sexta-feira, 7 de março de 2014

Energia Solar Fotovoltaica - Vale ou não a pena

Estava lendo essa reportagem e peguei-me imaginando se ele fazia sentido. Cheguei à conclusão de que não vale, ainda, ser um microgerador de energia fotovoltaica no Brasil.
O problema não é o custo da energia gerada em si, pois ela tende a ser mais barata do que a fornecida pelo sistema de distribuição.
Tomemos, por exemplo, a região da AES Eletropaulo e as condições de compra de painéis solares de um site especializado (no caso, esse). Assumindo algumas premissas, que podem ser falsas, de custo de projeto e instalação e uso contínuo dos painéis por 30 anos e chegamos à seguinte tabela:
Podemos observar que, nos sistemas de maior produção, é mais barato produzir a própria energia, mas, infelizmente, não é apenas o custo de produção que se deve levar em conta para ver a viabilidade econômica de um investimento.
Deve-se levar em conta também o custo de oportunidade, o que se poderia fazer alternativamente com o investimento, e, no caso de países com taxas de juros enormes como as nossas, é normalmente mais vantajoso fazer aplicações financeiras dos recursos iniciais e pagar as contas mensais das companhias de energia.
Fazendo simulações com consumos de 500, 1000 e 2000 KWh/mês, capacidades dos sistemas geradores compatíveis e o retorno da poupança, podemos ver que, em consumos maiores, há a possibilidade teórica de usufruir um lucro marginal da cogeração, porém os riscos provavelmente não seriam compensadores:


Consumo de 500 KWh

Consumo de 1000 KWh
Consumo de 2000 KWh


Deste modo, pode-se concluir que o que impede o uso de painéis fotovoltaicos no país não é o custo do capital, mas o alto retorno financeiro das aplicações bancárias. Quem tem dinheiro para gastar, faz melhor em guardá-lo.
Países onde o crescimento está muito mais acelerado que o nosso valem-se de juros negativos como incentivo,  como a Austrália, ou pagamentos mais altos pela energia produzida, como a Alemanha.
Se, algum dia, o Brasil virar um país "normal", células fotovoltaicas serão extremamente compensadoras. O problema é que fica difícil de apostar nesta normalidade.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Milícias

milícia


substantivo feminino ( sXIV)
1 arte e prática da guerra
    ‹ treinamento da m. ›
2 a guerra propriamente dita
    ‹ unidos na paz e na m. ›
3 conjunto de tropas de um país; exército
    ‹ m. romana ›
4 qualquer organização de cidadãos armados que não integram o exército de um país
    ‹ as m. da Resistência francesa ›
5 grupo de militantes de entidade religiosa, política etc.
    ‹ m. cristã › ‹ m. socialista ›
6 ( c2007 ) RJ grupo armado de pessoas ger. com formação militar, paramilitar ou policial, que atua à margem da lei em algumas comunidades carentes, pretensamente para combater o crime [Mantém-se com recursos provenientes da venda de proteção à população de baixa renda, pirataria de sinais de TV a cabo, venda de gás engarrafado e outros expedientes.]



Nas acepções acima, retiradas do Houaiss, vemos que milícias podem ser muitas coisas, mas sempre estão associadas à violência.
Marcelo Freixo foi acusado agora de ter conexões com os Black Bloc, ou, ao menos, com os implicados com a morte do cinegrafista Santiago.
Espero, sinceramente, que essas acusações mostrem-se infundadas. Seria péssimo que o "herói" das lutas contra um certo tipo de milícia fosse o "campeão" da defesa de outro.



sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

E estão batendo bumbo

Falei umas poucas vezes de estádios, hoje arenas, aqui (acho que a última foi essa), mas preciso retomar o assunto porque um grande prejuízo ao erário está sendo divulgado como se estivéssemos ganhando muito.
Observemos a divulgação, ou propaganda oficial:
"Os R$ 8 bilhões gastos com a construção e a reforma dos estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo apresentaram, em 2013, os primeiros retornos financeiros"
Legal, né? Seria se de fato houvesse algum retorno aí.
Façamos algumas suposições e, depois, umas continhas para concluir se o ufanismo apresentada no portal oficial tem alguma razão de ser:

  • Nos estádios já inaugurados, foram aplicados algo em torno de 5 bilhões de reais;
  • O retorno dos investimentos bancários é em torno de 6% ao ano;
  • A taxa Selic é de 10,5;
  • Algo da arrecadação aconteceria de qualquer maneira.
Então vejamos, começando pelo fim, a matéria informa que a arrecadação subiu 49% em relação ao ano anterior, o que poderia corresponder a um aumento provocado pelos novos estádios - o que é bastante discutível, mas vamos aceitar como verdadeiro, de 90 milhões de reais :

Com base neste número de "retorno financeiro" - outro valor que é discutível, pois esse seria, na verdade, apenas aumento de faturamento e antes de virar lucro seria necessário saber o quanto disso seria comido pelos custos operacionais das novas arenas esportivas - façamos uma comparação com o que poderia se fazer alternativamente com o dinheiro aplicado nos estádios/elefantes brancos, o chamado custo de oportunidade:

Pois é, deixasse o dinheiro parado em um banco, mais de três vezes mais retorno financeiro, sem aspas, ou pagasse um pedaço de sua dívida, mais de cinco vezes de retorno, o governo ganharia muito mais.
Só que aí entram outras satisfações, prazeres e gozos que não os financeiros. Afinal, como diz Ronaldo, não se faz Copa sem estádio.



