De onde menos se espera é que não vem nada mesmo, este poderia ser o lema da forma como está sendo conduzido o processo de paz no Oriente Médio.
Em menos de três anos, a intromissão norte-americana chefiada pelo Comander-in-chief George W. “O Doutrinador” Bush, nos levou de uma situação repreensível no tocante dos direitos humanos e políticos para uma situação de conflagração.
Com isso o mundo ganhou petróleo caro, algumas mortes, alguns campos de concentração e treinamento de terroristas e ânimos exaltados. E também o aumento dos déficits norte-americanos que podem acelerar a chegada de uma grande recessão mundial, que virá mais cedo ou mais tarde caso não sejam equacionados.
O Iraque a beira de uma guerra civil, dizem alguns (particularmente creio que o país já passou desta linha há muito tempo), na melhor das hipóteses formará mais três países inimigos, mas com secessão pacífica. Na pior, uma sangrenta e religiosamente motivada guerra; com os fanatismos, barbáries e ‘limpezas’ étnicas sobre os quais já estamos ficando acostumados a ler nos jornais.
Os intransigentes líderes palestino e israelense foram trocados pelas garras da fisiologia humana, vulga velhice(se bem que ainda existe muita dúvida sobre a causa mortis de Arafat), mas a oportunidade de ouro de se chegar a negociações menos rancorosas já foi perdida. E o tal “mapa da estrada” foi também perdido em alguma curva do caminho.
O Irã parecia estar apaziguado, mas ameaças explicitas da super-potência de plantão fizeram soar o alarme e por em prática a corrida pelo domínio de tecnologia nuclear, possivelmente de armamento atômico.
As trombetas também soaram na Síria e Coréia do Norte –país que não vem ao caso aqui-, com implicações desconhecidas.
Resumo da ópera, o que se parecia difícil de se resolver agora parece impossível. Se esta é uma demonstração do que a Pax Americana e a Doutrina Bush podem nos dar, parem o mundo que eu quero descer.
Inclusive, a doutrina já está tão desmoralizada que não se fala mais nela, o que é ótimo. Uma obra de Deus (seja lá em que forma ou nome) pode ter sido responsável pelo seu esquecimento e não teremos que conviver no futuro com ataques preventivos a lugar nenhum.
Só me pergunto se o tal comandante deve seu sobrenome ao seu Q.I., equivalente ao de um vegetal.
Apenas alguns pensamentos sobre as coisas que acho que sei ou sobre as quais não tenho a mínima idéia
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006
Pensem no Haiti
Já estamos enrolados na intervenção política-militar, e tardaremos muito em se livrar deste enrosco, mas devemos olhar o lado bom das coisas.
Eu sei, é difícil ver um lado bom em estar metido em lutas de gang em país estrangeiro, ainda mais se não fomos nós a começar o imbróglio. Se o há, é que o Haiti é uma terra de oportunidades, das mais variadas.
Nossos carros blindados, que tanto sucesso já fazem em Bagdá e imediações, parecem ser moldados para Porto Príncipe.
Toda a infra-estrutura do país precisa ser refeita, é nossas técnicas de construção para despossuídos podem ser de grande valia.
Mas o mais importante, nossa agricultura tropical pode ser muito útil, ainda mais quando sabemos que os haitianos não têm muito capital para investir e tampouco nós.
Uma cultura em especial pode ser bem aproveitada lá, a de cana-de-açúcar.
O Haiti tem um histórico de produção açucareira, florestas naturais já devastadas (terra barata e ecologicamente correta) e mão-de-obra ociosa, o que mais poderíamos querer para implantar uma indústria sucro-alcooleira no local.
Poderíamos, o que é melhor ainda, pedir que estes investimentos fossem bancados pelos norte-americanos. Eles são os maiores interessados em que a região seja estabilizada e precisam desesperadamente de combustíveis alternativos para manter seus carros beberrões rodando. Querem também evitar pressões imigratórias da região. Fome, vontade de comer e comida apetitosa.
Então usineiros, e demais empreendedores, mãos-a-obra.
Eu sei, é difícil ver um lado bom em estar metido em lutas de gang em país estrangeiro, ainda mais se não fomos nós a começar o imbróglio. Se o há, é que o Haiti é uma terra de oportunidades, das mais variadas.
Nossos carros blindados, que tanto sucesso já fazem em Bagdá e imediações, parecem ser moldados para Porto Príncipe.
Toda a infra-estrutura do país precisa ser refeita, é nossas técnicas de construção para despossuídos podem ser de grande valia.
Mas o mais importante, nossa agricultura tropical pode ser muito útil, ainda mais quando sabemos que os haitianos não têm muito capital para investir e tampouco nós.
Uma cultura em especial pode ser bem aproveitada lá, a de cana-de-açúcar.
O Haiti tem um histórico de produção açucareira, florestas naturais já devastadas (terra barata e ecologicamente correta) e mão-de-obra ociosa, o que mais poderíamos querer para implantar uma indústria sucro-alcooleira no local.
