Ontem foi publicado na Folha o artigo de um certo Pedro Brito que descreve as maravilhas que a Ferrovia Transnordestina fará por nosso país. Segundo ele, o governo - por decisão do presidente Luiz Inácio Lula de Silva - a apoiará com o uso de ferramentas de financiamento para a iniciativa privada, que começa a execução da obra a partir de amanhã, 6 de julho.
Pedro Brito que vem a ser o ministro da Integração Nacional não explicou porque o presidente se envolveu na tomada de decisões sobre a concessão ou não de financiamentos a quem quer que seja, mas diz no artigo que a ferrovia permitirá que a região nordeste se desenvolva muito mais rápido, inclusive aproveitando potencialidades que os altos custos de transporte de hoje tornam inalcançáveis.
Muito bom. Então vem a pergunta: por que não a construiu antes?
Aceitando-se que são válidos os argumentos de Brito, e descontando-se argumentos em contrário como este , esta obra deveria ter sido realizada no início do atual governo.
Mecanismos há. Temos a lei de licitações e até a nova lei de parcerias público-privadas e o investimento estaria plenamente justificado.
Dinheiro era um empecilho ainda menor. Existem mais de 10 bilhões de reais da Cide – recursos carimbados- esperando para ser utilizados na otimização da nossa matriz de transportes; o que, salvo engano da minha parte, inclui a construção de uma maior malha ferroviária.
Qual teria sido o problema então?
Não sei responder, porém posso fazer algumas suposições.
Em primeiro lugar como causa provável colocaria a inapetência do atual governo em delegar funções à iniciativa privada. Sendo estatizante no seu cerne, ele deve ter visto o projeto ir e vir uma centena de vezes de um escaninho para o outro dos diversos órgãos da administração antes que se percebe-se a impossibilidade da criação de uma espécie de nova Rede Ferroviária Federal para a obra – para imaginar o tamanho da burocracia envolvida note que não foi o ministro dos transportes que escreveu o artigo.
Outra hipótese é que ela não seja assim tão prioritária para o governo Lula. Certamente não o era para o ministério hoje comandado por Brito até que a transposição do rio São Francisco desse com os burros n’água. Aquela sim era a bandeira do ministério, meta pessoal de Lula e esperança de muitos votos para o mesmo.
Há ainda a possibilidade de que o governo tenha percebido que a janela de oportunidade para fazer um oba-oba sobre o tema seja muito estreita e que, portanto, mais uma “promessa” deva ser inaugurada esta semana.
A copa está aí e durante a mesma nada que aconteça vai tirar a atenção do brasileiro dela (entendendo a copa como o período entre o primeiro jogo do Brasil e as explicações dos resultados, sejam estes negativos ou positivos) e depois de seu encerramento as regras eleitorais já estarão atuando para diminuir a visibilidade do governo na mídia.
Estas são as minhas hipóteses. Quem tiver uma explicação melhor, ou mais correta, que me passe. Estou louco para saber a resposta.
Para ler o texto do ministro Brito clique aqui se você for assinante Folha ou Uol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário