Após o jogo de ontem, que foi uma vitória maravilhosa, soa até anti-patriótico que eu diga aqui que a seleção brasileira e o seu técnico não são perfeitos. Então vou pegar leve, mas ...
Houve uma época que gostava de jogar bola. Isto foi antes de ser apresentado à função tática.
Houve um tempo em que era divertido ver a seleção jogar. Isto foi antes desta ser dirigida por Carlos Alberto Parreira.
Tática e Parreira são quase sinônimos para uma boa parcela dos comentaristas esportivos nacionais. Acho que está aí o problema. Ambos me tiraram o prazer do futebol e, na personificação da tática, Parreira sofre com o ônus de ser o rei da tática. E precisa provar-nos, e provar-se, essa realeza a todo o instante.
A tática passou a ser encarada neste país como um outro nome para covardia. O defender-se antes e, quem sabe, fazer um golzinho e levar o resultado para casa. Ou não seria o gol um mero detalhe? Neste sentido, espera-se de Parreira que ele seja um retranqueiro, pois é tático, ao invés do ofensivo Luxemburgo, motivador.
É também vista, a tática, como algo rígido, com os jogadores se comportando como botões no jogo. E o técnico leva a culpa e a fama por tudo que acontece nas partidas.
E mais, como todo técnico tem que impor sua parcela de inovação. Parreira aparece com Zé Roberto.
Fica sobre a cabeça de Parreira sempre a espada do carrasco que a todos os “selecionadores” persegue, e mais ainda os “táticos”: o descrédito.
Para escapar da espada, ele necessita não apenas vencer, precisa fazê-lo a sua maneira. Não bastará ser campeão mundial, isto só será válido se conseguir o caneco com o Zé Roberto de volante.
Já desejei Zé Roberto na seleção. Isso foi na época em que ele e Zé Maria, cada um uma lateral da Portuguesa, eram responsáveis por pesadelos nas defesas e técnicos adversários na noite anterior aos jogos.
Toleraria o mesmo como meia ofensivo - nesta posição foi o melhor jogador do campeonato alemão durante algumas temporadas; o que não prova muito, é verdade, já que o campeonato alemão não é esta força toda – só que de volante não dá, é invencionice.
O Zé Roberto pode até cumprir a função, mas fica no meio termo, nem é um volante para auxiliar a defesa nem um meia para apoiar o ataque.
Essas invencionices subvertem um pouco a função do técnico de seleções. A invenção deveria ser feita por técnicos de clubes, aqueles que têm parcos recursos humanos, nos quais em certos momentos se tem dois meias e nenhum lateral, por exemplo.
Na seleção, o técnico pode pinçar jogadores das mais variadas “tendências”. Há o técnico, o raçudo, o indisciplinado, o craque, etc... pra que inventar?
Já sei, esta coluna está inconstante, meio sem pé nem cabeça. A seleção também está assim, espero que em um ano, a coluna esteja azeitada, assim como nosso time.
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