Poderíamos, o que é melhor ainda, pedir que estes investimentos fossem bancados pelos norte-americanos. Eles são os maiores interessados em que a região seja estabilizada e precisam desesperadamente de combustíveis alternativos para manter seus carros beberrões rodando. Querem também evitar pressões imigratórias da região. Fome, vontade de comer e comida apetitosa.
Então usineiros, e demais empreendedores, mãos-a-obra.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2006
Gastar é preciso, gerenciar não é preciso
Em entrevista dada ao UolNews ontem, o Ministro da Educação –Fernando Haddad- fez um balanço do governo Lula no ensino.
Foram citadas uma série projetos, algumas realizações e melhorias, inclusive em ciências e tecnologia.
Porém nela se vê um problema que vem acometendo governo após governo, em todas as áreas.
As discussões são muito menos de propostas, e de implementação destas, do que de finanças.
Se lembrarmos a atuação do presidenciável José Serra no Ministério da Saúde, pontuaremos dois marcos: o programam de combate a A.I.D.S. e a C.P.M.F. (Contribuição Provisória por Movimentação Financeira).
Haddad atribuiu ao possível aumento de 0,5% do P.I.B. no montante total do destinado a pasta, caso uma série de projetos passe pelo crivo do legislativo, como o grande feito do atual governo no campo da educação pública.
Este ‘financismo’ faz com que toda a discussão administrativa gire apenas em torno de conseguir mais fundos, ou em contingenciá-los, e nunca na gestão eficiente dos mesmos.
Em que pese o fato de que o investimento per capita nas áreas de saúde e educação é pequeno se comparado a países desenvolvidos, o maior problema não é a falta de recursos, mas como estes são empregados.
A qualidade do serviço público é notoriamente ruim no Brasil. Além disso, eles são muito segmentados; sendo que não se procura utilizar a complementaridade de áreas afins.
Por exemplo, nosso país tem gastos astronômicos com tratamento de doenças veiculadas por vetores ligados a falta de saneamento básico; caso os pacientes que chegam para o tratamento nos centros de saúde tivessem seus hábitos mapeados e seu entorno melhorado os gastos poderiam ser muito minorados (alguns estudos apontam que para cada real investido em saneamento básico economiza quatro em tratamento médico). Porém, o tratamento é do Ministério da Saúde, a pesquisa do IBGE – ligado ao Ministério do Planejamento – e as obras de saneamento básico ao Ministério das Cidades, e estes conversam muito pouco, resultando no tratamento do problema e não na eliminação da causa.
Em menor ou maior grau é o que acontece nos três níveis do executivo; imagine a quantidade de melhorias que o uso de recursos com base em um planejamento melhor empregado poderia gerar. E a economia que isto representaria para o país.
Há no Brasil o pensamento de que gestor público bom é aquele que consegue gastar mais, é por isso que os cifrões são tão valorizados pelo nosso executivo.
É chegado o momento de vermos os administradores públicos com outros olhos. É a produtividade do gasto que deve ser observado, e não o absoluto; quando os políticos tiverem que chegar em frente aos eleitores e mostrar que seu gasto foi, é e será melhor do que o do adversário, estaremos no caminho certo.
Obs: para ler o resumo da entrevista do ministro Haddadclique aqui
Foram citadas uma série projetos, algumas realizações e melhorias, inclusive em ciências e tecnologia.
Porém nela se vê um problema que vem acometendo governo após governo, em todas as áreas.
As discussões são muito menos de propostas, e de implementação destas, do que de finanças.
Se lembrarmos a atuação do presidenciável José Serra no Ministério da Saúde, pontuaremos dois marcos: o programam de combate a A.I.D.S. e a C.P.M.F. (Contribuição Provisória por Movimentação Financeira).
Haddad atribuiu ao possível aumento de 0,5% do P.I.B. no montante total do destinado a pasta, caso uma série de projetos passe pelo crivo do legislativo, como o grande feito do atual governo no campo da educação pública.
Este ‘financismo’ faz com que toda a discussão administrativa gire apenas em torno de conseguir mais fundos, ou em contingenciá-los, e nunca na gestão eficiente dos mesmos.
Em que pese o fato de que o investimento per capita nas áreas de saúde e educação é pequeno se comparado a países desenvolvidos, o maior problema não é a falta de recursos, mas como estes são empregados.
A qualidade do serviço público é notoriamente ruim no Brasil. Além disso, eles são muito segmentados; sendo que não se procura utilizar a complementaridade de áreas afins.
Por exemplo, nosso país tem gastos astronômicos com tratamento de doenças veiculadas por vetores ligados a falta de saneamento básico; caso os pacientes que chegam para o tratamento nos centros de saúde tivessem seus hábitos mapeados e seu entorno melhorado os gastos poderiam ser muito minorados (alguns estudos apontam que para cada real investido em saneamento básico economiza quatro em tratamento médico). Porém, o tratamento é do Ministério da Saúde, a pesquisa do IBGE – ligado ao Ministério do Planejamento – e as obras de saneamento básico ao Ministério das Cidades, e estes conversam muito pouco, resultando no tratamento do problema e não na eliminação da causa.
