quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Petrobras morreu, e pode ter sido em boa hora

O anúncio do prejuízo da Petrobras trouxe comoção na imprensa e nova fuga de investidores, mas, talvez, a tragédia da empresa, que nunca foi inevitável e é fruto de uma imensa conjunção de incompetência e safadeza, pode ter poupado o bolso dos brasileiros em bilhões de dólares.
A empresa não precisaria estar em situação pré-falimentar, com a maior dívida do mundo entre seus pares, ou ser obrigada a reconhecer mais de 40 bi em maus investimentos no balanço caso tivesse, durante a última década e meia, seguido a trajetória de uma petrolífera comum, preocupada apenas em entregar produção para os clientes e não em "desenvolver" um país - e alguns parasitas.
Não precisaria, mas o fato é que está e reconheceu, e, portanto, terá grandes dificuldades para seguir na aventura faraônica do pré-sal em um momento que, provavelmente, será lembrado como o ponto em que os combustíveis fósseis viraram pré-história (e o cara do vídeo aí embaixo, e autor de um livro que eu recomendo, explica os motivos).



Ele, Tony Seba, estima que, por volta de 2018 e devido a evolução das baterias, os carros elétricos terão preços compatíveis com o do carro médio dos Estados Unidos (30 mil dólares) e desempenho muito melhor, o que trará consequências que tornarão o petróleo e seus primos fósseis extintos como alternativa energética até, o mais tardar, 2030. Acredito no raciocínio por trás das conclusões que ele apresenta.
O cronograma de investimentos anterior da Petrobras pretendia afundar bilhões, e alguns foram mesmo investidos lá, na exploração da camada pré-sal. O retorno em produção aconteceria, necessariamente, nos estertores da era dos combustíveis fósseis, trazendo como dividendos nada mais do que histórias.
Se há males que vem para o bem, como dizem as vovozinhas, isso pode ter ocorrido com a Petrobras. Esse grande prejuízo revelado ontem pode ter prevenido outros enormes mais para frente.
Isso se um pouco de sensatez entrar na cabeça dos tomadores de decisão da área energética brasileira e a megalomania for deixada de lado.

Nenhum comentário: