Já foi dito neste blog que a educação no Brasil é extremamente burocrática, no sentido de visar apenas a obtenção de diplomas.
Ter um diploma neste país é um desejo almejado pelas razões completamente erradas, já que ele não significa excelência em nada e sim que o portador é habilitado a exercer uma função profissional, é a burocracia presente novamente.
Então temos o seguinte quadro, uma educação burocrática para se obter um certificado que será utilizado pelas burocracias trabalhistas e empresariais. Tudo errado, o cartorialismo ibérico levado ao extremo.
E não vai mudar, pois o presidente reeleito pensa que o que de melhor há para se mostrar em uma administração é o aumento de pessoas com o diploma no ensino médio e de agraciados com bolsas do Pro-uni.
Está certo que está provado que quem tem diploma de ensino superior ganha mais do quem não tem e que cada ano a mais no ensino formal incrementa alguns reais na renda do indivíduo; na média é assim, mas desconfio que além do “burocratismo” de nossa economia há um fator que não tem nada a ver com os diplomas fornecidos pelas escolas formais.
E este fator é a capacidade de abstração.
Se durante os séculos XIX e XX a quase totalidade de empregos exigia a simples aplicação de regras ou tarefas repetitivas, ou ambas, hoje a quase totalidade de oportunidade de renda exigem raciocínio abstrato e manipulação de informação, transformando-a em conhecimento.
Deve haver inúmeras formas de se desenvolver esta capacidade, mas a que se tem mostrado mais efetiva é a leitura e o estudo, atributos que são mais exigidos quanto mais se avança na educação formal.
É essa coincidência que, na maioria das vezes, resulta nos melhores salários e não os diplomas burocráticos.
Para melhorar a empregabilidade das futuras gerações, os governos deveriam se preocupar com um ensino de qualidade no que hoje chamamos de ensino fundamental e não em garantir diplomas subsidiados aos que não tiveram tal ensino.
Tendo um bom raciocínio abstrato e um pouco de raciocínio lógico, tudo se resolve. As pessoas têm até uma capacidade maior de suprir as deficiências das instituições de ensino.
O problema é que isso demora a aparecer, e a nossa tacanha lógica política trabalha com um horizonte de quatro anos, e nada como um aumento no número de graduados para lustrar um currículo de governante.
Então ficamos nisso de formar profissionais em vez de educar pessoas.
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