Em menor ou maior grau é o que acontece nos três níveis do executivo; imagine a quantidade de melhorias que o uso de recursos com base em um planejamento melhor empregado poderia gerar. E a economia que isto representaria para o país.
Há no Brasil o pensamento de que gestor público bom é aquele que consegue gastar mais, é por isso que os cifrões são tão valorizados pelo nosso executivo.
É chegado o momento de vermos os administradores públicos com outros olhos. É a produtividade do gasto que deve ser observado, e não o absoluto; quando os políticos tiverem que chegar em frente aos eleitores e mostrar que seu gasto foi, é e será melhor do que o do adversário, estaremos no caminho certo.
Obs: para ler o resumo da entrevista do ministro Haddad
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006
O segredo de nossa carga tributária
Acompanhando o noticiário, percebemos que, de repente, a carga tributária brasileira se tornou a grande vilã. Inclusive hoje saiu anúncio de que a arrecadação de janeiro foi recorde em comparação com o mesmo mês de anos anteriores.
Mas será que isso aconteceu de uma hora para a outra?
É claro que não. O aumento da nossa carga é um processo histórico que foi armando a bomba que temos em mãos agora.
Hora mascarada como inflação, hora como abandono dos deveres do Estado, sempre houve esta carga no lombo da sociedade, porém com uma diferença pouco discutida e muito significante.
Os que mais pagavam tinham um retorno desproporcional maior do dinheiro investido no Estado.
A escola pública era responsável pela melhor formação, mas só atingia um pequeno número de afortunados urbanos.
Os hospitais públicos eram de qualidade, poderia-se dizer centros de excelência, só que mais elitizado ainda do que o sistema educacional, que pelos menos possuía uma capilaridade maior.
O mesmo a ser dito de qualquer serviço público, que atendia apenas a uma elite social; urbana e com poder de memória, por mais letrada.
O grosso da população tinha que se contentar com migalhas. Era a parte de fora da economia formal, não por acaso.
Com o processo de democratização política do país, ocorreu um processo equivalente no tocante ao acesso aos bens e serviços públicos. A massa que financiava a qualidade para os afortunados passou a querer também o seu quinhão. Foi pouco bolo para muitas bocas.
Resultado, paralelamente, o maior imposto indireto aos não-formalizados (ela mesma, a inflação) foi controlado e a classe média tentou abandonar os serviços públicos superlotados. Passou ela a ser o arrimo do sistema público, tendo agora um retorno desproporcionalmente menor do dinheiro investido no Estado.
Começou então a grita, e nossa carga tributária deixou de ser “suportável”.
E esse é o segredo de nossa carga tributária, sempre esteve aí e vai continuar por muito tempo. Daí para mais, na verdade.
E não adianta tentar esconder os fatos. O que podemos fazer é pressionarmos por benefícios proporcionais aos que aplicamos, que fariam na prática o mesmo que uma diminuição da carga, ou seja, dinamizar a economia e espraiar os benefícios sociais.
Mas será que isso aconteceu de uma hora para a outra?
É claro que não. O aumento da nossa carga é um processo histórico que foi armando a bomba que temos em mãos agora.
Hora mascarada como inflação, hora como abandono dos deveres do Estado, sempre houve esta carga no lombo da sociedade, porém com uma diferença pouco discutida e muito significante.
Os que mais pagavam tinham um retorno desproporcional maior do dinheiro investido no Estado.
A escola pública era responsável pela melhor formação, mas só atingia um pequeno número de afortunados urbanos.
Os hospitais públicos eram de qualidade, poderia-se dizer centros de excelência, só que mais elitizado ainda do que o sistema educacional, que pelos menos possuía uma capilaridade maior.
O mesmo a ser dito de qualquer serviço público, que atendia apenas a uma elite social; urbana e com poder de memória, por mais letrada.
O grosso da população tinha que se contentar com migalhas. Era a parte de fora da economia formal, não por acaso.
Com o processo de democratização política do país, ocorreu um processo equivalente no tocante ao acesso aos bens e serviços públicos. A massa que financiava a qualidade para os afortunados passou a querer também o seu quinhão. Foi pouco bolo para muitas bocas.
Resultado, paralelamente, o maior imposto indireto aos não-formalizados (ela mesma, a inflação) foi controlado e a classe média tentou abandonar os serviços públicos superlotados. Passou ela a ser o arrimo do sistema público, tendo agora um retorno desproporcionalmente menor do dinheiro investido no Estado.
Começou então a grita, e nossa carga tributária deixou de ser “suportável”.
E esse é o segredo de nossa carga tributária, sempre esteve aí e vai continuar por muito tempo. Daí para mais, na verdade.
E não adianta tentar esconder os fatos. O que podemos fazer é pressionarmos por benefícios proporcionais aos que aplicamos, que fariam na prática o mesmo que uma diminuição da carga, ou seja, dinamizar a economia e espraiar os benefícios sociais.
