Enquanto alguns aparecem mal na foto em tragédias como esta, outros não chegam nem perto delas, como bem lembrou Villa Bôas-Côrrea, têm que preservar sua imagem, associada a coisas boas, mesmo que absurdas. Mas, enquanto se escondem, fica a dúvida: de quem é a responsabilidade dos óbitos?
Parece-me que os menos responsáveis são justamente os que colocaram a cara nos noticiários, os governadores. Como disse aqui certo tempo atrás, as enchentes são da alçada federal. A ocupação do solo, porém, é de responsabilidade municipal, tanto nas leis que a autoriza, respeitadas as proibições de esferas superiores - por vezes lenientes -, quando da fiscalização, e o fato de haver milhões de brasileiros vivendo em terrenos irregulares diz muito sobre como essa é feita.
Ocupações irregulares são um cancro antigo nas cidades brasileiras que gera centenas, por vezes milhares, de mortes anualmente. Fechar os olhos para essa realidade faz dos dirigentes políticos que deveriam zelar pelas leis corresponsáveis por todas elas.
"Na lei ou na marra" foi a forma encontrada para solucionar muitas questões difíceis no país, bem ao estilo jeitinho, mas em uma democracia isso não pode ocorrer. Soluções devem ser apenas nas leis, como demonstram as sequelas deixadas pelo modo antigo de lidar com os problemas.
Sempre que o governantes escondem-se e deixam o povo resolver as coisas ao arrepio das regras vigentes, uma ou mais mortes são encomendadas. As chuvas de dezembro foram apenas um lembrete disso.
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