segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

E que aumente a valorização

Está mais do que cristalizado, para os comentaristas econômicos, o fato de que o real está sobre-valorizado.
Não é apenas por enxergar um contra-senso entre isto e os superávits seguidos da balança comercial e os aumentos muito maiores das taxas de crescimento das exportações do que as das importações ou do PIB que discordo disto, apesar de que estes números têm grande peso nas minhas impressões.
Mas o que tem mais peso nelas é o fato de que as coisas aqui são muito mais baratas do que lá (tomando-se lá como os países ditos desenvolvidos). Com a honrosa exceção dos produtos cujos preços são influenciados pelo governo; transporte público, telecomunicações, ensino de qualidade, produtos eletrônicos (que têm alto índice de componentes importados) etc, etc ...
Como explicar que, com os mesmos euros ou dólares, eles comprem mais aqui do que em seus países de origem? Ao meu ver só pode significar que os preços aqui estão distorcidos por moeda corrente sub-valorizada.
Já sei o que estes críticos irão dizer, que os salários aviltantes que nós recebemos é a real causa da distorção. Pode até ser que eles influam fortemente, só que ainda creio que o real não está sobre-valorizado. E não vai ser a opinião dos exportadores de soja ou dos industriais da Fiesp que me fará mudar de idéia.
Se estes fossem para se levar a sério, a intervenção cambial por parte do governo deveria ter se iniciado quando este estava nas módicas taxas de 3,6 reais, que poderiam levar a superávits sustentados. Lembram? E alguns deles, mais pessimistas, diziam que 3,1 era o piso suportável que impediria a quebradeira.
Hoje estamos a 2 e pouco, muito pouco, e permanecemos exportadores.
Houve muita choradeira com relação ao câmbio e muito pouco com relação a melhora normativa da economia brasileira, que aumentaria a produtividade, e a competitividade entre as empresas.Posso até ser uma reedição dos entreguistas do passado, um démodé, mas prefiro o câmbio assim. Se entre o “super-valorizado” como está e o “equilibrado” 3,6 que concentra mais renda do que a política de juros do BC consegue ao menos imaginar, prefiro o trilho que estamos seguindo agora.

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