sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Não podia mesmo dar certo

Nós não aprendemos mesmo. Passa governo, entra governo e tentamos controlar os preços.
A última tentativa foi no álcool combustível, e como não podia deixar de ser seus resultados práticos não chegaram a durar uma semana.
Desde o momento que foi implantado, o Pró-álcool visava “domar” o mercado. Era uma forma de tirar o Brasil das garras dos vilões do momento e dar aos militares controle sobre a carestia da gasolina.
Porém, desde que o país tornou livre da ditadura militar sempre que o mercado se desequilibra - seja por força da demanda por álcool, seja pelo aumento do preço do açúcar – aventa-se o controle de preços por parte do governo, um congelamento “branco”.
E sempre que se congela, há desabastecimento; e aumento de preços posterior.
Diminui-se a credibilidade do álcool como alternativa viável aos derivados de petróleo e perdem todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Como o governo controla o preço dos combustíveis fósseis, por via indireta (através do monopólio de fato da Petrobrás) ou por via direta (através da carga tributária, principalmente a CIDE), fica difícil se esquivar das pressões pelo controle estatal.
Esta era uma armadilha que o atual governo poderia ter desarmado, simplesmente se recusando a intervir. Apesar de ainda haver uma considerável frota de veículos movidos exclusivamente a álcool, o grosso dos nossos usuários é formado por proprietários dos chamados bi-combustíveis.
Por ser um mercado livre de monopólio, se bem que alguns acreditam que o altamente concentrado mundo das usinas é um oligopólio, caberia ao governo apenas se eximir da intervenção.
Teria todas as desculpas para isso: o álcool é uma commodity agrícola e como tal espera-se que seu preço flutue; os maiores interessados em manter o mercado são os próprios usineiros e, os consumidores têm opção de usar gasolina.
Como é ano eleitoral resolveram mostrar serviço e perderam uma excelente oportunidade para ficarem quietos.
Fizeram um acordo que foi descumprido imediatamente, os preços não recuaram e o governo mostrou inoperante, de novo.
Muito bom que isso tenha ocorrido, da próxima vez talvez o governo de plantão deixem as leis de mercado agirem livremente, não passem vergonha e não ameacem mais uma vez transferir renda para agentes econômicos escolhidos a dedo.

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