quinta-feira, 2 de julho de 2009

O verdadeiro Show de Truman


Privacidade é um valor bastante depreciado nas sociedades modernas. Há exploração da vida privada das celebridades, as onipresentes câmaras de vigilância, os celulares com gps, toda sorte de traquitanas tecnológicas e etc.
O tema foi abordado magistralmente em "O Show de Truman", apesar do careteiro Carey, contando a história de um indivíduo seguido pelas câmeras do início de sua vida até a descoberta da farsa em que fora metido. O filme é muito bom, mas traz uma série de dilemas éticos. E cabe discuti-los agora, pois os cientistas estão copiando a arte e criando seus showzinhos.
Deb Roy, do MIT, por exemplo, utilizou a própria família, em especial o filho, em um experimento de acompanhamento de como a fala humana desenvolve-se.
O primeiro dilema é quanto a utilização de desavisados para experimentos. Quem tem o direito de decidir pela participação de outro em algo como o acompanhamento proposto por Roy? É lícito observar atentamente crianças para fins científicos? O bem da humanidade ou da ciência está acima da privacidade dos incapazes (no sentido jurídico, de quem não podem decidir por si)?
O segundo é quanto a possibilidade de ocorrer prejuízo à interação social. Não agimos da mesma forma ao sabermos ser filmados e ao imaginarmos que não. Os envolvidos em tais experimentos serão moldados em um ambiente artificial, com consequencias desconhecidas.
Por último, a segurança dos dados. Ter a existência toda documentada é um perigo para quem ama a liberdade. Não é por acaso que os regimes totalitários esmiuçam as vidas de sua população. Informação é poder, e acesso a todas as informações de um indivíduo significa poder total sobre ele.
Será que teremos que seremos obrigados a sermos atores da nossa vida, no mal sentido?
Que acham?

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