terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ditadorezinhos do futuro

O blog do Noblat traz hoje um artigo que é a cara dos chamados progressistas, aqueles que querem ser aclamados enquanto nos escravizam.
Assinado por uma diretora da UNE pela tese "Mudança e Movimento" (diretora pela tese? O que será que isso significa?), Thalita Martins, tem como tese principal: "a defesa de uma educação popular, democrática e pública deve estar na pauta do dia do movimento estudantil brasileiro e da UNE. Popular no conhecimento, no foco. Democrática em seu acesso, permanência, na sua relação e organização interna e envolvimento com a sociedade. E pública na sua oferta, no seu acesso, nos seus fins. E o caráter público e popular também deve se fazer presente nas instituições pagas, juntamente com a qualidade e a democracia."
Excluindo-se o fato de que a educação no Brasil já é por demais regulada , com o MEC dizendo o que as escolas devem ou não ensinar e reconhecendo os cursos ao seu bel prazer, observa-se no texto da moça um forte ranço anti-mercado, natural vindo de um membro de uma entidade controlada pelo Partido Comunista Brasileiro. Dizendo querer democratizar a educação, quer estatizar entidades privadas, sem devida reparação pecuniária, pelo que pude inferir, tirando dos empresários o controle sobre as suas instituições.
O título é, para não deixar dúvidas, "Educação não é mercadoria". Inúmeras instituições de ensino superior são comercializadoras de diploma em um mercado ilegal. O exemplo: as Faculdades Unidas de Pernambuco. A educação deve ser um processo emancipatório enquanto indivíduos ou classe. O governo Fernando Henrique fez uma lei que pune os inadimplentes.
Como vemos, as raízes de uma revolução do tipo bolivariana estão lançadas nos nossos universitários, pelo menos naqueles que têm voz na entidade que diz representar o pensamento dos estudantes do Brasil.
Diz a estudante que: "A educação na sociedade capitalista é construída para manter o status social e econômico vigente, refletindo a sociedade que a produz."
Neste aspecto concordo com ela e fico triste. Olha só o que vem produzindo o nosso sistema educacional. Intervencionistas que não respeitam os direitos alheios de negociar. Os ditadorezinhos do amanhã seguem mostrando a cara hoje, basta reconhecê-los.

Para quem quiser mais exemplos do modo de pensar estudantil, vai abaixo entrevista da recém desempossada presidente da UNE.


Alguns erros de digitação foram excluídos e uma palavra que havia sido omitida (em vermelho) foi colocada em uma atualização que ocorreu às 15:10hs do dia 12/08/2009.

2 comentários:

Daniel Braga disse...

Alguns pontos:
- A UNE é uma entidade representativa dos estudantes. Como o Movimento Estudantil é plural (ou seja, não está vinculado a nenhuma "classe"), os diversos grupos políticos que disputam os rumos da entidade se organizam em tese. Thalita foi eleita diretora da UNE por uma dessas teses, no caso, Movimento Mudança.
- O Partido Comunista Brasileiro (PCB) não é o agrupamento político hegemônico dentro do Movimento Estudantil. Sua juventude (UJC) está organizada disputando os rumos da UNE mas é a juventude do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) - UJS - que é maioria hoje, no M.E.

Acho que você realmente não entendeu o texto ou critica só para marcar posição política. Em que momento a autora afirma que deve acontecer estatização da educação privada? O que está sendo proposto é que se mude a configuração e a lógica da educação no Brasil. O fato da instituição ser estatal ou privada não muda o fato de que sua educação deva ter o caráter público. Caráter Público de educação significa que tanto o acesso (tanto em estatais como privadas), permanencia, organização e fins devem contruibuir de alguma forma para a sociedade. O que vemos hoje é a manipulação das pesquisas acadêmicas por fundações privadas que não devolvem para a comunidade nem parte do que esta investe na Universidade. O caráter do ensino no Brasil hoje, é privado. Atende a interesses privados. É vital que o movimento estudantil assuma essa luta em prol de uma nova cultura acadêmica, de democracia interna, paridade em conselhos, "publicização" das pesquisas. Essas bandeiras não estão limitadas a escola A ou B, mas a todos os níveis da educação.
Interessante como a proposta da autora nada tem de ditadura. Mostra uma postura clara de compromisso com a real democracia. "Ditadorezinhos do futuro" para aproveitar a expressão, se levantarão cada vez que os movimentos sociais se calarem diante dos levantes contra seus direitos. O Movimento Estudantil, apesar de todos os seus problemas, está ai para lutar e resistir!

#Buzz#

Gian disse...

Bem, senhor(a) Cruizer, obrigado pela leitura e pelos esclarecimentos.
Há aqui uma discordância entre nós sobre o que vem a ser representatividade. Embora a UNE seja representante dos estudantes junto ao governo federal, que resolveu até pagar uma nova sede para a instituição, ela não é representativa dos estudantes brasileiros. A não ser que você consiga me provar que a maior parcela dos estudantes está alinhada com o Partido Comunista do Brasil, como você mesmo informou ser a maioria no M. E..

Claro que estou criticando para marcar posição política, este é um blog de opinião, as minhas, então as posições políticas permeiam todos os textos. E não fiz diferente da Thalita. É bom viver em um local no qual elas podem ser expostas. O inverso acontece em todas as localidades nas quais os ideais defendidos pelo PCdoB ou pelo PCB imperarram.

A autora defende a estatização neste trecho: "a regulamentação e controle por parte do poder público das instituições particulares são eixos fundamentais para que a educação superior brasileira". Não há muito o que interpretar nele, há?

Bem, o que você chama de caráter público, que contribui para a sociedade, é de todo discutível, porque precisa, para fazer algum sentido, de um fim a ser alcançado. Sendo assim, você está considerando o universitário (já que parece ser a terciária a única educação sendo discutida aqui) como uma ferramenta da sociedade e não como um indivíduo. Eu acredito que ao melhorar de alguma forma o conhecimento individual, a instituição já está fazendo seu papel, parece que você não. São concepções inconciliáveis e antes de qualquer futura discussão precisamos esclarecer este ponto.

Tirando o fato de que o texto em discussão não citou esta tal manipulação das pesquisas acadêmicas, creio que você está sendo leviano ao generalizar uma prática criminosa, a fraude em pesquisas, como sendo o modus operandi de todo uma indústria no Brasil, da mesma forma como ela foi leviana ao denunciar um mercado clandestino de diplomas sem citar quem o faz.

Quanto a todo o resto que você comentou, está vinculado à concepção de ensino e do papel das pessoas na sociedade. Dou vivas ao sistema atender aos interesses privados, tanto das instituições quanto dos alunos. Eu não sou um representante de classe social, e espero que ninguém mais seja. O único que represento é a mim mesmo. Querer colocar pessoas e instituições como engrenagens do sistema é o oposto da real democracia, é a ditadura extrema, tenha ela apoio popular ou não. É esse compromisso que você está defendendo.

Espero que um movimento estudantil lute e resista a tentativas de acabar com a democracia, mas não é isso que está acontecendo.