Um tal de Zakaria
Nas páginas da Época desta semana estreou com pompa o editor da revista norte-americana Neewsweek Fareed Zakaria.
Em seu primeiro artigo tenta demonstrar que a Europa está fadada ao desastre; entre outros motivos por não conseguir aumentar seu P.I.B. per capita ou atrair tantos imigrantes quanto os Estados Unidos da América.
Não concordo com os argumentos do articulista, mas isso não vem ao caso. O ponto aqui é que ele representa uma visão que está majoritária no mundo e que liga automaticamente tamanho do P.I.B., qualidade de vida e desenvolvimento social.
Nas páginas da mesma revista há uma matéria, sobre a Índia, e uma entrevista, com o economista suíço Stéphane Garelli, que enveredam pelo mesmo pensamento.
É essa corrente de pensamento que aponta os países do Bric (conjunto de países formado Brasil, Índia, Rússia e China) como os que devem ser acompanhados por terem potencial para virem a ser os grandes P.I.B.s do futuro próximo. É ela também que diz que o Brasil está jogando o seu futuro fora por não conseguir um crescimento comparável com o dos demais da sigla.
Esta visão norte-americana de mundo, apesar de generalizada entre nós, não deveria ser a seguida por nossa população ou incentivada por nossos meios de comunicação.
Ela assume que o resultado final é o enriquecimento em termos absolutos, mais dinheiro no banco – preferencialmente dólares -, e exclui da equação o processo pelo qual é conseguido.
Portanto o dólar da venda de barris de petróleo que enriquece xeiques árabes teria o mesmo impacto social daquele que paga ingresso no Scala de Milão, o dinheiro pago a uma família pela exploração do trabalho de suas crianças seria tão bom ao país quanto o pago para manter as mesmas crianças na escola. Sabemos que não o primeiro não tem e o segundo não é.
Ter acessos às benesses do consumo é bom. Enriquecer é melhor ainda. Mas centrar nossos esforços em buscar unicamente o crescimento do nosso P.I.B. não nos transformará em um país melhor.
Será o contrário, na verdade. Ao nos tornarmos uma sociedade melhor e mais justa nosso P.I.B. crescerá, por inclusão automática de consumidores.
Agora, se o fim é um Produto Interno Bruto maior, sugiro a Zakaria e outros admiradores de números que se mudem para a China, e se extasiem com a visão de seus sonhos em progresso.
Em seu primeiro artigo tenta demonstrar que a Europa está fadada ao desastre; entre outros motivos por não conseguir aumentar seu P.I.B. per capita ou atrair tantos imigrantes quanto os Estados Unidos da América.
Não concordo com os argumentos do articulista, mas isso não vem ao caso. O ponto aqui é que ele representa uma visão que está majoritária no mundo e que liga automaticamente tamanho do P.I.B., qualidade de vida e desenvolvimento social.
Nas páginas da mesma revista há uma matéria, sobre a Índia, e uma entrevista, com o economista suíço Stéphane Garelli, que enveredam pelo mesmo pensamento.
É essa corrente de pensamento que aponta os países do Bric (conjunto de países formado Brasil, Índia, Rússia e China) como os que devem ser acompanhados por terem potencial para virem a ser os grandes P.I.B.s do futuro próximo. É ela também que diz que o Brasil está jogando o seu futuro fora por não conseguir um crescimento comparável com o dos demais da sigla.
Esta visão norte-americana de mundo, apesar de generalizada entre nós, não deveria ser a seguida por nossa população ou incentivada por nossos meios de comunicação.
Ela assume que o resultado final é o enriquecimento em termos absolutos, mais dinheiro no banco – preferencialmente dólares -, e exclui da equação o processo pelo qual é conseguido.
Portanto o dólar da venda de barris de petróleo que enriquece xeiques árabes teria o mesmo impacto social daquele que paga ingresso no Scala de Milão, o dinheiro pago a uma família pela exploração do trabalho de suas crianças seria tão bom ao país quanto o pago para manter as mesmas crianças na escola. Sabemos que não o primeiro não tem e o segundo não é.
Ter acessos às benesses do consumo é bom. Enriquecer é melhor ainda. Mas centrar nossos esforços em buscar unicamente o crescimento do nosso P.I.B. não nos transformará em um país melhor.
Será o contrário, na verdade. Ao nos tornarmos uma sociedade melhor e mais justa nosso P.I.B. crescerá, por inclusão automática de consumidores.
Agora, se o fim é um Produto Interno Bruto maior, sugiro a Zakaria e outros admiradores de números que se mudem para a China, e se extasiem com a visão de seus sonhos em progresso.
Bola de cristal
A minha é embaçada e de um modelo ultrapassado, mas creio que as pitonisas que colocavam Lula como carta fora do baralho estão mais próximas da verdade do que as que o colocam como candidato forte hoje.
