“Falar em impeachment é flertar com o desastre”, escreveu Celso Ming em sua coluna de ontem no Estadão. Pode até ser, mas e não falar?
Não falar é casar com ele. É aceitar que as ações do governo Lula estão em concordância com o esperado. É o pior dos mundos.
Ming não é o único que não quer nem ouvir falar disso, tanto na mídia quanto nos partidos políticos.
Dizer que Lula não pode sofrer o impeachment (a partir deste momento procurarei me referir como impedimento), principalmente, devido a má qualidade de seus suplentes é simplesmente ridículo. O entendimento de que o impedimento por não ser conveniente para certos caciques (notadamente do PSDB) é mais do que ridículo.
Não estou defendendo o impedimento - nem ao menos sei se há elementos para isso – mas, se queremos conviver com a democracia e a legalidade, temos que aprender a respeitar a lei como está escrita.
Se na legislação vigente está escrito X, cumpra-se. Se achamos que X está errado, procuremos mudá-lo, só que depois de cumpri-lo enquanto está vigente.
Leis são feitas para regular as relações sociais e o poder executivo para, convenhamos, executá-las. Um governo que nem ao menos as cumpre é um estorvo. Se ser este estorvo não é uma “questão” de responsabilidade, não sei o que é; se é crime, não sei.
Pois então, não vamos tentar por fogo no circo. Daí a virar o rosto para não ver as chamas é outra muito diferente. Quero crer que não o faremos, mas aqui; quem vai saber?
Lulisticamente falando, vamos nos utilizar de uma figura de linguagem.
No futebol, na dúvida, deve se favorecer ao ataque e mandar a jogada seguir. No contencioso legal, na dúvida, pró réu.
Lula espera que na dúvida, pró ele. Só que política não é futebol e muito menos justiça. Se houver dúvida, ele já está perdendo, se certeza, é impedimento.
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