Edward McBride, correspondente para Energia e Ambiente da revista The Economist, fez uma extensa reportagem sobre a destinação e manejo do lixo. Ela foi lançada na penúltima edição, e pode ser lida na íntegra aqui. Se preferir, ouça um resumo.
Nela, descobriu que muitos estão conseguindo transformar lixo em um recurso. Em uma tradução livre, diz algo mais ou menos assim, que colocarei pretensiosamente entre aspas. "Muito dele [lixo] já é queimado para gerar energia. Tecnologias mais inteligentes que transformam-no em fertilizantes ou químicos ou combustível estão sendo desenvolvidos o tempo todo. Visionários vêem um futuro no qual coisas como rejeitos domésticos e fezes de porcos irão prover o combustível para carros e casas, afastando a necessidade dos sujos combustíveis fósseis. Outros imaginam um mundo sem lixo, com rejeitos sendo rotineiramente reciclados".
A resposta, talvez, não esteja no futuro, mas no passado amazônico. Atende pelo nome de Terra Preta de Índio, uma tecnologia pré-colombiana que ninguém sabe exatamente como reproduzir, mas cujos efeitos estão à vista dos caboclos amazônicos há séculos.
Fiona Harvey, do Financial Times, reproduzido pelo Valor Econômico de quinta-feira, (assinante, leia aqui), relatou mais sobre esta esperança dos ecologistas. Ela seria:" Densa, rica e argilosa, representa um contraste gritante com os solos pobres da região[amazônica]. Parece paradoxal, mas os solos da floresta tropical têm baixa fertilidade."
Ela continua, dizendo que a terra preta "agora é objeto de intensas investigações de cientistas que estudam as mudanças climáticas. A tenacidade do carvão da terra preta, retendo suas propriedades fertilizantes ao longo dos séculos" fez os cientistas buscar reproduzi-la utilizando os modernos avanços científicos.,
O biocarvão, componente já identificado do composto tem características que encaixam-se perfeitamente com as necessidades apontadas por McBride na The Economist para o uso correto dos rejeitos. Fiona aponta que, o mateiral:"Quando é produzido, cerca de 30% de sua biomassa é transformada em carvão, outro terço em gás de síntese que pode ser queimado para gerar eletricidade; e o restante em um substituto do petróleo bruto, que pode ser muito útil na produção de plásticos, embora de difícil uso como combustível para transporte. Tim Flannery, um eminente naturalista e explorador australiano, argumenta que essas propriedades do biocarvão permitem "resolver três ou quatro crises cruciais de uma só vez: a crise da mudança climática, a crise energética e as crises dos alimentos e da água", porque colocar o biocarvão no solo não apenas o fertiliza, mas também ajuda a reter água"
"A quantidade de biocarvão a ser produzida depende da aceleração ou desaceleração no processo de pirólise: métodos rápidos produzem 20% de biocarvão, 20% de gás de síntese e 60% de bio-óleo, ao passo que métodos lentos produzem cerca de 50% de biogás e quantidades bem menores de óleo. "É também muito mais fácil tornar mais lenta a pirólise", diz Adrian Higson, do Conselho Nacional Britânico de Colheitas Não-alimentícias. "E mais barato". Como as modernas usinas, a pirólise pode ser alimentada exclusivamente com gás de síntese, a produção fica entre três e nove vezes o insumo energético necessário, segundo o Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável"
Temos, então, um produto que os índios já sabiam ser o ideal para nós. Basta utilizá-lo. Honraremos os ancestrais, beneficiaremos o meio-ambiente e, vejam só, ganharemos dinheiro,
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