quarta-feira, 7 de junho de 2006

Nas contas da impunidade

Muito vai se discutir se os desordeiros que ontem depredaram o Congresso (mais 150 mil reais para os nossos gastos) tinham ou não a intenção de violência, mas uma coisa não se discute; atos como estes só vêm se intensificando devido a impunidades em série.
Se a cada vez que há uma destas investidas antidemocráticas contra o patrimônio público ou privado correspondesse a prisões dos envolvidos, indiciamentos e cobrança judicial dos danos isso já teria se tornado história.
Só que o contrário ocorre e as autoridades resolvem negociar com os criminosos – quer tenham ou não boas causas para lutar, seus atos são contra a lei vigente no país – e atendem as reinvidicações de modo que há um reforço positivo ao vandalismo.
Como culpar estes manifestantes por utilizar estas táticas se o mesmo é feito semanalmente país afora com o apoio tácito da mídia e de camadas do poder político?
É fato que o nosso país é cheio de leis e regras completamente anacrônicas, porém são elas que estão em vigor. Se estas não servem mais aos propósitos de regular a sociedade que as mudemos, mas enquanto estas estão vigentes é imperativo que as apliquemos. Ao nos darmos a liberdade de executar apenas as leis que nos agradam, estamos na verdade criando um ambiente sem leis nenhuma. Algo assim como um Brasil.
Não sei quanto a vocês, eu achei justicemos que os manifestantes de ontem tenham sido detidos, interrogados e fichados. O problema é que duvido que esta será a conduta padrão nos próximos episódios de invasão de prédios públicos. Torço que sim.
Diminuir a desigualdade social por estas paragens é um sonho de todos nós, até dos riquíssimos que vão passar as férias na monocromática Suíça (quando não há seleção brasileira por lá). Alcançar este objetivo passa por aplicação efetiva das leis que temos a disposição.
Sempre que uma lei é flagrantemente desrespeitada a sociedade perde um pouco. A repartição desta perda não é equânime. Se a sociedade perde um pouco é sinal de que os mais frágeis dentro dela – os pobres, sempre eles – estão perdendo muito.

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