O assassinato do azarado brasileiro em Londres (azarado por não ter “cara” de inglês) mostra que as forças ocidentais na tal guerra das civilizações acabam de perder uma batalha a mais.
Aos ingleses não é permitido fazer o que os norte-americanos pretendem, se isolar do mundo para manter a pureza do “American Way of Life”. Os terroristas que provocaram a carnificina em Londres não eram apenas visitantes indesejados; eram legalmente ingleses, apesar de não terem a pele e os olhos claros, com todas as vantagens e desvantagens do fato.
Já que não podem manter os terroristas fora, vão matá-los, e não apenas aos de fato. Qualquer que pareça um será um alvo humano.
A civilizada terra da rainha acaba de imputar novamente a pena de morte, com o agravante de que o julgamento será feito por pessoas sob o calor das emoções, e já por isso, com os dedos nervosos.
Existe alguma explicação lógica para que alguém seja alvejado sete vezes na cabeça? Creio que não, ainda mais quando se pensa que deveriam ter sido oito os projéteis (o policial errou um deles atingindo o ombro de Jean de Menezes). Quando algo semelhante acontece aqui, o veredicto está dado: foi acerto de contas, provavelmente por divida de drogas ou casos extraconjugais. Só ocorrem quando o agressor tem extrema raiva do agredido, é movido pela paixão avassaladora ou pretende dar um recado direto para possíveis transgressores. Ou uma combinação de todas as alternativas.
O mais assustador de tudo isso, é que os policiais que empreenderam a ação foram até elogiados pela eficiência, antes de ser mostrada ao mundo a lambança. E mesmo depois dela os seus patrões, políticos de todas as esferas públicas dizem que a política de atirar na cabeça para matar ser mantida sem alterações.
Estão formalmente igualados os dois lados, inocentes mortos são apenas contingências da vida e não escandalizam os dirigentes de ambos os lados da cruzada. Só faltou que Blair e companhia dissessem que não há inocentes entre os não anglo-saxões.
Então, o que você acha?
Jean Charles de Menezes recebeu oito disparos a queima-roupa para:
a) servir de exemplo a outros possíveis terroristas;
b) expiar a vergonha de toda a corporação policial londrina por não ter conseguido deter as mais que anunciadas séries de atentados;
c) descontar a raiva da mesma corporação perante a impotência acima citada;
d) mostrar que ela está trabalhando (mesmo que mal) ou,
e) todas as anteriores.
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