domingo, 15 de março de 2009

Os armênios de Raphael Lemkin

Este é para quem entende inglês e tem tempo e saco para ver vídeos na internet, mas a vida nem sempre é fácil. E, aleém disso, se você acompanha este blog, já deve ter visto vários vídeos, pois há muitos aqui. Aproveitando que hoje é domingo, só abusarei um pouco mais de sua paciência, com um vídeo de quase uma hora.
No documentário produzido pela CNN, "Scream Bloody Murder" - do qual há vários trechos no site da empresa jornalística, que eu não consegui importar, não sei por quais motivos-, Christiane Amanpour trata dos genocídios ocorridos desde a II Guerra Mundial até o que está acontecendo em Darfur.
Um personagem central é Raphael Lemkin, advogado polonês que cunhou o termo genocídio e teve sua família destruída nos campos de concentração nazistas. Era judeu, mas, segundo consta, o interesse pelo tema surgiu das histórias de como os armênios haviam sido perseguidos pelo Império Otomano durante o início do século XX. É um tema delicado, pois ainda hoje provoca tragédias, como o assassinato de Hrant Dink, em 2007.
Os turcos otomanos foram uns dos maiores sacos de pancada da historiografia ocidental. Dominavam um território imenso às portas das potências européias, desafiando-as, e praticavam o islamismo. Dois crimes gravíssimos na visão de quem acabou dominando a ciência, tanto as humanas quanto as naturais, e ditaram o pensamento como é hoje. Os antigos monarcas passaram aos nossos tempos como bárbaros devassos, destruidores de povos.
Não estou aqui para defender ninguém, nem tenho mandato para tanto. As mortes de armênios ocorreram, não existem dúvidas. Há, entretanto, uma peça que não se encaixa no problema. Impérios não perseguem etnias simplesmente, ou não seriam impérios. Eles são, por definição, supranacionais. Os turcos dominaram a região onde viviam os armênios durante mais de meio milênio, não seria gratuitamente que ocorreriam massacres. E não foi, estava ocorrendo uma guerra civil de natureza nacionalista entre os turcos e os armênios.
Para piorar ainda mais a situação otomana na historiografia ocidental, o êxodo que se seguiu ao enfraquecimento de seu império espalhou armênios, gregos, libaneses e uma centenas de outras etnias pelo mundo, amplificando todo o mal e abafando todo o bem poderia ter ocorrido nele. Basta ver como é tratado o conflito na Wikipédia em português. O próprio Lúcifer não seria mais impiedoso, na visão de quem escreveu este tópico na enciclopédia.
O documentário abaixo, mostra uma história um pouco diferente. Nacionalistas embebidos de comunismo provocando massacres mútuos, o que é bem crível se levarmos em conta a atuação de grupos semelhantes antes e depois daquele tempo. É claro que há visão do vídeo é pró-turca, pois ouve majoritariamente a estudiosos dessa etnia; a verdade, porém, deve estar em algo intermédio entre o documentário e o relato da Wikpédia. Afinal, há poucos monstros e muitos humanos em todos os cantos. e sabemos que o segundo tipo pode ser o pior deles.
Raphael Lemkin cometeu um grande bem à Humanidade ao lutar pelo fim dos genocídios, só não sei se ele foi justo ao apontar para uma via de mão única. A autopista macabra pode ter sido muito maior do que parecia.

<a href="http://www.joost.com/257000h/t/The-Armenian-Revolt">The Armenian Revolt</a>

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