Quando o Brasil decidiu-se pelo automóvel no desenvolvimento do país, apenas para alegrar as empresas automobilísticas e criar alguns empregos industriais, não se sabia o que isso acarretaria de males aos brasileiros de hoje.
Achava-se que o casamento seria só flores, mas hoje se observa que nada mais falso.
Antes do desenvolvimento das empresas automobilísticas já havia uma rede ferroviária relativamente desenvolvida, que no caso de São Paulo é responsável pela criação da maioria das cidades e da pujança do interior, e enormes potencialidades hidro e aeroviárias. Tudo foi relegado a segundo plano para o desenvolvimento rodoviário. Nem o exemplo das cidades onde havia mais carros foi seguido. As potências da época (Londres, Nova Iorque, Paris, etc...) contavam já com uma vasta rede de linhas de metrô, com extensão que ainda hoje São Paulo e Rio de Janeiro não conseguem nem sonhar alcançar.
As conseqüências no bolso são claras, um carro popular novo têm custo - entre o aparente e o oculto – de cerca de dois mil reais, retirando renda da já castigada classe média e impedindo que se crie um mercado consumidor de serviços mais forte e, conseqüentemente, impedindo o crescimento do número de empregos. Tudo isso porque é temerário confiar no sistema público de transportes, precaríssimo.
Além do mal no bolso, há a perda da qualidade de vida e até de vidas mesmo. Uma pesquisa divulgada parcialmente na Revista Pesquisa Fapesp deste mês afirma que as cidades de Santiago, São Paulo e México terão custos ligados a poluição de cerca de 165 bilhões de dólares nos próximos vinte anos. Observe que este valor é maior que os programas de transferência de renda que os paises onde estas cidades estão situadas tanto alardeiam aos quatro ventos.
E o grosso desta poluição é mesmo fornecida pelos motores de combustão interna dos veículos, que no caso dos combustíveis fósseis é agravado pelas impurezas que eles carregam, principalmente enxofre.
Portanto está mais do que na hora de tentar reverter este grave caso de miopia em que estamos metidos a cerca de meio século. Temos que deixar de ser “automotivos” e começar a investir seriamente em outras formas de locomoção nas cidades brasileiras.
Caminhar ou andar de bicicleta, ônibus ou metrô pode aparentar uma perda de qualidade de vida imediata, mas é o futuro da boa qualidade de vida nas cidades brasileiras. Os trajetos curtos em especial devem ser cobertos a pé. Você ganhará alguns gramas de músculo a mais e as cidades algumas toneladas de poluentes a menos.
O mais importante talvez seja pensar melhor na hora de votar nos nossos prefeitos e governadores e favorecer aqueles que têm bons programas para o transporte público.
Todos saem ganhando; até o seu bolso, se o benefício na saúde não for o suficiente para você.
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