A imprensa brasileira costuma fazer um rodízio de culpados pela raquítica força do crescimento de nosso PIB: primeiro sempre aparecem os juros, depois a gestão pública – personificada ultimamente pelo déficit previdenciário - e por fim o inimigo externo na figura dos produtos importados. E chegou a vez deste último, a se acreditar que a matéria da Folha (assinantes Folha ou UOL cliquem aqui) é uma tendência que será seguida.
Está certo que é normal haver uma onda ufanista sempre que as importações ameaçam crescer muito, e mais ainda quando elas realmente crescem, mas a reportagem da Folha de hoje já é um exagero de retórica gasto na defesa da indústria nacional.
Assinada por Fernando Canzian, ela diz que o crescimento do PIB está sendo contido pelo aumento das importações, o que é um completo absurdo.
Disse mais isso: “Em 2006, bastante estimulado por programas sociais, o consumo das famílias cresceu 3,6%, e o PIB, 2,3% (até setembro). A diferença entre os dois percentuais foi, basicamente, atendida pelos importados”. O que nos leva a crer que o autor considera que o PIB é exatamente igual ao consumo das famílias, o que todos sabemos não ser verdade.
O fato de haver um aumento do consumo das famílias pode, inclusive, ser fruto do aumento dos importados, uma vez que exista uma maior oferta de itens ou uma melhor relação custo-benefício que o estimule.
Em resumo, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se está ocorrendo uma diminuição do investimento industrial no Brasil, pode se culpar a quase tudo, menos ao dólar barato e ao aumento de importação.
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