O que você faria se um profissional que está em sua folha de pagamento lhe dissesse que não presta um bom serviço simplesmente por que está desmotivado?
E se este profissional fosse de um setor do qual depende o funcionamento de toda a sua empresa?
Mas do que isso, ele fosse parte do quadro das chamadas funções-fim, a razão de ser da sua empresa?
A maioria das pessoas diria que estes funcionários seriam demitidos imediatamente. Certo?
É, mas eles existem aos montes na sua folha de pagamento, são funcionários públicos. Comecemos do princípio. Qualquer um pode ficar desmotivado, vez ou outra, mas categorias?
Eles podem alegar que trabalham muito, que ganham pouco, que não são reconhecidos; alguns até que com muita razão, mas será que estes são motivos suficientes para prestar um mau serviço?
Os fatos são que apesar de tudo isto, os funcionários públicos ainda estão em situação média muito melhor do que a média dos funcionários da iniciativa privada.
Tomando o exemplo paulista, enquanto a renda média dos empregados da iniciativa privada é de cerca de mil reais, entre o funcionalismo público ela é de cerca de três vezes isso, e ainda há a estabilidade, que torna a incompetência um motivo muito brando para demissão.
Não é por outra razão que as greves entre estes servidores é tão impopular. É mais do que irônico, quase tragicômico, que os mesmo funcionários que estão parados a tanto tempo e deixando de prestar serviços aos segurados do INSS queiram reajustes que em valores brutos são maiores do que as pensões da grande maioria dos segurados. Como fazer com a grande massa aceite isto como justo?
A verdade é que a renda média de que nós, brasileiros, dispomos é ridícula, para ser brando. Mas não há como fazer com este valor deixe de ser ridículo apenas para os servidores públicos. Como em tudo, no serviço público há uma profusão de gargalos de eficiência. Fará muito mais para os seus futuros reajustes, o funcionário que comece a restringir estes gargalos. Alegar apenas que precisa de reajuste, pois não os recebeu como queria, apesar de perfeitamente coerente, não fará com que as sobras orçamentárias necessárias para os reajustes apareçam. Deixar de prestar os serviços essenciais para a população, que é na última instância quem assina o cheque, também não.
Só quando esta desculpa esfarrapada de desmotivação deixar de existir eles terão chances reais de verem seus pleitos atendidos. Quando o profissionalismo passar a ser enxergado como uma virtude do funcionalismo público e a população se sentir bem servida, e bom uso do dinheiro for uma marca de cada repartição, a simples menção de interrupção destes serviços fará com que os contribuintes apóiem as demandas do servidor.
Enquanto este for visto como um privilegiado que não trabalha como deveria, quando trabalha, poderá haver greves intermináveis. De nada adiantará. Só tornará a causa mais impopular.
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