Todo o ano é a mesma coisa. Os fazendeiros choram, o governo cede e “dá” para eles um pacote de ajuda.
Os fazendeiros estão certíssimos em chorar, afinal quem não faz não mama, mas o governo está errado em conceder a ajuda anual.
A verdadeira forma de fortalecer agricultores não é assim. É criando mercados com tecnologias, seja de marketing ou de novas aplicações.
Vejamos; na semana passada a Petrobrás – no já tão usual tom “seus problemas acabaram” – anunciou que iniciará a refinação de derivados de petróleo com uma nova técnica denominada H-bio. Nem adianta perguntar o que é isso porque também não sei, só que o anúncio incluiu que cerca de 1,2 milhão de toneladas de soja seriam necessários para a implantação desta maravilha tecnológica neste estágio ainda embrionário, com produção em apenas duas refinarias.
É uma gota no oceano da produção nacional (cerca de 55 milhões de toneladas), porém quatro vezes a produção da nossa vizinha Bolívia. Imaginem o alívio que isto produzirá para os nossos plantadores, às voltas com os baixos preços internacionais e os produtos subsidiados pelas grandes potências econômicas mundiais.
Este sim é um processo sustentável de ajuda ao produtor rural que, se generalizado para as demais culturas, traz ganhos para toda a sociedade, inclusive para os governantes, que passa a ter na agricultura uma fonte de receitas e não de despesas.
A adoção em larga escala do álcool combustível é a estrela da trupe das inovações tecnológicas que beneficiam o consumo de produtos agropecuários brasileiros, porém não é o único. Nem se concentram no campo energético estas inovações.
O simples envaze de um resíduo pode significar a abertura de um mercado milionário. Foi o que aconteceu com a água-de-coco, que há cerca de uma década era descartado por todas as processadoras – muitas vezes diretamente nos rios – e hoje é um dos produtos mais nobres indústria.
Algo semelhante está em estudo na adoção de soro, proveniente da cadeia produtiva de derivados de leite, como enriquecedor protéico das merendas escolares. O Estado estaria atuando como um indutor da utilização de um resíduo da cadeia, diminuindo a carga poluidora das indústrias e aumentando a saúde da população infantil.
Outras pesquisas estão sendo feitas para a utilização de materiais que hoje são tratados como sem valor pelas indústrias, como os pulmões bovinos – transformados em salgadinhos - e as bananas próximas do amadurecimento – em purê. Cada nova utilização que se encontra é um recurso natural que ganha em valor e uma pequena parcela de nossos impostos que deixa de ser “dada” aos produtores rurais.
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