas existe uma grande deficiência na distribuição de renda que possibilitaria que todos se alimentassem. Pois as localidades onde a fome mais ataca são as marcadamente agrícolas que não podem competir com preços de alimentos subsidiados pelos países ricos e não têm condições de gerar renda com outras atividades.
Pode diminuir também a necessidade por divisas que leva alguns países a dar prioridade por produtos de exportação em sua agricultura em detrimentos àqueles de uso tradicional local.
Em suma, pode criar um mundo menos injusto.
O porém é que isto é um mar de potencialidades, e de boas intenções o inferno e o purgatório estão cheios. Tudo dependerá de como a coisa será implantada, e temos todos os motivos para acreditar que a coisa não será bem feita, já que nada neste campo de relações internacionais e geopolítica está sendo bem feito neste século.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gian,

Obrigado pela visita. Em meu post aqui tratei um pouco do assunto energético.

A respeito dos subsídios agrícolas, eu tenho algo a dizer.

É verdade que o Brasil e em especial certos produtores de algodão na África estariam em melhor situação econômica se os países da CE, o Japão e os EUA retirassem os subsídios a seus produtores agrícolas. Entretanto, daí não decorre que os subsídios são uma ferramenta imperialista de controle dos países pobres, como diz o PT de Lula.

Os subsídios foram criados pelos países ricos para compensar seus agricultores: se não existissem, a atividade agrícola na Europa e nos Estados Unidos cessaria, pois os retornos dessas atividades são muito inferiores aos retornos financeiros de investimentos na indústria ou serviços. Alguns economistas argumentam que a retirada dos subsídios na verdade melhoraria a eficiência da economia dos EUA e da Europa, e eu concordo com eles. Infelizmente, o dinheiro transferido para a agricultura tornou-se ferramenta de manipulação política interna. Há também um valor estratégico em ter a produção de alimentos local, em lugar de ter que transportar tudo de países distantes.

Os países ricos não se desenvolveram às custas dos países pobres. O desenvolvimento se deve a maciços investimentos em educação e ciência, que inexistem no Brasil. A teoria Lulista de que há que encher o bucho do pobre é simplista e leva a mais pobreza. O que os países pobres enxergam é um atalho para o desenvolvimento tornando-se fornecedores de alimentos para os países ricos, sem ter tido o mérito de desenvolver nada novo.

Pense desta maneira: se os países ricos não existissem, o Brasil seria rico? Praticamente todo o desenvolvimento do Brasil se pode atribuir ao país "pegando carona" no desenvolvimento do resto do mundo. As decisões de política interna é que puxam o Brasil para trás.

A verdade é que os países ricos não estão nem aí com o Brasil. Se o Brasil desaparecesse, nada aconteceria.

Um abraço

Gian disse...

Concordo contigo em quase tudo, Zappi, mas na essência meu texto foi contra o subsídio de maneira geral e outras distorções do livre mercado.
Só coloquei os ricos, entre parenteses, porque são os que de fato têm essa política de favorecer os produtores rurais já que dispõe das condições orçamentárias para tal.
E o uso de subsídios, principalmente aqueles para os produtos exportados, e isso é sempre ruim.

Anônimo disse...

Concordo Gian, se os subsídios fossem retirados o desenvolvimento dos países ricos ajudaria a desenvolver por tabela os países pobres. Ao mesmo tempo aumentaria a eficiência da economia dos países ricos, deixando-os ainda mais ricos.

Essa mudança seria feita às custas dos fazendeiros dos países ricos, que se veriam em situação difícil. A Austrália, por exemplo, não adotou a política de subsídios agrícolas, exceto no caso da banana que é caríssima aqui por esse mesmo motivo, e a maior parte dos agricultores australianos já quebrou.

Gian disse...

Pois é, e até onde sei, a Austrália não está vivendo um período de fome ou algo parecido.
Tentar ir contra as leis da economia me parece tudo, menos sensatez.