segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Pseudo-enriquecimento

Em seu caderno de economia de ontem, se você quiser ainda pode encontrá-lo nas bancas enquanto eu escrevo estas linhas, há uma reportagem que afirma que a “classe E” está em processo de extinção no país.
É claro que isso não é verdade, uma vez que em um processo de estratificação por renda sempre haverá esta classe (e a própria matéria diz isso, apontando que há um erro de metodologia), mas há um dado assustador. O brasileiro está empobrecendo a olhos vistos, a se acreditar na pesquisa feita pelo PNAD.
Ela mostra que a soma das faixas E, D e C passou de 67,64% para 70,8%, o que por si só já mostra um empobrecimento da população como um todo. O fato de que agora 39,4% das famílias se concentram na faixa C até seria um fator positivo (está faixa quase dobrou, era de 20,54% em 2002), só que isso é totalmente enganoso; enquanto a classe C com 20,54% das famílias consumiam 25,77% do total em 2002, hoje consome apenas 27,3%. Ou seja, as famílias estão mais pobres, comparativamente.
A mágica disto é que a estratificação é feita por posse de bens ditos “de conforto”, e não por renda propriamente dita.
Então se a família tem 3 televisores velhos, receberá mais pontos do que se tiver um ultra-moderno televisor de plasma de 100 polegadas e o mesmo valendo para carros, banheiros e etc. Valem pontos também nível de escolaridade e outras coisas, que com a massificação do ensino básico empurram as famílias para os estratos superiores na classificação sem mudar a qualidade de vida das mesmas.
O porém é que a queda proporcional do consumo da “classe C” demonstra de modo cabal que o que está acontecendo é uma melhoria enganosa devido ao fortalecimento do real, que barateia os itens de consumo intercambiáveis entre países para a população brasileira, mas -tirante este consumismo fugaz- não melhora as condições de vida do povo em longo prazo.
Lula foi reeleito em grande parte devido ao consumismo provocado pelo câmbio favorável, porém com o empobrecimento constante da população não há como fazer um país melhor.
Que Lula tem simpatia por Fidel Casto, todos nós sabíamos. Que ele quer transformar o Brasil em uma imensa Cuba, eu acho que a maioria desconhece. Se ele não quer, está fazendo um péssimo trabalho, pois está indo naquela direção, e muito rápido.

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