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quinta-feira, 26 de março de 2009

Lagos assassinos ou mortais

Vista aérea do Nyos, palco do maior desastre provocado por liberação de gases de um lago do qual se tem notícia

Informação é tudo, como diriam os assessores. Nunca me importei muito com a quantidade de leitores deste blog, já que sempre o encarei como um exercício de opinião e não como um site de referência. Instalei, porém, o Google Analytics há dois dias e descobri que 60% do meu tráfego provém de apenas uma postagem, esta. O problema é que este público anormal está sendo vítima de um engano, causado pela posição inesperadamente alta da página na pesquisa do Google. Ele está procurando informação científica onde há apenas análise política amadora. Para sanar este desserviço aos que não são meus leitores, abrirei uma exceção e tentarei fazer nesta postagem uma página de referência, com toda a informação que eu puder encontrar a respeito destes lagos africanos.

Vamos lá, então: os lagos Nyos, Monoun e Kivu são caracterizados por uma alta concentração de gases dissolvidos.
Os três lagos são vulcânicos, ou seja, são espelhos d'água sobre chaminés de algum vulcão ativo. Para que haja a formação do lago, é necessário um balanço correto entre fluxo de calor proveniente do vulcão e o resfriamento pela atmosfera, mantendo o gradiente de evaporação equilibrado com o suprimento de água proveniente das chuvas ou rios, e , portanto, o lago.
Emanações vulcânicas concentram-se nos segmentos profundos destes lagos, com variadas composições, dependendo dos componentes das rochas e magma abaixo deles. A solubilidade do dióxido de carbono, principal gás causador dos desastres, permite que um lago possa dissolver um volume deste mais de 5 vezes superior ao seu volume de água (para quem entender química, aqui há os cálculos, para mim é grego).
Os gases são mantidos submersos devido à pressão exercida pela coluna d'água das camadas superiores sobre as inferiores, onde os gases acumulam-se, em um processo similar ao que mantém a concentração de carbonato nos refrigerantes. A solubilidade do gás carbônico e dependente da temperatura, levando a diferenças desta entre as profundidades do lago. Quanto mais saturada estiver a água, mas densa ela fica, levando à extratificação da coluna d'água. O fato das camadas inferiores e superiores dos lagos não se misturarem permite que ocorra um tamponamento.
O processo, entretanto, é dinâmico. Se há um distúrbio nas camadas de água do lago, pode ocorrer uma reação em cadeia na qual o dióxido de carbono dissocia-se da solução e forma bolhas de gás. Estas se aglutinam e sobem à superfície, levando junto a si mais gás enquanto emergem. Este processo é chamado de erupção limnética, ou límnica (o nome vem limnologia, estudo científico das extensões de água doce), devida às similaridades entre as erupções causadas pelos gases ascendentes e as vulcânicas.
As causa da erupção, que é chamada, também, pelo termo inglês "lake overturn", podem ser mudança do gradiente de temperatura das camadas (aquecimento da camada profunda ou resfriamento das camadas superiores) do lago, injeção de fluídos mais aquecidos (como lava ou torrentes quentes), chuva (tornando as camadas superiores mais densas), ventos violentos, deslizamentos de terra e terremotos. Elas, como vemos, são bastante comuns em regiões vulcânicas, daí a preocupação quando a possibilidade de ocorrerem desastres repetidos. Iniciativas de desgaseificação estão ocorrendo, como a do Nyos, mostrado no esquema da figura ao lado.
Apesar de não ter apresentado uma liberação gasosa comprovada cientificamente e ser, aparentemente, bastante estável, o Lago Kivu tem o maior potencial catastrófico, pois, ao contrário dos outros dois, suas margens são densamente povoada (mais de 2 milhões de habitantes vivem nelas) e seu volume é muito grande, podendo diluir, calcula-se, até 200 quilômetros cúbicos de gás carbônico. Como há metano associado, experimentos estão sendo feitos para utilizar o lago como provedor da energia necessária para o desenvolvimento das áreas circulantes, formadas por dois países com sérios problemas econômicos e conflitos sociais, Congo e Ruanda. Juntaria-se, assim, a prevenção de acidentes à geração de renda.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Lagos mortais

Observação: esta é uma postagem sobre política, para saber sobre o fenômeno geológico que forma os lagos assassinos da África, clique no marcador ao pé deste texto.

De todos os documentários que já vi na tv, o que me impressionou mais foi um sobre os lagos assassinos que existem na África.
Estes têm características muito peculiares, são profundos e situados sobre falhas geológicas que bombeiam carbono gaseificado no seu interior, e de tempos em tempos matam por asfixia todos os organismos aeróbios de suas margens e arredores.
Felizmente não temos nenhum destes por aqui, pelo menos nenhum conhecido, e podemos nos preocupar com coisas menos interessantes, tais como política e economia.
E nestes quesitos os riscos de asfixia estão muito presentes no ar no momento. A democracia, qualquer que seja o resultado das urnas de domingo sofrerá provações tremendas.
Lula só governa se houver flagrante desrespeito as leis vigentes no país, já que tudo leva a crer que sua campanha usou recursos ilegais para se eleger em 2002 e novamente agora em 2006.
Alckmin se eleito não terá nenhum problema institucional, porém terá que conviver com a insurreição dos chamados “movimentos sociais organizados” que apóiam o PT.
Como para sobreviver a democracia precisa de instituições fortes e ordem social, podemos prever um 2007 muito ruim para ela e, conseqüentemente, para nós.
Já na economia deveremos sofrer a freiada do crescimento mundial e como a nossa economia interna não está tão arrumada como nossos líderes parecem acreditar vamos sofrer muito com isso. O que em última análise deve alimentar a instabilidade política do ano que vem.
A confusão está armada, só espero que o poder mortal desta não se compare ao dos lagos assassinos africanos.