quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Atemporal

Faz setenta anos o ilustre Sergio Buarque de Hollanda escreveu Raízes do Brasil, no qual demonstrou o paternalismo que se encontra por estas paragens.
Em determinado momento, criticando-o como algo velho e fora de lugar chama um dos defensores deste paternalismo político, Silva Lisboa (Visconde do Cairu), de um homem do passado já em 1819 por ter escrito isso:
“O primeiro princípio da economia política é que o soberano de cada nação deve considerar-se como chefe ou cabeça de uma vasta família, e conseqüentemente amparar a todos que nela estão, como seus filhos e cooperadores da geral felicidade...” e também “Quanto mais o governo civil se aproxima a este caráter paternal e forceja por realizar esta ficção essa ficção generosa e filantrópica, tanto ele é mais justo e poderoso, sendo então a obediência a mais voluntária e cordial, e a satisfação dos povos a mais sincera e indefinida”.
Como vemos, o que Hollanda considerava fora de lugar no começo do século XIX, está se exacerbando no começo do século XXI, e não só aqui.
Que venham os Chávez, Morales, Correas e Lulas. Vai ver Hollanda estivesse errado e Cairu fosse um visionário, dois séculos à frente do seu tempo. Ou talvez o autor de Raízes estivesse certo e a América Latina esteja fora de seu tempo, anacronicamente se dirigindo dois séculos para o passado.
Em qual possibilidade vocês apostam?

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