A semana está acabando mais ainda resta um pouquinho de tempo para comentar uma reportagem assinada por Alexandre Oltramari na Veja desta semana (edição 1969) intitulada Reféns do Assistencialismo e que tem como palco principal a cidade de Serrano do Maranhão, que obviamente fica naquele estado, e possui um dos mais altos índices de habitantes pendurados no Bolsa-família do Brasil; segundo o autor há mais beneficiários hoje do havia habitantes no último censo.
Mais o comentário nada tem a ver com os números e sim com a anteposição que Oltromani faz, de que existem os que recebem a bolsa e os “brasileiros que trabalham e pagam impostos” – expressão que ele utilizou três vezes nas duas páginas de reportagem.
Como não acredito que o autor pense que os que recebem a ajuda assistencial são não-brasileiros; assumo que ele está afirmando que estes não trabalham, não pagam impostos ou os dois.
Isto demonstra que há das duas uma, preconceito ou desconhecimento com relação a realidade brasileira.
O desconhecimento seria o de igualar a incapacidade de gerar renda com a incapacidade de trabalhar.
Não conheço muito a realidade do nordeste em geral e menos ainda daquela cidade em particular, mas tenho total confiança de afirmar que a totalidade dos moradores desta localidade não têm como principal ofício esperar que o dinheiro do Bolsa-família chegue às suas mãos.
Se a cidade existia anteriormente à criação destes programas de auxílio (que não completaram uma década no plano federal) é porque existe uma dinâmica própria da economia do local, com empregadores e empregados como em qualquer outro. O próprio autor cita no texto o caso de uma professora que ganha 350 reais pelo seu ofício e mais 80 de assistencialismo. Será que ela não se enquadra no perfil de brasileira e trabalhadora?
Se estes trabalhadores são pouco produtivos e não conseguem suprir as necessidades básicas ou está havendo mau uso das bolsas é outra conversa que precisaria de um estudo caso-a-caso.
O preconceito seria igualar o recebimento da bolsa à falta de vontade de trabalhar ou a injustiça no recebimento. Seguramente todos os beneficiários prefeririam não depender desta esmola, vamos dar nomes aos bois, e ter capacidade financeira para se sustentar.
Quanto a pagar impostos; todos fazem. Como dizem: tão certo como a morte são os impostos, não importando se o contribuinte é rico ou pobre, feio ou bonito, velho ou novo.
Porém, certo como os pagará, o pobre contribui com uma fatia maior de sua renda do que o rico. E os muito pobres com um percentual maior ainda, sendo os bolsistas os favoritíssimos no esporte de renda tributada.
Me digam então quem são os brasileiros que trabalham e pagam impostos?
Só uma coisa, apontar para os congressistas e para o presidente não vale.
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