O problema não é o custo da energia gerada em si, pois ela tende a ser mais barata do que a fornecida pelo sistema de distribuição.
Tomemos, por exemplo, a região da AES Eletropaulo e as condições de compra de painéis solares de um site especializado (no caso, esse). Assumindo algumas premissas, que podem ser falsas, de custo de projeto e instalação e uso contínuo dos painéis por 30 anos e chegamos à seguinte tabela:
Podemos observar que, nos sistemas de maior produção, é mais barato produzir a própria energia, mas, infelizmente, não é apenas o custo de produção que se deve levar em conta para ver a viabilidade econômica de um investimento.
Deve-se levar em conta também o custo de oportunidade, o que se poderia fazer alternativamente com o investimento, e, no caso de países com taxas de juros enormes como as nossas, é normalmente mais vantajoso fazer aplicações financeiras dos recursos iniciais e pagar as contas mensais das companhias de energia.
Fazendo simulações com consumos de 500, 1000 e 2000 KWh/mês, capacidades dos sistemas geradores compatíveis e o retorno da poupança, podemos ver que, em consumos maiores, há a possibilidade teórica de usufruir um lucro marginal da cogeração, porém os riscos provavelmente não seriam compensadores:
Consumo de 500 KWh
Consumo de 1000 KWh
Consumo de 2000 KWh
Deste modo, pode-se concluir que o que impede o uso de painéis fotovoltaicos no país não é o custo do capital, mas o alto retorno financeiro das aplicações bancárias. Quem tem dinheiro para gastar, faz melhor em guardá-lo.
Países onde o crescimento está muito mais acelerado que o nosso valem-se de juros negativos como incentivo, como a Austrália, ou pagamentos mais altos pela energia produzida, como a Alemanha.
Se, algum dia, o Brasil virar um país "normal", células fotovoltaicas serão extremamente compensadoras. O problema é que fica difícil de apostar nesta normalidade.