Para além do problema de saúde pública, que deve ser citado não apenas pelo tratamento dos viciados, mas também pelos das vítimas da violência armada, há, na Guerra contra as Drogas, o problema da tomado do poder pelos grupos criminosos. Parece estar
ocorrendo isso na Guatemala como um todo, e partes de países maiores, como Brasil (vide Complexo do Alemão), Afeganistão e Colômbia já foram conquistados por essas máfias.
Esse efeito colateral é, na minha opinião, a melhor razão para uma mudança do sistema de combate às drogas hoje vigente. Estamos dando combustível para bandidos ao torná-los os únicos fornecedores de algo para o qual há mercado comprovado. Não é necessário ser um Adam Smith para perceber que o processo leva ao fortalecimento do cartel fornecedor, e não o contrário.
Querer controlar a natureza humana não levou, ao menos até onde sei, a nenhum governo virtuoso na história de nossa espécie. Drogas foram utilizadas por todas as sociedades conhecidas, sendo, portanto, indissociáveis do Homem. Declará-las ilegais, imorais ou engordativas não vão fazer que desapareçam e a estratégia utilizada nas últimas décadas não levou a um declínio do uso. Não creio que será agora que levará.
Os principais beneficiários da política restritiva, se não os únicos, são os membros do aparato repressor e os chefes de quadrilhas correlatas (traficantes de drogas e armas, lavadores de dinheiro, etc). Insistir em algo que beneficia tão poucos e afeta tantos não me parece apenas burrice, toca as raias da loucura.