A notícia de que os carros brasileiros serão monitorados por telemetria compulsória mostra que a privacidade não é um valor caro aos nossos legisladores, principalmente a alheia.
As razões para a aplicação da nova norma são as “boas” intenções de sempre: coibir furtos e roubos, assim como infrações de trânsito. Os efeitos colaterais serão os de sempre: aumento de arrecadação com multas e com a cobrança de IPVA e irritação dos condutores com a coerção.
Particularmente acredito que nada mudará em relação aos furtos e roubos. Já há hoje tecnologias para acompanhamento em tempo real da localização de veículos com precisão e estas não impedem a ação de meliantes. Esta só será coibida quando o mercado paralelo que absorve os frutos de crime for extinto, ou ao menos bastante diminuído.
Mas o ponto central aqui é a invasão de privacidade dos motoristas.
Ao contrário da fiscalização fotográfica que flagra infrações de trânsito, a telemetria registrará além disso a passagem de todos os carros por determinada antena, podendo acompanhar os hábitos de deslocamento de determinados motorista pela cidade e os seus horários. Imaginem o poder que os Detrans passarão a te com estas informações em mãos.
Muitas empresas fariam questão de monitorar os veículos que lhe prestam serviços, assim também poderiam proceder cônjuges desconfiados e pais preocupados.
Ótimo, diriam os vigilantes; péssimo, os vigiados.
Não vejo que vantagem pode ter a população com este poder em mãos de governos competentes. Só vejo desvantagens com este nas mãos do governo brasileiro.
É mais um tiro nas liberdades individuais do brasileiro, com se não tivéssemos problemas suficientes sem isso.
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