Três anos atrás, havia no Jornal de Debates uma pergunta: Pode haver Olimpíadas no Brasil?
Minha resposta foi tucana, fiquei em cima do muro. Afirmava que tínhamos condições técnicas, mas duvidava da oportunidade social do intento. E colocava nas mãos do povo a decisão final.
Embora não tenha ocorrido nenhum plebiscito, a sensação é de que a população é amplamente favorável ao evento, e isso é o suficiente para mim. Se é desejo dos interessados despejar um montante considerável de recursos para montar um festival, tudo bem. Façamos a coisa direito, então.
Até o momento, a conquista do direito de ser sede da mais importante celebração internacional foi baseada no oportunismo. Ganhamos mais pelas falhas alheias, resumidas na crise econômica pela qual passam as nações ricas que eram adversárias no intento, do que pelas qualidades do Rio de Janeiro. Como diria uma personagem muito destacada, a esperança, de ter uma cidade pronta em sete anos, venceu o medo, de que até lá ela permaneça exatamente do modo que hoje se encontra.
Espero sinceramente que o COI tenha razão. Os cidadãos do Rio de Janeiro merecem uma cidade capaz de sediar Jogos Olímpicos, assim como os de todas as grandes cidades do país, mas não a tem. Muita coisa ainda precisa ser feita, e o tempo urge, temos, ao menos, um século de atraso. Os próximos anos deverão ser "100 em 7". JK fez algo semelhante e lançou as sementes da inflação que demoramos quatro décadas para controlar. Mãos às obras e olhos aos custos, então.
Importantes também serão políticas de fomento ao esporte, principalmente em suas vertentes educação e participação. Austrália, China e Espanha transformaram-se em potências esportivas após sediarem Olimpíadas; a Grã-Bretanha, que sediará a próxima, já mostrou um grande aumento do números de medalhas em campeonatos mundiais. O Brasil não pode deixar a oportunidade passar, deve se espelhar nesses exemplos.
Observação importante: tal qual os militantes que torciam pela derrota do Brasil na Copa de 1970, não era favorável às Olimpíadas aqui neste momento. E tal qual as crônicas da época, minha torcida contrária não suportou a emoção da vitória. No momento do anúncio real, estava longe da cobertura, então consegui reagir racionalmente, mas ao ver a emoção do momento, no noticiosos de hoje, devo confessar que lágrimas acariciaram meu rosto.
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