quarta-feira, 28 de junho de 2006

Desperdiçando oportunidades

Voltar a escrever depois de meia copa do mundo é sempre difícil, a inércia da inatividade é muito forte, mas vamos lá.
Se vocês têm mais de trinta como eu, devem se lembrar de que o sonho distante de adolescência era ter um carro equipado com as maravilhas das maravilhas tecnológicas, um toca-fitas autoreverse. E o sonho de consumo imediato era o “walk-man”.
Se você tem menos de quinze (deixando bem claro que eu duvido que alguém com menos de quinze lê este blog) nem sabe o que é toca-fitas e associa o termo “walk-man” com o celular com mp3 da Sony.
O que aconteceu neste espaço de anos?
A ascensão dos métodos de gravação óticos (cds, dvds e afins) e, principalmente, a descoberta em 1988, por Mario Norberto Baibich, da magnetoresistênia gigante.
Baibich é um pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e magnetoresistência gigante a propriedade física que permite a construção de discos-rígidos ou mesmo dos leitores dos velhos disquetes e fitas dats.
Perceberam onde quero chegar com o título deste artigo?
A descoberta de Baibich possibilitou o aparecimento do computador pessoal de alto-desempenho e por um período o Brasil teve o maior – e único – especialista na propriedade.
E o que fez com isso?
Nada, absolutamente nada. Desperdiçou a oportunidade.
Li uma vez que a primeira transmissão radiofônica conhecida foi feita por um padre na região da avenida Paulista, nova inovação científica e novo desperdício de oportunidade.
Outros ocorreram, e certamente outros ocorrerão, e mostram que apesar de todos os erros cometidos por sucessivos governos “na história deste país”(Lula, em qualquer discurso dos muitos que concedeu como presidente) erraram mais ainda as classes empresariais, que nunca procuraram inovar tecnologicamente, se contentando em copiar ou comprar tecnologia estrangeira.
O fato é que mais do que um povo educado – fator essencial – é necessário que haja uma indústria inovadora para que um país se desenvolva.
Hoje em dia se costuma dizer que aproveitar a criatividade é o que as empresas devem fazer. Não há nada mais criativo do que a inovação tecnológica e, infelizmente, nada é mais raro por estas bandas.

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