Para quem acha que o câmbio está ruim agora, pode ter certeza que vai ficar muito pior.
Se há uma verdade na questão do câmbio livre é o de que ele procura se equilibrar entre a demanda e a oferta de dólares e outras moedas.
O porém é que isso não se dá de maneira automática, é um processo que sofre uma certa defasagem, em muito devido ao passado de intervencionismo.
No caso brasileiro há uma série de “esqueletos no armário” do câmbio real. Quem pensa que uma chegada a juros civilizados conterá a taxa nos atuais ou um pouco maiores tem muito que se decepcionar ainda.
Em primeiro lugar o país é um exportador líquido e muito pouco pode ser feito a respeito disto; a não ser que se mude o padrão de consumo do nosso povo, fazendo com que ele passe e comprar produtos e serviços mais refinados que nossas empresas não podem suprir, por falta de escala ou de tecnologia. Como para isso seria necessário mudar radicalmente a estrutura de renda do país em período muito curto, não passa de utopia.
Inclusive o país deve até aumentar seus superávits comerciais com as exportações de biocombustíveis e com os excedentes de petróleo.
Outro e mais importante ponto é que os ativos são muito baratos no Brasil. Imóveis, ações, empresas, licenças e concessões têm preços irrisórios se comparados a seus equivalentes mundo afora. Estes não eram sequer imaginados como fonte de lucro quando nossa economia era fechada, mas agora que estamos nos integrando ao mundo passam a ser uma possibilidade.
Taxas de juros civilizadas poderiam fazer com que os aplicadores deixassem nossos títulos públicos, mas fariam com que estes ativos brilhassem muito mais. Os que atualmente reclamam da onda de investimentos estrangeiros vão sentir saudades quando o tsunami de procura por ativos chegar.
Portanto, se não houver um forte intervencionismo no câmbio, ele tende a ter uma perspectiva descendente por um período muito longo.
A hipótese de intervenção pode ser a opção mais atraente para a parcela ligada à indústria exportadora, só que é a opção errada.
O melhor e mais difícil é enfrentar os gargalos estruturais que retiram a competitividade de nossa economia. Uma gambiarra cambial apenas fará com que nosso desenvolvimento seja postergado.
De novo.
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