Mas não me venham falar de retorno financeiro, que de fato não ocorreu.
Se querem bater bumbo, façam na torcida, se é que será permitido isso na Copa, não mentindo na imprensa mais do que oficial.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Que mancada, Exame

"Com uma fortuna estimada em US$ 77,7 bilhões, Bill Gates é o homem mais rico do mundo de acordo com os últimos números da Bloomberg.

Com esse dinheiro, ele poderia comprar quase 6 vezes todos os bens e serviços produzidos pela Islândia durante um ano inteiro, por exemplo.

Com duas ressalvas: sua riqueza está em ativos, e não efetivamente em uma conta. Seria difícil transformar tudo em dinheiro vivo de um dia pro outro.

O PIB também não é o único parâmetro de riqueza de um país, que também engloba recursos naturais, por exemplo."

Baita desserviço do site da Exame para o entendimento do que é economia e das relações econômicas.
Compara coisas totalmente distintas, patrimônio pessoal e PIBs nacionais. O primeiro é mensuração de riqueza enquanto o segundo mede apenas pujança econômica, podendo inclusive mostrar dilapidação do patrimônio.
Para ver o absurdo da comparação, basta calcular o preço de venda de um imóvel e o de aluguel do mesmo. Em uma situação em que há um contrato sendo cumprido, o PIB registraria a renda do aluguel, geralmente de 5 a 10 por cento do valor de venda do imóvel, como um serviço e assim apareceria no agregado nacional. Bill Gates, para se tornar "dono" do país, teria que pagar os 100 por cento. Não conseguiria, portanto, nem comprar a Islândia cujo patrimônio imobiliário apenas deve ser próximo ao da fortuna pessoal do magnata.
Extrapolando para a valoração das empresas, normalmente muitas vezes o lucro anual, e outros ativos, vemos que a revista fez apenas uma comparação idiota, que em uma revista dedicada à cobertura econômica fica até ridícula.
A Exame poderia passar sem essa.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vai que cola

Desenha-se a abertura de muitas boquinhas no Rio.
Resolve-se o problema de um grande grupo privado e, claro, joga-se a conta na União.
Business as usual.

Alguém está faltando com a verdade

A reportagem da Veja diz uma coisa,a da Folha (aqui os dados em texto recente meu), outra.
Há ou não homicídios nos presídios do Rio Grande do Sul?
A se concordar com as motivações da violência expostas pela maioria dos especialistas consultados pelos veículos de imprensa, não existe possibilidade de um presídio, considerado o pior do país, com mais detentos do que todo o estado do Maranhão não ser um barril de pólvora que leva ao assassinato dos detentos.
Ou estão enganados os especialistas ou estão as estatísticas distorcendo a realidade.
No caso em especial, creio que a estatística é que pode estar mentindo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Tecnologia que poderá salvar muitas vidas

Nova forma de vacinação que poderá ser mais efetiva, barata e indolor.
E depois dizem que a tecnologia aumenta os custos médicos.
Fala sério.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Golpe multicolorido

No intuito de alertar contra a possibilidade de que ocorra, algum dia, um possível golpe branco, Ricardo Melo, faz apologia a tentativas de golpes de todas as cores do espectro.
"a expressão golpe branco tem sido atualizada constantemente. Designa artifícios que, com aura de legalidade, usurpam o poder de quem de fato deveria exercê-lo. Para ficar apenas em acontecimentos recentes: a deposição do presidente Zelaya, em Honduras (2009), e o impeachment do presidente Lugo, no Paraguai (2011). Nos dois casos, invocaram-se "preceitos constitucionais" para fulminar adversários."
Além das duas internacionais, cita também o tratamento dado pelas esferas da Justiça ao aumento do IPTU proposto pela Gestão Haddad e ao Mensalão.
Em todos os casos, nacionais ou não, houve flagrantes ilegalidades, contra a letra da lei, nos quais os Executivos acabavam por retirar dos demais poderes prerrogativas, mas isso não parece preocupar Melo. Talvez tratava-se de golpes coloridos, mais ao gosto do jornalista, o que por si só, faria tudo mais bonito e aceitável.
Tenha santa paciência, apontar quem está seguindo a lei como golpista mostra muito bem com que lado do contínuo está situado o comentarista. E não é do democrático. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Compartilhamento

Se é bom para quem tem dinheiro sobrando, para quem não tem é que não pode ser ruim.

Índices obscenos, mas não apenas dentro dos presídios

Em reportagem de hoje, a Folha demonstra que há índices deploráveis de segurança para os indivíduos que o Estado coloca sobre sua custódia, mas mostra também que para os cidadãos que podem andar livres por aí a coisa não é muito melhor.
Na tabela aí abaixo, que eu modifiquei da fornecida pelo jornal, podemos ver, desconfiados, que, em uma boa parcela de estados, marcados em vermelho, é, aparentemente, menos arriscado à vida estar sob custódia do que na sociedade.
Sem contar com os marcados em verde, que, se estiverem corretos, fazem a expectativa de morte violenta cair a zero, e com os em cinza, que nem forneceram os valores.
Resumindo a coisa, podemos dizer que o Estado brasileiro, creio que a sociedade que ele representa, não valoriza a vida humana, sendo os presidiários maranhenses apenas o último exemplo bizarro disso. Há o descaso com os doentes, as mortes evitáveis com acidentes e tudo o mais.
As cabeças cortadas são apenas icônicas, não aberrantes da situação geral