Só o que se ouve atualmente é que a crise disto, crise daquilo e, talvez, até uma crise institucional entre os poderes da República.
Porém, se há uma crise de fato, é a crise de responsabilidade das autoridades constituídas.
A estas não se cobra a responsabilidade pelos seus atos; como se imagina que eles próprios se sentirão responsáveis por estes? Só a fé na raça humana mesmo poderia nos fazer crer nisto, e ela está desacreditada não apenas nestas paragens.
Tomemos como parâmetro o notório caso do juiz de Contagem que anda soltando condenados. Se aos possíveis, na verdade prováveis, delitos destes ex-detentos fosse imputada co-autoria ao excelentíssimo juiz, nenhum deles estaria nas ruas. Estariam todos muito mal-confinados em Contagem, de modo que os crimes seriam de outros.
E quem seriam estes outros. Em última instância de nosso presidente, Lula, e do governador do estado de Minas Gerais, Aécio Neves – mas podemos dizer o mesmo de todos os governadores do Brasil, uma vez que não existe nenhum estado no qual este problema está equacionado. Se as cadeias e prisões estão neste estado lastimável, é por que os administradores públicos não dão a mínima para o problema da população encarcerada deste país.
Todos os administradores deveriam, já há muito, ter resolvido estes problemas. Mas quem liga para os presos? Boas condições destes dão votos para quem? Aqueles que morrem ou ficam doentes quando internos destas instituições podem cobrar de quem?
No máximo pinta um processo contra o Estado, este eterno provedor.
O diretor da prisão pode eventualmente ser trocado, o juiz corregedor pode eventualmente ter uma noite mal dormida para se defender das acusações. O Secretário de Segurança Pública nem ao menos fica sabendo, imaginem o Governador ou o Presidente.
Só que esta situação não ocorre apenas neste quesito da administração pública. Está em todos os aspectos de nossa administração.
Está na lei mal escrita, na decisão mal tomada, na estrada mal construída e na investigação mal conduzida. Em tudo então.
No dia em que as ações ou omissões irresponsáveis começarem a trazer conseqüências aos hímens públicos desta nação este país estará automaticamente consertado. Tudo funcionará como em uma orquestra de virtuoses e todos poderemos dormir tranqüilos.
Até lá, estaremos no Brasil.
Obs: aparentemente o juiz de Contagem (o nome é muito complicado para que eu atreva a tentar escrevê-lo) está coberto de razão, perante a lei. Se a sociedade não tem condições de manter os detentos em situação ao menos decente, como podemos querer que ela os mantenha detidos?
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