“Subestimei a indignação do cidadão com o Estado que, ao mesmo tempo que restringe sua ação, se mostra incapaz de oferecer alternativas, como um transporte público barato e eficiente. Aprendi com o rodízio que falar em ética e em direito das futuras gerações não é uma forma de assegurar sustentabilidade política em curto prazo”.
Este trecho foi retirado da entrevista de Fábio Feldmann à revisa veja desta semana. Ela mostra a perfeição algo que falei ontem, sobre o desenraizamento das leis.
O rodízio foi imposta à população paulistana como uma solução para o problema da poluição do ar, com base principalmente da experiência da Cidade do México. O problema é que mesmo lá já se mostrava equivocada, pois muitos proprietários de carros modernos e pouco poluentes passaram a utilizar um segundo carro muito menos eficiente para os dias de rodízio.
Apesar disso, implantou-se o rodízio como ato de vontade e poder e a base de pesadas multas.
Nada da política inicial se mantém, mas o rodízio segue firme e forte, baseado nas multas até hoje. Ele existe para tentar diluir um pouco da ineficácia do Estado em suprir o transporte público barato e eficiente a que se refere Feldmann, e sua justificativa hoje é de que ele diminui os engarrafamentos.
Só que em democracias é assim que funciona; projetos desenraizados (e, portanto, injustos aos olhos dos eleitores) têm custo alto para os políticos que os implantam.
O rodízio segue, Feldmann nunca mais se elegeu.
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