quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Personalismo exacerbado

Não vou aqui combater a discricionaridade dos governos para tomar decisões de interesse do "povo", essa entidade tantas vezes deturpada por palavras sem significado proferidas em discursos a torto e a direito, mas o que nos vêm chegando aos olhos e ouvidos é por demais ridículo para que fiquemos calados. Após a crise diplomática causada por decisão aloprada da cúpula dirigente deste país (dêem uma olhadinha no editorial de O Globo), agora as seguidas provas de beneficiamento da ex-primeira família à margem do previsto em lei.
Será mesmo que é do interesse do país que filhos de ex-presidentes tenham passaporte diplomático? Seriam eles pessoas melhores do que as demais não-autoridades do país para terem tratamento diferenciado nas imigrações de outros países?
E será do interesse das Forças Armadas que civis fiquem circulando em suas instalações? Isso não seria deletério para a manutenção da disciplina da tropa?
Sabemos que para todas essas decisões não foram os fatores técnicos que levaram às opções tomadas. E que, provavelmente, todas as instâncias jurídicas, se consultadas, alertariam para a quebra do princípio da impessoalidade no direito administrativo, mas, devem pensar, para que a impessoalidade se temos 150% de popularidade?
Não sei a resposta, mas chutaria que para o cumprimento da lei, missão primeira de qualquer autoridade constituída de uma nação em pleno estado democrático de direito. Parece, no entanto, que democracia e direito, em qualquer de suas acepções, não são das palavras mais amadas pelos nossos governantes. Preferem idolatria, pátria - que, lembremos, é o último refúgio dos canalhas -, e líder.
Mas o "povo" assim o quis. Deve estar gostando do que está vendo.

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