Diz Michael Porter, o guru de economia que ficou famoso pela sua idéia de arranjo produtivo local (cluster) que foi muito – e mal – aplicado por aqui no começo do milênio, que entre os elementos que favorecem o desenvolvimento de um ramo industrial forte em determinada localidade ou país está a escassez de um fator de produção, em geral uma matéria-prima.
Provavelmente este foi o fator que fez com que o Brasil não desse certo até hoje: a fartura.
Nunca houve em momento algum de nossa história um fator limitante que forçasse nossa indústria a ser mais eficiente ou buscasse a inovação. Em um item particular havia este "perigo", a mão-de-obra, mas uma bem sucedida política de obtenção da mesma – apresamento de índios, seguida do trabalho escravo e, por último, a importação de europeus e asiáticos – fez com que sempre tenha existido trabalhadores suficientes para que as atividades produtivas fossem executadas à maneira tradicional e o custo do trabalho se mantivesse baixo; poderíamos dizer aviltado.
Isso criou também a segunda perna do nosso atraso industrial. O trabalho aviltado impede a formação de um mercado consumidor local forte e, como conseqüência, limita a existência de uma indústria local também forte.
Felizmente a dinâmica demográfica mudará isso brevemente. Mesmo com a massa desempregada e despreparada que temos, a tendência é de queda acentuada da taxa de desemprego à medida que menos brasileiros estão nascendo e o aumento da idade média de nossa população, assim como a renda, força uma demanda por bens e serviços cada vez mais diferenciados.
Basta que não atrapalhemos a natureza da economia brasileira.
Nota- conforme uma leitura rápida (como a que fiz) da teoria de Porter, não há o menor fundamento para a prevista derrocada das economias da “Velha Europa” e do Japão motivada pelo envelhecimento acentuado de sua população e diminuição da chamada “população economicamente ativa”, que viria a ser a que tem idade para efetivamente trabalhar.
Uma queda econômica destes países só ocorreria caso houvesse um declínio da capacidade de consumo da população em geral; trabalho é um bem importável, e a custo baixo, e será requisitado – como já é feito hoje – à medida que surjam as necessidades.
Garantida a capacidade do consumo pela poupança feita durante período “ativo” da vida econômica, é garantida também a prosperidade da economia dos países onde a quantidade de idosos é muito alta. Esta só é ameaçada pelas posições políticas que tentam restringir a imigração e as importações a níveis insuficientes.
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