Apesar do repique das pesquisas, duvido e odó que Lula seja reeleito.
Apesar do repique das pesquisas, duvido e odó que Lula seja reeleito.
domingo, 19 de fevereiro de 2006
Tecnologia: só ela salva; do câmbio e outras mazelas
Dia após dia, comentaristas econômicos, certamente apoiados pelas empresas exportadoras, dizem que o dólar capenga permite apenas aos produtos de baixo conteúdo tecnológico a competição internacional.
E são dois os exemplos que dão para isso:
1)a derrocada das indústrias têxteis e calçadistas, que estão perdendo mercados aqui e no exterior, demitindo e fechando fábricas e,
2)o grande percentual de commodities de nossa pauta de exportações.
Seria ridículo, se não fora trágico. Dar a as indústrias acima citadas como exemplo de empresas de alto conteúdo tecnológico é o mesmo que dizer o mais moderno em matéria de geração de energia é a lenha. E retirar o conteúdo tecnológico de nossas commodities é querer tapar o sol com peneiras.
A verdade é que quanto mais alto é o conteúdo tecnológico, menor é o impacto que um produto sofre da taxa de câmbio.
Alta-tecnologia implica em produtos livres de, ou menos afetados pela, concorrência - por qualidade superior, falta de similares ou menor custo produtivo – e por si só faz com que o valor local de uma moeda passe a ser um fator menos relevante.
O que anda salvando nossas exportações é o efeito da tecnologia, e não a falta dela. É o emprego da tecnologia em caminhões mais potentes e resistentes, que podem trafegar no mar de buracos. O é na reconstrução e reestruturação da malha ferroviária. Também no desenvolvimento de sementes mais produtivas e mais resistentes. Nas novas formas de cultivar o antes desprezado cerrado.
É claro que se quiser manter a competitividade a nação brasileira terá que se tornar ainda mais tecnológica e, principalmente, jogar no campo dos adversários do dito primeiro mundo. Teremos que começar a vender cultura, design, estilo de vida, etc... tudo que é extremamente caro mas não têm nada palpável para que o governante esfregue na cara dos adversários.
Este será o jogo mais difícil, mas o que se há de fazer, teremos de jogá-lo.
E são dois os exemplos que dão para isso:
1)a derrocada das indústrias têxteis e calçadistas, que estão perdendo mercados aqui e no exterior, demitindo e fechando fábricas e,
2)o grande percentual de commodities de nossa pauta de exportações.
Seria ridículo, se não fora trágico. Dar a as indústrias acima citadas como exemplo de empresas de alto conteúdo tecnológico é o mesmo que dizer o mais moderno em matéria de geração de energia é a lenha. E retirar o conteúdo tecnológico de nossas commodities é querer tapar o sol com peneiras.
A verdade é que quanto mais alto é o conteúdo tecnológico, menor é o impacto que um produto sofre da taxa de câmbio.
Alta-tecnologia implica em produtos livres de, ou menos afetados pela, concorrência - por qualidade superior, falta de similares ou menor custo produtivo – e por si só faz com que o valor local de uma moeda passe a ser um fator menos relevante.
O que anda salvando nossas exportações é o efeito da tecnologia, e não a falta dela. É o emprego da tecnologia em caminhões mais potentes e resistentes, que podem trafegar no mar de buracos. O é na reconstrução e reestruturação da malha ferroviária. Também no desenvolvimento de sementes mais produtivas e mais resistentes. Nas novas formas de cultivar o antes desprezado cerrado.
É claro que se quiser manter a competitividade a nação brasileira terá que se tornar ainda mais tecnológica e, principalmente, jogar no campo dos adversários do dito primeiro mundo. Teremos que começar a vender cultura, design, estilo de vida, etc... tudo que é extremamente caro mas não têm nada palpável para que o governante esfregue na cara dos adversários.
Este será o jogo mais difícil, mas o que se há de fazer, teremos de jogá-lo.
sábado, 18 de fevereiro de 2006
É um começo
As poucas, e boas, medidas que entraram em vigor neste princípio de ano - a saber, fim do nepotismo no judiciário e fim de algumas das benesses do Legislativo – mostram que nossos dirigentes estão começando a ouvir a voz das ruas.
Não que a nossa opinião pública esteja com esta bola toda, mas já é alguma coisa.
Quem sabe, neste ritmo, meus netos não vivam em um país melhor? E sem que eu emigre.
Não que a nossa opinião pública esteja com esta bola toda, mas já é alguma coisa.
Quem sabe, neste ritmo, meus netos não vivam em um país melhor? E sem que eu emigre.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006
Não podia mesmo dar certo
Nós não aprendemos mesmo. Passa governo, entra governo e tentamos controlar os preços.
A última tentativa foi no álcool combustível, e como não podia deixar de ser seus resultados práticos não chegaram a durar uma semana.
Desde o momento que foi implantado, o Pró-álcool visava “domar” o mercado. Era uma forma de tirar o Brasil das garras dos vilões do momento e dar aos militares controle sobre a carestia da gasolina.
