terça-feira, 18 de março de 2008

Por quê?

Duas postagens abaixo disse que o Brasil está pouco exposto à contaminação do pesadelo econômico que a queda dos títulos "sub-prime" desencadeou.
Vou aqui disser porque acho que estamos seguros, caso nenhuma besteira seja feita.
O Brasil é pouco aberto ao comércio externo, a corrente de comércio exterior é de pouco mais de 15% do PIB, resultando que nosso crescimento econômico é decidido pelo que acontece aqui dentro. Fatores que no passado resultaram no chamado estrangulamento externo (crises da dívida, cambial, etc) não terão como atuar devido a uma montanha de divisas que permitir-nos-ia pagar dois anos de importações mesmo que não vendêssemos um único centavo, e isso em um momento em que temos algumas das empresas mais competitivas do mundo em setores-chave e câmbio flutuante.
Dependemos, portanto, de fatores intrínsecos para regular o quanto avançaremos. Dado o subconsumo histórico do povo brasileiro, nenhum motivo que não envolva restrições compulsórias fará com que as famílias pare de comprar. Daí as vendas no varejo estarem se acelerando; o número de empregos e os salários, expandindo-se, tudo ao contrário do que está ocorrendo nos Estados Unidos. Deste modo, no que depender do mercado interno, estamos bem.
Mas os alarmistas podem sempre dizer que, apesar de relativamente pequeno, há sempre o comércio exterior para ser contagiado. Há aí, porém, um atenuante muito importante. O país é um grande exportador de alimentos e, por mais que a situação fique ruim nos nossos parceiros comerciais, deixar de comer eles não vão. Principalmente a China, que, como toda a ditadura, precisa da ilusão de bem-estar para manter uma certa paz social, não deixará de comprar os alimentos que podemos oferecer, além de outras commodities.
Basta que nenhuma daquelas inovações que nossos governos são pródigos em apresentar ocorra, e atravessaremos bem por essa turbulência que se avizinha. Só fico com uma pulga atrás da orelha devido ao nosso governo, que, como sabem, não me passa nenhuma confiança.

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