domingo, 22 de março de 2009

Quem à defender?

Já devo ter falado disto aqui, mas a tão aclamada democracia ateniense não era bem vista por Aristóteles. Em seu "A Política", ele põe como um mal menor, a ser utilizado apenas caso não seja encontrado um monarca virtuoso, preocupado com o bem comum.
Também Platão não apontava a democracia como um sistema ideal de governo. Uma república utópica seria comandada por uma ditadura dos intelectuais, coisa muito parecida ao que queriam os uspianos que ajudaram a fundar o PT.
Rousseau e a sua "vontade geral" era um lobo em pele de cordeiro. Louco de pedra, não apenas por isso, previa um sistema de governo ideal muito parecido com o que viria a ser o comunismo, ganhando assim seu lugar no céu marxista dos professores de ciências sociais de hoje.
Podemos dizer, então, que o advento da democracia como sistema a ser defendido é uma novidade tão recente quanto a consolidação dos Estados Unidos da América como potência mundial.
Tendo nascido do ventre de um Estado tão vilipendiado nestes tempos pós-Bush, fica a questão: devemos lutar pela vida de um rebento de progenitor tão feio? Nossos vizinhos parecem ter decidido que não; estão concentrando os poderes nas mãos de pais do povo, que dizem conhecer a nação melhor do que ninguém.
Tampouco nosso políticos parecem se preocupar muito com a democracia. Após conseguirem as vagas de representantes no voto, esquecem-se de que devem prestar contas de suas atividades. Alguns falam disparates como "Assim é melhor fechar o Senado" (leiam aqui, é uma sucessão de escândalos de dar medo), proferido por Heráclito Fortes, sem ruborizar.
Eu acho que vale a pena lutar por essa novidade política, em escala histórica, afinal, nas palavras de Churchill, "a democracia é o pior sistema político com exceção de todos os outros". Só gostaria de uma mão amiga daqueles que mais estão se beneficiando delas.
O povo pode ser tapado, mas um dia cansa. Não convém esticar a corda por demais.

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