terça-feira, 31 de março de 2009

Considerações sobre o Chevrolet Volt


Se fosse para ser revolucionário de verdade, o Volt deveria trazer inovações, o que não faz, como vimos no texto de ontem, mas o conceito do veículo tem grande chance vencer a batalha pelos bolsos dos consumidores da próxima década.
Toda a decisão de compra é baseada em motivos racionais e em sensações atribuídas ao produto, a de um carro não é diferente. Vamos aqui nos ater aos motivos racionais.
Três pontos costumam ser levados em conta:
1-Custo de aquisição
Os carros verdadeiramente elétricos têm seu preço elevado pelo conjunto de baterias que precisa possuir para ter autonomia aceitável.Os carros verdadeiramente elétricos têm seu preço elevado pelo conjunto de baterias que precisa possuir para ter autonomia aceitável. Baterias de grande capacidade têm dois dois problemas , ou são muito pesadas, se construídas pela tecnologia mais antiga (chumbo-ácido), ou são muito caras, quando utilizam tecnologia mais moderna, com metais nobres em sua composição.
Nas duas versões , o custo de produção do veículo é muito aumentada. Para transportar as pesadas baterias de chumbo-ácido seria necessário um carro com mais potência, que requereria mais carga e assim sucessivamente, levando a caminhões transportando baterias em sua traseira. Há pesquisas (leia aqui, em inglês) tentando superar os problemas desta tecnologia, mas ainda não comprovadas em escala comercial.
Já as novas baterias elevam demais o preço final. O Tesla Roadster sai, nos Estados Unidos, por cerca de 110 mil dólares, impossibilitando que seja adquirido pelo cidadão comum. A empresa promete o lançamento de um novo modelo para 2011, pela quantia, ainda longe de ser módica, de 49990 dólares.
Carros híbridos, como o Volt, contornam as limitações alimentando as baterias com um motor a combustão, que neste caso pode ser menor e mais simples por não precisar trabalhar nos regimes de cargas extremas, com acelerações e frenagens bruscas, aos quais os motores de carros convencionais são submetidos. O barateamento das baterias para híbridos, pela maior escala de produção, e motores mais baratos podem fazer o conjunto compatível com os orçamentos da famílias médias, responsáveis pela maioria das aquisições.

2-Custo de manutenção
Depende de muitos fatores, incluindo a complexidade de construção e a disponibilidade de peças, mas, nos veículos comuns, o combustível costuma ser o item que pesa mais.
Eletricidade costuma ter um preço irrisório quando comparado os combustíveis amplamente utilizados, sejam eles fósseis, como a gasolina, ou provenientes da agricultura, como o, hoje, etanol. Conta, também, com uma rede largamente difundida, que não carece de somas vultosas para construção de novas redes de distribuição, o que tem servido como uma barreira de entrada para novas tecnologias em muitas partes do mundo.
Os carros convencionais são, geralmente, de manutenção mais cara também no quesito peças de reposição. Pelo maior número de itens móveis, há mais substituições de partes durante a vida útil do veículo e maior complexidade dos reparos executados.
Os híbridos localizam-se intermédio no custo de manutenção, nem tão barato quanto os elétricos, nem tão caro quanto os convencionais.

3-Confiabilidade
A tecnologia convencional tem um século de história para mostrar. A híbrida, uma década. A elétrica, apesar de ter sido utilizada nos primórdios da indústria e ter contado com visitações aqui e ali, ainda não foi provada com fabricação massiva.

A combinação dos três quesitos, nos quais não é nunca campeã, mas ocupa um honroso segundo lugar, torna a tecnologia híbrida competitiva e provável vencedora da disputa.
Essa é uma marca das tecnologias normalmente adotadas em larga escala. Na maioria das vezes o bom é melhor do que o ótimo, e o menos inovador impõe-se sobre o que parecia muito promissor. Tudo é uma questão de momento da adoção. E parece que o momento da próxima década será favorável aos híbridos.
O Volt tem o mérito de ser a tecnologia certa no lugar exato. Contará, porém, com concorrentes mais experientes, já existem versões "plg-in" de híbridos japoneses, e desconfianças quanto à viabilidade da produtora e a capacidade dela garanti-lo.
Vê-lo com salvador da pátria é, ao meu ver, um despropósito por parte da General Motors. Alguma outra novidade precisa ser agregada. Que tal motores stirling para alimentar as baterias?

Um comentário:

Xinxa Gaspar disse...

Uma preocupação que tenho e ainda não vi nenhuma discussão a respeito, é se teremos capacidade para gerar e disponibilizar energia elétrica para abastacer uma frota inteira de carros.
Hoje, sem carros eletrícos disponíveis, já temos gargalhos. Como será quando os elétricos estiverem nas ruas?