terça-feira, 4 de agosto de 2009

Decoro?

Diz o Houaiss que decoro é:

Acepções
■ substantivo masculino
1 recato no comportamento; decência
Ex.: d. no vestir, no agir, no falar
2 acatamento das normas morais; dignidade, honradez, pundonor
Ex.: é um indivíduo torpe, sem d., sem honra!
3 seriedade nas maneiras; compostura
Ex.: ela dança sem perder o d.
4 postura requerida para exercer qualquer cargo ou função, pública ou não
5 Rubrica: literatura.
adequação do tema ao estilo literário


Locuções
d. parlamentar
Rubrica: política.
postura exigida de parlamentar no exercício de seu mandato

Pois bem, vamos aos fatos.
Houve um espetáculo no Senado ontem. Fernando Collor, o senador que conseguiu a proeza de ser despejado da cadeira de presidente da República, bateu boca com Pedro Simón, na política desde sempre.
Não foi um bate-boca qualquer, entretanto. Usaram-se palavras de alto calão, mostrando que estavamos realmente na Câmara Alta. Collor acusou de parlapatão deblaterante, perdoem-me se estiver utilizando erroaneamente os adjetivos (não estão no meu vocabulário), ao veterano gaúcho.
O motivo da postagem, porém, é outro que o vasto acervo linguístico do ex-presidente. Não só de palavras bonitas consistiu a altercação. Houve uma ameaça. Collor deixou bem claro: sabe fatos degradantes sobre Simón e, por isso, não quer seu nome sendo pronunciado por esse novamente.
Parece-me, portanto, que é caso para a abertura de mais uma representação ao Conselho de Ética. Servidor público que, sabendo de ilícito, esconde-o infringe em ato contrário ao bem público. Quem o faz, claro, está em desacordo com o decoro, não pode ser senador.
O mesmo vale para Renan Calheiros, que afirmou estar pensando em apresentar requerimentos contra Arthur Virgílio e Tasso Jereissati. Isso se, e apenas se, o partido desses, o PSDB, não recuar da "perseguição" a José Sarney. Sem contar as insinuações. Cadê o decoro? É obrigação de todos estes senhores denunciar os malfeitos e abrir quantas representações quanto forem necessárias, sem condicionantes, doa a quem doer.
Pessoas como estas, capazes de selecionar o momento politicamente mais propício para denunciar corrupção - no sentido amplo ou no restrido -, falham no mais elementar teste de postura requerida para a atividade parlamentar.
Não podem nos representar e, em alguns casos, estão na Casa errada. Deveriam estar na de Detenção.

Se tiverem estômago para tanto, vejam os debates na Casa muito bem descrita pela The Economist de dos Horrores.


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