Porém, desde que o país tornou livre da ditadura militar sempre que o mercado se desequilibra - seja por força da demanda por álcool, seja pelo aumento do preço do açúcar – aventa-se o controle de preços por parte do governo, um congelamento “branco”.
E sempre que se congela, há desabastecimento; e aumento de preços posterior.
Diminui-se a credibilidade do álcool como alternativa viável aos derivados de petróleo e perdem todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Como o governo controla o preço dos combustíveis fósseis, por via indireta (através do monopólio de fato da Petrobrás) ou por via direta (através da carga tributária, principalmente a CIDE), fica difícil se esquivar das pressões pelo controle estatal.
Esta era uma armadilha que o atual governo poderia ter desarmado, simplesmente se recusando a intervir. Apesar de ainda haver uma considerável frota de veículos movidos exclusivamente a álcool, o grosso dos nossos usuários é formado por proprietários dos chamados bi-combustíveis.
Por ser um mercado livre de monopólio, se bem que alguns acreditam que o altamente concentrado mundo das usinas é um oligopólio, caberia ao governo apenas se eximir da intervenção.
Teria todas as desculpas para isso: o álcool é uma commodity agrícola e como tal espera-se que seu preço flutue; os maiores interessados em manter o mercado são os próprios usineiros e, os consumidores têm opção de usar gasolina.
Como é ano eleitoral resolveram mostrar serviço e perderam uma excelente oportunidade para ficarem quietos.
Fizeram um acordo que foi descumprido imediatamente, os preços não recuaram e o governo mostrou inoperante, de novo.
Muito bom que isso tenha ocorrido, da próxima vez talvez o governo de plantão deixem as leis de mercado agirem livremente, não passem vergonha e não ameacem mais uma vez transferir renda para agentes econômicos escolhidos a dedo.
A última tentativa foi no álcool combustível, e como não podia deixar de ser seus resultados práticos não chegaram a durar uma semana.
Desde o momento que foi implantado, o Pró-álcool visava “domar” o mercado. Era uma forma de tirar o Brasil das garras dos vilões do momento e dar aos militares controle sobre a carestia da gasolina.
Porém, desde que o país tornou livre da ditadura militar sempre que o mercado se desequilibra - seja por força da demanda por álcool, seja pelo aumento do preço do açúcar – aventa-se o controle de preços por parte do governo, um congelamento “branco”.
E sempre que se congela, há desabastecimento; e aumento de preços posterior.
Diminui-se a credibilidade do álcool como alternativa viável aos derivados de petróleo e perdem todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Como o governo controla o preço dos combustíveis fósseis, por via indireta (através do monopólio de fato da Petrobrás) ou por via direta (através da carga tributária, principalmente a CIDE), fica difícil se esquivar das pressões pelo controle estatal.
Esta era uma armadilha que o atual governo poderia ter desarmado, simplesmente se recusando a intervir. Apesar de ainda haver uma considerável frota de veículos movidos exclusivamente a álcool, o grosso dos nossos usuários é formado por proprietários dos chamados bi-combustíveis.
Por ser um mercado livre de monopólio, se bem que alguns acreditam que o altamente concentrado mundo das usinas é um oligopólio, caberia ao governo apenas se eximir da intervenção.
Teria todas as desculpas para isso: o álcool é uma commodity agrícola e como tal espera-se que seu preço flutue; os maiores interessados em manter o mercado são os próprios usineiros e, os consumidores têm opção de usar gasolina.
Como é ano eleitoral resolveram mostrar serviço e perderam uma excelente oportunidade para ficarem quietos.
Fizeram um acordo que foi descumprido imediatamente, os preços não recuaram e o governo mostrou inoperante, de novo.
Muito bom que isso tenha ocorrido, da próxima vez talvez o governo de plantão deixem as leis de mercado agirem livremente, não passem vergonha e não ameacem mais uma vez transferir renda para agentes econômicos escolhidos a dedo.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006
Sobre o patrimônio líquido nacional
Este artigo tem a intenção de chamar a atenção para o excelente ponto apresentado por Stephen Kanitz no texto “O Patrimônio Líquido Nacional”, que pode ser lido no link : http://www.kanitz.com.br/veja/patrimonio.asp .
Da mesma forma que não devemos nos ater apenas a idéias importadas e descontextualizadas nos demais campos das ciências, marcadamente nas humanas, não devemos olhar apenas para um conceito, criado no primeiro mundo e que levas as particularidades de lá em consideração, para tentar desenvolver o país.
Investimentos em programas para melhor aproveitar a base instalada ou conseguir com que investimentos surtam efeitos mais duradouros na nossa economia são o que uma economia como a nossa deve fazer para alcançar um desenvolvimento sustentável e riqueza a longo prazo.
Aumento do PIB é apenas um dado ilusório, um aumento de fluxo, que pode corresponder ou não a mais riqueza na sociedade.
