Não comentei até agora, mas devo confessar que este caso Isabela muito me intriga.
Nele ocorreu algo raro e potencialmente perigoso: o acompanhamento da mídia desde os primeiros instantes. Aliada à comoção que a morte de uma criança costuma causar, ainda mais a de uma menina de classe média com muitas fotos prévias a provar que era uma gracinha e quetais, a cobertura da imprensa gerou um sentimento público de urgência pela apuração dos fatos que a polícia, infelizmente, não está preparada para suportar.
É lógico que, como a grande massa, só sou informado do caso pelo que os repórteres recebem das partes envolvidas no inquérito, porém mesmo este pouco é suficiente para demonstrar o quão ineficaz é o nosso sistema de investigação. É muito claro que os cenários apresentados pelos investigadores até o momento carecem de um mínimo de plausibilidade, pois mostram um crime sendo cometido por etapas, primeiro com a agressão ainda no carro, seguida de esganamento no apartamento e, por fim, do lançamento do corpo pela janela. Ou seja, não estamos falando da tentativa desesperada de encobrir as pistas de um assassinato cometido no calor do momento, mas de reiteradas tentativas frustradas que se mostraram bem-sucedidas apenas no final da série.
Caso os peritos tivessem feito um trabalho irretocável, até poderia aceitar este cenário que me parece absurdo, mas há um grande se aí. Como os peritos podem afirmar de forma irrefutável que não havia existido um terceiro adulto no apartamento se há duas outras pessoas que confessam ter estado no apartamento entre a dia da morte da menina e a primeira das muitas perícias feitas pelo Instituto de Criminalística? Com tal contaminação, qual é o grau de certeza que pode ser apresentado?
Enquanto ao menos estas duas questões não forem completamente respondidas qualquer laudo apresentado parece-me refutável, tendo a polícia outros suspeitos ou não, mesmo porque a motivação dos crimes até agora não foi demonstrada.
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