Da mesma forma que não devemos nos ater apenas a idéias importadas e descontextualizadas nos demais campos das ciências, marcadamente nas humanas, não devemos olhar apenas para um conceito, criado no primeiro mundo e que levas as particularidades de lá em consideração, para tentar desenvolver o país.
Investimentos em programas para melhor aproveitar a base instalada ou conseguir com que investimentos surtam efeitos mais duradouros na nossa economia são o que uma economia como a nossa deve fazer para alcançar um desenvolvimento sustentável e riqueza a longo prazo.
Aumento do PIB é apenas um dado ilusório, um aumento de fluxo, que pode corresponder ou não a mais riqueza na sociedade.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006
Será coincidência?
No tão comentado renascimento do Real Madrid, que foi o confronto deste com o Zaragoza, mostrou-se o quanto falta aos europeus de poder para enfrentar a copa do mundo que se avizinha.
O agregado do confronto mostrou um número impressionante de gols, onze; sem contar o mal anulado de Ewerthon.
Só que estes onze gols foram todos marcados por sul-americanos. Sete por brasileiros e quatro por argentino.
Não que seja um indicativo irrefutável de poder dos times do Novo Mundo, mas se eu fosse um dos técnicos europeus estaria com as barbas de molho.
Ainda mais quando se vê que as opções aos goleadores sul-americanos geralmente são encontradas na África ou em paragens mais inesperadas, como a Oceania.
As partidas entre Real-Zaragoza podem indicar apenas uma coincidência, mas será?
O agregado do confronto mostrou um número impressionante de gols, onze; sem contar o mal anulado de Ewerthon.
Só que estes onze gols foram todos marcados por sul-americanos. Sete por brasileiros e quatro por argentino.
Não que seja um indicativo irrefutável de poder dos times do Novo Mundo, mas se eu fosse um dos técnicos europeus estaria com as barbas de molho.
Ainda mais quando se vê que as opções aos goleadores sul-americanos geralmente são encontradas na África ou em paragens mais inesperadas, como a Oceania.
As partidas entre Real-Zaragoza podem indicar apenas uma coincidência, mas será?
terça-feira, 14 de fevereiro de 2006
Financiamento público de campanha: última saída?
Devemos desconfiar quando todas as correntes políticas começam a querer a mesma coisa.
A coisa no momento é o financiamento público de campanhas políticas.
Vejamos. Aquele político que se elegerá na próxima campanha será um servidor público, trabalhará com o intuito de fazê-lo bem e de apenas melhorar a vida do povo. Certo?
Seria em uma utopia, mas isto é o mais longe da verdade que poderíamos estar. O político não é um servidor do público de modo geral, é de certos públicos (aqueles que o levaram ao cargo) quando não apenas de si mesmo.
Mesmo os que são eleitos para cargos majoritários não representam todos os eleitores do governo executivo que comandará, embora seja responsável por instituições que influirão na vida de todos que residem na área que gerirá, e as vezes de áreas circundantes.
Somente isso já serviria para colocar em dúvida o tal financiamento público de campanha, que de fato já existe, e é vultoso, na forma da propaganda eleitoral gratuita de rádio e teve.
Porém a verdade é que caso seja implantado o novo sistema de financiamento acabaria por agravar a bi-tributação a que somos vítimas reincidentes.
Pagaríamos para a eleição de “representantes” que não nos representam e que teriam um reforço de caixa com os fundos públicos, além dos recursos dos grupos que eles realmente representam; sejam eles contabilizados ou não, caixa 1, ou 2, ou 3 ou mesmo 4.
Perpetuaria também, ainda mais do que são hoje, os grupos no poder. Ainda mais se florescer o balão de ensaio do financiamento exclusivamente público.
A solução passa mais pelo fortalecimento da educação da população e do incentivo à maior participação política da sociedade.
Os avanços das formas de comunicação geraram modos mais diretos e baratos de contato com as massas de eleitores. Restará aos partidos mudar a acepção que a palavra tem aqui; de agremiação quebrada e cheia de caciques para a de uma instituição que representa consistentemente uma parcela da sociedade.
A coisa no momento é o financiamento público de campanhas políticas.
Vejamos. Aquele político que se elegerá na próxima campanha será um servidor público, trabalhará com o intuito de fazê-lo bem e de apenas melhorar a vida do povo. Certo?
Seria em uma utopia, mas isto é o mais longe da verdade que poderíamos estar. O político não é um servidor do público de modo geral, é de certos públicos (aqueles que o levaram ao cargo) quando não apenas de si mesmo.
Mesmo os que são eleitos para cargos majoritários não representam todos os eleitores do governo executivo que comandará, embora seja responsável por instituições que influirão na vida de todos que residem na área que gerirá, e as vezes de áreas circundantes.
Somente isso já serviria para colocar em dúvida o tal financiamento público de campanha, que de fato já existe, e é vultoso, na forma da propaganda eleitoral gratuita de rádio e teve.
Porém a verdade é que caso seja implantado o novo sistema de financiamento acabaria por agravar a bi-tributação a que somos vítimas reincidentes.
Pagaríamos para a eleição de “representantes” que não nos representam e que teriam um reforço de caixa com os fundos públicos, além dos recursos dos grupos que eles realmente representam; sejam eles contabilizados ou não, caixa 1, ou 2, ou 3 ou mesmo 4.
Perpetuaria também, ainda mais do que são hoje, os grupos no poder. Ainda mais se florescer o balão de ensaio do financiamento exclusivamente público.
A solução passa mais pelo fortalecimento da educação da população e do incentivo à maior participação política da sociedade.
Os avanços das formas de comunicação geraram modos mais diretos e baratos de contato com as massas de eleitores. Restará aos partidos mudar a acepção que a palavra tem aqui; de agremiação quebrada e cheia de caciques para a de uma instituição que representa consistentemente uma parcela da sociedade.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006
E que aumente a valorização
Está mais do que cristalizado, para os comentaristas econômicos, o fato de que o real está sobre-valorizado.
Não é apenas por enxergar um contra-senso entre isto e os superávits seguidos da balança comercial e os aumentos muito maiores das taxas de crescimento das exportações do que as das importações ou do PIB que discordo disto, apesar de que estes números têm grande peso nas minhas impressões.
Mas o que tem mais peso nelas é o fato de que as coisas aqui são muito mais baratas do que lá (tomando-se lá como os países ditos desenvolvidos). Com a honrosa exceção dos produtos cujos preços são influenciados pelo governo; transporte público, telecomunicações, ensino de qualidade, produtos eletrônicos (que têm alto índice de componentes importados) etc, etc ...
Como explicar que, com os mesmos euros ou dólares, eles comprem mais aqui do que em seus países de origem? Ao meu ver só pode significar que os preços aqui estão distorcidos por moeda corrente sub-valorizada.
Já sei o que estes críticos irão dizer, que os salários aviltantes que nós recebemos é a real causa da distorção. Pode até ser que eles influam fortemente, só que ainda creio que o real não está sobre-valorizado. E não vai ser a opinião dos exportadores de soja ou dos industriais da Fiesp que me fará mudar de idéia.
Se estes fossem para se levar a sério, a intervenção cambial por parte do governo deveria ter se iniciado quando este estava nas módicas taxas de 3,6 reais, que poderiam levar a superávits sustentados. Lembram? E alguns deles, mais pessimistas, diziam que 3,1 era o piso suportável que impediria a quebradeira.
Hoje estamos a 2 e pouco, muito pouco, e permanecemos exportadores.
Houve muita choradeira com relação ao câmbio e muito pouco com relação a melhora normativa da economia brasileira, que aumentaria a produtividade, e a competitividade entre as empresas.Posso até ser uma reedição dos entreguistas do passado, um démodé, mas prefiro o câmbio assim. Se entre o “super-valorizado” como está e o “equilibrado” 3,6 que concentra mais renda do que a política de juros do BC consegue ao menos imaginar, prefiro o trilho que estamos seguindo agora.
Não é apenas por enxergar um contra-senso entre isto e os superávits seguidos da balança comercial e os aumentos muito maiores das taxas de crescimento das exportações do que as das importações ou do PIB que discordo disto, apesar de que estes números têm grande peso nas minhas impressões.
Mas o que tem mais peso nelas é o fato de que as coisas aqui são muito mais baratas do que lá (tomando-se lá como os países ditos desenvolvidos). Com a honrosa exceção dos produtos cujos preços são influenciados pelo governo; transporte público, telecomunicações, ensino de qualidade, produtos eletrônicos (que têm alto índice de componentes importados) etc, etc ...
Como explicar que, com os mesmos euros ou dólares, eles comprem mais aqui do que em seus países de origem? Ao meu ver só pode significar que os preços aqui estão distorcidos por moeda corrente sub-valorizada.
Já sei o que estes críticos irão dizer, que os salários aviltantes que nós recebemos é a real causa da distorção. Pode até ser que eles influam fortemente, só que ainda creio que o real não está sobre-valorizado. E não vai ser a opinião dos exportadores de soja ou dos industriais da Fiesp que me fará mudar de idéia.
Se estes fossem para se levar a sério, a intervenção cambial por parte do governo deveria ter se iniciado quando este estava nas módicas taxas de 3,6 reais, que poderiam levar a superávits sustentados. Lembram? E alguns deles, mais pessimistas, diziam que 3,1 era o piso suportável que impediria a quebradeira.
Hoje estamos a 2 e pouco, muito pouco, e permanecemos exportadores.
Houve muita choradeira com relação ao câmbio e muito pouco com relação a melhora normativa da economia brasileira, que aumentaria a produtividade, e a competitividade entre as empresas.Posso até ser uma reedição dos entreguistas do passado, um démodé, mas prefiro o câmbio assim. Se entre o “super-valorizado” como está e o “equilibrado” 3,6 que concentra mais renda do que a política de juros do BC consegue ao menos imaginar, prefiro o trilho que estamos seguindo agora.
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